TREINAMENTO CONTRA RESISTIDO NA ADOLESCÊNCIA



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Transcrição:

Artigo original 18 TREINAMENTO CONTRA RESISTIDO NA ADOLESCÊNCIA JAIRO BARROS Centro Universitário Augusto Motta RESUMO O presente texto demonstra os resultados de uma pesquisa de campo, com o objetivo de investigar os motivos que levam os adolescentes cada vez mais cedo ao treinamento contra resistido em academias de ginástica no município do Rio de Janeiro. Esta pesquisa tem como relevância disponibilizar informações que possa contribuir para estudos mais aprofundados desta população, visando ampliar os conhecimentos dos profissionais de educação física e da área de saúde. Trata-se de uma pesquisa descritiva, com uma abordagem qualitativa. Os dados foram coletados através de um questionário contendo cinco perguntas (fechadas e abertas). O estudo aponta que grande parte dos adolescentes busca o treinamento contra resistido com fins estéticos. PALAVRAS-CHAVE: Adolescentes. Treinamento. Corpo INTRODUÇÃO Nos últimos anos, o treinamento contra resistido tem apresentado uma grande popularidade entre os adolescentes. Nota-se que o número de adolescentes que procuram esta atividade física tem crescido significativamente, freqüentemente influenciados por amigos, pela sociedade e pela mídia, que impõem uma pressão quanto à forma física dos indivíduos, que privilegia o corpo sarado. Ferreira (2005) destaca que: A busca frenética do corpo ideal pelo ser humano, produzida pela mídia e desfilado em revistas, filmes e novelas tem acarretado uma falta de bom senso e critério, em que o importante é estar dentro dos padrões determinado, independente das conseqüências. A beleza é buscada e comprada a qualquer preço e a qualquer custo (p.170). Outra circunstância que contribui para isso é a desmistificação de que a musculação impede o crescimento. Segundo Fleck e Kraemer (1999), a atividade física na adolescência acelera o crescimento longitudinal, a espessura dos ossos, a liberação de testosterona e do hormônio do crescimento. Nieman (1999) alerta que

Artigo original 19 Durante muitos anos, o treinamento com pesos não era recomendado para os adolescentes. Acreditava-se que o levantamento de peso excessivo interferia no crescimento ósseo e promovia a lesão óssea e articular. Atualmente, a maioria dos estudos apóia o treinamento com pesos e os consideram seguro e eficaz para os jovens (p. 269-270). A literatura demonstra que adolescentes se beneficiam do treinamento contra resistido; entretanto, são pouquíssimos os estudos publicados que buscam avaliar quais os motivos que levam adolescentes a procurar esta atividade. Esta pesquisa busca inserir-se nesta lacuna e tem como objetivo geral: investigar quais os motivos que levam adolescentes de 14 a 16 anos a procurar o treinamento contra resistido em academias do Rio de Janeiro, RJ. Nos objetivos específicos vou investigar qual objetivo deseja alcançar com o treinamento contra resistido? Identificar qual a finalidade de alcançar este objetivo? Identificar o que notou de maior mudança no seu corpo com o treinamento? Investigar se já ouviu falar dos esteróides anabolizantes? Devemos entender que o corpo humano é uma caixa misteriosa e que precisamos de muitos estudos para compreendê-lo. O corpo é repleto de mudanças e este estudo busca algumas respostas da complicada fase que é a adolescência. Esta pesquisa tem como relevância disponibilizar informações para pesquisas mais aprofundadas desta população e visa ampliar os conhecimentos dos profissionais de educação física e de outras áreas da saúde. Segundo Ferreira (2005), é inegável a crescente importância que, nas sociedades modernas, atribui-se a alguns valores entre qual um corpo belo e forte, que estratificam os seres humanos de acordo com princípios pré-estabelecidos culturalmente. REVISÃO DE LITERATURA A adolescência é uma fase intermediária do desenvolvimento humano, que compreende a faixa etária entre 10 a 19 anos segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), período entre a infância e a fase adulta. Segundo Muuss (1974), a palavra adolescência é derivada do verbo adolescere significando crescer ou crescer até a maturidade. Crescimento refere-se ao aumento em tamanho do corpo ou de uma de suas partes e desenvolvimento refere-se às mudanças funcionais que ocorrem com o crescimento.

