DC 0000496-54.2012.5.12.0000



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Órgão Julgador: 2ª Câmara Cível Isolada. Data de Julgamento: 28/02/2005

Transcrição:

DC 0000496-54.2012.5.12.0000 Suscitantes: 1. PROTEGE S.A. TRANSPORTE DE VALORES 2. PROSSEGUR BRASIL S.A. TRANSPORTADORA DE VALORES E SEGURANÇA 3. BRINKS SEGURANÇA E TRANSPORTE DE VALORES LTDA. 4. SINDICATO DAS EMPRESAS DE SEGURANÇA PRIVADA DO ESTADO DE SANTA CATARINA SINDESP/SC Suscitado: SINDICATO DOS TRABALHADORES EM SERVIÇOS DE CARRO-FORTE, GUARDA, TRANSPORTE DE VALORES, ESCOLTA ARMADA E SEUS ANEXOS E AFINS DO ESTADO DE SANTA CATARINA SINTRAVASC Vistos, etc. PROTEGE S.A. TRANSPORTE DE VALORES, PROSSEGUR BRASIL S.A. TRANSPORTADORA DE VALORES E SEGURANÇA, BRINKS SEGURANÇA E TRANSPORTE DE VALORES LTDA. e SINDICATO DAS EMPRESAS DE SEGURANÇA PRIVADA DO ESTADO DE SANTA CATARINA SINDESP/SC ajuizaram o presente dissídio coletivo, em face do SINDICATO DOS TRABALHADORES EM SERVIÇOS DE CARRO- FORTE, GUARDA, TRANSPORTE DE VALORES, ESCOLTA ARMADA E SEUS ANEXOS E AFINS DO ESTADO DE SANTA CATARINA SINTRAVASC, com pedido de declaração de abusividade da greve deflagrada pelos trabalhadores da categoria profissional representada pelo suscitado, bem como pretendem a antecipação dos efeitos da tutela (art. 273) ou em sede do poder geral de cautela (art. 798 e

seguintes do CPC), a obtenção de comando no sentido de que permaneçam trabalhando 50% (cinquenta por cento) de trabalhadores do quadro de pessoal de cada empresa suscitante, a fim de permitir a prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades da comunidade, enquanto perdurar a greve, sob pena de multa diária de R$ 100.000,00 (cem mil reais), em caso de descumprimento. Objetivam a escolta policial dos carros-fortes e de outros veículos das suscitantes, durante todo o trajeto, desde a saída até o retorno, a fim de ser assegurada a atividade de coleta, depósito e de transporte de valores, sob pena das mesmas cominações. Pretendem também a rejeição do rol de reivindicações apresentado pelo sindicato da categoria profissional e o acolhimento das contrapropostas por elas apresentadas. Alegam desenvolver atividade de natureza reconhecidamente inadiável e essencial, nos termos do art. 10 da Lei nº 7.783/89 (Lei de Greve), cujo rol está desatualizado e na medida em que o serviço de vigilância e transporte de valores afeta substancialmente a sobrevivência, saúde ou mesmo segurança de que necessita a população para ir e vir à instituição bancária, casas lotéricas, postos de gasolina, supermercados, dentre outros cuja interrupção completa dos serviços coloca em risco toda a população das cidades catarinenses, além do sequestro de gerentes, estando assim evidenciado o interesse público na cessação da greve em questão. Afirmam ser abusiva a greve na medida em que após a deflagração do movimento paredista, foi impedido o livre acesso dos empregados

