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Transcrição:

XI Congresso Brasileiro de Sociologia 1 a 5 de setembro de 2003, UNICAMP, Campinas, SP Grupo de Trabalho: Participação social e cidadania Trabalho: Programa Alfabetização Solidária na Construção da Cidadania Autor(a): Isabel Cristina de Aguiar Orquiz Fabrício Ricardo de Limas Tomio

2 2 Este paper propõe-se a elucidar a Educação de Jovens e Adultos no contexto da Legislação Nacional, refletindo com autores que abordam esta temática, com base no desenvolvimento do Programa Alfabetização Solidária, Políticas Públicas, dados do IBGE, LDB, Parecer 11/2000-CBE/CNE, demonstra as principais conceituações presentes na atual Legislação. Este trabalho está sendo desenvolvido com base na metodologia de estudos bibliográficos e através de dados coletados em campo. Esta análise será realizada por meio de considerações das atuais reformas na Educação de Jovens e Adultos/EJA 1. Tal investigação é relevante no sentido de estarmos revendo e analisando o processo educacional como meio de transformação da realidade e emancipação do sujeito, enquanto cidadão e cidadã, pois, existe no Brasil 17.552.762 pessoas analfabetas (IBGE/Censo 2000). Através da história da educação no Brasil, constata-se a necessidade de elaboração de uma Política Nacional de Educação que atenda às reais exigências da sociedade contemporânea, que impõe a seus membros o domínio de leitura, escrita e de novas tecnologias para que possam atuar com êxito no atual mercado de trabalho. Na Constituição Federal de 1988, artigo n. 208, inciso I é garantida como dever do Estado ensino fundamental obrigatório e gratuito, assegurada, inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ele não tiveram acesso na idade própria (Constituição Federal 1988 in Caderno Pedagógico EJA 1). A LDB n. 9394/96 promulgada no Governo Cardoso, menciona a EJA no Título III, Artigos 4º e 5º, ressaltando esta modalidade de ensino como parte do Ensino Fundamental, obrigatória, gratuita aos que não usufruíram deste na idade própria. Compete aos Estados e Municípios em regime de colaboração com a União e demais entidades sociais que desejarem oferecê-lo (associações comunitárias, sindicatos e outros). Outra referência sobre a EJA se faz na Seção V do Capítulo II, Artigo 37-1º e 2º e Art. 38-1º Incisos I e II e, 2º (LDB n. 9394/96, p.15), onde a educação para esses sujeitos é assegurada a todos que não tiveram acesso e permanência na idade própria, sendo esta gratuita, com o currículo apropriado aos interesses dos educandos, de acordo com sua experiência de vida e trabalho. Os conhecimentos adquiridos no decorrer de sua vida serão reconhecidos através de exames supletivos desde que atendam a base nacional de ensino. Este artigo evidencia o descomprometimento do Estado em ofertar a EJA. Esta modalidade de ensino deve ser promovida com o intuito de contemplar as pessoas (semi) analfabetas, através de uma educação de qualidade que lhes propicie formação pessoal e profissional adequada para que possam ter uma participação significativa na sociedade. Devido às pressões para que seja organizado um sistema de ensino que favoreça a educação para jovens e adultos, o Conselho Nacional de Educação emite um parecer específico para a educação de jovens e adulto Parecer CNE/CEB n. 11/2000, tendo como relator o professor Carlos Roberto Jamil Cury. A Educação de Jovens e Adultos é vista como uma dívida social que não reparada para com os que não tiveram acesso a e nem domínio da escrita e leitura como bens sociais na escola ou fora dela (...) a ausência de escolarização não pode e nem deve justificar uma visão preconceituosa do analfabeto ou iletrado como inculto 1 A sigla EJA será usada para referir-se a Educação de Jovens e Adultos.

