AVALIAÇÃO DA PRODUTIVIDADE DO MILHO SAFRINHA EM SUCESSÃO A ADUBOS VERDES NO PLANTIO DIRETO

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1 AVALIAÇÃO DA PRODUTIVIDADE DO MILHO SAFRINHA EM SUCESSÃO A ADUBOS VERDES NO PLANTIO DIRETO Leandro Sechim de Oliveira (1), Arejacy Antonio Sobral Silva (2), Maria José do Amaral e Paiva (3), Welington Resende da Silveira (4) Introdução O milho safrinha ou segunda safra, como é chamado atualmente devido às significativas produções, é o milho plantado de janeiro a abril após a cultura de verão (CRUZ et al., 2010). Os agricultores necessitam garantir sua sobrevivência econômica e a sociedade depende da produção agrícola para sua própria existência. Esta estabilidade, por sua vez, somente pode ser mantida se houver um uso adequado e racional dos recursos naturais, especialmente do solo (VIANA et al., 2006). Segundo Heinrichs (1996), a adubação verde é uma das práticas viáveis para a contribuição no restabelecimento do equilíbrio do sistema e aumento da produtividade. As leguminosas são as plantas mais utilizadas como adubo verde. De acordo com Silva e Menezes (2007), a principal razão para essa preferência está em sua capacidade de simbiose com bactérias fixadoras do N atmosférico, assim como a rusticidade, a elevada produção de matéria seca e o sistema radicular geralmente profundo e ramificado, capaz de extrair nutrientes das camadas mais profundas do solo. O trabalho teve como objetivo avaliar a produtividade do milho safrinha em sucessão a adubos verdes no plantio direto. Material e Métodos O experimento foi conduzido no Campo Experimental do Centro Universitário do Planalto de Araxá UNIARAXÁ, no município do Araxá Minas Gerais, na latitude: S; Longitude: W a altitude de 932 m, em um Latossolo Vermelho distrófico. O 1 Engenheiro Agrônomo, Pós graduando, Centro Universitário de Araraquara, Rua Carlos Gomes, 1338 CEP Araraquara-SP. leandro.sechim@gmail.com 2 Engenheiro Agrônomo, M.Sc., Professor do Centro Universitário do Planalto de Araxá, Av. Ministro Olavo Drumond, 5, Araxá, MG. arejacysilva@uniaraxa.edu.br 3 Estudante em Agronomia, do Centro Universitário do Planalto de Araxá, Av. Ministro Olavo Drumond, 5, Araxá, MG. maria.joseamaral@hotmail.com 4 Engenheiro Agrônomo, do Centro Universitário do Planalto de Araxá, Av. Ministro Olavo Drumond, 5, Araxá, MG. welington_resende@hotmail.com [1]

2 clima da região, segundo classificação de Köppen, é Cwa (clima temperado úmido com inverno seco e verão quente). O delineamento empregado foi o de blocos casualizados (DBC), com 5 tratamentos e 3 repetições. Cada parcela foi constituída de dimensões de 5 metros de comprimento por 2,5 metros de largura, totalizando 12,5 metros quadrados. Os tratamentos foram realizados na seguinte forma: T1 - Crotalária juncea (Crotalária juncea) com espaçamento de 0,25 m entre linhas e um total de 10 linhas de plantio, 25 sementes por metro linear; T2 - Consórcio Tremoço / Milheto (Lupinus albus L.) / (Pennisetum americanum) com espaçamento de 0,50 m entre linhas, 5 linhas de plantio, 15 sementes por metro linear mais o milheto semeado na entrelinha sendo 55 sementes por metro linear; T3 - Estilosantes campo grande (Stylosantes capitata + Stylosantes macrocephala) semeado a lanço sendo 22,5 g por parcela; T4 - Testemunha sem plantas espontâneas; T5 - Coquetel de leguminosas (Crotalária juncea, Stylosantes capitata + Stylosantes macrocephala + Lupinus albus L) com semeadura realizada a lanço, onde foi feito a medida de 1 x 1 m nos outros tratamentos para verificar a quantidade de sementes por metro quadrado para realização do plantio; Para implantação do experimento foi utilizado o híbrido P4285H da Pioneer, as sementes foram tratadas Cropstar (Thiodicarb + Imidacloprid) na dosagem de 300 ml.ha -1. Os espaçamentos entre as linhas de plantio foram iguais para todos os tratamentos, sendo 0,50 m entre linhas, e sete sementes a cada 2 metros lineares, com uma população total de plantas ha -1. A semeadura foi realizada no dia 10 de fevereiro de 2012, a adubação base foi realizada com o equivalente a 450 Kg.ha -1 do fertilizante NPK em todos os tratamentos, correspondendo a aproximadamente 40 kg ha -1 de N, já que produtividades da ordem de 9 a 10 t ha -1 têm sido obtidas com o uso de 40 kg de N ha -1 aplicados no plantio mais kg de N ha -1 em cobertura, no máximo até o estádio V4 (YAMADA et al., 2000). O fósforo conforme Análise de solo foi elevado de 10,7 para 23 mg.dm -3, pois de acordo com o teor de argila do solo da área experimental (18,1%), valores acima de 20,1 mg dm - ³ são considerados bons (ALVAREZ et al., 1999). [2]

