IJD ISSN:1806-1. Artigo Original / Original Article



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Artigo Original / Original Article IJD ISSN:1806-1 Dor pós-operatória em tratamento endodôntico realizado em sessão única e múltipla Postoperative pain in endodontic treatment in one session or multiple Lilian Rigo 1 Isabella Petrini 2 Leodinei Lodi 3 1 - Doutora em Odontologia, Professora da Escola de Odontologia da Faculdade Meridional/IMED de Passo Fundo 2 - Especialista em Endodontia Ingá/Uningá 3 - Mestre em Saúde Coletiva ULBRA/RS, Professor de Odontologia da URI/Erechim RESUMO A dor pós-operatória é definida como presença de dor de qualquer grau que ocorre após o início do tratamento de canal radicular. A dor pós-operatória é utilizada na mensuração do sucesso endodôntico, embora se saiba que acontece durante o tratamento, não influenciando no sucesso a longo prazo. E que diversos fatores seriam os causadores do insucesso endodôntico. O objetivo deste trabalho foi verificar a ocorrência de dor pós-operatória em pacientes com tratamentos endodônticos realizados em sessão única e múltipla, bem como avaliar as causas da dor pós-operatória em sessão única. O desenho do estudo foi longitudinal retrospectivo, utilizando como instrumento de coleta de dados, a avaliação de 141 prontuários dos pacientes atendidos no curso de Especialização em Endodontia no período de fevereiro de 2008 a maio de 2010. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa. E após a fase de coleta dos dados eles foram analisados estatisticamente com a interpretação de seus resultados. A dor pós-operatória aconteceu em 36,2% e 28% nos casos de tratamento de canal em sessão única e múltipla respectivamente, sendo considerado relevante para a clínica odontológica. A técnica de instrumentação esteve associada à dor pós-operatória nos pacientes em que foi utilizada a técnica rotatória no preparo do canal radicular em sessão única. Os pacientes do sexo masculino apresentaram menor ocorrência de dor comparado aos do sexo feminino, estando associados à dor pós-operatória naqueles que realizaram endodontia em sessão única. Palavras-chave: Dor pós-operatória, Endodontia, Dente tratado endodonticamente ABSTRACT Correspondência Lilian Rigo: Endereço: Av, Major João Schell, 1121. Vila Fátima Passo Fundo-RS, Brasil. E-mail: lilianrigo@via-rs.net The postoperative pain is defined as the presence of any grade of pain occurs after the beginning of root canal treatment. The postoperative pain is used to measure the success of endodontic, although we know that it happens during treatment, not influencing the long-term success. And that several factors were the cause of endodontic failure. The aim of this study was to assess the presence of postoperative pain in patients with endodontic treatment in one session and multiple, and assess the causes of postoperative pain in one session. The longitudinal study design was retrospective, using as an instrument of data collection, evaluation of medical records of 141 patients treated in the course of Specialization in Endodontics from February 2008 to May 2010. The study was approved by the Ethical Committee in Research. And after the phase of data collection they were statistically analyzed with the interpretation of their results. The postoperative pain occurred in 36.2% and 28% in cases root canal treatment in one session and multiple respectively, is considered relevant to the dental clinic. The instrumentation technique was associated with postoperative pain in patients whose technique was used in rotary root canal preparation in one session. The male patients had a lower incidence of pain compared to females, and are associated with postoperative pain in endodontics in those who performed a single session. Key Words: Pain, Postoperative, Endodontics, Endodontically treated tooth INTRODUÇÃO O preparo do canal é por si só, um ato operatório que gera trauma tecidual, portanto, capaz de produzir dor pósoperatória 1. Por sua vez, a obturação também apresenta potencial para tal, devido não só aos aspectos físicos que a envolvem, como também a composição dos materiais que a constituem, todos eles com certo grau de agressão, e com chance de ocorrência de extravasamento para o nível apical durante Int J Dent, Recife, 11(1):29-37, jan/mar,2012 29

