EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMEÇA NA ESCOLA: COMO O LIXO VIRA BRINQUEDO NA REDE PÚBLICA EM JUAZEIRO DO NORTE, NO SEMIÁRIDO CEARENSE



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Transcrição:

EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMEÇA NA ESCOLA: COMO O LIXO VIRA BRINQUEDO NA REDE PÚBLICA EM JUAZEIRO DO NORTE, NO SEMIÁRIDO CEARENSE Emmanuelle Monike Silva Feitosa 1 Celme Torres Ferreira da Costa 2 Niraldo Muniz de Sousa 3 1 Introdução Na sociedade há ainda que observar como se comporta o homem e os resíduos gerados (lixo), em grande parte, pelos seus hábitos de consumo e como essa realidade pode ser repensada, sendo necessária a difusão da educação ambiental. Para Effting (2007), entende-se por educação ambiental os processos por meio do qual o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. O Projeto Brinquedoarte, da Secretaria Municipal de Educação de Juazeiro do Norte, há um pouco mais de dois anos desenvolve uma iniciativa que segue uma forma de gestão diferenciada, pois não é uma ação que vem para ser posta, instituída de cima para baixo, mas uma ação que nasceu na base. Essa pode ser considerada uma iniciativa ligada ao desenvolvimento sustentável, já que promove o envolvimento de diversos atores sociais na redução do lixo e na reutilização do resíduo sólido como principal matéria-prima para construção de jogos e brinquedos educativos. O objetivo da nossa pesquisa foi analisar a mostra Brinquedoarte, como estratégia de educação ambiental por parte dos educadores, tanto das escolas e creches envolvidas, como da Secretaria Municipal de Educação. Bem como perceber o contexto desse projeto no âmbito da comunidade escolar, que envolveu professores, funcionários, pais e alunos de instituições infantis públicas no município de Juazeiro do Norte, o maior do interior do Ceará. 1 Jornalista. Mestranda em Desenvolvimento Regional Sustentável UFC-Campus Cariri - Bolsista Capes Reuni E-mail: monikefeitosa@gmail.com 2 Engenheira Civil. Professora Adjunta UFC-Campus Cariri - E-mail: celmetorres@ufc.br 3 Zootecnista. Mestrando em Zootecnia UFPB-CCA - Bolsista Capes Reuni - E-mail: niraldo@zootecnista.com.br 1

2 Metodologia Este trabalho foi desenvolvido no município de Juazeiro do Norte, localizado na Região Metropolitana do Cariri, que integra o Semiárido cearense. O município fica a 520 km da capital Fortaleza (IBGE, 2010) com aproximadamente 250 mil habitantes. O Projeto Brinquedoarte foi idealizado em três etapas: Durante o período de junho a setembro, foram feitas as duas primeiras etapas. Sendo que a primeiro contou com a colaboração da população do bairro onde a escola ou creche da comunidade se mobilizou para arrecadar plásticos, garrafas PET, papéis, vidros, embalagens tetra pak, papelão, recipientes entre outros resíduos. No segundo momento os educadores das 25 instituições inscritas na mostra se reuniram para trocar ideias dos temas para ajudar os outros professores com alunos a criar os brinquedos. Essas educadoras formaram duplas para ajudar as que não tinham tanta habilidade com o trabalho artístico. Ainda dentro da segunda etapa do projeto, as professoras convidaram mães e alunos das escolas e creches e fizeram uma média de 10 (dez) oficinas de criação de brinquedos. Na terceira e última etapa ocorreu a II Brinquedoarte tal qual foi idealizada: em praça pública, com a comunidade estudantil, população em geral e imprensa. Este foi o momento da última colega de dados, evento que marcou a troca de experiências entre as 25 instituições públicas. Para o estudo foram consideradas informações coletadas em entrevistas, tanto via e- mail, como pessoalmente, com idealizadoras do Projeto Brinquedoarte e direção das instituições participantes. Já as observações e anotações registradas durante a II Brinquedoarte foram feitas de um modo mais generalista, visando perceber como os cidadãos ali presentes e de idades e contextos sociais diferentes, conseguiram conversar, trocar ideias e as crianças, que até brincaram com o material exposto no evento. A análise dos dados obtidos nas entrevistas foi quantificada e analisada através da estatística descritiva em termos percentuais. No primeiro momento a interação maior foi entre moradores da vizinhança escolar, na arrecadação de material reciclável. Segundo relato das educadoras, foi a oportunidade de criar laços com a comunidade vizinha da creche ou da escola. Conhecer um pouco mais os moradores, o que fazem no dia a dia, pois durante a coleta havia o momento da equipe da creche se apresentar, pedir pra entrar e aí acaba nascendo uma conversa de conscientização ambiental antes de pedir objetos e embalagens que pudessem ser reciclados na construção de brinquedos educativos. Segundo Oliveira; Carvalho (2004), diante dessa enorme produção de resíduos sólidos no planeta, a coleta seletiva, a reutilização e o reaproveitamento de resíduos, para as mesmas finalidades ou em usos diferenciados, são soluções encontradas para aumentar a vida útil dos aterros e para se promover um uso mais inteligente de nossos recursos naturais. Já no segundo momento a interação foi entre professores, funcionários, pais e alunos em oficinas pedagógicas para criar jogos e brinquedos. Durante os trabalhos manuais ainda deu tempo de discutir o tema reutilização e meio ambiente. Não era o fazer por fazer, mas porque fazer aquelas oficinas, participar da mostra, reciclar o que iria para lixo. Situações 2

