PERCEPÇÃO AMBIENTAL ATRAVÉS DA PRÁTICA PEDAGÓGICA NO ENSINO DE JOVENS E ADULTOS RESUMO



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Transcrição:

Revista Eventos Pedagógicos v.5, n.4 (13. ed.), número regular, p. 46-55, nov./dez. 2014 PERCEPÇÃO AMBIENTAL ATRAVÉS DA PRÁTICA PEDAGÓGICA NO ENSINO DE JOVENS E ADULTOS Laurete Maria de Souza Edneuza Alves Trugillo ** RESUMO O texto apresentado é de uma pesquisa realizada na Escola Municipal de Educação Básica Jurandir Liberino de Mesquita com alunos que estão cursando o 1º segmento da II fase do Ensino Fundamental intitulado - Percepção ambiental através da Prática pedagógica no ensino de jovens e adultos. A Educação Ambiental enquanto transversalidade perpassa pela formação educacional no intuito de proporcionar uma educação responsável, crítica, participativa, possibilitando tomada de decisões transformadoras no meio ambiente em que vive na construção de um futuro sustentável, saudável e socialmente justo. Sendo assim, para que a comunidade participe coletivamente na sua construção, as políticas públicas vêm proporcionar para que isso se torne realidade. Atitudes e valores quando ensinados são absorvidos com resultados favoráveis, as práticas desenvolvidas através da educação ambiental nos fazem compreender como se dá o processo de construção de valores sociais, de ciência e atitudes focadas para a preservação da vida no meio ambiente. Palavras-chave: Práticas Pedagógicas. Percepção Ambiental. Professor e aluno. 1 INTRODUÇÃO Graduada em Licenciatura Plena no Curso de Pedagogia em 2012 pela Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT) - Sinop/MT. ** Graduada em Pedagogia pela Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT/Sinop). Mestra em Ciências Ambientais na linha de pesquisa em Educação pela Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT/Cáceres). Doutoranda no Programa de Pós Graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional da Universidade Anhanguera - Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal (UNIDERP) Campo Grande/MS.

Falar em meio ambiente está cada vez mais presente no dia a dia em nossa sociedade, pois a humanidade, de certa forma ligada com a natureza e da necessidade dos recursos naturais para sobreviver, prática e ações ambientais negativas é visível em nosso meio. Cada sujeito compreende, reage e responde a sua maneira frente às ações sobre o meio ambiente. As reações e ações são manifestações, portanto de cada indivíduo. Nosso trabalho teve como objetivo conhecer e analisar a percepção ambiental através da Prática pedagógica de professores e alunos do Ensino de Jovens e Adultos (EJA), na Escola Municipal de Educação Básica Jurandir Liberino de Mesquita. Vivenciamos em nosso dia a dia o quanto o meio no qual fazemos parte vem sendo desrespeitado, ocorrendo impactos ambientais e problemas, exigindo assim a necessidade de cuidarmos ainda mais do nosso meio, desde as atividades do cotidiano local do qual estamos inseridos a ações globais. Buscamos compreender melhor as inter-relações entre o homem e o ambiente, pesquisamos como se dá essa relação com meio em que vivem, analisando a concepção e as atitudes comportamentais através da prática pedagógica desenvolvida pela professora e alunos referentes às atividades relacionadas à Educação Ambiental. Neste sentido buscamos analisar como as políticas públicas contribuem para a sensibilização ambiental a partir da prática pedagógica dos professores, bem como a importância da Educação Ambiental em suas vidas. O trabalho do professor está diretamente ligado à escola e a importância maior fica vinculada ao desenvolvimento do aluno como cidadão consciente, responsável de si e dos que o cercam, sujeito este que é um ser ligado a sua formação e seus valores, com o comprometimento de que a escola tem o papel fundamental em proporcionar conhecimentos, atendendo aos anseios dos alunos. 2 DESENVOLVIMENTO Nas últimas décadas, com a degeneração ambiental e a queda da qualidade de vida surgiu uma grande preocupação local e global com a questão ambiental, assim o trabalho a ser desenvolvido no contexto escolar deve considerar a Educação Ambiental como forma de sensibilização e de preparar os alunos para interferir no seu meio como cidadão agente e crítico, através de ações que gerem uma vida em um mundo ecologicamente equilibrado. As discussões sobre as problemáticas ambientais começaram a surgir a partir dos anos 60, principalmente após a 2ª Guerra Mundial, com isso, percebeu-se a importância de uma reflexão mais completa e a necessidade de um trabalho complexo, aconteceram várias PERCEPÇÃO AMBIENTAL ATRAVÉS DA PRÁTICA PEDAGÓGICA NO ENSINO DE JOVENS E ADULTOS - Página 47