Dor pós-operatória em Endodontia o tratamento. É sabido que qualquer tipo de agressão ao organismo gera uma resposta inflamatória, porém, deve-se entender que o próprio tratamento endodôntico é um fator indutor de reação inflamatória e, portanto, também de dor pós-operatoria. Mesmo na ausência de microorganismos, a opção de sessão única em tratamento de canal em polpa viva tem maior possibilidade de dor pós-operatória 2. Nos casos de necrose a dor também pode existir, mas a ela associam-se outros aspectos. Um preparo bem conduzido gera trauma pequeno, que induz uma resposta inflamatória de pequena intensidade. Já quando o preparo é mais traumático até a sua resposta inflamatória é mais intensa, provocando então a sintomatologia dolorosa 3. Segundo De Deus 4, o sucesso do tratamento endodôntico é embasado na relação entre a correta seleção do caso e as técnicas de preparo e obturação empregadas, na habilidade do operador e ainda nas particularidades que o caso oferece. E para evitar acidentes operatórios, existem itens imprescindíveis como: o conhecimento da anatomia pulpar, a obtenção de radiografias de boa qualidade para estudo de anomalias anatômicas ou inclinação do elemento dental, além da utilização de instrumental adequado. Tudo isso contribui para a positividade dos resultados. Porém a opção pelo número de sessões no tratamento de canal parece estar envolvida diretamente com o diagnóstico pulpar realizado pelo profissional, e dentro de critérios peculiares de cada profissional 5-11. Os critérios estabelecidos para classificação da terapêutica endodôntica como "sucesso" ou "insucesso" foram descritos por Berger 12 em 1991. O autor considerava que o tratamento endodôntico seria exitoso quando ( num prazo de seis meses a um ano) os dentes apresentaremse livre de sinais e sintomas, quais sejam: dor espontânea ou provocada, fístula ou edema - estando o dente desempenhando as suas funções. O sucesso em termos radiográficos configuraria não ter lesão periapical acompanhando o elemento dentário ( caso originalmente não a tivesse). No entanto aqueles que apresentavam lesões radiolúcidas no momento da obturação deveriam evoluir para o desaparecimento ou progredir para uma nítida regressão. A dor pós-operatória é definida como a dor de qualquer grau que ocorre após o início do tratamento de canal radicular, enquanto que flare-up endodôntico tem sido definido como a continuação da dor e ou aumento de volume após o tratamento endodôntico que afeta a rotina da vida do paciente, fazendo com que ele retorne ao consultório para obter um tratamento que promova o alívio dos sintomas 13. A relevância deste estudo está na proposta de enfrentar um tema ainda bastante controverso na tomada de decisão dos profissionais, analisando a ocorrência de dor pós-operatoria nos casos de necropulpectomia e biopulpectomia em sessão única e múltipla. Dessa forma, o objetivo da pesquisa foi verificar a ocorrência de dor pós-operatória em pacientes com tratamentos endodônticos realizados em sessão única e múltipla atendidos no curso de especialização em Endodontia da Unidade Avançada de Pósgraduação da Faculdade Ingá/Uningá de Passo Fundo, durante o período de fevereiro de 2008 a maio de 2010, bem como avaliar as possíveis causas de dor pós-operatoria naqueles pacientes que realizaram