As autoridades requeridas são o Exmo. Sr. Governador do Estado do Paraná, Beto Richa, e o presidente da Assembléia Legislativa do Estado do Paraná.



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Transcrição:

EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL A CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO COMÉRCIO DE BENS SERVIÇOS E TURISMO CNC, entidade sindical de grau superior, representante do plano do comércio em todo o território nacional, com sede no Setor Bancário Norte, Quadra 1, Bloco B, 14º ao 18º andares, Edifício Confederação Nacional do Comércio, Brasília, Distrito Federal, CEP 70.041 902, inscrita no CNPJ sob o nº 33.423.575/0001-76, por seu advogado abaixo assinado, devidamente constituído nos termos do instrumento de mandato anexo, vem, com fundamento nos artigos 102, inciso I, alínea a, e 103, inciso IX, da Constituição Federal; no disposto na Lei nº 9.868/99; e nos artigos 169 a 178 do Regimento Interno dessa Egrégia Corte, propor a presente AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE, COM PEDIDO DE MEDIDA LIMINAR, visando impugnar a Lei Estadual nº 16.762/2010 do Paraná, publicada no Diário Oficial do Estado do Paraná no dia 29 de dezembro de 2010, e cuja vigência ocorreu partir de sua publicação,conforme disposto em seu art. 2º. Tal norma obriga as empresas de limpeza e conservação a pagarem a seus empregados mensalmente o Salário- Mínimo Regional em vigor no Estado do Paraná, sejam eles ligados ou não a Sindicatos.

As autoridades requeridas são o Exmo. Sr. Governador do Estado do Paraná, Beto Richa, e o presidente da Assembléia Legislativa do Estado do Paraná. Os endereços para notificação são os seguintes: Governador: Beto Richa: Palácio das Araucárias - Rua Jacy Loureiro de Campos, s/nº - Centro Cívico CEP 80530-915 - Curitiba - Paraná. Presidente: Valdir Rossoni Assembléia Legislativa Estado do Paraná: Praça Nossa Senhora de Salete s/n, CEP: 80530-911 - Curitiba Paraná. DA LEGITIMIDADE ATIVA Como será demonstrado, a Lei 16.762/2010 do Estado do Paraná, ao impor que as empresas de limpeza e conservação paguem SALÁRIO- MÍNIMO REGIONAL a seus empregados, sem a devida observância das limitações constitucionais, padece de vício de inconstitucionalidade. A CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO COMÉRCIO DE BENS, SERVIÇOS E TURISMO CNC é entidade sindical de grau superior, representante, em plano nacional, dos direitos e interesses do comércio brasileiro de bens, serviços e turismo (art. 1º, 1º, inciso I do estatuto social anexo), estando, desse modo, legitimada a argüir a inconstitucionalidade do referido ato normativo federal, nos termos do art. 103, inciso IX, da Constituição da República. DA PERTINÊNCIA TEMÁTICA A Autora destaca a pertinência temática entre sua finalidade institucional e o presente pleito, visto que as empresas de limpeza e conservação estão vinculadas à representação desta Confederação, por intermédio de seus sindicatos e de sua Federação Nacional a FEBRAC e estão obrigadas a pagarem o mencionado SALARIO-MÍNIMO REGIONAL estabelecido pela Lei Estadual nº16.762/2010. A Autora congrega, no ápice da pirâmide sindical, a coordenação, em nível nacional, dos interesses do sistema confederativo de representação sindical respectiva, exsurgindo daí a sua legitimação para a propositura da presente ação.