conferencias no qual vale destacar que a expressão Educação Ambiental foi usada pela primeira vez em 1965 durante a Conferência de Educação na Grã-Bretanha, no Clube de Roma, foi discutido a grande preocupação com a existência da humanidade. Segundo Reigota (1994, p.14) nos revela que: Um dos méritos dos debates e das conclusões do Clube de Roma foi colocar o problema ambiental em nível planetário, e como consequência disso a Organização das Nações Unidas realizou em1972, em Estocolmo, na Suécia, a Primeira Conferência de Ambiente Humano. O tema ambiental recebeu grande repercussão com a conferência, 113 países estavam presentes, pontuando os problemas ambientais com o propósito de buscar soluções e novas políticas governamentais para minimizar os problemas causados pelo desenvolvimento da sociedade. Foi definida a ligação da educação com a questão ambiental. Segundo PCNs (2001, p. 81), Foi nesta conferência que se definiu, pela primeira vez, a importância da ação educativa nas questões ambientais, o que gerou o primeiro Programa Internacional de Educação Ambiental, consolidando em 1975 pela conferência de Belgrado. A política pública vem trazer para que a população tenha um real atendimento, que ela participe efetivamente no coletivo em sua construção, no respeito às diferenças e diversidades constantes em uma sociedade. A Educação Ambiental nos currículos escolares pedem ações que envolvam a escola e a comunidade, conta com a formação de professores, estudantes e membros da comunidade com procedimentos que formem educadores ambientais. Uma política pública representa a organização e atuação do estado para que atenda, solucione o problema para a demanda especifica da sociedade. Cabe aos órgãos públicos contemplar a sociedade na busca de uma perspectiva que promova valores, desperte em todos a consciência de que o ser humano é parte do meio ambiente. Publicado em 2004, o projeto de Educação Ambiental da SEDUC - MT orienta o trabalho com a Educação Ambiental no estado e direciona a proposição dos projetos Ambientais Escolares e Comunitários e de modo a buscar uma perspectiva emancipatória nas unidades escolares, viabilizando uma organização social cada vez mais justa democrática. O projeto de Educação Ambiental da SEDUC - MT direciona que o trabalho com a EA nas escolas necessita contar com a companhia de outras instituições governamentais e não governamentais como Ministério da Educação (MEC), Ministério do Meio Ambiente (MMA), Secretaria do Estado de Meio Ambiente (SEMA), além de coletivos educadores como o CJ/MT (Coletivo Jovem) e a Rede Mato-grossense de Educação Ambiental (REMTEA), que venha a contribuir com a conscientização e sensibilização do educando. Página 48 - Laurete Maria de Souza e Edneuza Alves Trugillo

Sabendo do direito que todos temos a um meio ambiente saudável, muitas escolas têm buscado desenvolver habilidades na esperança da sustentabilidade ambiental, de maneira que gere valores e percepções culturais, sociais, econômicos e ambientais. A promulgação da Constituição mostrou a sensibilidade para as questões ambientais e sociais, na medida em que convoca a sociedade em face da proteção ao meio ambiente como qualidade de vida. O artigo constitucional inicia com o seguinte enunciado todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo para os presentes e gerações futuras. Segundo a Constituição Federal, Art. 5º (inciso III e V) diz que: Ainda, a lei 9.795/99 atribui o estímulo e o fornecimento de uma consciência crítica sobre a problemática ambiental e social [...]. Construção de uma sociedade ambientalmente equilibrada, fundada nos princípios da liberdade, igualdade, solidariedade, democracia, justiça social, responsabilidade e sustentabilidade. A constituição garante um meio ambiente equilibrado, cabe para que as políticas públicas exerçam o cumprimento dos direitos já reconhecidos e instituídos, políticas comprometidas, incentivando a projetos sustentáveis que reconheçam e estimulem a formação dos sujeitos ambientais, tendo uma Educação Ambiental crítica, de qualidade, com uma ação política visando um resultado transformador, para termos um ambiente benéfico e sustentável. A Educação Ambiental pode ser analisada como um processo permanente no qual os indivíduos e a comunidade tomam consciência do seu meio ambiente e adquirem conhecimentos, experiências, habilidades, valores e a determinação que os tornam capazes para agir, individual ou coletivamente, buscando soluções. Por isso a educação ambiental deve fazer parte do Projeto Político Pedagógico da instituição. O Projeto Político Pedagógico da escola deve ser construindo de forma participativa, buscando atingir a realidade em que a escola está inserida, levando em consideração suas necessidades e traçando metas e estratégias para alcançar seus objetivos. A importância de o professor ser o mediador na construção do alicerce, na busca de um sujeito crítico e consciente com um olhar transformador, contribuindo para a sensibilização ambiental a partir de sua prática pedagógica. Segundo Freire (1993, p.127) O saber tem tudo a ver com o crescer. Mas é absolutamente preciso que o saber de minorias dominantes não proíba, não asfixie, não castre o crescer das imensas maiorias dominadas. O professor é a ferramenta da mudança de qualidade comprometida com a transformação da sociedade. PERCEPÇÃO AMBIENTAL ATRAVÉS DA PRÁTICA PEDAGÓGICA NO ENSINO DE JOVENS E ADULTOS - Página 49

