IV-058 RECUPERAÇÃO E VALORIZAÇÃO DAS NASCENTES DO RIO JAGUARIBE EM NATAL/RN



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Transcrição:

IV-058 RECUPERAÇÃO E VALORIZAÇÃO DAS NASCENTES DO RIO JAGUARIBE EM NATAL/RN Alexander C. Ferreira Hidrobiólogo (Facultad de Humanidades y Ciências - FHC, Montevideo); Mestre em Bioecologia (UFRN); Pesquisador em Ecologia e Biodiversidade de Manguezais; Professor e Pesquisador da UFRN. Pesquisador do Projeto Salvando o Rio Jguaribe. Natal-RN, Brasil. Handson Cláudio Dias Pimenta (1) Tecnólogo em Meio Ambiente (CEFET-RN); Técnico em Tecnologia Ambiental com Habilitação em Controle Ambiental (CEFET-RN); Graduando em Engenharia de Produção (UFRN). Consultoria Ambiental. Pesquisador do Projeto Salvando o Rio Jaguaribe. Natal-RN, Brasil. Endereço (1) : Rua das Hortências, 395, Mirassol, Natal-RN, Brasil. CEP: 59078-140. +55 (0**84) 234-7308, (0**84) 8801-1117. E-mail: handsonpimenta@hotmail.com RESUMO Os rios e estuários encontram-se em áreas com intenso crescimento populacional. Assim, são comuns, no Rio Grande do Norte, o desmatamento dos manguezais para estabelecimento humano ou criação de camarão em cativeiro, as alterações da fauna, da flora e da qualidade da água pela ação de poluentes e a introdução de espécies exóticas. Este artigo visa apresentar o Projeto Recuperação e Valorização das Nascentes do Rio Jaguaribe em Natal-RN, o qual foi contemplado pelo programa Petrobrás Ambiental 2004 e alguns resultados preliminares alcançados. O referido projeto objetiva salvar as nascentes do rio Jaguaribe, tributário do Potengi, a sua água e o seu rico patrimônio natural, que inclui florestas de mangue e mata ciliar. Esta tarefa adquire importância ambiental, social, educativa e científica. Importante é a geração de consciência sobre o gerenciamento e valorização dos recursos naturais por parte da comunidade, através da transmissão e ampliação do conhecimento científico às crianças, jovens e comunidade em geral. Planeja-se um Modelo de Gestão e Conservação de uma importante área verde, através da parceria entre Educadores / Cientistas, Sociedade Civil e Estado. Além da promoção à visitação de turmas de estudantes, são feitas atividades como reflorestamento de áreas de mangue desmatadas, levantamentos de Biodiversidade estuarina e costeira (principalmente de Crustáceos, indicadores de certos parâmetros ecológicos), análise e monitoramento da qualidade de água, e monitoramento de atividades produtivas poluentes. PALAVRAS-CHAVE: Recursos Hídricos, Biodiversidade, Gestão Ambiental, Recuperação e monitoramento, Educação Ambiental. INTRODUÇÃO No Rio Grande do Norte são muitas as agressões aos manguezais devidas ao crescimento populacional desordenado, à criação de camarão, ao despejo de esgotos industriais e domésticos e à produção de sal. Além de alterar a qualidade da água e devastar áreas de mata, estas atividades comprometem a ação de filtro biológico (Cintrón & Novelli, 1983; Silva et al., 1993), que faz dos manguezais os principais responsáveis da depuração dos corpos d água. Uma área aproximada de 8,5 hectares (Figura 1) que inclui as nascentes do rio Jaguaribe [Zona UTM 25M, coordenada X 252461, Coordenada Y 9362702, DATUN-SAD 69], vegetação de Mata Nativa (Mata Atlântica) e áreas devastadas pela Carcinicultura, foi colocada à disposição do Movimento SOS Mangue do Rio Grande do Norte / FEAP pelo proprietário, nativo do próprio Bairro Potengí (Cidade do Natal) visando a sua proteção, embelezamento e uso para fins educativos e científicos. Para viabilizar essas ações foi submetido um projeto no Programa da Petrobrás Ambiental visando recuperar as nascentes e os manguezais do Jaguaribe e todo seu patrimônio natural, sento o único projeto aprovado no Estado do Rio Grande do Norte. O projeto possui uma importância ambiental, social, educativa e científica. Importância ambiental, pela recuperação e conservação de uma área de mata nativa e água virgem. Social, pela geração de consciência sobre gerenciamento e valoração dos recursos naturais pela comunidade. E educativa e científica pela transmissão e ampliação do conhecimento às crianças, jovens e comunidade em geral. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 1

