As empresas financeiras latino-americanas serão afetas pela desaceleração econômica?



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Transcrição:

Data de Publicação: 31 de agosto de 2015 Relatório As empresas financeiras latino-americanas serão afetas pela desaceleração econômica? Analista principal: Barbara Carreon, Cidade do México, 52 (55) 5081-4483, barbara.carreon@standardandpoors.com Contatos analíticos adicionais: Claudia Sanchez, Cidade do México, 52 (55) 5081-4418, claudia.sanchez@standardandpoors.com; Guilherme Machado, São Paulo, 55 (11) 3039-9754, guilherme.machado@standardandpoors.com; Sofia Ballester, Buenos Aires, 54 (11) 4891-2136, sofia.ballester@standardandpoors.com As expectativas de aumento nas taxas de juros nos EUA têm refletido significativamente nas taxas cambiais dos mercados emergentes. Um dos principais exemplos é o México, que já registrou desvalorização de cerca de 16% no peso contra o dólar este ano. O banco central mexicano afirmou que poderia elevar as taxas de juros antes do Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano), como uma medida de proteção e para controlar a desvalorização do peso. Entretanto, a Standard & Poor's Ratings Services não espera que os riscos de refinanciamento prejudique as empresas financeiras mexicanas, que representam cerca de 77% daquelas que avaliamos na América Latina. Em nossa opinião, os perfis de vencimento de dívida dessas empresas são gerenciáveis e seus índices de capital ajustado pelo risco (RAC, ou risk-adjusted capital) e sua liquidez são suficientes para compensar a menor rentabilidade resultante das taxas mais altas, juntamente com certo enfraquecimento na qualidade dos ativos à medida que a economia da região desacelera. Em vista desses fatores, esperamos que a qualidade de crédito da maioria das empresas financeiras da região permaneça estável. Ainda assim, as empresas brasileiras e as argentinas são vulneráveis devido às suas dificuldades econômicas. Esperamos ainda que o crescimento das empresas financeiras da região continue superando o dos bancos em razão da forte demanda por crédito e dos perfis de risco mais elevado de seus clientes, que não se enquadram nos nichos de mercado dos bancos. Após a reforma financeira implementada em 2013 no México, novas mudanças regulatórias deverão estimular a consolidação no setor, em nossa visão. Entretanto, a competição continuará acirrada. Resumo As taxas de juros mais altas podem afetar as métricas de rentabilidade das empresas financeiras, mas não esperamos que os riscos de refinanciamento aumentem nos próximos 12 meses, dados os perfis de vencimento de dívida gerenciáveis dessas empresas e suas fontes de liquidez disponível suficientes. Os níveis de RAC "fortes" ou "muito fortes" das empresas financeiras devem ajudá-las a resistir a certo enfraquecimento da qualidade dos ativos em meio à desaceleração econômica na região. O setor de empresas financeiras ultrapassará a indústria bancária em crescimento de crédito, graças à alta demanda por crédito ao consumidor e financiamento e leasing de automóveis. As mudanças regulatórias no México reduzirão o número de empresas financeiras por meio de consolidação, mas não diminuirão a competição. Os financiadores de veículos do país continuarão a crescer, e seus pares de crédito imobiliário estão ajustando seus produtos para estimular o setor habitacional. Apesar das incertezas globais de mercado e econômicas, esperamos que a qualidade de crédito das empresas financeiras permaneça estável nos próximos 12 meses. Entretanto, a fragilidade econômica na Argentina e no Brasil representa maiores riscos às empresas desses países. 1/8

Avaliamos publicamente 26 empresas financeiras na América Latina, incluindo 21 instituições financeiras não bancárias, três empresas financeiras de serviços financeiros e duas corretoras. Vinte dessas empresas são localizadas no México, sendo as demais localizadas no Brasil, Colômbia, Argentina, Chile e Caribe. Quase todas as empresas avaliadas apresentam perspectiva estável, sendo que duas possuem perspectiva positiva, refletindo a provável melhora no perfil financeiro da Financiera Independencia S.A.B. de C.V. SOFOM E.N.R. e a perspectiva da controladora da Navistar Financial, S.A. de C.V. SOFOM, E.N.R. (gráfico 1). Apenas uma empresa, John Deere Credit Compania Financiera S.A., apresenta perspectiva negativa, refletindo aquela da República da Argentina. Potencial aumento nas taxas de juros deve ter impacto moderado no