Situa-se a CNC, hoje, como entidade máxima da representação sindical do comércio, razão pela qual não lhe pode ser negada a condição maior de legítima representante dos interesses, não só das categorias econômicas que integram o seu plano de representação sindical, dando margem ao surgimento dos sindicatos que constituem a base de formação, como, também, de legítima representante dos interesses dos próprios sindicatos de categorias econômicas do comércio. Espraia-se, assim, a representação da Autora interna e externa corporis, tanto em relação às categorias econômicas quanto em relação às entidades sindicais que as representam, congregadas num único sistema confederativo, porquanto é legal e legítima sua pretensão de representatividade não só do comércio, como categoria econômica, como, ainda, das entidades sindicais que compõem a escalonada representação de tais categorias, a qual se enfeixa soberanamente naquela máxima categoria sindical representada pela Autora. Destaque-se que o objeto da presente ação é voltado para o combate de Lei Estadual que incorre em flagrantes inconstitucionalidades que acabam por ferir direitos das empresas que situam-se na base da pirâmide sindical em cujo ápice encontra-se a Autora. Podemos apontar que a Lei que se pretende ver declarada a inconstitucionalidade tem impacto DIRETO para as empresas de limpeza e conservação do Estado do Paraná Vale, aqui, apontarmos que a estipulação de SALARIO- MÍNIMO REGIONAL diz respeito aos trabalhadores que os recebem, mas PRINCIPALMENTE DIZ RESPEITO AOS EMPREGADORES QUE OS PAGAM! Dessa forma, a pertinência temática da CNC está devidamente fundamentada no seu Direito de representar as empresas de limpeza e conservação do Paraná, que serão OBRIGADAS a pagarem os valores que vierem a ser estipulado pelo governo daquele Estado a título de SALÁRIO- MÍNIMO REGIONAL. Destarte, encontra-se ela, ipso facto, legitimada, à propositura da presente ação, com vista a conseguir a decretação judicial de inconstitucionalidade da Lei Estadual nº 16.762/2010 do Paraná. DOS DISPOSITIVOS INCONSTITUCIONAIS DA LEI Nº 16.762/2010 DO PARANÁ Abaixo transcrevemos o texto da lei editada, que encontra-se em contrariedade à Constituição Federal:

ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA - LEI Nº 16.762 DE 29.12.2010 D.O.E.: 29.12.2010 Dispõe que as empresas de limpeza e conservação, deverão pagar a seus empregados mensalmente o Salário-Mínimo Regional em vigor no Estado do Paraná, sejam eles ligados ou não a Sindicatos. A Assembléia Legislativa do Estado do Paraná decretou e eu sanciono a seguinte lei: Art. 1.As empresas de limpeza e conservação, deverão pagar a seus empregados mensalmente o Salário-Mínimo Regional em vigor no Estado do Paraná, sejam eles ligados ou não a Sindicatos. Art. 2.Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação. PALÁCIO DO GOVERNO EM CURITIBA, em 29 de dezembro de 2010. Orlando Pessuti Governador do Estado Tércio Alves de Albuquerque Secretário de Estado do Trabalho, Emprego e Promoção Social Ney Caldas, Chefe da Casa Civil Antonio Anibelli Deputado Estadual DOS FUNDAMENTOS -DA VIOLAÇÃO AO INCISO I DO ART.22 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL A Lei Estadual nº 16.762/2010 traz em seu escopo, a vinculação dos salários dos trabalhadores nas empresas de limpeza e conservação ao SALÁRIO- MÍNIMO REGIONAL. Ou seja, impõe um NOVO salário-mínimo a determinada categoria de empregados, sem qualquer respaldo para tanto.

Ora Excelências, não estamos aqui discorrendo sobre a estipulação de um piso salarial, o que, se fosse o caso, respeitaria as limitações e condições constantes da Lei Complementar editada com essa finalidade (LC 103/2000). Estamos, sim, diante de uma situação em que o Governo do Estado do Paraná pretende desvirtuar, COMPLETAMENTE a norma constitucional e invadir competência legislativa PRIVATIVA da UNIÃO, ao abrir a possibilidade de criação de SALÁRIO- MÍNIMO REGIONAL. O artigo 22 da C.F. trata da competência privativa da União postulando que : Art. 22 - Compete privativamente à União legislar sobre: I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; (...) Parágrafo único - Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo. Percebemos que a competência privativa da União para Legislar só se afasta mediante a edição de Lei Complementar, ou seja, em não existindo nenhuma Lei Complementar, permitindo que os Estados criem SALARIO- MINIMO REGIONAL, essa possibilidade esbarra na mencionada competência PRIVATIVA da União para Legislar sobre Direito do Trabalho. A Lei Estadual do Paraná, nº 16.762/2010, de 29 de dezembro de 2010 ao impor SALARIO MÍNIMO REGIONAL às empresas de limpeza e conservação, em seu art. 1º, dispõe que: Art. 1º - As empresas de limpeza e conservação, deverão pagar a seus empregados mensalmente o Salário-Mínimo Regional em vigor no Estado do Paraná, sejam eles ligados ou não a Sindicatos.(...) (grifamos) A obrigatoriedade de as empresas pagarem um SALARIO- MINIMO REGIONAL a ser estipulado pelo Governo do Estado do Paraná, não possui qualquer fundamentação constitucional, pois não cabe aos Estados criarem e muito menos imporem SALÁRIO-MÍNIMO REGIONAL, situação que torna a medida legislativa em questão flagrantemente inconstitucional. Como se vê, a Lei nº 16.762/2010 do Paraná, desvirtuou completamente a autorização Constitucional Contida no Parágrafo único do art. 22 da C.F., uma vez que não existe nenhuma Lei Complementar que permita a instituição de SALÁRIO-MÍNIMO REGIONAL para os trabalhadores de uma determinada categoria econômica e por conseguinte não seria possível a imposição do mesmo para as empresas de limpeza e conservação daquele Estado. É essa situação que leva o Estado do Paraná a legislar sobre matéria que não é de sua competência, pois não possui permissão