tratamentos endodônticos em sessão única. MÉTODO DELINEAMENTO E AMOSTRA O desenho do estudo foi longitudinal retrospectivo, tendo sido avaliados 141 prontuários de pacientes que realizaram procedimentos endodônticos atendidos pelos alunos da Unidade Avançada de pósgraduação da Faculdade Ingá/Uningá de Passo Fundo no período de fevereiro de 2008 a maio de 2010. COLETA DE DADOS Para esta pesquisa foi construído um banco de dados, onde foram armazenados os dados referentes às condições endodônticas dos dentes tratados (número de sessões e presença de dor) e as características sociodemográficas dos pacientes. Todas estas informações foram retiradas dos prontuários: Ficha de exame anamnésico, Ficha clínica para controle pósoperatório em Endodontia e Ficha clínica para Endodontia. Todos os pacientes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, sendo que a pesquisa assegurou a privacidade aos sujeitos quanto aos dados confidenciais envolvidos no estudo. Int J Dent, Recife, 11(1):29-37, jan/mar, 2012 30

Rigo et al. O projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade Ingá/Uningá de Maringá, sob CAAE nº 0011.0.362.000-10. ANÁLISE ESTATÍSTICA Os dados obtidos nos 141 prontuários dos pacientes atendidos no curso de Endodontia da Unidade de Pós-graduação da Faculdade Ingá/Uningá de Passo Fundo RS foram digitados no Excel e posteriormente exportados para o programa estatístico SPSS 17.0 para análise estatística. A análise estatística foi composta por uma análise descritiva dos dados e a posterior aplicação de testes específicos no sentido da verificação dos objetivos propostos no estudo. O teste utilizado permitiu verificar as relações existentes entre as variáveis. A apresentação foi demonstrada na forma de freqüências por análise inferencial pelo teste do Quiquadrado. O nível de significância utilizado foi de 5%. Ensino Médio (30,5%). A maioria dos pacientes tem renda individual de até R$ 1.000,00 por mês e os outros 14,2%, reportaram receber mais do que R$ 1.000,00 por mês. Embora tenha se observado que estes dados estão incompletos em 47,5% (n=67) dos prontuários dos pacientes. A maior ocorrência de casos tratados foi em dentes molares (66%; n=93), tendo como necessidade de tratamento endodôntico mais frequente em dentes com a condição pulpar de necrose (51,1%; 72), seguido pela condição vital em 39% (n=55) dos casos. A técnica de instrumentação mais utilizada foi a rotatória com frequência de 88,7% (n=125) e com o tratamento realizado em única sessão (82,3%; n=116). Do total da amostra, 34,8% (n=49) pacientes relataram dor pós-operatória. Os dados descritivos desta amostra encontramse na Tabela 1. RESULTADOS Inicialmente, foi realizada uma análise descritiva com os dados coletados de todos os prontuários que continham as informações corretamente preenchidas, independente do número de sessões. Foram investigados 141 prontuários. Após, foi realizada uma análise descritiva somente dos pacientes que tiveram algum tipo de dor pós-operatória nos tratamentos endodônticos realizados em sessão única, perfazendo o total de 42. E por último foi realizada uma análise estatística inferencial de 116 pacientes aqueles que relataram dor pós-operatória (sessão única ou múltipla). Aos pacientes que realizaram tratamentos em sessão única, foi utilizando então a variável dependente ter tido ou não dor póstratamento endodôntico. ANÁLISE DESCRITIVA DA AMOSTRA A maioria dos pacientes da pesquisa tem idade entre 21 a 67 anos. Em relação ao sexo, 62,4% é do sexo feminino e 37,6% do sexo masculino, sendo a maioria deles, casados (48,2%). Muitos estudaram somente até o Ensino Fundamental (35,5%), seguido pelos que estudaram até o 31 Int J Dent, Recife, 11(1):29-37, jan/mar,2012