risco de refinanciamento Em nossa opinião, as empresas financeiras possuem um perfil de vencimento de dívida gerenciável nos próximos 12 meses, refletindo sua liquidez suficiente. Isso limitará o risco de aumento nos custos dos empréstimos à medida que as taxas de juros da região aumentam, o que é provável caso o Fed eleve suas taxas referenciais conforme planejado. Ainda assim, as métricas de rentabilidade das empresas financeiras poderão enfraquecer à medida que as margens financeiras caiam. O impacto dependerá da proporção de funding à taxa variável versus funding à taxa fixa, bem como dos instrumentos que essas empresas usam para proteger sua dívida por meio de hedge. Para estimular o crescimento, as empresas financeiras latinoamericanas dependem de fontes de funding de atacado, como linhas de crédito bancário, commercial papers e notas de médio prazo, e securitizações. Ao contrário dos bancos, cujo funding em geral se beneficia de uma base de depósitos ampla e estável, as empresas financeiras não serão capazes de transferir os custos de funding mais elevados a seus clientes, em nossa opinião, ou ao menos para ajustarem rapidamente suas taxas ativas para compensar o efeito. Os vencimentos de dívida de mercado das empresas financeiras somaram US$745 milhões em 2015 e US$1,03 bilhão em 2016 (gráfico 2). O Fondo Especial para Financiamientos Agropecuarios (FEFA) concentra cerca de 45% desses vencimentos de dívida em 2015 e 78% em 2016. Desde 2012, a entidade tem substituído sua fonte de funding de linhas de crédito do banco central por um perfil voltado ao mercado de dívida, por meio de emissões públicas e privadas de commercial papers e notas de médio prazo. Esse tipo de dívida atualmente representa em torno de 85% do funding da FEFA. Entretanto, não vemos o perfil de funding ou de vencimentos desta como um problema de crédito nos próximos trimestres, graças a seu status de entidade vinculada ao governo (GRE, ou governament-related entity). 2/8

Gráfico Gráfico 2 Vencimentos de dívida de mercado Vencimentos de dívida de mercado Series2 (mi.) 1600 1400 1.381 1200 1000 1.034 800 600 400 745 437 650 200 0 2015 2016 2017 2018 2019 Dados de 10 de agosto de 2015. Câmbio: MXN16,1547/USD1,00. Standard & Poor's 2015. Dada a expectativa geral de aumento nas taxas de juros, algumas empresas financeiras emitiram dívida no primeiro semestre de 2015 para se beneficiar dos custos de funding mais baratos. Alguns de seus pares podem refinanciar obrigações a vencer por meio de programas de comercial papers ou linhas de crédito bancário. Certamente, fatores externos como preocupações quanto ao menor crescimento do PIB real da China, baixos preços de petróleo, volatilidade cambial e incertezas quanto à política monetária do Fed podem resultar em turbulências no mercado, aperto de liquidez e condições de refinanciamento desfavoráveis. Apenas três empresas financeiras mexicanas no setor foram capazes de acessar os mercados internacionais por meio da emissão de notas senior unsecured com vencimento em cinco anos em 2014: Credito Real S.A.B. de C.V. SOFOM, E.R. (US$ 425 milhões); Financiera Independencia S.A.B. de C.V. SOFOM E.N.R. (US$ 200 milhões); e Unifin Financiera, S.A.P.I. de C.V. SOFOM, E.N.R. (US$ 400 milhões). Essas emissões representam 74% dos vencimentos de dívida do setor em 2019. Esperamos que as GREs mexicanas Infonavit e Fovissste sejam as únicas empresas financeiras na região a emitir dívida de longo prazo adicional títulos lastreados em financiamentos imobiliários residenciais (RMBS, ou residential mortgage-backed securities) no segundo semestre do ano para alcançar suas metas de originação de crédito imobiliário. Desempenho financeiro deve permanecer estável no curto prazo Os níveis de RAC das empresas financeiras devem ajudá-las a resistir ao certo enfraquecimento da qualidade dos ativos em meio à desaceleração econômica na região. Atualmente, 34% das empresas apresentam índices de RAC "fortes" (entre 10% e 15%) e 33%, níveis "muito fortes" (acima de 15%; gráfico 3), em nossa opinião. Consideramos essas avaliações de capitalização consistentes com os perfis de risco das empresas financeiras, que são superiores àqueles dos bancos. Esperamos que a qualidade de seus ativos permaneça gerenciável. No entanto, as empresas financeiras com carteiras de crédito concentradas e aquelas que atendem os segmentos informais da economia estão mais vulneráveis à desaceleração econômica. Apesar da expectativa de menor crescimento do PIB na América Latina em 2015, o crescimento das empresas financeiras deve superar aquele do sistema bancário, como observado em 3/8