Planeja-se um exemplo e um Modelo de Gestão e Conservação de uma área verde, ao mesmo tempo urbana e selvagem. Isto será feito através do reflorestamento de manguezal devastado e preservação da nascente, da mata ciliar e da rica comunidade biológica que possui á área alvo. Também, da disponibilização da área para aulas, trabalhos acadêmicos práticos, visitas e experiências científicas e educativas em geral, ampliando o alcance do Projeto. A parceria entre Educadores / Cientistas, Sociedade Civil e Estado (através da PETROBRAS), é uma condição importante que o projeto desenvolve. As experiências científicas que estão sendo realizadas incluem desde levantamentos de fauna e flora, monitoramento da qualidade da água, até monitoramento da recomposição das comunidades biológicas nas áreas degradadas (sucessão, correlações área-densidade, etc.), e são parte de estudos a longo prazo que já realizamos nos manguezais do Estado do Rio Grande do Norte desde 1995. Assim, o presente artigo trará uma proposta de recuperação e valorização das nascentes do Rio Jaguaribe e alguns resultados preliminares. A seguir, as atividades científicas a realizar pelos núcleos de pesquisa em Ecologia e Biodiversidade e em Gestão Ambiental, coordenados diretamente pelos Pesquisadores integrantes do Projeto. Para facilitar a apresentação o projeto supracitado será denominado de Projeto Jaguaribe. MANGUEZAIS: IMPORTÂNCIA AMBIENTAL As comunidades biológicas de mangue são comuns em estuários tropicais e subtropicais. As árvores de mangue são plantas halófitas facultativas, e ocupam a faixa entre-marés, determinado uma dinâmica de fixação de sedimentos com alta percentagem de matéria orgânica, que fazem estas comunidades extremamente produtivas. Podemos comentar vários aspectos ecológicos dessas comunidades, motivos importantes para sua preservação: são um dos ecossistemas mais biodiversos (alojam grande numero de espécies de seres vivos) e produtivos (produzem e reciclam grandes quantidades de matéria viva) do planeta. Alta Biodiversidade equivale a uma alta riqueza em patrimônio genético de espécies; alguns animais endêmicos dos manguezais do Rio Grande do Norte (Ferreira, A.C., 1998; Ferreira & Sankarankutty, 2001) correm risco de extinção. Ao mesmo tempo, são um berçário de inúmeros peixes, crustáceos e mariscos, que precisam águas calmas e refúgio para se reproduzir e alimentar. Posteriormente estes animais (entre muitos outros Lagostas e inúmeros Peixes) migram e integram os stocks pesqueiros costeiros. A destruição destas áreas altera os ciclos reprodutivos e alimentares, desestrutura as redes alimentares costeiras e diminui a pesca, com graves conseqüências sociais e econômicas; atuam como um filtro biológico que retém, nas árvores e algas, no sedimento e na comunidade animal, diversos poluentes como matéria orgânica (proveniente dos esgotos urbanos e industriais), substancias químicas (metais pesados), etc. Contribuem desta maneira com a Saúde Pública. São por isso responsáveis de que vários rios do Estado como o Potengi, Ceará-Mirim, Pium e outros, não estejam já mortos. E quando um rio morre, murcham as comunidades ao seu redor, trazendo incontáveis prejuízos econômicos; criam, estabilizam e mantém regiões costeiras submetidas ao movimento das marés. Os sedimentos que os mangues retém, se estes são cortados, são carregados pelas marés com a conseqüente perda de territórios e invasão de áreas do estuário pela força da maré, gerando problemas de erosão e degradação costeira; como todas as plantas verdes, os mangues produzem oxigênio, o qual num Planeta com o seu ar comprometido pelos poluentes que a expansão urbana e Industrial geram, é de importância fundamental. Ao mesmo tempo retêm a umidade, criando microclimas mais benignos para o ser humano, como toda floresta. Serão por isto fundamentais para enfrentar os efeitos do crescente esquentamento global (ou Efeito Estufa ), que atingirá o Nordeste elevando em vários graus a temperatura média da região. Ao ser parte de um ecossistema global, sua destruição promove alterações na dinâmica costeira na região e no Planeta, com imprevisíveis conseqüências; são patrimônio Cultural-Turístico do Estado. Isto significa divisas em Educação, Turismo, Pesquisa e até em produção de alimentos, se preservados e manejados racionalmente. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 2