Artigo original 20 Esta fase é marcada por diversas transformações corporais, hormonais e comportamentais. É neste período que acontece o desenvolvimento fisiológico onde funções reprodutivas amadurecem, incluindo o aparecimento das características sexuais secundarias puberdade. Nesta fase uma marca comum da maioria dos adolescentes é a necessidade de fazer parte de um grupo social, os companheiros de idade, as rodas de amigos e a turma ajudam a definir sua identidade, alguns aspectos mudam radicalmente como a linguagem, os gestos e o modo de se vestir. Surge neste período o início da pulsão sexual, a sexualidade segundo Muuss (1974), refere-se aos prazeres conscientes sensuais do corpo, que resultam em excitação e desejo sexuais. De acordo com Ferreira (2005), a neurose do corpo perfeito constitui nos dias atuais, uma verdadeira epidemia que assola sociedades industrializadas e desenvolvidas acometendo, sobre tudo, adolescentes. Nunca antes as academias de ginásticas foram freqüentadas por gente tão jovem. A garota começa a procurar a treinamento contra resistido cada vez mais cedo, os exercícios trazem resultados estéticos muito rápidos, mas nesta fase grande parte da energia vai para o crescimento e pouquíssima para o desenvolvimento da massa muscular. Segundo Fleck e Kraemer (1999), através dos programas de treinamento de força, os adolescentes conseguem ganhos na força muscular, entretanto, a hipertrofia é mais difícil de se alcançar em adolescentes do que em adultos. Os adolescentes se beneficiam do treinamento contra resistido, apesar de terem pouco favorecimento em relação à massa muscular. Segundo Guimarães (2005), a história da musculação se esbarra na mitologia grega com Milo, um sujeito que viveu em Crotona, na Grécia Antiga. Milo praticava luta livre e queria aumentar a sua força e sem querer associou um fundamento usado até hoje: o principio da sobrecarga, com um treinamento lento, gradual e progressivo, ele simplesmente começou a levantar um bezerro e à medida que esse bezerro ia crescendo, sua força e massa muscular também ia aumentando. De acordo com Chiesa (2002), a musculação, classicamente conceituada como exercício contra resistência, busca em sua essência o aprimoramento da qualidade física força muscular. Esta atividade física é trabalhada predominantemente através de exercícios analíticos, que utiliza resistências de forma gradual fornecidas por recursos

Artigo original 21 materiais como: anilhas, barras, aparelhos, halteres, o próprio peso do corpo e outros materiais. Em um estudo feito por Fleck e Kraemer (1999), o treinamento da musculação para adolescentes deve ser conduzido em uma atmosfera proveitosa, o ambiente do treinamento deve transmitir as indicações corretas sobre os objetivos do programa. A literatura demonstra que o treinamento contra resistido em adolescentes tem pouco favorecimento em relação à hipertrofia, mas mesmo assim, muitos adolescentes insistem em ganhar músculos, desencadeando comportamentos que podem comprometer a saúde, ficando a um passo dos tão repercutidos esteróides anabolizantes. Segundo Silva (2002): Os esteróides anabolizantes referem-se aos hormônios esteróides da classe dos hormônios sexuais masculinos, promotores e mantedores das características sexuais masculinas, produzidos principalmente nos testículos, responsáveis pela massa muscular, a força, o engrossamento de voz, a recuperação da musculatura, o nível de gordura corporal e outras características (p. 2). A indústria química produz diversos tipos de esteróides anabolizantes sintéticos derivados da testosterona que aumentam o tamanho e a força dos músculos de forma muito rápida, o que não se observa em pessoas que apenas praticam a musculação de forma regular. Segundo Ferreira (2005), é crescente a obsessão compulsiva pela musculatura, o uso e abuso de ingestão de drogas e de esteróides anabolizantes por adolescentes que iniciam na musculação. O problema são os devastadores efeitos colaterais que aparecem a curto e longo prazo. Conforme Iriart (2009), o uso abusivo de anabolizantes está associado a vários efeitos colaterais nocivos à saúde. Dentre esses efeitos estão os seguintes: calvície (o folículo capilar para de crescer cabelo), acne (a glândula sebácea produz mais óleo), agressividade, hipertensão, limitação do crescimento, aumento do colesterol, virilização em mulheres, ginecomastia, dor de cabeça, impotência e esterilidade, insônia, entre outras. METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa descritiva, realizada através de estudo de campo com uma abordagem qualitativa. Segundo Gil (2008), as pesquisas descritivas têm como