Dor pós-operatória em Endodontia Tabela 1 Descrição das características clínicas e demográficas de todos os pacientes atendidos no curso Endodontia da Unidade de pós-graduação da Faculdade Ingá/Uningá de Passo Fundo-RS, 2010 (n=141). a ocorrência de dor foi de 36,2% (n=42) e dos que realizaram em múltiplas sessões, 28% (n=7), conforme Figura 1. Não houve significância estatística entre dor e o número de sessões ao teste do Qui-quadrado (p > 0,05). CARACTERÍSTICAS SOCIODEMOGRÁFICAS E CLÍNICAS Idade N (141) % (100) 9 a 20 anos 49 34,8 21 a 50 anos 57 40,4 51 a 67 anos 35 24,8 Sexo Masculino 53 37,6 Feminino 88 62,4 Estado civil solteiro/a 57 40,4 casado/a 68 48,2 separado/a e viúvo/a 16 11,3 Grau de escolaridade ensino fundamental 50 35,5 ensino médio 42 29,8 superior 16 11,3 Sem resposta 33 23,4 Renda até R$ 1.000,00 54 38,3 mais de R$ 1.000,00 20 14,2 sem resposta 67 47,5 Dentes incisivos e caninos 17 12,1 pré-molares 31 22,0 molares 93 66,0 Condição pulpar vital 55 39,0 necrosada 72 51,1 retratamento 14 9,9 Técnica de Instrumentação manual 16 11,3 rotatória 125 88,7 Número de sessões única 116 82,3 múltipla 25 17,7 Presença de dor sim 49 34,8 não 92 65,2 Porém, quando analisados somente os que realizaram endodontia em sessão única, Figura 1 - Frequência de dor póstratamento em pacientes que realizaram tratamento endodôntico no curso de Endodontia da Unidade de pós-graduação da Faculdade Ingá/Uningá de Passo Fundo RS, 2010 (n=141). A Tabela 2 descreve os dados clínicos dos pacientes que realizaram tratamento endodôntico em sessão única, verificando que a maioria dos dentes tratados foram molares permanentes (62,1%), com condição pulpar necrosada (52,6%), sendo a técnica rotatória a mais utilizada (89,0%). Tabela 2 Descrição das características clínicas dos pacientes que realizaram tratamento endodôntico em sessão única no curso Endodontia da Unidade de pósgraduação da Faculdade Ingá/Uningá de Passo Fundo RS, 2010 (n=116). CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS Dentes N (116) % (100) incisivos e caninos 15 12,9 pré-molares 29 25,0 molares 72 62,1 Condição pulpar vital 44 37,9 necrosada 61 52,6 retratamento 11 9,5 Técnica de Instrumentação manual 12 10,3 rotatória 104 89,7 Presença de Dor sim 42 36,2 não 74 63,8 Int J Dent, Recife, 11(1):29-37, jan/mar, 2012 32

Rigo et al. ANÁLISE DESCRITIVA EM RELAÇÃO À DOR Na Tabela 3 encontram-se os dados relativos à dor pós-tratamento endodôntico realizado em sessão única. Observou-se que 47,6% (n=20) dos pacientes tiveram um tempo de dor entre 2 a 5 dias. A intensidade da dor mostrou-se na maioria das vezes tolerável (88,1%; n=37). Não houve edema em 90,5% (n=38) dos casos e 64,3% (n=27) dos indivíduos utilizaram, para minimizar a dor, medicamentos como analgésico, antibiótico ou ambos. Tabela 3 Descrição das frequências das variáveis relacionadas à dor pós-tratamento endodôntico realizado em sessão única dos pacientes atendidos no curso Endodontia da Unidade de pós-graduação da Faculdade Ingá/Uningá de Passo Fundo RS, 2010 (n=42). RELATO DE DOR N (42) %(100) Tempo da dor 1 dia de dor 12 28,6 2 a 5 dias 20 47,6 de dor 6 a 21 dias 10 23,8 de dor Intensidade da dor tolerável 37 88,1 insuportável 5 11,9 única em pacientes atendidos no curso Endodontia da Unidade de pós-graduação da Faculdade Ingá/Uningá de Passo Fundo-RS, sendo que para a análise estatística foram dicotomizadas em 0 e 1. As variáveis independentes (Grupo de dentes, condição pulpar, técnica de instrumentação, sexo, idade e estado civil) foram categorizadas em duas, conforme as frequências de seus achados. Após a análise bivariada, verificou-se que houve associação estatisticamente significativa entre a variável de desfecho presença de dor e a variável independente técnica de instrumentação (p=0,029), sendo que a presença de dor esteve associada aos pacientes em que foi utilizada a técnica rotatória no preparo do canal radicular. A