3 Para incrementar 1 mg dm -3 de fósforo no solo em 20 cm de profundidade usou-se 10 kg ha -1 P2O5, considerando 50% eficiência, (CORSI; NUSSIO,1994). A adubação potássica foi com base na Capacidade de Troca de Cátions do solo, elevando esta a 5% da CTC. A cobertura com 640 kg ha -1 de sulfato de amônio (140 kg ha -1 de N) foi aplicada no sulco no estádio V4 (quatro folhas) totalmente abertas, seguido de irrigação. Quando necessário o milho recebeu irrigação complementar. Com aproximadamente 130 dias após o plantio, foi realizada a coleta de 12 espigas das três linhas centrais de cada parcela, onde se realizou a medição de seu comprimento e diâmetro no terço médio da espiga, utilizando paquímetro e régua graduada em cm. A produtividade foi determinada, debulhando e pesando os grãos com posterior correção de umidade para 12 %, e extrapolação do resultado para kg.ha -1. A estatística foi realizada utilizando o software SASM (CANTERI et al., 2001), realizando o teste de Tukey a 5% de significância. Resultados e Discussão Com relação ao comprimento da espiga, Crotalária juncea e coquetel de leguminosas foram significativos comparados à testemunha. Pressupõe que isso se deve ao fato da disponibilização de nitrogênio pela palhada do adubo verde, proporcionando um melhor desenvolvimento na cultura. Com relação ao diâmetro da espiga, Crotalária juncea e coquetel de leguminosas foram significativos comparados à testemunha. Em trabalho realizado por Massad (2010), verificou-se um maior diâmetro de espiga no tratamento com Crotalária juncea. Resultados semelhantes foram observados por Andrioli (2004) com o pré-cultivo de crotalária promovendo maior acúmulo, seguido pelas espécies lab-lab e milheto. Esse resultado foi justificado pelas altas concentrações de N nos tecidos da crotalária e à produção de matéria seca relativamente alta, comparada às demais espécies. A maior produtividade alcançada foi nos tratamentos com Crotalária juncea e coquetel de leguminosas. Estilosantes campo grande e consórcio tremoço/milheto não diferiram estatisticamente. Resultados semelhantes foram obtidos por Silva et al. (2009), os quais, avaliando a produtividade de massa seca do milho cultivado sobre palha de crotalária e de milheto, verificaram maior produtividade na presença de resíduos da crotalária. Em trabalho realizado por Carvalho et al. (2004), a crotalária cultivada na [3]

4 primavera proporcionou aumento de 18,5% na produtividade do milho em sucessão, comparada à área de pousio, tanto em plantio direto quanto no sistema de preparo convencional do solo. Com relação ao consórcio de leguminosas com gramíneas seus resultados ficaram intermediários, isso sugere que pode ter havido uma imobilização do nitrogênio que proporcionou um menor desenvolvimento da planta. Porém há de se considerar os ganhos indiretos, observou-se uma melhor proteção do solo nestas parcelas devido ao grande volume de palha gerado, onde foi verificado uma maior retenção de umidade e menor incidência de plantas invasoras. Mota (1989) mostrou que além da cobertura manter umidade no solo, mantém a temperatura do solo e pode influenciar no crescimento e desenvolvimento vegetal e, consequentemente, afeta três funções importantes no solo: a biológica, a química e a física, podendo controlar o poder produtivo, o desenvolvimento e a distribuição de plantas no solo. Tabela 1. Média de comprimento de espiga (CE), diâmetro da espiga (DE), peso médio de grãos por espiga (PMGE) e produtividade kg ha -1. Uniaraxá, Araxá, MG, Plantas de Cobertura CE (cm) DE PMGE Produtividade (mm) (g) * kg ha -1 Crotalária juncea 17,93 a 54,72 a 138,60 a a Coquetel Leg. 18,43 a 54,11 ab 132,80 ab a Estilosantes C.G 17,43 ab 53,58 ab 121,49 bc 8.504b Tremoço/Milheto 17,86 ab 54,38 ab 119,03 bc b Testemunha 16,30 b 51,19 b 106,53 c c CV (%) 3,23 1,63 4,60 4,61 Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukea a 5% de probabilidade. Conclusões O plantio do milho híbrido sobre palhada de Crotalária juncea e coquetel de leguminosas proporcionaram maiores produtividades. Todos os tratamentos foram satisfatórios na produtividade em relação à testemunha. [4]