constitucional para tanto, uma vez que INEXISTE lei Complementar que permita que os Estados imponham ou fixem SALÁRIO-MÍNIMO REGIONAL. Dessa forma, o Governo Paranaense, ao impor o pagamento de SALARIO-MINIMO REGIONAL às empresas de limpeza e conservação daquela região, acabou por adentrar em matéria de competência privativa da União (Direito do Trabalho), sem o devido respaldo de Lei Complementar para tanto. Com isso, a Lei nº 16.762/2010 do Estado do Paraná viola o inciso I, do art. 22 da Constituição Federal e padece de inconstitucionalidade, conforme entendimento pacífico dessa Suprema Corte, que podemos extrair das seguintes decisões: (...) Lei 11. 562/2000 do Estado de Santa Catarina. Mercado de trabalho. Discriminação contra a mulher. Competência da União para legislar sobre Direito do trabalho. (...) A lei n. 11.562/2000, não obstante o louvável conteúdo material de combate à discriminação contra a mulher no mercado de trabalho, incide em inconstitucionalidade formal, por invadir a competência da União para legislar sobre direito do trabalho. (ADI 2.487, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 30-8-07, Plenário, DJE de 28-3- 08. "Constitucional. Ação direta de inconstitucionalidade. Lei n. 1.314, de 1º de abril de 2004, do Estado de Rondônia, que impõe às empresas de construção civil, com obras no Estado, a obrigação de fornecer leite, café e pão com manteiga aos trabalhadores que comparecerem com antecedência mínima de 15 (quinze) minutos ao seu primeiro turno de labor. Usurpação da competência da União para legislar sobre direito do trabalho (inciso I do art. 22). Ação julgada procedente." (ADI 3.251, Rel. Min. Carlos Britto, julgamento em 18-6-07, Plenário, DJ de 19-10-07) Assim, deve ser declarada a inconstitucionalidade formal da Lei nº 16.762/2010 do Estado do Paraná por flagrante violação ao art. 22, inciso I da Constituição Federal. -DA VIOLAÇÃO AO INCISO IV, DO ART. 7º DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL A Lei nº 16.720/2010 do Estado do Paraná aponta para a criação de um SALÁRIO-MÍNIMO REGIONAL, a ser observado por uma única categoria de empresas, àquelas que atuam na área de limpeza e conservação. Não bastasse a inconstitucionalidade anteriormente apontada no que diz respeito à incompetência do Estado do Paraná para legislar sobre

Direito do Trabalho, quando não existir previsão para tanto, em Lei Complementar, existe ainda uma outra violação à Constituição Federal, por parte da Lei Estadual ora atacada,como veremos a seguir. O inciso IV do Art. 7º da C.F., ao tratar do salário mínimo dispõe que o mesmo deve ser "nacionalmente unificado", ou seja, em todo o território nacional só poderá haver UM ÚNICO SALÁRIO MÍNIMO, não existindo qualquer permissão constitucional para que os Estados fixem seus próprios níveis mínimos de salários. A Constituição Federal, veda essa tentativa do Governo do Estado do Paraná em criar o seu próprio salário mínimo, como podemos extrair do inciso IV do art. 7º da Constituição Federal que assim dispõe: "Art. 7º - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: (...)IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim; (grifamos) Essa expressão nacionalmente unificado delimita o requisito para a competência para se fixar o salário mínimo, daí a vedação aos Estados em criarem seus próprios mínimos, uma vez que só a lei federal tem condições de estabelecer tais valores em âmbito nacional. Dessa forma, resta evidente que qualquer intenção do governo do Estado do Paraná em fixar/impor um SALÁRIO-MÍNIMO REGIONAL afronta diretamente o dispositivo constitucional acima, sendo certo que, por conta disso, a Lei nº 16.762/2010 é flagrantemente INCONSTITUCIONAL.