3 3 (...), deixando claro que essa modalidade de ensino é parte da Educação Básica, considerando o termo modalidade como diminutivo de modus (modo, maneira) e expressa uma pequena medida dentro de uma forma própria de ser. Ela é, assim, um perfil próprio, uma feição especial diante de um processo considerado padrão (Parecer 11/2000). A essa modalidade de ensino, se deve somar a ampliação da formação do ser, enquanto cidadão e cidadã, a superação das diferenças sociais, a qualidade na formação profissional, metodologia de ensino adequada à realidade, integração e desenvolvimento dos diversos saberes aprendidos no decorrer da vida. Para isto, é necessário que os educadores que atuam na EJA estejam comprometidos com um ensino emancipador, voltados para as camadas populares. Precisam modificar o discurso entre o falar e fazer possibilitando aos educandos demonstrarem seu potencial como cidadãos, conforme salienta Pinto, o educador de adultos tem que admitir sempre que os indivíduos com os quais atua são homens normais e realmente cidadãos úteis. Tem de considerar o educando não como um ser marginalizado, um caso de anomalia social, mas, ao contrário, como um produto normal da sociedade em que vive (2000, p, 82). Isto significa que é preciso apostar na formação dos educadores a fim de que esses tenham condições de atuarem com competência no ensino de educação de jovens e adultos, na perspectiva transformadora dos cidadãos e cidadãs. Ou seja, o educador deve buscar assumir a tarefa de educador dialógico, que é aquele que trabalha em equipe interdisciplinar o universo temático, através da investigação, da resolução de problemas com os educandos. Isso implica, numa visão de totalidade, que coloca a visão de quem educa e de quem é educado numa perspectiva de construção do conhecimento e da cidadania. Este fazer teórico-prático é segundo Freire um processo permanente em todo o contexto histórico que inclua a conscientização como fator de humanização (Freire in Souza, 2001, p. 99). O sistema de ensino não contemplou esta visão de educação emancipadora e, hoje, ainda procura vencer barreiras sociopolíticas no que se refere à Educação de Jovens e Adultos. A proposta é de diminuir o analfabetismo e promover a inclusão social de jovens e adultos através da leitura, escrita e compreensão do mundo que se encontram inseridos, para que programas de alfabetzação de pessoas jovens e adultas retornem aos estudos. Assim, o Programa Alfabetização Solidária/PAS, organizado pela Comunidade Solidária e mantido com a parceria do Governo Federal e Ong s governamentais e não-governamentais, tem como objetivo principal à erradicação do analfabetismo e propiciar a emancipação do homem com a aquisição do mundo letrado. Uma concepção de educação aproximada O sistema educacional, ainda necessita redimensionar suas propostas de trabalho no que tange a educação de jovens e adultos. A educação como direito de todos e dever do Estado (CF/1988), deve ser assegurada

4 4 adequadamente aos sujeitos que estão excluídos do contexto 2 social como conseqüência das desigualdades socioeconômicas e culturais. A EJA como modalidade de ensino da Educação Básica, na LDB nº. 9394/96 no artigo 37 é destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade dos estudos no Ensino Fundamental e Médio. A mesma se propõe a atender a um contingente plural e heterogêneo de jovens e adultos, predominantemente marcados pelo trabalho e desigualdades sociais. No artigo 38, através dos cursos da EJA e exames supletivos, se possibilita o prosseguimento dos estudos em caráter regular, equiparando este ensino aos que sempre tiveram acesso à escolarização e nela puderam permanecer. Nos termos legais, a educação de jovens e adultos pretende reparar sua dívida social para com aqueles que foram privados do acesso aos estudos na idade própria, com um modelo pedagógico adequado as suas necessidades. Desta maneira visa proporcionar uma educação de qualidade, que resgate sua dignidade, propicie a autonomia, criticidade e participação no contexto social com a devida atualização dos conhecimentos para a vida. Programa Nacional de Alfabetização O Programa Alfabetização Solidária PAS, foi criado em 1997 com o apoio do Governo Federal através do Conselho da Comunidade Solidária, MEC, organizações governamentais e não governamentais, Estados e