OBJETIVOS DO PROJETO SALVANDO O RIO JAGUARIBE O projeto tem como objetivo geral a recuperação e proteção das nascentes, e o estudo dos manguezais do rio Jaguaribe, com vistas à preservação de uma área de grande importância ecológica e social. Os Objetivos específicos são: i) recuperar, reflorestando as áreas destruídas pela Carcinicultura com as espécies de Mangue nativas, monitorando a gradual recuperação da variedade de espécies animais e vegetais; ii) fazer um levantamento da Biodiversidade das áreas, antes que espécies ainda não catalogadas possam desaparecer; iii) pesquisar a ecologia e a dinâmica dos ecossistemas de Mangue, contribuindo à sua preservação e conhecimento; iv) monitorar a qualidade da água do rio Jaguaribe (Método IQA Índice de Qualidade da água na nascente e Índice de Estado Trófico no curso do rio); v) desenvolver um modelo de gestão ambiental estruturado na ISO 14001 para área de preservação e vi) desenvolver instrumentos e práticas de Educação Ambiental com a comunidade local de pescadores, estudantes, jovens e adultos, com instituições de ensino, empresas, e outros. DESCRIÇÃO DA ÁREA O rio Jaguaribe, afluente do Potengí, está situado numa área crítica (Figura 1). Além de ser parte importante do estuário como um todo, está na fronteira entre a natureza preservada e a expansão humana, sendo afetado por grande pressão sócio-econômica. Por um lado sofre as conseqüências de atividades humanas: grandes áreas de mangue já foram desmatadas ilegalmente para a construção de viveiros de camarão, lançamento de efluentes sanitários e resíduos sólidos urbanos. Por outro lado, a pressão por parte da população ribeirinha intensifica-se a cada dia: não só aumentam às necessidades daqueles que extraem alimento do rio e seus manguezais, como também o perigo de degradação que a proximidade da ocupação humana acarreta. Tanto as atividades produtivas quanto a pressão populacional, comprometem a qualidade da água do rio e por tanto, as comunidades de seres vivos que dele dependem. Figura 1: Estuário do rio Potengi. O retângulo vermelho delimita a área de pesquisa do projeto. Fonte: EngeSat, 2001. O Projeto será desenvolvido numa área de aproximadamente 8,5 hectares (Figura 2), dos quais 6,3 ha correspondem mata de mangue. Desta área, 5,0 ha encontra-se em bom estado de preservação, e os demais (1,3 ha) constituem a área desmatada a ser usada para as pesquisas (Figuras 3 e 4). Os aproximadamente 2,2 ha restantes dividem-se entre mata ciliar e área de nascente do rio (Figura 5). ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 3

Figura 2: Cenário Ambiental do Projeto. Figura 3: Área Devastada para Construção de Viveiros de Camarão ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 4

Figura 4: Devastação para Construção de um Talude do Viveiro. Figura 5: Área de Nascente. Afloramento do lençol freático. MATERIAIS E MÉTODOS O princípio metodológico, tudo será realizado de maneira de alterar o menos possível o Ambiente, tanto no referente às instalações de apoio e atividades técnicas quanto no referente às visitas, diminuindo ao máximo a interferência na Fauna e na Flora locais. Serão plantadas espécies de árvores nativas para expor a variedade da Flora da Mata Atlântica, o Cerrado e a Caatinga (que já estão sendo cultivadas em viveiro próprio, junto a mais de 1500 mudas cedidas pelo IBAMA) unicamente no redor da área, e em áreas marginais. A seguir têm-se as etapas da pesquisa: Reconstituição da mata de mangue através do plantio controlado ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 5

Plantar-se-ão sementes saudáveis de Rhizophora mangle (única espécie de árvore existente na área do Projeto) numa densidade de 1 semente a cada 0,5 m., obedecendo a um ordenamento cartesiano (transectas perpendiculares). Experiências piloto efetuadas na área revelaram a melhor relação esforço / eficiência dessa densidade e de uma profundidade de enterramento das sementes de aproximadamente 5 a 8 cm no sedimento. Para testar fatores como predação por caranguejos (Família Grapsidae) e outros herbívoros, interferência de invertebrados incrustantes, fatores edáficos e outros) usar-se-á em 30% das sementes a metodologia Riley Encased Methodology (Riley et al.,1999), onde a semente é fixada no interior de um cano de PVC branco, com um corte longitudinal para não interferir no crescimento posterior da planta jovem. Adotamos canos de 80 cm, enterrados 50 cm. no substrato. A plantação será realizada com a mínima interferência possível sobre as comunidades de Invertebrados do solo. Inicialmente as plântulas serão monitoradas bi-semanalmente (altura, diâmetro, estimação de Biomassa adquirida e outros parâmetros indicativos de progresso) e mensalmente uma vez constatada a sua fixação e progresso inicial. As plântulas que eventualmente não prosperarem, serão retiradas, registrada a sua condição e levadas ao Laboratório. Novas sementes serão plantadas nos mesmos lugares, dentro do possível. Monitoramento do crescimento das árvores e da recuperação da comunidade