Foco nos contratos e formalização. Para realização de contrato é preciso existir previamente uma regulação.



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Transcrição:

Aspectos Jurídicos da Contratação de Serviços de Saúde, 03/06, sala 12- Frade e Freira, 9 às 12h Palestrantes: Elaine Giannotti, diretora de regulação do Ministério da Saúde; José Carlos de Moraes, dentista, consultor do Ministério da Saúde. Apresentação inicial pelo coordenador: Ademar Possamai, economista de Santa Catarina. Advogado especialista em direito sanitário do conasems, trabalha na vigilância sanitária... Foco nos contratos e formalização. Para realização de contrato é preciso existir previamente uma regulação. Primeiro palestrante, advogado Clarisvan Gonçalvez: Inicialmente é preciso fazer uma avaliação a respeito do nosso instrumento de trabalho que é a saúde. Reflexão sobre o assunto indigestão (o contrário de gestão) em serviços de saúde. Planejamento para atender a demanda; padronização de produtos, de processos; informatização; investimentos em pessoas (como por exemplo, a participação dos profissionais em congressos, pois há uma troca de experiência). O conhecimento foi feito para ser multiplicado. Gestão participativa onde a sociedade participa na gestão da saúde. A LC 141 citou a participação da sociedade na gestão. Reflexões do doutor Gilson, pessoa citada na apresentação. Questionamento: No sistema público nada pode ser oculto, tudo deve ser exposto, pois há a obrigação de prestação de contas ao cidadão. Transparência, publicidade dos fatos. Contratualização e contratação: na lei 8.666 não existe o termo contratualização, apenas contratação. A regulação assistencial empurra às contratações; planejamento de ações, quais recursos disponíveis. Compreende a função de gestão, que tem como foco específico a disponibilização da alternativa assistencial mais adequada às necessidades do cidadão, de forma equânime, ordenada, oportuna e qualificada. Ferramenta da regulação: vínculos formais (convênios e contratos, cada um com a sua finalidade). Ainda existe inadequação de vínculos. Fluxo da contratação de serviços: é necessário planejamento. Cadastro, PPI (programação pactuada e integrada). Avaliar a capacidade instalada. Necessidade de serviços identificada pelo gestor. Desenho de rede; unidades públicas ou próprias, e outros níveis de governo;

Necessidade complementar (quando o Município não consegue oferecer tudo à sua população). Quando há necessidade complementar então se faz necessária a licitação. E a prioridade? Não fere a lei quando a prioridade se dá para as instituições privadas sem fins lucrativos, pois são parceiras. Contratualização, neologismo: consiste em todas as relações pactuadas e formalizadas entre gestores ou destes com prestadores de serviços, com estabelecimento de obrigações recíprocas. Esse tema foi discutido na portaria 3.410 de 30 de dezembro de 2013 a qual estabelece as diretrizes para a contratualização de hospitais no âmbito do SUS em consonância com a politica nacional de atenção hospitalar. Complementariedade: mencionadada no artigo 199 da CF 88. Contrato de direito público, administrativo. Regra de direito público. A lei 8.142 surgiu devido aos vetos da 8.080 e a participação da sociedade no sistema. Atualmente existe falta de gestão e também falta de dinheiro. Portaria 1.034 de 05 de maio de 2010 dispõe sobre a participação complementar das instituições privadas de assistência à saúde no âmbito do SUS. As entidades filantrópicas e as de sem fins lucrativos deixarão de ter preferência. A necessidade de complementação de serviços deverá ser aprovada pelo Conselho de Saúde e constar no Plano de Saúde respectivo (aprovada é diferente de autorizada). Instrumentos de formalização: convênio, contrato administrativo e contrato de gestão. Convênio é acordo, mas não é contrato. No contrato há sempre duas partes; uma parte que pretende o objeto (a obra, o serviço); uma outra que pretende a contraprestação correspondente (o preço). No convenio não há partes, mas sim partícipes com a mesma pretensão. Competencias de fiscalização: Tribunal de Contas da União fiscaliza a aplicação de recursos. Se o recurso transferido não se incorpora ao patrimônio (convênios) será competente o Tribunal de Contas da União. Entendimento decorrente de uma súmula. Contrato administrativo, credenciamento de serviços deve ser norteado pelos princípios da administração pública. Possui um edital de credenciamento a ser veiculado. A ilegalidade leva à improbidade. Credenciamento em aberto: posso abrir uma licitação, mas o edital publicado permanece em aberto. A demanda é muito grande; o processo continua em aberto podendo a qualquer tempo ocorrer a contratação. Cláusulas