Municípios. O PAS segue os princípios estabelecidos na LDB n. 9394/96, na Seção V, nos artigos n. 37 e 38 do capítulo II, que trata da Educação Básica e suas características para a Educação de Jovens e Adultos. A educação de jovens e adultos no contexto do PAS busca atender à população com pouca ou nenhuma escolarização, desenvolvendo a leitura, escrita e raciocínio lógico-matemático. Como contribuição à cidadania procura criar um projeto educacional de qualidade que respeite o saber dos alunos e possibilite o acesso às informações em diferentes áreas do conhecimento e suas articulações com a prática social. Através da reflexão das concepções de ensino-aprendizagem pretende a organização do trabalho pedagógico (objetivos, conteúdos, recursos e procedimentos, avaliação), para jovens e adultos de acordo com as necessidades destes, aprofundando também a reflexão sobre a formação de educadores que atuam com a EJA e, as parcerias no financiamento desta modalidade de ensino desenvolvida no Programa Alfabetização Solidária (Revista Científica, 1999). O processo pedagógico deve estar inserido num contexto sociocultural, associado à realidade do jovem e do adulto. Esse fator de interligação entre os conhecimentos e a realidade é que permitirá aos educandos, o sucesso de sua aprendizagem. Isto requer rever a questão da heterogeneidade dos alfabetizandos (faixa etária, situação socioeconômica, experiências de vida, etc.), a questão da auto-estima e valorização enquanto pessoas. 2 Excluídos do contexto social no sentido de que tais sujeitos não possuem voz ativa e não têm participação significativa nas decisões sociais. Fazem parte de uma sociedade que não tem possibilitado o direito de atuação.

5 5 As empresas parceiras têm contribuído na tentativa de superação de deficiência de recursos disponíveis para a educação, na perspectiva de avanço no processo de transformação social, econômico e político do País. Participam do PAS, 101 empresas, instituições e organizações e, também 7 estados que dispõem de ajuda financeira ao Programa Acre, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Roraima e Rondônia (Revista Trajetória 6 anos PAS, 2002). Para as Universidades, o PAS, se apresenta como uma forma de promover reflexões a respeito de diversas concepções teórico-metodológicas sobre a EJA. As IES se deparam com diversas realidades das várias regiões a que se estendem. O Programa conta com o apoio pedagógico de 204 Instituições de Ensino Superior em todo o território nacional, que têm a responsabilidade de coordenar, auxiliar e apoiar as práticas pedagógicas desenvolvidas pelos coordenadores, monitores e alfabetizadores municipais dos quais são responsáveis por meio da parceria. Compete a elas realizar os módulos semestrais, sendo que, cada um compreende a capacitação e orientações para os futuros alfabetizadores, bem como para os coordenadores/monitores e a organização das visitas que serão efetuadas no decorrer do módulo nos municípios. Sua proposta política-pedagógica para as universidades orienta para o desenvolvimento da cidadania por meio do conhecimento contextualizado, crítico e responsável. Visa um diálogo intercultural como articulador da prática pedagógica, onde alfabetizando e alfabetizador são sujeitos do processo de apropriação e construção de conhecimentos. O Programa Alfabetização Solidária orienta as ações desenvolvidas por seus participantes nos municípios parceiros (o PAS está sendo desenvolvido em 2.010 municípios das regiões Norte, Nordeste, Centro Oeste e Sudeste). Os alfabetizadores e coordenadores municipais devem procurar contribuir para a continuidade da formação pessoal, estimular a permanente escolarização e a formação continuada, subsidiar ações pedagógicas, dando condições para avaliação contínua de suas práticas. São pessoas que têm o 1º e 2º grau (in) completo, alguns com o curso Normal e poucos cursam uma universidade. No PAS, estas pessoas encontram uma oportunidade de emprego e, futuramente uma profissão como professores da rede municipal de ensino em seus municípios. Através do Programa, foram capacitadas 141.580 pessoas para atuarem como alfabetizadores. Os alfabetizandos são pessoas pertencentes à classe popular, de baixa renda, que vivem de subempregos e procuram no PAS um espaço para a aquisição de conhecimentos escolarizados, reflexões e valorização