2014, sobretudo em razão da alta demanda por crédito ao consumidor e financiamento e leasing de automóveis. As empresas financeiras continuam a oferecer crédito a setores em que os bancos relutam a entrar, dados os perfis de risco mais alto dos clientes. México reforma setor de empresas financeiras Esperamos uma tendência de consolidação no setor de empresas financeiras mexicano após a implementação da reforma financeira do país em 2013, que busca impedir práticas de lavagem de dinheiro e promover o crescimento ordenado do setor. Esse é o caso de empresas financeiras de propósitos múltiplos, que cresceram para cerca de 3.000 no primeiro semestre de 2015, após a desregulação de algumas atividades de crédito em 2006. A reforma financeira mais recente estabelece novas exigências para a incorporação de empresas financeiras de propósitos múltiplos e para manter seu registro, o que exige um parecer jurídico quanto a práticas de prevenção à lavagem de dinheiro e o fornecimento de informações relacionadas ao histórico de pagamento dos devedores a pelo menos uma das agências de crédito que atuam no país. Além disso, as empresas não reguladas que pretendem emitir dívida de mercado devem se tornar reguladas e atender às normas de contabilidade, à metodologia de provisão para perdas de crédito, e aos controles internos da Comissão Nacional de Bolsas de Valores (CNBV). Acreditamos que essas mudanças ajudarão a consolidar a indústria, uma vez que os participantes de menor porte não serão capazes de cumprir as novas normas regulatórias e descontinuarão suas atividades, realizarão fusão com entidades mais fortes ou oferecerão seu controle a outras entidades. Em nossa opinião, a transparência aumentará, pois os credores possuirão informações mais precisas acerca da potencial carga de dívida dos devedores. Entretanto, dado seus pequenos portfólios de crédito, acreditamos que a maioria daquelas que deixarem o setor não representam real competição para as empresas financeiras que avaliamos. Outras não podem até mesmo ser localizadas ou não operam mais, apesar de serem registradas no regulador financeiro, provavelmente porque não alcançaram as economias de escala necessárias devido à competição, falta de fontes de funding favoráveis e regulação mais rígida. Também questionamos se essas novas diretrizes diminuirão automaticamente os custos de funding das empresas financeiras recém-reguladas. Isso dependerá principalmente da melhora de sua reputação no mercado reportando desempenho financeiro sólido e realizando o pagamento pontual de sua dívida. 4/8

Entidades que não renovaram seu registro em julho de 2015 podem buscar outros meios legais para continuarem operando, como se transformar em uma "sociedad anónima", equivalente a uma empresa limitada aberta que não se enquadra no status legal de empresa financeira de propósitos múltiplos, bancos ou de qualquer outra entidade de serviços financeiros, o que, por sua vez, não exigirá o cumprimento das normas regulatórias financeiras, exceto aquelas estabelecidas pela Federal Attorney s Office of Consumer Supervision. Tais entidades perderão seus benefícios fiscais e acesso ao funding dos bancos de desenvolvimento. Acreditamos que as autoridades permanecerão cautelosas na prevenção de fraudes. Financiadores de veículos mexicanos estão aquecendo os motores O desempenho das empresas de financiamento de veículos mexicanas está em linha com nossas expectativas. Seus portfólios de crédito estão expandindo a taxas de dois dígitos em meio a índices de qualidade de ativos estáveis. Por exemplo, os portfólios da Toyota Financial Services Mexico S.A. de C.V. e da NR Finance México S.A. de C.V. SOFOM E.R. cresceram 15,6% e 23,3%, respectivamente, em média nos últimos três exercícios. Seus ativos inadimplentes são inferiores a 1% e sua rentabilidade é estável, com retorno sobre os ativos médios de cerca de 3%. A indústria automobilística mexicana registrou franca expansão nos últimos anos, refletindo fatores internos e externos. Fabricantes de veículos internacionais estão construindo fábricas no México para aproveitar os custos trabalhistas mais baixos do que nos EUA e o ambiente favorável proporcionado pelo Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA). Apesar da desaceleração econômica no México em 2015, a demanda doméstica por veículos continua robusta, refletindo a