5 Referências ALCÂNTARA, F.A.; FURTINI NETO, A.E.; PAULA, M.B.; MESQUITA, H.A. & MUNIZ, J.A. Adubação verde na recuperação da fertilidade de um Latossolo Vermelho- Escuro degradado. Pesquisa Agropecuária Brasileira, 35: , ALVAREZ V., V.H.; NOVAIS, R. F.; BARROS, N. F.; CANTARUTTI, R. B.; LOPES, A. S. Interpretação dos resultados das análises de solos. In: RIBEIRO, A. C.; GUIMARÃES, P. T. G.; ALVAREZ V., V. H. (Ed.). Recomendação para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais: 5. Aproximação. Viçosa: Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais, p AMADO, T. J. C.; MIELNICZUK, J. Estimativa da adubação nitrogenada para o milho em sistemas de manejo e culturas de cobertura do solo. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 24, p , ANDRIOLI, I. Plantas de cobertura em pré-safra a cultura do milho em plantio direto, na região de Jaboticabal-SP p. Tese (Livre Docência) Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, 2004 CANTERI, M. G., ALTHAUS, R. A., VIRGENS FILHO, J. S., GIGLIOTI, E. A., GODOY, C. V. SASM - Agri : Sistema para análise e separação de médias em experimentos agrícolas pelos métodos Scoft - Knott, Tukey e Duncan. Revista Brasileira de Agrocomputação, V.1, N.2, p CARVALHO, M. A. C.; SORATTO, R. P.; ATHAYDE, M. L. F.; ARF, O.; SÁ, M. E. Produtividade do milho em sucessão a adubos verdes no sistema de plantio direto e convencional. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, DF, v. 39, p , 2004 CORSI, M.; NUSSIO, L.G. Manejo do capim elefante: correção e adubação do solo. In: PEIXOTO, A.M.; MOURA, J.C.de; FARIA V.P. de (ed.) SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DE PASTAGENS, 10. Anais... Piracicaba, 1992: FEALQ, 1994, p CRUZ, J. C.; SILVA, G.H.; PEREIRA FILHO, I.A.; GONTIJO NETO, M. M.; MAGA- LHÃES, P. C. Sistema de produção de milho safrinha de alta produtividade. In: Congresso Nacional de Milho e Sorgo 28, 2010, Anais... Goiânia: Associação Brasileira de Milho e Sorgo. HEINRICHS, R. Ervilhaca e aveia preta cultivadas simultaneamente como adubo verde e sua influência no rendimento do milho. Piracicaba, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Dissertação de Mestrado, p. KÖPEN, W. Climatologia. Buenos Aires: Gráfica Panamericana, p. MASSAD, M.D.; Sistema de pré-cultivo com crotalária na cultura do milho no médio Vale do Jequitinhonha, MG. Dissertação de mestrado, Universidade dos Vales do Jequitinhonha e Macuri UFVJM. Diamantina, MG. MOTA, F. S. Meteorologia agrícola. 7. ed. São Paulo: Nobel, p. ROSECRANCE, R. C.; McCARTY, G. W; SHELTON, D. R.; TEASDALE, J. R. Denitrification and N mineralization from hairy vetch (Vicia villosa Roth) and rye [5]

6 (Secale cereale L.) cover crop monocultures and bicultures. Plant and Soil, v.227, p , SILVA, E. D.; MURAOKA, T.; VILLANUEVA, F. C. A.; ESPINAL, F. S. C. Aproveitamento de nitrogênio pelo milho, em razão da adubação verde, nitrogenada e fosfatada. Pesquisa Agropecuária Brasileira. Brasília, DF, v. 44, n. 2, p , SILVA, T. O. DA; MENEZES, R. S. C. Adubação orgânica da Batata com esterco e, ou, crotalaria juncea. II - Disponibilidade de N, P e K no solo ao longo do ciclo de cultivo. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.31, p.51-61, YAMADA, T.; ABDALLA, S. R. S, Como melhorar a eficiência da adubação nitrogenada no milho. Informações Agronômicas, n.91, SETEMBRO/2000. p [6]