biológica Ao tempo que é monitorado o crescimento e desenvolvimento das árvores na área reflorestada, controlar-se-á o estabelecimento das várias espécies de organismos que forem colonizando o substrato e as próprias árvores ( sucessão biológica ). Particularmente importante é a comunidade de caranguejos (Crustacea: Decapoda) que constituem uma comunidade chave, pela sua dieta detritívora e sua seleção de habitat. Estes animais, através da ação escavadora, são importantes removedores de sedimento disponibilizando nutrientes e oxigênio para as árvores de mangue (Montague, 1980). Estudando a densidade populacional destes animais, visa-se entender melhor como se estruturam as suas populações em relação aos fatores ambientais como o aumento da oferta de árvores (e conseqüentemente de alimento), disponibilidade de espaço e competição. Os resultados serão base para identificar as estruturas populacionais do ecossistema em recuperação e conseqüentemente fornecerá dados para futuras atividades de recuperação de mangues. Os dados a levantar incluem espécies e contagens da densidade de caranguejos das espécies mais móveis, e das que vivem em tocas ( fossoriais ), num quadrante de área fixa. Para o monitoramento de similares parâmetros em outros grupos de Invertebrados, serão convidados a participar diversos especialistas da UFRN. Levantamentos da Biodiversidade da área Os levantamentos de Biodiversidade fornecem dados imprescindíveis referentes à Ecologia e a dinâmica do Ecossistema. O intuito é conhecer mais para melhorar a preservação e gerenciamento dos ambientes de Mangue e Estuários. A pesar de termos um panorama bastante completo das espécies de Crustáceos existentes nestas comunidades, faltam levantamentos de outros grupos de Invertebrados. Os grandes navios que transitam o porto de Natal, relativamente próximo à área, descarregam lastro no rio Potengí. Muitas espécies de organismos (inclusive Decapoda (caranguejos e camarões)) possuem larvas e / ou adultos planctônicos, pelo qual podem estar sendo introduzidas desta maneira espécies exóticas. Uma espécie de caranguejo do Indo-Pacífico (Charybdis helleri) foi achada recentemente em manguezais do litoral Norte (Ferreira et al, 2001). Uma espécie de camarão nativo do Oceano Pacífico (Litopenaeus vannamei) introduzido para cultivo, encontra-se já plenamente estabelecido no Potengi e outros rios do Estado (Ferreira & Sankarankutty, 2001, 2005 (no prelo), existindo o perigo de que estabeleça competição com as espécies nativas de camarões peneidos, podendo levar estas últimas à extinção. Estes fatos demonstram a necessidade de levantamentos constantes. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 6

Os levantamentos da Carcinofauna (ou seja das espécies caranguejos) incluem tanto a faixa litoral (incluindo a própria mata de mangue) como também a parte sublitoral, ou seja as águas do rio Jaguaribe. Para os levantamentos na parte litoral emprega-se a coleta manual. Na área sublitoral usam-se dragas com malha 0.8 cm; dependendo da consistência do substrato usa-se a draga Öckelmann de alumínio, para substratos de lama, e um modelo de ferro desenhado por nós para sedimentos mais consistentes). Fazem-se arrastos desde um barco por aproximadamente 100 m. O material coletado é separado e fixado em álcool 70 % para posterior análise em Laboratórios do Departamento de Botânica, Ecologia e Zoologia da UFRN. Merecem especial menção os estudos ecológico-populacionais do camarão introduzido Litopenaeus vannamei. Estes serão importantes para avaliar o impacto desta espécie sobre as espécies nativas de Camarão, assim como para estudos sobre a Ecologia da introdução de espécies exóticas. Algumas espécies de Crustáceos Decapoda, como certos camarões Caridea (Alpheus sp.), ou os caranguejos do gênero Panopeus spp., têm catalogação sistemática com certo grau de confusão, pelo qual serão determinadas as espécies através de análise genético. As áreas de mata de mangue e outras a terem levantamentos da sua biodiversidade serão sinalizadas, e se fornecerão treinamentos especiais para desenvolver a pesquisa com segurança e baixo impacto sobre a comunidade. Certas áreas de mangue estarão vedadas ao acesso de pessoas. Para fazer os inventários de outros grupos de Invertebrados e Vertebrados (principalmente Plâncton, Peixes e Moluscos), serão convidados diversos especialistas da UFRN. Estudos sobre a Ecologia dos manguezais Particularmente, nos interessa estudar a relação entre a heterogeneidade ambiental (isto é, a oferta de habitats) e a