disponibilidade de financiamento, ofertas especiais, incentivos do governo e restrições de importação de veículos usados. De acordo com Associação Mexicana de Concessionárias de Veículos (AMDA), as vendas de veículos no mercado doméstico cresceram 21% nos primeiros sete meses de 2015 comparado ao mesmo período de 2014. Nesse contexto, a AMDA revisou sua estimativa de vendas até o fim do ano para um recorde de 1,3 milhão de unidades, e os financiamentos de veículos cresceram 28% no primeiro semestre de 2015 em relação ao período do ano anterior. As empresas financeiras representam 66% desse segmento de crédito, contra 63% em 2014. Dessa forma, esperamos que continuem desfrutando de sólida demanda desse segmento nos próximos trimestres. Credores imobiliários mexicanos têm respondido às mudanças na dinâmica do setor imobiliário residencial Os credores imobiliários mexicanos vinculados ao governo Infonavit e Fovissste continuam desempenhando um importante papel na redução do déficit habitacional do país. Após a crise financeira global de 2008, o crédito imobiliário do México permanece nas mãos dos bancos comerciais e das GREs, uma vez que as poucas empresas privadas de crédito imobiliário não bancárias que resistiram à crise financeira continuam se esforçando para encontrar fontes de funding acessíveis em meio aos devedores de maior risco que restaram a elas. Nos últimos anos, tanto a Infonavit quanto a Fovissste reestruturaram seus produtos de crédito imobiliário de acordo com a nova revisão da política habitacional federal e para se ajustarem à mobilidade profissional e preferência de crédito dos compradores. Essa nova política visa ao crescimento ordenado das áreas urbanas, promovendo moradias verticais e residências de qualidade superior, com construções residenciais nas áreas metropolitanas, próximo a centros empresariais e com serviços públicos e infraestrutura mais eficazes. Acreditamos que essas entidades serão capazes de atingir seus objetivos de originação nos próximos dois anos, dado seu funding saudável, o qual compreende recursos imobiliários e securitizações, para as quais há um forte apetite de mercado. (Cada funcionário público e privado assalariado possui uma conta-poupança em seu respectivo fundo imobiliário, ao qual fazem contribuições a cada dois meses). Além de seus financiamentos para reforma residencial, que representam cerca de 30% dos empréstimos do Infonavit em 2014, ambas as entidades lançaram o produto de financiamentos em pesos e o segundo financiamento. (Ao contrário dos financiamentos baseados no salário mínimo, aqueles em pesos possuem uma taxa fixa e o saldo em aberto não é ajustado de acordo com o aumento do salário mínimo no país. Funcionários que amortizaram seu primeiro financiamento imobiliário podem contrair um segundo 5/8

empréstimo depois de seis meses após dois anos de contribuição contínua para o fundo imobiliário). A Infonavit também elevou o limite do financiamento imobiliário para financiar residências mais caras em áreas urbanas, que em geral são localizadas mais próximas a centros empresariais e desfrutam de melhor infraestrutura pública. Os financiamentos em pesos devem reduzir o prazo de amortização para devedores e apresentam melhor desempenho do que aqueles atrelados aos salários mínimos, uma vez que o saldo em aberto não é atualizado todo ano. Embora permaneça baixa, a porcentagem de financiamentos em pesos nos balanços dessas entidades pode gerar descasamentos caso sua proporção cresça e a inflação aumente, dado que os passivos continuam denominados em salários mínimos. As entidades terão de proteger essas exposições com operações de hedge por meio de reservas maiores, derivativos ou emissões de RMBS lastreados por financiamentos em pesos de modo a mitigar o maior risco de mercado. Dificuldades econômicas limitam empresas financeiras brasileiras e argentinas A fraca economia brasileira restringe o crescimento das empresas financeiras do país. Em 28 de julho de 2015, alteramos a perspectiva do rating da República Federativa do Brasil de estável para negativa. Além disso, projetamos contração de 2% no PIB real este ano, seguida por crescimento nulo em 2016. Adicionalmente, a queda mais forte nas vendas de veículos nos últimos 12 meses afetará as financiadoras de veículos. Em geral, acreditamos que a alta rentabilidade das empresas financeiras será pressionada pelo maior risco de crédito no país, dado que a maior carga de dívida das famílias poderá elevar os créditos em atraso