do desenvolvimento humano, cultura e trabalho e, incentivo à continuidade de seus estudos. Para a comunidade, cabe o papel de contribuir para a institucionalização da educação de jovens e adultos nas instâncias municipais, contribuir para ampliação do atendimento nas escolas para os alfabetizandos e alfabetizadores, propiciar condições para o desenvolvimento do letramento da comunidade, promover as iniciativas comunitárias de projetos voltados para a valorização do indivíduo e do grupo, estimular parcerias e trabalho coletivo no enfrentamento dos problemas da escolarização de jovens e adultos. Com a parceria de vários municípios, através do PAS foram alfabetizados 3 milhões de pessoas em nosso País. Em âmbito internacional o Programa Alfabetização Solidária está sendo desenvolvido no Timor Leste com 3.250 alunos, em Moçambique com 1.000 alunos, em São Tomé e Príncipe com 250 alfabetizandos e, está implantado em Angola e Cabo verde (Revista Escrevendo Juntos PAS, 2002).

6 6 Como educadores que objetivam em sua prática docente a emancipação do sujeito por meio da educação, é mister ao professor reavaliar sua atuação pedagógica e formação 3, conforme salienta Gandin (1998) a maioria dos professores não se dá conta de resultado social de seu trabalho e do trabalho da escola como um todo. Lutam, às vezes bravamente, para que os alunos memorizem uma série de conhecimentos e pensam que seu trabalho nada tem a ver com a construção da realidade social, por isso é imprescindível a autoconsciência de que, não se dá conta de uma série de outros fatores que, no conjunto, dentro das escolas, emperram a sensibilidade, embotam o espírito crítico e a criatividade razão pela qual, fazem crescer o individualismo e burocratizam a vida (Gandin, p.145). Os direitos sociais e assegurados em Lei sobre a EJA, não podem transformar-se em políticas compensatórias do Estado. Ao invés disso, devem ser vistas como uma oportunidade para se reformular as políticas adotadas em relação a EJA. Análise correspondente à efetivação do Programa Alfabetização Solidária Esta análise se refere à parceria entre Governo Federal, Mec, Conselho da Comunidade Solidária, organizações governamentais e não governamentais, Estados e Municípios, sendo possível identificar superficialmente, mas carece de comprovação documental, de modo que, advém dessa lacuna a possibilidade de desenvolver outros estudos para preencher a ausência desses dados o que este estudo pretende buscar. Por outro lado, com base nas capacitações desenvolvidas pela UFSM, é possível identificar que na sua maioria as pessoas que participaram de cursos de capacitações para alfabetizadores, são pessoas de baixa renda, uma parcela significativa é oriunda do meio rural, com variável grau de escolarização (1º e 2º graus e alguns alfabetizadores estão cursando ensino superior). De acordo com o proposto no Parecer 11/2000 o Programa Alfabetização Solidária/PAS, se enquadra como uma modalidade de ensino da educação básica. Isso corresponde também a LDB 9394/96, quando diz que não é limitada a participação de pessoas jovens ou adultas em ensino próprio e adequado às necessidades e realidades das pessoas. O PAS realiza na sua efetivação o atendimento à pessoas que tem pouca ou nenhuma escolarização. Desenvolve a leitura, a escrita e o raciocínio lógico-matemático. Em relação à contribuição à cidadania sendo este um dos objetivos do Programa, requer um maior conhecimento sobre sua efetivação, cuja análise necessita de outros estudos para averiguar em que esse processo de educação conseguiu modificar a situação social ou condição econômica, bem como sua participação e consciência na política e sociedade local. Entretanto, pode-se inferir que realmente o PAS desperta a consciência cidadã através do feedback que as pessoas, que podem contatar a UFSM, retornam informações importantes de como isso atingiu sua vida social e política. O exercício da cidadania proposto pelo PAS difunde a concepção do pleno desenvolvimento da pessoa posto em forma de lei na constituição da República Federativa do Brasil/1988. O Programa, através de suas compreensões de ensino-aprendizagem dispõe de recursos próprios (material didático), que visam contribuir para o desenvolvimento de um projeto educacional de qualidade, que respeite 3 Em relação à Educação de Jovens e Adultos (EJA).