existência e distribuição das espécies de seres vivos. Conceitos como dominância de certas espécies, correlação entre os níveis de variação ambiental e a biodiversidade, e outros, são fragmentos chaves da compreensão da ecologia e da dinâmica da comunidade de manguezal e redundam em padrões gerais aplicáveis às comunidades planetárias em geral. Também, nos interessa a influência da qualidade das águas no desenvolvimento das espécies. A recomposição das comunidades de Invertebrados (ou sucessão ) pode iluminar aspectos sobre a evolução dos manguezais da América do Sul, a partir de seu estabelecimento no Continente, há 50 milhões de anos. Sistema de Gestão Ambiental Será estruturado um sistema de gestão ambiental na NBR ISO 14001 para as atividades do projeto. A idéia é ter um modelo estruturado de gestão para áreas de conservação, no intuito de controlar e minimizar os impactos ambientais, atender à legislação ambiental pertinente e buscar a melhoria continua. Vale salientar que algumas atividades terão aspectos ambientais significativos, como o recebimento de pessoas na área para atividades de educação ambiental. Assim, deverão ser seguidas as etapas para o desenvolvimento do sistema, buscando atender os requisitos preconizados na ISO 14001: Política ambiental, Planejamento (Aspectos ambientais, Requisitos legais e outros requisitos, Objetivos e metas, Programa(s) de gestão ambiental), Implementação e operação, Verificação e ação corretiva e Análise crítica (ISO 14001). Monitoramento da qualidade das águas O monitoramento da qualidade das águas do rio Jaguaribe será efetuado através de dois índices de qualidade de água: Índice de Qualidade de Água IQA na nascente situada na área e Índice de Estado Trófico Modificado - IET MOD por Toledo Jr. (1995) no curso do rio. Com o IQA busca-se averiguar a potencialidade para uso humano e, com O IET espera-se averiguar os impactos do lançamento de efluentes da atividade de carcinicultura, entre outras fontes. Na nascente será utilizado o método IQA. O IQA é determinado pelo produtório ponderado das qualidades de água correspondentes às variáveis: OD, DBO, coliformes fecais, temperatura, ph, nitrogênio total, fósforo ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 7

total, turbidez e resíduo total. O método utilizado trará dados de qualidade de água inter-relacionados, aglutinando quase todos os conjuntos de parâmetros num indicador único (Derísio, 2000). Vários corpos d água estão passando pro processo de modificações drásticas nas suas características naturais, principalmente no que se refere ao estado trófico. Tais ecossistemas estão em acelerado processo de eutrofização artificial devido à ação antrópica que provoca o lançamento continuo e desenfreado de efluentes (BArBOSA, 2004). Assim, No Rio Jaguaribe será aplicado EIT de Carlson modificado para ambientes tropicais por Toledo Jr. et al. O IET consiste em uma transformação linear da transparência de Secchi, que avalia a concentração de biomassa fitoplanctônica. É expresso também em função das concentrações de fósforo e clorofila a. Na modificação proposta por Toledo Jr. (1985), foi inserido o Ortofosfato (BRITO, 2004). Vale Mencionar. Assim, os parâmetros que compõe o EIT MOD são: Transparência da água, fósforo total, ortofosfato solúvel e clorofila A. Vale mencionar que o IET consiste em ensaio bastante simples, sendo um dos mais executados em estudos limnológicos e os valores obtidos são de fácil entendimento e apreciação (DUARTE, 1999). As coletas serão efetuadas todas pela manhã no período das 9 às 11 horas uma vez por mês. Na nascente também será efetuado Nitrato nas campanhas. No Rio foram estabelecidas 4 estações georeferenciadas. Nessas estações também serão analisados os parâmetros: Temperatura, Turbidez, ph, Oxigênio Dissolvido, Condutividade Elétrica, Sólidos Totais, DQO e Nitrogênio Total. A Tabela 1 apresenta as Estações de Coleta no Rio Jaguaribe: Tabela 1: Estações de Coleta no Rio Jaguaribe: Localização UTM 25 M Estações X Y Estação 1 251939 9361870 Estação 2 252442 9362158 Descrição Próxima a pontos de lançamento de efluentes da carcinicultura Próxima a pontos de lançamento de efluentes da carcinicultura Estação 3 253391 9362406 Jusante dos Viveiros de criação de camarão Estação 4 254464 9362104 Próxima ao encontro com o Rio Potengi Nascente 252468 9362694 Situada na área do projeto Mapeamento e Geoprocessamento da Área O mapeamento da área será realizado através de GPS (Global Positioning System) e dos softwares Surfer e Arqview. O intuito dessa atividade