-DA VIOLAÇÃO AO INCISO XXVI DO ART. 7º DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL A Constituição Federal de 1988 trouxe para o nosso ordenamento jurídico nacional a possibilidade da flexibilização dos direitos trabalhistas. Essa possibilidade buscou, não apenas assegurar os direitos mínimos dos trabalhadores, mas, também, garantir a sobrevivência das empresas. Por conta dessa flexibilização, foi permitido promover alterações no salário (CF, art. 7º, VI) e na jornada de trabalho (CF, art. 7º, XIII e XIV), normas de extrema rigidez, desde que feitas através de norma coletiva com a devida observância da realidade e as necessidades das empresas e dos trabalhadores. Com isso é possível se preservar a saúde da empresa e, consequentemente, o emprego. Dessa forma, percebe-se que a Constituição Federal demonstrou seu interesse em fortalecer a representação sindical, valorizando, de forma indiscutível, as negociações coletivas através das entidades de classe que transacionam direitos e obrigações para seus representados. Essa tendência constitucional acabou por ser sedimentada pelo inciso XXVI do artigo 7º da C.F., que expressamente, reconheceu a validade das convenções e acordos coletivos de trabalho, vejamos: Art. 7º - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: (...) XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho; A Lei nº 16.762/2010 do Estado do Paraná, desconsiderando o que foi transacionado pelos legítimos representantes das categorias econômicas e profissionais daquele Estado, em seu art. 1º adentra na seara das negociações coletivas e impõe o pagamento de SALÁRIO MÍNIMO REGIONAL aos trabalhadores que exerçam suas atividades em empresas de limpeza e conservação, sem levar em conta a possibilidade de se fixar, através de norma coletiva, valores distintos do estipulado pelo SALARIO-MÍNIMO REGIONAL, vejamos:

Art. 1º - As empresas de limpeza e conservação, deverão pagar a seus empregados mensalmente o Salário-Mínimo Regional em vigor no Estado do Paraná, sejam eles ligados ou não a Sindicatos.(...) (grifamos) Ora, Excelências, a imposição indiscriminada do SALÁRIO MÍNIMO REGIONAL do Estado do Paraná, às empresas, estando seus empregados ligados ou não a sindicatos ou seja, sem considerar a sua representação sindical e os pactos que suas entidades fizeram com as correlatas entidades patronais afronta diretamente o Inciso XXVI do art. 7º da Constituição Federal, vez que NÃO RECONHECE as convenções e acordos coletivos de trabalho que estipulem piso salariais distintos do valor do SALÁRIO-MINIMO REGIONAL imposto pela Lei ora atacada. Os acordos e convenções coletivas constituem manifestação da vontade entre as categorias profissional e econômica, refletindo seus reais interesses. Não pode a Lei Estadual desconsiderar a importância dessas representações e muito menos impor pagamentos mensais sem se ater à possibilidade do que foi pactuado entre as partes REALMENTE INTERESSADAS. Assim, não poderia a Lei paranaense ultrapassar tudo que foi convencionado entre as partes envolvidas na negociação e impor, de acordo com a sua conveniência, e sem qualquer respaldo legal, um SALÁRIO- MÍNIMO REGIONAL a uma única categoria de trabalhadores, sem a observância dos valores que foram devidamente negociados DENTRO DA CAPACIDADE ECONÔMICA da atividade empresarial e da necessidade financeira da classe profissional. Dessa forma, a Lei nº 16.762/2010 é inconstitucional por violar diretamente o inciso XXVI do art. 7º da Constituição Federal. DA CONCESSÃO DA CAUTELA JUDICIAL LIMINAR (fumus boni iuris e periculum in mora) O "fumus boni iuris" está patenteado na fundamentação supra, e, no que cabe frisar, em virtude da violação, por parte da norma atacada, do inciso I do art. 22 e incisos IV e XXVI do art.7º, todos da Constituição Federal, que demonstram, de forma clara, a inconstitucionalidade da imposição de pagamento mensal de SALÁRIO-MÍNIMO REGIONAL por parte das empresas de limpeza e conservação a instituição em virtude da Lei nº16.672/2010 do Estado do Paraná. Por sua vez o "periculum in mora", consubstancia-se na impossibilidade de ver-se atendido o presente pleito somente ao final de todo o transcurso da ação, vez que, até lá, terá se consolidado prejuízo irreparável e