novas para ambas as partes que estavam mais acostumadas a se desfazer dos objetos e embalagens jogando fora o que não servia mais. Para ter uma ideia do grau de aceitação dessa iniciativa, cada uma das 25 instituições participantes tinha um representante para responder os questionários. De acordo com o gráfico 88% aceitou que o projeto pode ser considerado uma política pública. Isso mostra que os entrevistados têm a consciência de que o projeto atuou na comunidade como uma política pública, porque reconhece o problema e mostra de forma teórico-prática a solução; que neste caso foi o aumento da produção de lixo pela sociedade. E a solução, além de ajudar o meio ambiente com a reutilização dessa matéria, ainda serve de jogo ou brinquedo educativo para crianças. Figura 1: Opinião das idealizadoras do Projeto Brinquedoarte e direção das instituições participantes (%). Esse projeto pode ser considerado uma política pública? Na figura 2 apenas 4% responderam que o projeto não teria alcançado os seus objetivos e como causa o fator teria sido provocado pela falta de apoio dos empresários da cidade. Enquanto 96% das educadoras confirmaram que os objetivos foram alcançados. 3

Figura 4: Opinião das idealizadoras do Projeto Brinquedoarte e direção das instituições participantes (%). Consideraram que a Brinquedoarte alcançou os objetivos propostos É observado que 24% responderam que a Educação Ambiental é para auxiliar na preservação ambiental e apenas 16% das professoras das creches e escolas públicas envolvidas no projeto Brinquedoarte demonstram segurança, maior domínio e vivência dessa temática quando associaram a Educação Ambiental à forma de conviver com o meio onde se está inserido na sociedade com pensamentos e ações voltados para o coletivo e não para o individualismo. Figura 5: Opinião das idealizadoras do Projeto Brinquedoarte e direção das instituições participantes (%). Entendimento sobre Educação Ambiental Foi perceptível durante a realização da II mostra Brinquedoarte, em praça pública, que os brinquedos e jogos expostos causaram bastante interesse dos visitantes e da própria comunidade escolar que teve a oportunidade de ver o resultado das suas oficinas, bem como conhecer o material feito pelas outras instituições públicas da cidade de Juazeiro do Norte. Principalmente as crianças, encantadas com os objetos a partir do que iria para o lixo, queria brincar na mesma hora e testar a utilidade dos jogos e brinquedos. Do ponto de vista da educação ambiental e da cidadania foi um momento de reflexão sobre como nossas ações podem impactar e influenciar o meio onde estamos inseridos a partir de ideias simples e de um trabalho coletivo, com engajamento de diversos atores sociais. Como o ambiente escolar é propício para instigar a consciência de que o futuro da humanidade depende das atitudes de hoje que o homem tem ao se relacionar com a natureza, é necessário que, mais do que informações e conceitos, o MEC (2000) diz que a escola se proponha a trabalhar com atitudes, com formação de valores, habilidades e procedimentos. E esse é um grande desafio para a educação. Comportamentos ambientalmente corretos serão aprendidos na prática do dia-a-dia na escola: gestos de solidariedade, hábitos de higiene dos diversos ambientes. 4

3 Considerações Finais Com base na observação e constatação dos resultados obtidos no decorrer do acompanhamento do projeto II Brinquedoarte, pode-se concluir que a iniciativa contribuiu significativamente com o fortalecimento da cidadania de adultos e crianças a partir da educação ambiental no âmbito escolar (professores, funcionários, pais, alunos e comunidade local). Fica claro que os educadores da rede pública estão capacitados sobre a importância do desenvolvimento sustentável e da educação ambiental, por isso o projeto Brinquedoarte demonstra que está consolidado, podendo sofrer alterações pela Secretaria Municipal de Educação, nos próximos anos. Mas é necessário ressaltar que alguns educadores ainda precisam receber mais acompanhamento e buscar mais informações a respeito da temática Educação Ambiental na Escola, a fim de poder compartilhar com o aluno que reduzir o consumo, repensar o descarte, reutilizar o que é possível e reciclar são ações necessárias à vida permanente no planeta terra que é para todos. Afinal, trabalhar com meio ambiente e cidadania na escola é aceitar o desafio de superação e capacitação constantes. 4 Referências BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE. Estimativa da População. [2010]. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/ populacao/estimativa2009/ pop2009_dou.pdf>. Acesso em: 08 abr. 2012. EFFTING, T. R. Educação Ambiental nas Escolas Públicas: Realidades e Desafios. 2007. 90 f. (monografia) (Pós Graduação em Latu Sensu Planejamento Para o Desenvolvimento Sustentável) Centro de Ciências Agrárias, Universidade Estadual do Oeste do Paraná Campus de Marechal Cândido Rondon, 2007. MEC. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: meio ambiente: saúde. 2. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2000. OLIVEIRA, M. V. de C; CARVALHO, A. de R. Princípios básicos do saneamento do meio. 4. ed. São Paulo: Senac, 2004. 5