aos estabelecimentos dos suscitantes, em violação ao disposto no art. 6º, 1º e 3º, da Lei de Greve. Com a inicial, juntam cópia da ata das reuniões realizadas entre as categorias, bem como aquela junto ao Ministério do Trabalho e Emprego, cópia de jornais de Santa Catarina com notícias acerca da greve e subsídios jurisprudenciais. Em momento posterior, o SINDICATO DOS BANCOS NOS ESTADOS DO RIO GRANDE DO SUL E SANTA CATARINA protocolou petição requerendo a sua admissão, no feito, na condição de terceiro interessado e, em razão disso, requereu igualmente a concessão de medida liminar para determinar a observância de contingente mínimo de 70% do total da categoria profissional no Estado de Santa Catarina, sob pena de multa pecuniária de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) por dia, em caso de descumprimento. 20.000,00 (vinte mil reais). Deram à causa o valor de R$ É o relatório. QUESTÃO DE ORDEM PROCESSUAL INCLUSÃO NO FEITO DO SINDICATO DOS BANCOS NOS ESTADOS DO RIO GRANDE DO SUL, NA CONDIÇÃO DE TERCEIRO INTERESSADO Conforme já destacado, o SINDICATO DOS BANCOS NOS ESTADOS DO RIO GRANDE DO SUL E SANTA CATARINA protocolou petição requerendo a sua admissão no feito, na condição de terceiro interessado e, em

razão disso, requereu igualmente a concessão de medida liminar para determinar a observância de contingente mínimo de 70% do total da categoria profissional no Estado de Santa Catarina, sob pena de multa pecuniária de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) por dia, em caso de descumprimento. Ocorre que o referido pedido já foi negado pelos fundamentos constantes da ata da audiência realizada na sede deste Tribunal, no dia 10-07-2012, motivo pelo qual nada mais há para ser decidido neste ato. processual, Resolvida essa questão de ordem DECIDO: Trata-se de dissídio coletivo em que os suscitantes objetivam a concessão de medida liminar inaudita altera pars com vista a obter ordem no sentido de que seja mantido o serviço correspondente a 50% (cinquenta por cento) do quadro de pessoal de cada empresa, sob pena de multa diária. Segundo o disposto no rol do art. 10 da Lei nº 7.783, de 28 de junho de 1989 (Lei de Greve), a atividade econômica explorada pelas suscitantes, de vigilância e transporte de valores por meio de carros-fortes, não é considerada serviço ou atividade essencial, devendo ser destacado que o referido rol é taxativo e não meramente exemplificativo, motivo pelo qual não se admite interpretação extensiva acerca de quais atividades

detém a condição de essencialidade por ele estabelecida. Tampouco se encaixa a atividade de vigilância e transporte de valores na peculiaridade estabelecida no parágrafo único do art. 11 da referida lei, no sentido de reputar como necessidades inadiáveis, aquelas que, não atendidas, coloquem em perigo iminente a sobrevivência, a saúde ou a segurança da população. Esse entendimento não discrepa da doutrina e tampouco da jurisprudência majoritária trabalhista brasileira, inclusive a deste Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região, que nos autos do DC 000127-94.2011.5.12.0000, de relatoria do Exmo. Desembargador Jorge Luiz Volpato e cuja cópia consta dos presentes autos, que trata da greve de toda a categoria profissional ora representada realizada no ano passado, a Sessão Especializada 1 deste Tribunal já se pronunciou quanto ao não reconhecimento das atividades desempenhadas pelas suscitantes, como essenciais, bem como quanto à legalidade do movimento grevista deflagrado pelos trabalhadores naquela oportunidade. Na lição de Bento Herculano Duarte Neto 1, ao comentar sobre a essencialidade de um serviço ou atividade: A Organização Internacional do Trabalho, por sua vez, emitiu o conceito clássico de que serviço essencial é aquele que pode 1 In, Direito de Greve, Aspectos Genéricos e Legislação Brasileira, Editora Ltr, São Paulo, 1993, págs. 143-144.