variável independente sexo dos pacientes, também esteve associada à presença de dor (p=0,005), além do que os pacientes do sexo masculino apresentaram menor ocorrência de dor comparado aos do sexo feminino. Todas as informações encontramse na Tabela 3. Tabela 4 Análises bivariadas entre a variável dor pós-tratamento endodôntico realizado em sessão única e as variáveis independentes dos pacientes atendidos no curso Endodontia da Unidade de pósgraduação da Faculdade Ingá/Uningá de Passo Fundo RS, 2010 (n=116). Presença de edema sim 4 9,5 não 38 90,5 Medicamentos usados nenhum 15 35,7 analgésico 18 42,9 antibiótico 3 7,1 analgésico+ antibiótico 6 14,3 ANÁLISES BIVARIADAS Análises bivariadas foram obtidas através do teste do Qui-quadrado e teste Exato de Fischer utilizado para testar a hipótese de igualdade e equivalência entre as proporções para a amostra deste estudo. O nível de significância adotado para os testes estatísticos foi de 5% em um intervalo de confiança determinado em 95%. A variável dependente utilizada foi ter tido ou não a presença de dor póstratamento endodôntico realizado em sessão 33 Int J Dent, Recife, 11(1):29-37, jan/mar,2012

Dor pós-operatória em Endodontia Presença de Dor SIM NÃO TOTAL VALOR N % N % N % p Grupo dentário 0,286 Incisivos, caninos e pré-molares 14 31,8 30 68,2 44 100 Molares 28 38,9 44 61,1 72 100 Condição pulpar 0,265 Biopulpectomia 18 40,9 26 59,1 44 100 Necropulpectomia e retratamento 24 33,3 48 66,7 72 100 Técnica de instrumentação Manual 1 8,3 11 91,7 12 100 Rotatória 41 39,4 63 60,6 104 100 Sexo Maculino 9 20,5 35 79,5 44 100 Feminino 33 45,8 39 54,2 72 100 *0,029 *0,005 Idade 0,553 9 a 20 anos 9 30 21 70 30 100 21 a 50 anos 20 41,7 28 58,3 48 100 51 a 67 anos 13 34,2 25 65,8 38 100 Estado civil 0,532 Solteiro/a 19 42,2 26 57,8 45 100 Casado/a 19 33,3 38 66,7 56 100 Separado/a ou viúvo/a 4 28,6 10 71,4 14 100 *p< 0,05 = significância estatística. Int J Dent, Recife, 11(1):29-37, jan/mar, 2012 34

Rigo et al. DISCUSSÃO Desde 2000, Resende, Arruda e Silva 14 já afirmavam que o número de sessões não produzia aumento da experiência dolorosa após o tratamento endodôntico. No presente estudo também não foi identificado diferença estatísticamente significativa (p>0,05) entre sessão única e sessão múltipla. Na avaliação dos 141 prontuários a ocorrência de dor foi relatada por 36,2% dos pacientes tratados em sessão única e 28% dos tratados em sessão múltipla. Contudo na revisão sistemática de Estrela et al. 15 em 2008 reporta que o sucesso clínico do tratamento está relacionado diretamente com o processo de sanificação dos canais e inclusive ao apropriado emprego de medicamentos intracanal. Estes dois pontos bem observados conduzem a elevada taxa de ausência de dor pós-operatória e consequentemente o sucesso do tratamento endodôntico. No curso de Especialização em Endodontia, foco do presente estudo, a maioria dos casos de tratamento de canal foi realizado em sessão única, visto nas frequências dos prontuários em 82,3%. E somente 17,7% foram tratados em sessão múltipla. No trabalho de Siqueira Jr. 16, que avaliou 283 casos, descobriu que 46,7% dos pacientes tiveram dor pós-operatória em tratamentos de sessão única (50 casos de um total de 107), e apenas 31,2% relataram dor em sessão múltipla (55 casos dos 176 avaliados). Ele ainda avaliou o decréscimo da dor em intervalos de 1, 7 e 30 dias após a obturação do canal radicular. A porcentagem de pacientes da sessão única que apresentaram dor desprezível pósoperatória no 1º e 7º dias foram respectivamente 35,5% e 16,3%. Na sessão múltipla foi de 30,2% e 9,8%. Pacientes que tiveram dor moderada/severa no 7º dia foi maior na sessão múltipla do que na sessão única. No presente trabalho, quando analisados os casos realizados em sessão única, observou-se que 47,6% dos