Artigo original 22 objetivo primordial à descrição das características de determinada população ou fenômeno. A amostra desta pesquisa foi intencional e constituiu-se de 6 adolescentes do sexo masculino, com a faixa etária entre 14 a 16 anos. Todos praticavam o treinamento contra resistido há mais de seis meses. Esta amostra foi escolhida por se tratar de indivíduos que já praticam o treinamento da musculação há um tempo considerável e assiduamente, podendo assim dar respostas relevantes questões formuladas. Este estudo foi realizado em uma academia do município do Rio de Janeiro, e como instrumento de coleta de dados foi utilizado um questionário contendo cinco perguntas (fechadas e abertas). Este questionário foi entregue aos adolescentes juntamente com um termo (TCLE), preenchido e assinado pelos responsáveis, autorizando a realização da pesquisa. ANÁLISE DE DADOS Os resultados apontam que dos seis sujeitos pesquisados, quatro aderiram ao treinamento contra resistido por motivo de estética (Figura 1). De acordo com Iriart (2009), o culto da aparência está baseado na construção de um corpo para ser visto, chamado por ele estético da presença, sendo a musculatura desenvolvida um dos modos de visibilidade do corpo no anonimato urbano. A busca por essa imagem perfeita de aparência alta, esbelta e forte normalmente é reforçada desde a infância pelos próprios pais, quando comparam seus filhos com outras crianças de mesma idade. Em segundo lugar estão os amigos, a influência destes pode parecer que não, mas nesta fase tem grande importância a sua aceitação e valorização pelo grupo que faz parte, um estudo feito por Ferreira (2005) destaca, que grande parte da molecada que começa a malhar para se destacar no grupo de amigos. Observa-se que dificilmente um adolescente na faixa etária pesquisada se matricula em uma academia sozinho, geralmente vão acompanhados de um amigo ou de parte do grupo. Os adolescentes em grande maioria (Figura 1), buscam o treinamento contra resistido com objetivo da hipertrofia muscular, o corpo musculoso na atualidade ganhou um grande destaque. Em um recente estudo feito por Iriart (2009), o corpo musculoso adquiriu um valor moral entre os adolescentes, por meio do qual eles passam a ser classificados e julgados perante o grupo. O estudo aponta que esse objetivo de