Ao questionarmos o sujeito da imagem A abaixo sobre a importância da professora trabalhar com a Educação Ambiental nas atividades em sala de aula, foi nos relatado que: (01) Aluno A: Olha foi boa à lição que ela passou sobre o meio ambiente porque às vezes a gente descuida, e às vezes não cuida devidamente conforme precisa cuidar a lição ajuda a gente a relembra e retorna a cuidar do meio ambiente. E percebe-se a questão ambiental nas práticas da escola ainda numa visão comportamentalista, reducionista, com atitudes em que o ser humano tem consciência que faz errado, mas o modo como o meio é tratado gera fatores prejudiciais ao bem estar da população. Imagem 1 Percepção Ambiental. Fonte: Laurete Maria de Souza, Acervo Particular, 2012. Ainda no relato do aluno A, ele diz que: (02) Aluno A: Que chama a minha atenção é o cuidado que mais pessoas têm e outras não, tem pessoas que não ligam pra cuidar do meio ambiente às vezes a gente cuida e as pessoas deixam correr solto joga lixo em qualquer lugar as vezes a prefeitura vem e limpa e torna a jogar no mesmo lugar ele não se toca e ta servindo pra prejudica sua própria saúde dele e então são coisas que a gente aprende e vê as coisas erradas porque as nossa saúde é importante não só pra uma pessoa mas para todo ser humano. Página 50 - Laurete Maria de Souza e Edneuza Alves Trugillo

Para os alunos, ao mencionar às atividades relacionadas à Educação Ambiental que são desenvolvidas pela professora, relatam que: (03) Aluna B: A professora tem trabalhado muito bem, tem passado como nos devemos cuidar das plantas, do lixo, como devemos cuidar dessas coisas domésticas, educação vem do berço, se não aprendemos cuidar de nossa casa nos não sabemos cuidar la fora, então educação primeiro para depois sairmos pronto para que possamos estou firme para que o que vou fazer, eu acho assim. (04) Aluno C: Olha sobre o que a gente estudou pouco com a professora Alice, sujeira nos rios, por exemplo, assim não ta jogando lixo que se torna sobre acumulação danos até a própria vida da gente sobre isso ai. (05) Aluno D: Aqui a questão sobre o meu pensar é muito bom nas escolas o pessoal sempre ensinando dando palestra em todo canto sempre contribuindo, não aprende quem não quer, porque a gente tem que ver o que ta acontecendo, abrir o olho de agora pra frente pra não piorar as coisas a gente mesmo apanha por causa da gente a gente vive sofrendo por causa de nos mesmos, não cuida. Procurar entender os currículos reais, complexos e enredados que existem nas práticas de professores de cada escola e de cada turma é um desafio, pois ao elaborar um currículo compromissado com estratégias e objetivos que sanem as dificuldades e obtenham o ideal no qual é a construção do conhecimento para ser um sujeito crítico e participativo em seu meio, é necessário a participação coletiva dos envolvidos nesse processo. Assim como muitos, a professora participante da pesquisa relata que ela e o esposo vieram de Corumbá/MS a procura de melhores condições de vida. Naquela época ainda não era professora, era uma adolescente, recém-casada finalizando o curso de magistério em 1995, de lá pra cá até os dias de hoje atua em sala de aula. Na compreensão da professora, (06) Professora A: A falta de conscientização de todos os Sinopenses, independente se sejam ricos, pobres, cor de rosa, amarelos, de todos, todos que se nos tivéssemos consciência nós PERCEPÇÃO AMBIENTAL ATRAVÉS DA PRÁTICA PEDAGÓGICA NO ENSINO DE JOVENS E ADULTOS - Página 51