é monitorar espacialmente o crescimento nas áreas reflorestadas, mapear a Biota, e auxiliar espacialmente ao monitoramento da qualidade das águas. Será efetuado um estudo sobre o avanço da devastação dos manguezais a partir de uma sobreposição de imagens. No caso, serão utilizadas Imagens LAND SAT-5 (INPE) de 1972 à 2004. Instrumentos e Práticas de Educação Ambiental As atividades são desenvolvidas baseando numa metodologia, na qual o público alvo faz experiências sobre o tema, questionando dados e idéias, construindo e propondo soluções e apresentando-as. O conhecimento é desenvolvido progressivamente em relação ao tema, tendo um processo aberto, democrático, dialógico, participativo, construtivista entre alunos, entre eles e o facilitador. São adotados os seguintes princípios metodológicos: sensibilização das pessoas em relação à questão ambiental, estimulando-as a observar seus problemas ambientais imediatos e locais e os responsáveis deles; fazendo uma conexão destes com as questões mais globais, principalmente as relacionadas com os recursos hídricos e os resíduos sólidos. Abordagem interdisciplinar, permitindo a compreensão por parte da comunidade envolvida dos diferentes fatores que interagem e interferem na dinâmica ambiental. Reconhecimento do entendimento próprio que as populações têm do ambiente que as cerca; essa relação faz parte de sua cultura, e contribui com o processo. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 8

São adotadas as estratégias metodológicas: utilização de materiais didáticos e de sensibilização produzidos por diversas instituições e compatíveis com o Projeto; linguagem adequada ao publico alvo; formação de multiplicadores. Os conteúdos são trabalhados por meio de exposições dialogadas e através da interpretação, reflexões de materiais didáticos (textos, transparências, TV / Vídeo). Isto permite que estes construam o conhecimento a partir de suas próprias conclusões. Guias Mirins habitantes dão Bairro serão treinados em Conservação e Gerenciamento de Recursos Naturais, pelo qual estão autorizados a participar nas Pesquisas. Serão formados 5 Guias-Mirins por semestre. Criação de um Banco de Imagens e Publicação de trabalhos científicos e discussão dos resultados com especialistas da área A publicação e divulgação dos resultados científicos obtidos constituem em itens fundamentais. Efetuar-se-á tanto em Eventos como em Publicações periódicas. Produção de Vídeos e Documentários sobre o Manguezal e o seu entorno. RESULTADOS ESPERADOS Os maiores beneficiados por esse projeto serão o meio ambiente e a sociedade. Alguns fatores são esperados, conforme observa-se no quadro a seguir: Tabela 2: Resultados esperados e meio de verificação Descrição Meio de Verificação Limpeza da Mata ciliar e do manguezal Fotografias (antes e depois) e relatório; Condicionamento da área e Instalação de na área de Fotografias (antes e depois), relatório e uma infra-estrutura (Base, acesso, entre outros); monitoramento do impacto das atividades. Fotografias (antes e depois), contagem de mudas, Reflorestamento relatório; Estudo da Recomposição das comunidades biológicas Fotografias, planilhas e relatório; no manguezal Determinar a riqueza de espécies vegetais e animais Relatórios, trabalhos científicos, mapeamento da Levantamento da biodiversidade de vertebrados e área, fotografias e vídeos invertebrados Contribuir com a preservação e conhecimento do ecossistema manguezal aprofundamento dos conhecimentos em ecologia e dinâmica de manguezais Educação Ambiental, formação de guias mirins e multiplicadores de educação ambiental Estudo sobre a qualidade das águas do Rio Jaguaribe Núcleo permanente de Educação Ambiental Mapeamento e Geoprocessamento Relatórios, trabalhos científicos, mapeamento da área, fotografias e vídeos Lista de presença, fotografias, relatórios, entrevistas com a comunidade, palestras. Laudos de resultados de análises dos parâmetros utilizados no IQA e IET MOD Lista de presença de visitantes, Relatórios de pesquisas. Mapas e relatórios RESULTADOS PRELIMINARES A seguir, tem-se alguns resultados preliminares desenvolvidos no primeiro trimestre de execução do projeto: 1. Mapeamento O mapeamento da área foi efetuado com um GPS (Global Positioning System) e desenvolvido com auxílios dos softwares Surfer e Arqview conforme foi observado na Figura 1. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 9