de grande monta, consistente na obrigatoriedade de as empresas de limpeza e conservação PAGAREM aos seus empregados SALÁRIO-MÍNIMO REGIONAL, que até a presente data ainda não foi criado. Ou seja, a qualquer momento o Estado do Paraná poderá vir a criar o mencionado SALÁRIO-MÍNIMO REGIONAL e submeterá as mencionadas empresas o seu pagamento, situação que acarretará INDISCUTIVELMENTE, não apenas um grande prejuízo para aquelas atividades econômicas, mas também e PRINCIPALMENTE, poderá inviabilizar as atividades das mesmas, pois não se sabe qual o valor que será estipulado como mínimo. Considerando-se que encontra-se em vigor a obrigatoriedade de as empresas de limpeza e conservação em pagar a seus empregados SALÁRIO-MÍNIMO REGIONAL (que ainda não foi criado) conforme disposto no art. 1º da Lei Estadual nº16.762 do Estado do Paraná, o prejuízo IMINENTE AINDA NÃO OCORREU, razão que qualifica a necessidade URGENTE do deferimento da liminar. O prejuízo afetará a todas as empresas de limpeza e conservação do Estado do Paraná, que estarão obrigadas a conceder salários a seus empregados sem o devido respeito ao texto constitucional. Além disso, como bem expôs o Ministro Marco Aurélio Mello, na ação direta de inconstitucionalidade de nº 2.369/RJ, e ADI-MC 2358/RJ, frente à lei 3.496/2000 do Estado do Rio de Janeiro: "Impõe-se a imediata correção de rumo, restabelecendo-se a supremacia da Carta da República. Aos trabalhadores, não se pode dar esperança vã, impossível de vir a compor-lhes o patrimônio. Aos Estados federados cumpre observar a Constituição Federal; devem, portanto, fugir à tentação de driblála, pouco importando o objetivo a ser alcançado. Organizam-se e regem-se pelas constituições e leis que adotarem, observados os princípios do Diploma Maior. (Grifamos) De maneira brilhante o ilustre magistrado afastou a aplicação da norma inconstitucional de forma imediata, para que a mesma não criasse falsas expectativas nos trabalhadores em razão de benefício trazido por uma iniciativa legislativa inconstitucional. A relevância jurídica e o risco de grave dano, de difícil reparação, estão presentes. Decerto que, com a devida observância do ordenamento jurídico constitucional, se faz necessária a suspensão cautelar dos artigos da Lei Estadual nº 16.762 do Estado do Paraná. Diante de todo o exposto, a autora requer a Vossas Excelências, em especial ao eminente Ministro Relator, que conceda liminar no sentido de ser decretada a inconstitucionalidade da Lei Estadual nº16.762/2010 do Estado do Paraná, de forma a suspender seus efeitos até o julgamento de mérito da presente ação, em conformidade com o 3º do art. 10 da Lei nº 9.868/99 e com o 1º do art. 170 do Regimento Interno do STF.

DO PEDIDO Assim, ante o exposto, requer a Autora, respeitosamente, seja a sua pretensão julgada procedente, com a suspensão cautelar da eficácia da Lei Estadual nº16.672/2010 do Estado do Paraná, publicada no DJE em 29 de dezembro de 2010, e a declaração definitiva de sua inconstitucionalidade, por flagrante ofensa ao inciso I do art. 22, e incisos IV e XXVI do art.7º, todos da Constituição Federal. Pede, também, que seja ouvido o senhor Procurador Geral da República, após a concessão da liminar requerida, na forma do art. 102, inciso I, letra p, e 103, parágrafo 1º, a citação do Advogado Geral da União, nos termos do artigo 103, parágrafo 3º, da Constituição Federal. Protesta por todos os meios de prova admitidos em direito e dá à causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais). Nestes termos, pede e espera deferimento. Brasília, 01 de junho de 2011. Alain Alpin Mac Gregor OAB/RJ 101.780