conseguiríamos mudar isso, mas nós somos apenas um pingo no i pra muitas pessoas adquirir consciência. Para a professora fazer acontecer a EA é algo que: (07) Professora A: [...] já traz consigo algo da nossa família, dos nossos pais passam pra nós, é uma cultura já vem conosco então pra cada um e de uma maneira de ver e observar [...]. Descreve-nos que as atitudes de EA que usava com os filhos quando eram crianças, são decorrências positivas que observa acontecer nos dias atuais. Assim, a professora relata que: (08) Professora A: Agora sim, eu pensava assim tão banal que eu passava para meus filhos não joga lixo no chão, quando não achar lixeiro coloque no bolso, e hoje é assim dou risada [ênfase], percebo que alguma coisa consegui plantar com meus filhos então e assim vem, vem da família pra mostrar consciência pra cada um. Quando trabalham a EA com os alunos eles demonstram bastante interesse. A fala da professora nos remete a refletir da importância dos valores que construímos desde crianças, do respeito para com o ser humano em cuidarmos do ambiente em que vivemos. O sujeito que é respeitado e valorizado dentro de sua cultura tem a consciência de construir para si mesmo e o meio em que vive possibilidades de melhor qualidade de vida, ligando aberturas pertinentes para a responsabilidade social que tem com o meio ambiente. Percebe-se que o profissional que está lidando com pessoas, busca construir um mundo melhor para si e para os que os que estão no seu entorno, pois temos a necessidade em sermos profissionais compromissados. 3 METODOLOGIA Realizamos a pesquisa na Escola Municipal de Educação Básica Jurandir Liberino de Mesquita, Sinop, Mato Grosso, os sujeitos de nossa pesquisa foram a professora e os alunos que atuam na II fase do 1º segmento da Educação de Jovens e Adultos. Página 52 - Laurete Maria de Souza e Edneuza Alves Trugillo

Usamos a metodologia qualitativa, aplicamos a entrevista semiestruturada tanto para a professora, como para os alunos envolvidos na pesquisa e os desenhos dos mapas mentais. Entrevistamos 13 (treze) alunos que frequentam a sala da EJA, portanto destes entrevistados, 5 (cinco) não realizaram a técnica do mapa mental. As entrevistas foram gravadas em áudio e transcritas respeitando seu anonimato e sua identidade. A partir da entrevista, verificamos como percebem o ambiente em que estão inseridos e a concepção sobre a educação ambiental. Após a prática dos mapas mentais, realizamos a leitura, a revelação e interpretação dos mapas mentais de como os alunos da EJA definem o meio ambiente, educação ambiental e a visão acercada dos diversos problemas ambientais, objetivando analisar a percepção dos mesmos em relação à Educação Ambiental. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Entendemos que as possibilidades de desenvolver um trabalho de Educação Ambiental coerente com o meio no contexto escolar são inúmeras, mas deve estar articulado com a proposta pedagógica da escola e a um trabalho que efetive a sensibilização ambiental a partir da prática pedagógica do professor compromissado com a aprendizagem do educando, proporcionando uma capacidade de assumir uma presença consciente. Observaram-se através dos resultados das interpretações dos mapas mentais, permitindo identificar na visão dos sujeitos entrevistados, de que é percebido que o educando entende a necessidade de participação dele e das pessoas enquanto agente transformador na sociedade na busca de soluções para amenizar os problemas locais. A escola é o lugar adequado para efetivação de um ensino participativo e ativo para o desenvolvimento de cidadania e um sujeito conhecedor na busca de um entendimento diante de cada situação, sensibilização ambiental a partir da prática pedagógica dos professores. Entretanto, é de suma importância que os professores despertem o interesse dos alunos uma postura crítica ajudando na formação de um sujeito crítico, dessa forma, o estudo da percepção ambiental é de fundamental importância para que se possam abranger melhor as inter-relações entre o homem e o ambiente, pois, cada pessoa percebe, reage e responde diferentemente as ações sobre o ambiente em que vive. É importante destacar que a escola torna-se um espaço fundamental para a relação e aplicabilidade da educação ambiental, podendo estas tornarem-se multiplicadoras dos conhecimentos adquiridos. Para um trabalho efetivo de sensibilização ambiental, precisamos PERCEPÇÃO AMBIENTAL ATRAVÉS DA PRÁTICA PEDAGÓGICA NO ENSINO DE JOVENS E ADULTOS - Página 53