2. Educação Ambiental O trabalho inicial foi à seleção dos guias-mirins. A seleção foi desenvolvida através de uma palestra apresentando o projeto, seguido da realização de dinâmicas, entrevistas e aplicação de prova. Foram selecionados 5 guias, todos da comunidade e com idade média de 15 anos. Em seguida, foram ministrados dois cursos preparatórios: um de Biologia (Ecologia, Zoologia) com 20 horas/aula e outros de Gestão Ambiental (10 horas) para os Guias Mirins, com a participação de jovens voluntários, Monitores e membros do corpo técnico. Além de fornecer uma base nessas áreas científicas, preparou-se os Guias para a sua tarefa junto às turmas de visitantes. Foi fornecido material didático e as aulas de campo são constantes. Dentre a temática abordada, merecem ser destacadas: Dinâmica Planetária. Introdução ao estudo da Natureza, a Água, Dinâmica de rios, Dinâmica de Estuários, Tipos de Estuários. Biologia e Ecologia das Comunidades biológicas de Manguezal. Espécies de árvores. Ciclos Biogeoquímicos. Biodiversidade, Os Mangues do RN, Introdução à Ecologia, Cadeias alimentares, Pirâmides Ecológicas, Biodiversidade, Problemas Ambientais, Origem da educação ambiental, instrumentos e práticas de educação ambiental. Em seguida, iniciaram a visitação de escolas, universidades, moradores da comunidade, entre outros. Na área, os guias (Figura 6) orientam as trilhas e desenvolvem dinâmicas (Figura 7) e explanações sobre a área e recursos naturais. As visitações estão sendo efetuadas aos sábados, em um único momento (manhã ou trade) com um único grupo de até 25 pessoas. Figura 6: Guias-mirins. Figura 7: Atividades na área do projeto. À direita, dinâmicas e, à esquerda, trilhas. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 10

Vale mencionar que estão sendo desenvolvidas palestras nas escolas do bairro, conselho comunitário e foi realizada uma festa de lançamento do projeto na comunidade, trazendo exposições sobre reciclagem de lixo, pintura, ecologia, educação ambiental, sobre o projeto e apresentações artísticas. 3. Levantamento da Biodiversidade O resultados preliminares do levantamento de biodiversidade é oriundo de levantamento na área direta de manguezal e dragagem de espécies bentônicas (Figura 8) nas mesmas estações de coleta de água no rio. Figura 8: Procedimento de dragagem de espécies bentônicas no rio. Após o arreste de aproximadamente 100 metros da draga de ferro, o material é peneirado, separado e catalogado em campo. Listas completas de espécies de Decapoda achadas no rio Potengi foram publicadas em anteriores trabalhos (Ferreira & Sankarankutty, 1998, 2001, 2002), incluindo aspectos ecológicos das espécies. A lista que se apresenta inclui as espécies de Decapoda obtidas em coletas feitas no rio Jaguaribe entre Janeiro de 2004 e Abril de 2005. A Tabela 1 apresenta as espécies já catalogadas coletadas do fundo do rio (Bentos) e a Tabela 2 da faixa litoral dos manguezais. Tabela 3: Carcinofauna Bentônica Espécie Fundo Fundo lamacento arenoso Litopenaeus schmitti (Burkenroad) * Litopenaeus vannamei (Boone) * Clibanarius sclopetarius (Herbst) * * Clibanarius vittatus (Bosc) * * Callinectes danae Smith * Hexapanopeus manningi Sankarankutty & Ferreira * Hexapanopeus schmitti Rathbun * * ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 11

Tabela 4: Carcinofauna litoral Espécie Alpheus heterochaelis Say Merguia rhizophorae Rathbun Panopeus lacustris Desbonne Eurytium limosum (Say) Pachygrapsus gracilis (Saussure) Goniopsis cruentata (Latreille) Armases angustipes (Dana) Aratus pisonii ( H. Milne Edwards) Sesarma curacaoense De Man Sesarma. rectum Randall Uca cumulanta Crane Uca leptodactyla Rathbun Uca rapax (Smith) Uca thayeri Rathbun Ucides cordatus (Linnaeus) Cardisoma guanhumi Latreille Sub-faixa litoral sublitoral ; supralitoral ; supralitoral ; supralitoral supralitoral 5. Reflorestamento da Área Piloto No reflorestamento na área piloto, foi utilizado um espaçamento de 1 m entre as mudas. A área perfazia 55 m 2, e foram plantadas 75 mudas, assim obteve-se uma densidade de 1,4 mudas por m 2. As mudas foram fixadas diretamente no substrato (Figura 9), usando o dedo indicador para se ter uma profundidade de aproximadamente 5 centímetros, aproximadamente. Após a fixação das mudas, era feita uma pequena compactação ao redor do propágulo. Figura 9: Reflorestamento em Área Piloto. Dois meses depois, observou-se que o reflorestamento teve um rendimento de 40%. Apesar de aparente baixo, verificou-se que na área que tinha o substrato constantemente alagado (Figura 9 - Parte inferior) teve um perda quase que total. Diferente nas áreas que era regida pela hidrodinâmica da maré (Figura 9 parte superior). CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesse sentido, o presente trabalho cientifico, traz uma proposta de recuperação e valorização das nascentes do rio Jaguaribe, sendo o único projeto aprovado pelo programa da Petrobrás ambiental aprovado no Estado do Rio Grande do Norte. Esse projeto terá uma importância ambiental, social, educativa e científica. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 12