pacientes tiveram um tempo de dor entre 2 a 5 dias e com intensidade tolerável (88,1%). Não houve edema em 90,5% dos casos e em 64,3% foi necessário se valer do uso de medicamentos como analgésico, antibiótico ou ambos, para minimizar a dor. Na visão de Figini et al. 17, existe uma considerável controvérsia sobre a questão de o que é melhor: o tratamento em uma única sessão ou em múltiplas sessões observando as diferentes condições pulpares. Outro estudo em 2007 teve como objetivo questionar pacientes submetidos a tratamento endodôntico comparando o número de sessões (única e múltipla) relacionando a freqüência ou severidade de dor pós-operatória. A medida utilizada foi o grau de dor relatado pelos pacientes. E como resultado a prevalência de dor pósoperatória atingiu percentuais entre 3% e 58%, o que se pode considerar alto para o procedimento 18. A sessão única tem sido uma alternativa mais efetiva que a sessão múltipla, especialmente em comunidades onde o paciente costuma faltar após a primeira consulta quando se a dor foi atenuada 15. Sathorn et al. 19 encontraram diferenças na revisão sistemática para avaliar a dor pós-operatória e flare-up de tratamentos endodônticos. O que ficou claro é que o baixo nível de concordância entre os estudos reflete a diferença na medida de intensidade da dor, diferenças nos protocolos de tratamento e seleção dos pacientes, bem como variabilidade nos efeitos do tratamento. O mesmo autor comentou a respeito do ponto de vista dos profissionais na Austrália que preferem realizar o tratamento em múltiplas sessões 5. Por outro lado Soltanoff 20 já vinha reportando taxas de sucesso consideráveis em 1978 quando verificou radiograficamente e clinicamente em seu consultório no período de seis meses e dois anos, 68 dentes tratados em sessão única e 164 em múltiplas sessões, obtendo respectivamente taxas de sucesso de 85% e 88%. Vitalidade pulpar parece não estar envolvida com o desfecho de dor pósoperatória. Foi o que concluiu um estudo onde avaliou a incidência de dor pósoperatória no tratamento de dentes com polpas vitais e não vitais, concluindo que a incidência de dor pós-operatória não diferiu entre os dentes vitais e não vitais. A maioria dos pacientes em ambos os grupos relataram nenhuma ou apenas dor leve 21. Segundo os autores Richard e Walton 22, certos fatores podem influenciar o progresso da dor pós-operatória como: o histórico de dor pré-operatória e a necessidade de retratamento endodôntico. Os autores afirmam que devido a interação entre os tecidos periapicais e microrganismos, o flare-up ocorre mais facilmente em casos de polpa necrosada. Afirmam também, que o tratamento do canal radicular em sessão 35 Int J Dent, Recife, 11(1):29-37, jan/mar,2012

Dor pós-operatória em Endodontia única tem se tornado uma prática comum e oferecendo muitas vantagens e incluindo a redução da taxa de flare-up. No presente estudo foram avaliados 141 prontuários, onde um total de 49 (34,8%) apresentou algum tipo de dor. Após a análise bivariada, verificou-se que houve associação estatisticamente significativa entre a variável de desfecho presença de dor e a variável independente técnica de instrumentação. A presença de dor esteve associada aos pacientes em que foi utilizada a técnica rotatória no preparo do canal radicular (p=0,029). Outros estudos avaliaram diversos fatores relacionados à presença de dor pósoperatória, como soluções para irrigação e suas concentrações, medicações intracanal, tempo de manutenção da medicação intracanal, entre outros. Aliás, existe uma carência de estudos verificando a relação entre a técnica de instrumentação e a presença de dor pós-operatória, motivo este que torna a pesquisa ora presente mais relevante. Quanto ao gênero, a variável independente sexo também esteve associado à presença de dor, sendo que