7 7 o saber dos alunos e possibilite o acesso às informações em diferentes áreas do conhecimento e suas articulações com a prática social. Por outro lado, a comprovação do nível dessa efetivação ou o grau de interferência na vida do educando são fatores a serem estudados com maior profundidade. Isso exige presença no campo de ação desses indivíduos para comprovar a existência da qualidade e do respeito ao educando, bem como a existência de informações que no local onde vivem possam acessá-las e dispor para sua atividade social e política. Entretanto, o fato de que cada um dos alfabetizadores ter participado dos cursos de capacitação e, em razão dessas qualificações, ao retornarem a sua cidade, conseguiram trabalho no Município ou no Estado. Isso, sugere uma correspondência entre os objetivos do Programa e o resultado que atingiu com os alfabetizadores. Ainda ficaria faltando uma análise minuciosa sobre os alfabetizandos. O processo de capacitação dos alfabetizadores está contemplado nas prerrogativas das teorias educacionais, razão pela qual não está diretamente especificado em uma legislação para que seja realizado. Com isso, as pessoas que pensaram e colocaram em prática o Programa Alfabetização Solidária elaboraram um curso de capacitação para alfabetizadores. De um modo geral, os cursos de capacitação estão legalmente contemplados na legislação vigente através da correspondência da formação de jovens e adultos na CF/1988, Cap. 3, seção I, art. 205. A educação de jovens e adultos é oferecida para pessoas que não puderam freqüentar a escola na idade regular. Existe uma separação dos níveis etários para que não ocorram conflitos entre as gerações ou problemas de convivência entre freqüentadores da primeira série, que hipoteticamente, diríamos estariam crianças de 7 anos freqüentando a primeira série com adolescentes de 14, jovens de 20, ou pessoas adultas de 40 anos de idade. Supondo que aceitaríamos uma escola onde os alunos, de um modo geral, hipoteticamente, em que todos, crianças, jovens e adultos estivessem na primeira, segunda série e, assim, sucessivamente estariam freqüentando a escola, que situações seriam enfrentadas (?). Por outro lado, essa escola é própria de décadas anteriores a 1960, de um modo geral, no Brasil. Isso, porque até recentemente existiam classes no meio rural em escolas que freqüentavam adultos, jovens e crianças os quais conviviam naturalmente, na modalidade de ensino regular. Hoje, isso é inadimissível teoricamente, mas, ainda existem escolas que oferecem classes na modalidade unidocente. Por fim, esta proposta do PAS oferece o entendimento de como é pensada a educaçã nacional. Considerações Finais A Educação de Jovens e Adultos nas atuais reformas educacionais nos mostra que precisamos organizar estratégias educativas, que visem solucionar os problemas de ordem social, econômico e político. A educação não pode continuar assumindo o caráter compensatório como pretendem as Políticas de Estado vigente, conforme salienta Haddad, este tem sido o caminho da educação de jovens e adultos, que ao sair da preocupação central do Ministério da Educação como educação fundamental pensada para todos, passou para os espaços das políticas compensatórias da filantropia e do mercado (2002, p. 126). Programas como o PAS, é importante no que diz respeito à construção de uma nova proposta de educação para jovens e adultos que se encontram a procura de um ensino adequado. Mas, necessita ser direcionado para