colocar em risco a vida ou segurança da população. Pelo conceito da Organização Internacional do Trabalho, com efeito, somente seriam considerados, a rigor, serviços essenciais, aqueles referentes à atividade hospitalar e às ações das polícias civil e militar. Há que se ter bastante cautela no momento de se definir os serviços essenciais, sob pena de se inviabilizar o direito em si. Uma listagem muito extensa, muitas vezes atendendo a interesses casuísticos, sem qualquer critério sério observado, pode desemborcar em uma absoluta desvirtuação da norma legal. [...] O fundamental, a nosso ver, é que o legislador procure e certamente achará o que persegue, em sendo bem intencionado definir como serviços essenciais aqueles que, realmente, sem os mesmos a população não consiga suprir as suas necessidades mais básicas, tais como assistência médico-hospitalar, segurança, água, transporte coletivo, etc. É nesse sentido também a decisão do TRT da 17ª Região, cuja ementa segue transcrita: DISSÍDIO COLETIVO DE GREVE. INEXISTÊNCIA DE MÚTUO CONSENTIMENTO. PRELIMINAR REJEITADA. A concordância tácita do suscitado, que se dá quando participa de negociação extrajudicial e depois comparece perante o Tribunal, na audiência de conciliação, supre a exigência de mútuo acordo exigida na Constituição Federal. Além disso, em se tratando de dissídio de greve, instaurada a instância por provocação do Parquet

laboral, é dispensável o consentimento recíproco das partes. GREVE EM ATIVIDADE DE VIGILÂNCIA. INEXIGÊNCIA DE ABUSIVIDADE. Em matéria de direito de greve, assegurado na Constituição Federal, não pode o juiz, a nenhum pretexto, criar restrições que a legislação infraconstitucional, com o beneplácito da Carta Magna, não estabeleceu. Assim, não há que se falar em abusividade de movimento paredista de vigilantes, considerando que não há previsão legal que considere essa atividade essencial, nos termos da Lei n.º 7783/89. TRT da 17ª Região. Acórdão nº 0007.2009.000.17.00.5. Relator: Desembargador Gerson Fernando da Sylveira Novais. Revisor: Desembargador Carlos Henrique Bezerra Leite. (sem destaque no original) Ainda nessa mesma linha de entendimento, extraio do acórdão proferido pelo Tribunal Superior do Trabalho, nos autos do processo nº TST-RODC-20100-70.2006.5.17.0000 (Relatora: Ministra Dora Maria da Costa), os seguintes fundamentos acerca da natureza das atividades de vigilância e transporte de valores: O art. 10 da Lei nº 7.7783/1989 enumera, taxativamente, as atividades consideradas como essenciais, dispondo o seu inciso XI sobre a compensação bancária, o que, a meu ver, não engloba as atividades desenvolvidas pelos empregados de segurança e vigilância e aqueles exercentes de atividades referentes a transporte de valores, representados neste dissídio. Nesse contexto, não haveria por que se exigir o cumprimento exato de limites operacionais mínimos, que, normalmente, são fixados pelas autoridades

competentes nos casos de atividades essenciais. (sem destaque no original) Nesses termos, não remanesce dúvida quanto ao fato de que as empresas suscitantes não desenvolvem atividade considerada essencial ou inadiável, nos termos da Lei de Greve. Destaque-se também que os provimentos liminares somente devem ser concedidos quando o tempo e a natureza da tramitação do processo puderem causar danos irreparáveis ou de difícil reparação, o que não é a hipótese dos autos, porquanto o mérito do dissídio de greve já será objeto de julgamento no dia 12 de julho de 2012, ou seja: a pouco mais de 24 horas da prolação da presente decisão. Assim, podendo ser entregue para as partes e à própria sociedade a solução definitiva dos conflitos e consectários relacionados com a greve, não é razoável a concessão de tutela provisória e calcada em cognição superficial. Logo, por ausentes os requisitos ensejadores da tutela pretendida, REJEITO o pedido de concessão de medida liminar formulado pelos suscitantes. Intimem-se as partes da presente decisão. Florianópolis, 11 de julho de 2011. VIVIANE COLUCCI Desembargadora do Trabalho-Relatora