As experiências científicas que serão realizadas incluem desde levantamentos de fauna e flora, até monitoramento da recomposição das comunidades biológicas nas áreas degradadas (sucessão, correlações área-densidade, etc.), monitoramento da qualidade das águas, Educação Ambiental. manguezais do Estado do Rio Grande do Norte. Estas pesquisas são continuação de uma linha de trabalho que vem sendo efetuada desde 1995. Este Documento constitui um Resumo de um Programa piloto, havendo possibilidade ainda de alteração do mesmo por acréscimo ou modificação de metodologias. Entretanto a essência do trabalho apresentado acima será mentida. Pelos resultado preliminares, nota-se o desenvolvimento das atividades de levantamento de biodiversidade, educação ambiental, mapeamento, e reflorestamento. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. BARBOSA, J. E. L. et al. O Índice de estado trófico como uma ferramenta no monitoramento da qualidade da água da barragem de Acauã-sistema recém construído sobre o rio Paraíba-PB. XI SILUBESA. Anais. Natal-RN, 2004. 2. BRITO, L. P. Índices de Qualidade Ambiental, Programa de pós graduação em engenharia sanitária UFRN, disciplina índice de qualidade ambiental. Notas de Aula, Natal-RN. 2004. 3. CINTRÓN, G.; SCHAEFFER-NOVELLI, Y. Introducción a la ecología del Manglar. Montevideo: UNESCO, 1983. 109 p. 4. DERÍSIO, J. C. Introdução ao controle de poluição ambiental. 2. ed. São Paulo: Signus, 2000. 5. DUARTE, M. A. C. Utilização dos Índices do Estado Trófico (IET) e Qualidade da Água (IQA)na Caracterização Limnológica e Sanitária das Lagoas de Bonfim, Extremoz e Jiqui-RN. Dissertação de Mestrado. Centro de Ciências e Tecnologia Campus II. Campina Grande: UFPB, 1999. 6. FERREIRA, A.C. Composição de Crustacea (Decapoda) dos manguezais do Município de Macau / RN. Natal, 104 p. Dissertação (Mestrado em Bioecologia). Departamento de Limnologia e Oceanografia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). 1998. 7. FERREIRA, A.C. & SANKARANKUTTY, C. Taxonomic survey of the Decapod Fauna of a mangrove area in the northeast of Brazil. Em: 4th INTERNATIONAL CRUTACEAN CONGRESS, 1998, Amsterdam. Proceeding and Abstracts. Amsterdam: The Crustacean Society, 1998. 46 p. 8. FERREIRA, A.C. & SANKARANKUTTY, C. A comparison of Diversity of estuarine Carcinofauna (Decapoda) of the State of Rio Grande do Norte, Brazil. Em: Meeting on Mangrove Macrobenthos / Biology, Ecology and Exploitation. 7 11 de setembro de 2000, Mombasa, Kenya. 9. FERREIRA, A.C. & SANKARANKUTTY, C. Levantamento da carcinofauna (Crustacea: Decapoda) do rio Potengi, Natal (RN). Em: 9 no Congresso Nordestino de Ecologia. Natal / RN, 25 a 28 de Julho de 2001, Natal, Brazil. 10. FERREIRA, A.C. & SANKARANKUTTY, C. On Estuarine Carcinofauna (Crustacea: Decapoda) of Rio Grande do Norte, Brazil. Nauplius, São Paulo, v. 10, n. 2, p. 121-129, 2002. 11. ISO 14001. Sistemas de Gestão Ambiental: especificação e diretrizes para o uso. Rio de Janeiro: ABNT, 1996. 12. MONTAGUE, C. L. A natural history of temperate Western Atlantic fiddler crabs (genus Uca) with reference to their impact on the salt marsh. Contribution in Marine Science, v. 23, p. 25-55, 1980. 13. RILEY, R.W; KENT, C. P. S.. Riley encased methodology: principles and processes of mangrove habitat creation and restoration. Mangroves and Salt Marshes 3(4): 207-213, December 1999. 14. SILVA, C. A. R.; Da SILVEIRA, I. M.; ROCHA, M. F.; KILPP, A. M.; OLIVEIRA, S. R. Ecossistema Manguezal: é um filtro biológico na retenção de fosfato proveniente dos dejetos orgânicos, no estuário do rio Potengi, Natal-RN? In: CONGRESO NORDESTINO DE ECOLOGIA, 5, 1993, Natal. Anais... Natal: Sociedade Nordestina de Ecologia, 1993. p. 128-129. 15. SILVA, C. A. R.; Da SILVEIRA, I. M.; ROCHA, M. F.; KILPP, A. M.; OLIVEIRA, S. R. Ecossistema Manguezal: é um filtro biológico na retenção de fosfato proveniente dos dejetos orgânicos, no estuário do rio Potengi, Natal-RN? In: CONGRESO NORDESTINO DE ECOLOGIA, 5, 1993, Natal. Anais... Natal: Sociedade Nordestina de Ecologia, 1993. p. 128-129. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 13