no setor. O aumento das despesas com funding em razão das taxas de juros mais elevadas também poderá prejudicar a estabilidade das receitas dessas empresas. Na Argentina, as incertezas econômicas resultantes em grande parte da regulação mais rígida (como limites nas taxas de juros de crédito ao consumidor e taxas subsidiadas oferecidas pelos bancos, entre outros), controles de preços e vários anos de inflação alta limitarão o crescimento das empresas financeiras. As despesas administrativas mais altas, a desaceleração nas novas originações e os custos de funding mais elevados pressionarão a rentabilidade dessas empresas. Entretanto, apesar do provável aumento nas taxas de juros, não esperamos pressões de refinanciamento. Empresas financeiras sob a supervisão do banco central podem acessar seus mecanismos de funding e receber depósitos. Os índices de qualidade de ativos do setor podem enfraquecer em meio à desaceleração econômica, mas não esperamos uma queda acentuada no curto prazo. Empresas financeiras enfrentarão as incertezas de mercado e econômicas Em geral, esperamos desempenho estável dos ratings da maioria das empresas financeiras latinoamericanas nos próximos 12 meses. A maioria das empresas que avaliamos dispõe de sólida capitalização ajustada pelo risco e fontes de liquidez suficientes para resistir ao enfraquecimento das condições econômicas. Entretanto, empresas financeiras com ratings mais baixos e aquelas localizadas no Brasil e na Argentina continuam mais vulneráveis. Continuaremos monitorando os riscos macroeconômicos que possam aumentar a inadimplência ou prejudicar a capitalização devido ao aumento das provisões para perdas de crédito. De acordo com as políticas da Standard & Poor's, apenas um Comitê de Rating pode determinar uma Ação de Rating de Crédito (incluindo uma mudança, reafirmação ou retirada de Ratings de Crédito, mudança da Perspectiva de Ratings, ou ação de CreditWatch). Este artigo e seu conteúdo não foram objeto de ação de um Comitê de Rating, não devendo, portanto, ser interpretados como uma mudança ou reafirmação de um Rating de Crédito ou de uma Perspectiva de Rating. Critérios e Artigos Relacionados Critérios Ratings de Entidades Vinculadas a Governos (GREs, na sigla em inglês para Government-Related Entities): Metodologia e Premissas, 25 de março de 2015. Metodologia e Premissas: Descritores de Liquidez para Emissores Corporativos Globais, 16 de dezembro de 2014. Metodologia de Avaliação de Instituições Financeiras Não Bancárias, 9 de dezembro de 2014. 6/8

Metodologia de Avaliação de Crédito de Emissão para Instituições Financeiras Não Bancárias e Empresas de Serviços Financeiros Não Bancários, 9 de dezembro de 2014. Tabelas de Mapeamento das Escalas Nacionais e Regionais da Standard & Poor's, 30 de setembro de 2014. Ratings de Crédito nas Escalas Nacionais e Regionais, 22 de setembro de 2014. Metodologia de Ratings Corporativos, 19 de novembro de 2013. Metodologia corporativa: Índices e Ajustes, 19 de novembro de 2013. Critério geral: Metodologia de rating de grupo, 19 de novembro de 2013. Critério Geral: Metodologia e Premissas de Avaliação do Risco-País, 19 de novembro de 2013. Metodologia: Risco da indústria, 19 de novembro de 2013. Métricas Quantitativas para a Avaliação de Bancos Globalmente: Metodologia e Premissas, 17 de julho de 2013. Bancos: Metodologia e Premissas de Rating, 9 de novembro de 2011. Metodologia e premissas para avaliação do risco da indústria bancária de um país, 9 de novembro de 2011. Metodologia: Fatores de créditos relativos à administração e governança para entidades corporativas e seguradoras, 13 de novembro de 2012. Metodologia e premissas de capital de bancos, 6 de dezembro de 2010. Artigos Latin America Navigates Choppy Waters Through 2015, 14 de julho de 2015. Industry Report Card: Robust Demand For Loans Has Bolstered Latin American Finance Companies' Growth In 2014, 28 de maio de 2015. Copyright 2015 pela Standard & Poor's Financial Services LLC. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta informação (incluindo-se ratings, análises e dados relativos a crédito, avaliações, modelos, software ou outras aplicações ou informações obtidas destes) ou qualquer parte dele (Conteúdo) pode ser modificada, sofrer engenharia reversa, reproduzida ou distribuída de nenhuma forma, nem meio, nem armazenado em um banco de dados ou sistema de recuperação sem a prévia autorização por escrito da S&P. 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