8 8 uma educação regulamentada que permita a certificação das etapas realizadas. Em relação ao apoio pedagógico oferecido pelas Universidades, considero que deveria existir um maior empenho no processo de divulgação, apoio interno aos participantes do programa e, com metodologia apropriada, com conteúdos contextualizados com a realidade e que possibilitem o desenvolvimento do senso crítico. Além, das IES, deve existir uma maior responsabilidade e participação do Estado e comunidade como um todo. Para que essas mudanças ocorram é relevante que não apenas a comunidade escolar, mas todos os segmentos da sociedade, estejam engajados em atuarem de maneira significativa, responsabilizando-se pelo processo. Portanto, somente com o comprometimento de todos será possível transformarmos a sociedade. Estaremos dessa forma contribuindo para a construção de cidadãos participativos, críticos, autônomos, competentes, capazes de interagirem na comunidade em que se encontram inseridos. Para que estes cidadãos e cidadãs sejam criativos e autônomos é necessário que o processo educacional seja pautado na reflexão crítica sobre a prática, que é segundo Freire (Paulo Freire, 2001, p.236), saber indispensável à prática educativa democrática. Deve integrar e vivificar o currículo de formação dos educadores e educadoras, junto com os saberes já anunciados e os que ainda estão por vir. Isso exige que, na prática da formação docente, o aprendiz de educador assuma que o indispensável pensar certo não é presente dos deuses nem se acha nos guias de professores que iluminados intelectuais escrevem ou que estejam no centro do poder, mas, pelo contrário, o pensar certo que supera o ingênuo tem que ser produzido pelo próprio aprendiz, em comunhão com o professor formador (Freire in Souza, 2001, p.43). Com a reflexão crítica, cria-se a oportunidade de parcerias entre os sujeitos que assumem na comunidade o papel de sujeito histórico, social e culturalmente situada. Com esses programas que já foram desenvolvidos no Brasil e em regiões geopolíticas menores com diferenciações circunstanciais ao meio em que foi desenvolvido é possível observar a participação das pessoas nas suas comunidades como um meio de desenvolver a culturalidade social. Talvez essa seja a maior lição desses programas. As pessoas tomam a iniciativa e agem com seus parceiros na comunidade em que vivem. Pessoas de diferentes lugares e culturalidade agem para que se concretize a formação de pessoas que ainda não atingiram o nível de reconhecimento cultural. Assim forma-se um conjunto de forças que dá a idéia de nação e pertencimento a um grupo social, comunidade, país. Por isso, cresce aceleradamente o desejo de contribuir para o crescimento dos outros para que todos cresçam juntos. Para Freire (2001), a formação de adultos precisa contar com qualidades e virtudes que a legislação, movimentos ou programas de alfabetização de jovens e adultos não dispõem. A educação de jovens e adultos precisa contar com a virtude, a amorosidade, o respeito aos outros, a tolerância, a humildade, o gosto pela alegria, o gosto pela vida, a abertura ao novo, a disponibilidade à mudança. Essas características são necessárias as pessoas que fazem a educação de pessoas que precisam ter como base e fundamento para atuar na formação de jovens e adultos a aceitação, o respeito à diferença e escuta. Requer autoconhecimento, porque se a estrutura do meu pensamento é a única certa, irrepreensível, não posso escutar quem pensa e elabora seu discurso de outra maneira que não a minha. Nem tampouco escuto quem fala ou escreve (p.136-137). Essa exigência ocorre num momento em que a evolução tecnológica acelera transformações sociais, provoca ampliação do entendimento das relações que se dão durante o processo de formação, nos espaços e

9 9 tempos do segmento de jovens e adultos, em razão de proporcionar às pessoas que buscam dessa formação as possibilidades autônomas de não só a leitura da palavra, mas a leitura do mundo com suas interpretações e análises próprias. Isso remete a outras análises sobre a formação do educador de jovens e adultos, razão pela qual esse trabalho continua em desenvolvimento.

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