ter clara a importância do desenvolvimento de uma consciência ambiental para a preservação do meio que estamos inseridos. O ensino no contexto escolar da Educação Ambiental articulada às práticas só será possível com o desenvolvimento pleno do ser humano na busca por uma educação concreta e ativa com professores e alunos autônomos, conscientes e capazes de fazer a mudança. A educação ambiental é uma atuação permanente em que a comunidade educativa tem a tomada de consciência de sua realidade em que está inserida. ENVIRONMENTAL PERCEPTION THROUGH PEDAGOGICAL PRACTICE IN EDUCATION FOR YOUTH AND ADULTS ABSTRACT The presented text is from a research held in the Municipal School of Basic Education Jurandir Liberino de Mesquita with students who are attending the 1st segment of Phase II of the Basic Education titled - Environmental perception through pedagogical Practice in education for youth and adults. Environmental education as transversality permeates the educational training to provide a responsible, critical and participatory education, giving transformative decision-making in the environment that keeps on the construction of a sustainable, healthy and socially fair future. Therefore, in order to promote the collective community participation in its construction, public policies come to make this a reality. When taught, attitudes and values are absorbed as favourable results, the practices developed through environmental education make us to understand how the construction of social values, science and focuses attitudes for the preservation of life in the environment occur. Keywords: Pedagogical Practices. Environmental Perception. Teacher and student. REFERÊNCIAS ALUNO A. Aluno A: depoimento. [24 nov. 2011]. Entrevistadora: Laurete Maria de Souza, Sinop - MT, 2012. Gravação Digital (5 min 53 seg). Entrevista concedida para Trabalho de Conclusão de Curso sobre Percepção Ambiental: contextos e possibilidades no cotidiano da educação de jovens e adultos EJA. Página 54 - Laurete Maria de Souza e Edneuza Alves Trugillo

ALUNA B. Aluno B: depoimento. [24 nov. 2011]. Entrevistadora: Laurete Maria de Souza, Sinop - MT, 2012. Gravação Digital (7min 35seg) Entrevista concedida para Trabalho de Conclusão de Curso sobre Percepção Ambiental: contextos e possibilidades no cotidiano da educação de jovens e adultos EJA. ALUNO C. Aluno C: depoimento. [24 nov. 2011]. Entrevistadora: Laurete Maria de Souza, Sinop - MT, 2012. Gravação Digital (4min 54seg) Entrevista concedida para Trabalho de Conclusão de Curso sobre Percepção Ambiental: contextos e possibilidades no cotidiano da educação de jovens e adultos EJA. ALUNO D. Aluno D: depoimento. [24 nov. 2011]. Entrevistadora: Laurete Maria de Souza, Sinop - MT, 2012. Gravação Digital (6min 10seg) Entrevista concedida para Trabalho de Conclusão de Curso sobre Percepção Ambiental: contextos e possibilidades no cotidiano da educação de jovens e adultos EJA. FREIRE, Paulo. Professora sim, tia não: Cartas a quem ousa ensinar. São Paulo: Olho D água, 1993. BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais. Meio ambiente: saúde/ Secretaria de Ensino Fundamental. 3 ed. Brasília, 2001. PROFESSORA A. Professora A: depoimento. [24 nov. 2011]. Entrevistadora: Laurete Maria de Souza, Sinop - MT, 2012. Gravação Digital (5min 53seg) Entrevista concedida para Trabalho de Conclusão de Curso sobre Percepção Ambiental: contextos e possibilidades no cotidiano da educação de jovens e adultos EJA. REIGOTA, M. O que é educação ambiental. São Paulo: Brasiliense, 1994. MATO GROSSO. Secretaria da educação e Cultura Seduc. Orientações Curriculares da Educação Ambiental. Disponível em: < http: www.seduc.mt.gov.br/download_file.php?id=9966 >. Acesso em: 10 set. 2014. PERCEPÇÃO AMBIENTAL ATRAVÉS DA PRÁTICA PEDAGÓGICA NO ENSINO DE JOVENS E ADULTOS - Página 55