Artigo original 23 hipertrofiar é apenas para sua satisfação pessoal, essa distorção que o adolescente tem do próprio corpo pode estar relacionada principalmente com a exigência sociocultural de um padrão estético que valoriza o ser belo. No decorrer da pesquisa, uma pergunta uma pergunta foi aplicada para saber se tinham notado alguma mudança no corpo. A maioria dos entrevistados notou que houve um aumento significativo de força muscular. Segundo Fleck (1999), o treinamento moderado da musculação pode aumentar de forma notável a força muscular em adolescentes. Estudos realizados por Nieman (1999), confirmam que o adolescente pode aumentar a força de 15% a 30% por meio de um treinamento com pesos adequados. Através dos exercícios contra resistidos pode se aumentar a força em adolescentes, mas a hipertrofia muscular é mais demorada e essa demora em ficar musculoso gera uma ansiedade característica desse grupo e que pode levar a busca de meios mais rápidos para alcançar seus objetivos. Mais da metade dos adolescentes entrevistados conhecem os esteróides anabolizantes ou já ouviram falar deles, o que não é uma novidade, pois a mídia e outros meios de comunicação estão sempre trazendo notícias de pessoas que utilizaram anabolizantes e tiveram problemas de saúde; assunto que circula no cotidiano das academias. De acordo com Iriart (2009), a crescente valorização do corpo, pode estar contribuindo para que um número crescente de jovens envolva-se com o uso de anabolizantes. CONCLUSÃO Esta pesquisa aponta que o treinamento contra resistido é utilizado pela grande maioria dos adolescentes apenas para manter uma aparência de superioridade perante seu grupo, esta aparência estética nos últimos anos passou a ser padrão em nossa sociedade. Mostrar o corpo tornou-se algo muito importante entre os adolescentes, que influenciados por amigos buscam esse treinamento não se importando muito com a saúde. Foi observado que a tendência de grande parte dos adolescentes que buscam este treinamento é focalizar no objetivo principal, não se importando muito com a saúde, prevalecendo a busca por um corpo musculoso a qualquer preço, a qualquer custo. Observa-se que mais da metade dos adolescentes entrevistados conhecem ou já ouviram falar dos esteróides anabolizantes. Este estudo alerta as autoridades de saúde

Artigo original 24 pública para o crescimento significativo dos adolescentes nas salas de musculação. No entanto, a musculação tem a qualidade de cativar as pessoas, e a adolescência é uma época em que as experiências de vida são particularmente marcantes. Assim sendo, desestimular os jovens da prática da musculação pode significar a perda de uma forte motivação para o caminho da saúde física e mental. Portanto, sugere-se a realização de campanhas nos principais meios de comunicação com o objetivo de alertar os jovens sobre os perigos dos anabolizantes. Figura 1. Resultados 6 5 4 3 2 1 0 Recomendação médica Indicação de amigos Estética n o r t Hipertrofia emagrecimento condic. físico qualid. de vida satisfação pessoal saúde 1 2 3 4 5 e 1- O que o levou a praticar o treinamento contra resistido? 2- Que objetivo deseja alcançar com o treinamento contra resistido? 3- Qual a finalidade de alcançar este objetivo? 4- O que você notou de maior mudança no seu corpo com o treinamento? 5- Já ouviu falar dos esteróides anabolizantes? + massa magra aumento da força - gordura corporal não sim RAINING AGAINST RESIST IN ADOLESCENCE ABSTRACT This paper demonstrates the results of field research with the aim of investigating the reasons that adolescent increasingly early training against resistance in gyms in the city of Rio de Janeiro. This research has relevance to provide information that can contribute to further studies of this population, aiming to expand the knowledge of professionals in physical education and health care. This is a descriptive research with a qualitative approach. Data were collected through a questionnaire containing five questions (closed

Artigo original 25 and open). The study indicates that most adolescents seeking training against resistance for cosmetic purposes. KEY WORDS: Adolescents. Training. Body REFERÊNCIAS CHIESA, Carlos. Musculação: Aplicações práticas. Rio de Janeiro: Shape, 2002. FERREIRA, Maria Elisa Caputo et al. A obsessão masculina pelo corpo: Malhado, forte, sarado. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Campinas, v. 27, n. 1, p. 170, 2005. FLECK, Steven et al. Fundamentos do treinamento de força. Porto Alegre: Artmed, 1999. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2008. GUIMARÃES, Waldemar. Musculação: Anabolismo total. Guarulhos: Phorte, 2005. IRIART, Jorge et al. Culto ao corpo e uso de anabolizantes entre praticantes de musculação. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 25, nº 4, 2009. MUUSS, Rolf. Teorias da adolescência. Belo Horizonte: Interlivros, 1974. NIEMAN, David. Exercício e saúde: como se prevenir de doenças usando o exercício como seu medicamento. São Paulo: Manole, 1999. SILVA, Paulo. Esteróides anabolizantes no esporte. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, Niterói, v.8, n.1, 2002. Jairo Barros E-mail: jairofbarros@yahoo.com.br