necessárias: a do objeto; a do regime de execução dos serviços; a de previsão dos preços; os casos de rescisão; a de previsão das obrigações, entre outras. Questionamento: no edital não pode ter clausulas restritivas (fala do palestrante ao questionamento). O posto de coleta é uma extensão do laboratório (por isso a importância do laboratório ser no Município). O Município contrata 2 laboratórios, a cota é igualmente dividida? Inviabilidade de competição. Aplica-se uma planilha de avaliação de cada serviço somada ao preço, contrata. O edital é a lei da contratação. Quando um Município contrata o serviço de laboratório de outro Município, afronta ao princípio do comando único. Há a necessidade entre os Municípios do termo de compromisso, celebração de ajustes, Coap. O gestor tem que ter ousadia para fazer se cumprir a lei. O maior fundamento é a observância da lei (comentário do palestrante). Controle da Administração Pública: é um poder dever, tem a obrigação de fazê-lo. Tem que ser feito a tempo. É de várias naturezas: regulação, controle, avaliação, ouvidoria, auditoria. Segundo palestrante José Carlos: regulação e contratualização de ações e serviços de saúde. Regular é estabelecer regras. Dirigir em conformidade com as regras estabelecidas; estabelecer ordem, moderar, acertar, ajustar. Nos últimos tempos o termo regulação vem ocupando progressivamente a agenda da gestão do SUS. Eficiência da aplicação dos gastos. A origem da regulação começou com o processo de descentralização/município. Existem 4 tipos de regulação: regulação privada, tecnocrática (olhar técnico), corporativa (nebulosa força regulatória), regulação social de caráter público. Regulação como ação social compreende as ações de regulamentação. Marcos normativos: CF88, artigos 196, 197, 198, 199. Lei 8.080 nos artigos das atribuições. Decreto 7.508 artigo 13, além da criação do Coap. O pacto de gestão possui uma diretriz de regulação. Regulação no Brasil: sistemas, ações e serviços de saúde. Politica Nacional de Regulação, artigo 4 - cadastramento de estabelecimentos, contratualização de serviços... Terceira Palestrante: Elaine Giannotti, diretora de regulação do Ministério da Saúde: Regulação do Acesso: portaria 1.559/2008 politica nacional de regulação em saúde. Disponibilização da alternativa assistencial mais oportuna ao cidadão. Integralidade do cuidado (articulação da atenção básica com a

atenção de alta complexidade). Referência e contra referência não se faz apenas com sistema de informação, se faz através de espaços de conversa, articulação. Quem regula? É um papel do Estado, porém todas as esferas regulam (gestão, profissional, usuário, poder judiciário, legislativo). Não podemos perder de vista os critérios de risco. O papel da regulação estatal: Dimensão macropolítica: principais demandas e perfil de morbimortalidade da população. Dimensão micropolítica: quem está de fato em contato com o paciente. As duas dimensões possuem olhares complementares. O papel da regulação: a central funciona como um apoio à atenção básica. Ações de regulação do acesso: portaria 1.559/2008. Complexo regulador. Esfera administrativa: Centrais regionais e municipais devem funcionar em cogestão. Objetivos da Central: identificar a alternativa assistencial mais adequada à necessidade do cidadão, fundamentada em protocolos técnicos e baseadas na pactuação de referências. Registrar e dar resposta a todas as solicitações, exercer a autoridade sanitária, entre outros. Atribuições da Central: gestão de leitos e agenda; gestão de demanda reprimida; classificação de risco; construção de grades de referência e contrareferência; gestão e controle de cotas, entre outras. O que é necessário para implantar uma central? Sistematizar a oferta de serviços e os fluxos preexistentes; definição de escopo, de protocolos clínicos, de abrangência da central. Para garantir a efetividade das ações da central: PDR e PPI, CNES atualizado, implantação do cartão do usuário. Capacitação permanente. Gerenciar fila de espera. O protocolo não deve ser utilizado como um algoritmo matemático absoluto. Muitas vezes vai ser preciso adequar. E-mail da última palestrante Elaine Maria Giannotti: elaine.giannotti@saude.gov.br Relatora: Dáfiny Cavalcante Sales.