os pacientes do sexo masculino apresentaram menor ocorrência de dor comparado aos do sexo feminino (p=0,005). Diferenças relacionadas à idade, tipos de dentes e a prevalência de flare-up não foram estatisticamente significativas em estudo realizado por Morse et al. 23. Contudo, no mesmo estudo, em relação ao sexo dos pacientes, a maior tendência de flare-up ocorreu em pacientes do sexo feminino, corroborando com os achados do presente estudo. Conforme ElMubarak et al. 24, o tratamento endodôntico é um procedimento comum na Odontologia e que pode levar a dor pós-operatoria, independente do número de sessões. A prevalência da dor pós-operatória ou flare-up são fatores relevantes no momento da decisão clínica. Obviamente, o tratamento endodôntico com menor índice de dor pós-operatória deve ser o escolhido, salvo quando não comprometer a efetividade e os custos da Endodontia 18,25. CONCLUSÕES Após análise dos dados dos prontuários dos pacientes que fizeram tratamentos endodônticos no curso de especialização em Endodontia, observou-se que: A ocorrência de dor pós-operatória foi de 36,2% em sessão única e 28% em sessão múltipla, sendo considerada relevante para a clínica odontológica. A técnica de instrumentação no preparo do canal radicular esteve associada à dor pós-operatória nos pacientes em que foi utilizada a técnica rotatória em sessão única. Os pacientes do sexo masculino apresentaram menor ocorrência de dor comparado aos do sexo feminino, estando associados à dor pós-operatória aqueles que se submeteram ao tratamento em sessão única. Os molares foram os dentes de maior ocorrência de tratamento de canal. E a necessidade mais freqüente a necrose pular. A técnica de instrumentação mais utilizada foi a técnica rotatória e o tratamento realizado em única sessão. REFERÊNCIAS 1. Barros S. et al. Tratamento Endodôntico em Única e Múltipla Sessões. RGO 2003; 5(4): 329-34. 2. Wang C. et al. Comparison of post-obturation pain experience following one-visit and two-visit root canal treatment on teeth with vital pulps: a randomized controlled trial. Int Endod J 2010; 43(14): 692-697. 3. Chagas L. et al. Tratamento endodontico em sessão única. RGO 2000; 48(3): 137-140. 4. De Deus Q D. Endodontia. 5. ed. Rio de Janeiro: Medsi, 1992. 5. Sathorn C, Parashos P, Messer H. Australian endodontists perceptions of single- and multiple-visit root canal treatment. Int Endod J 2009; 42(9): 811-8. 6. Oliet S. Single-visit Endodontics: A clinical study. J Endod 1983; 9(2): 147-52. 7. Rudner WL, Oliet S. Single-visit endodontics: a concept and a clinical study. Compend Contin Educ Dent 1981; 2(2):63-8. 8. Soares JA, Cesar CAS. Avaliação clinica e radiográfica do tratamento endodontico em sessão única de dentes com lesões periapicais crônicas. Pesqui Odontol Bras 2001; 15(2): 138-144. 9. Trope M et al. Endodontc treatment of teeth with apical periodontitis: single VS. multivisit treatment. J Endod 1999; 25(2): 345-351. 10. Leonardo MR et al. Sabbag Utrilla L. Histopathological obeservations of periapical repair in teeth with radiolucent ares submitted to two different methods of root canal treatment. J Endod 1995; 21(1): 137-41. 11. Weiger R, Rosendahl R, Lost C. Influence of calcium hydroxide intracanal dressings on the prognosis of teeth with endodontically induced periapical lesions. Int Endod J 2000; 33(3): 219-26. 12. Berger CR. Tratamento endodôntico em sessão única ou múltipla. RGO 1991; 39(2): 93-97. 13. Sathorn C. et al. The prevalence of postoperative pain and flare-up in single- and multiple-visit endodontic treatment. J Endod 2009; 10(1): 91-99. 14. Resende LTM, Arruda M, Silva SHD. Tratamento endodontico de dente necrosado em sessão única. RGO 2000; 48(3): 127-129. Int J Dent, Recife, 11(1):29-37, jan/mar, 2012 36

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