Trabalho de Conclusão do Curso Trilha das Borboletas: Apresentação de jogo didático para a educação ambiental Camilla Ribeiro Nery Curso de Ciências Biológicas Belo Horizonte - MG 2010
Camilla Ribeiro Nery Trabalho de Conclusão do Curso Trilha das Borboletas: Apresentação de jogo didático para a educação ambiental. Trabalho de Conclusão do Curso apresentado junto ao Curso de Ciências Biológicas do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix, como requisito parcial para obtenção do titulo de licenciado no curso de Ciências Biológicas. Orientador Fábio Augusto Rodrigues e Silva Belo Horizonte - MG 2010
(...) a ciência sozinha não basta para estabelecer a convivência inteligente entre os homens. Rubem Alves
AGRADECIMENTOS Primeiramente ao meu professor e orientador Fábio Augusto, pela a paciência, amizade e por está sempre presente ao meu lado durante a minha graduação. As minhas amigas(os) de sala: Ana Luíza, Adriana, Carolina, Mariana Ramos, Juninho, Raquel, em especial a Luciana Almeida, que sempre esteve disposta a me ajudar em qualquer momento e ao Patrick Thadeu que me ajudou na elaboração do meu pré-projeto. Ao pessoal do Laboratório de Educação Saúde e Meio Ambiente (LAESA) do Centro de pesquisa René Rachou, em especial, Mariana Bertelle, Maria Cecília e Izabela Brito que sempre me estimularam na área da educação. E a minha família, especialmente a minha mãe Maria Amélia e a minha tia Elza Ribeiro, por saber respeitar a minha ausência e pelos carinhos constantes.
RESUMO Neste trabalho apresentaremos o processo de construção do jogo Trilha das Borboletas que tem como objetivo se tornar um material didático de apoio pedagógico para as atividades de Educação Ambiental. Os jogos são uns dos tipos de atividades lúdicas que favorecem na construção do conhecimento do educando e ajuda no desenvolvimento do seu comportamento estimulando a interação social. O jogo Trilha das borboletas é constituído de um tabuleiro, quatro blocos de cartas, uma roleta e uma cartilha sobre as orientações do jogo. Ao longo do jogo o participante é desafiado a responder as perguntas sobre o meio ambiente. A metodologia do jogo é baseada nos jogos de tabuleiro modernos. Ao término do jogo espera-se observar uma disseminação de conhecimentos e uma sensibilização sobre a importância da preservação do meio ambiente. Palavras-chaves: Material lúdico, Educação Ambiental, Trilha das Borboletas.
INTRODUÇÃO Desde 2009, na Unidade Fazendinha do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix, situado na cidade de Sabará, no distrito de Santo Antonio de Roça Grande em Minas Gerais tem sido desenvolvido um projeto de extensão, Trilhas Ecológicas na Fazenda Experimental Agro-Ecológica Izabela Hendrix, Sabará/MG coordenado por professores do curso de Ciências Biológicas, com a elaboração de uma atividade que foi nomeada com Trilha das Borboletas. O projeto envolve a participação de graduandos do curso de Ciências Biológicas. Estes graduandos desenvolvem atividades diversas sobre educação ambiental (EA), como: dinâmicas, palestras e a visita monitorada na trilha. Essa atividade de visita a trilha tem como principal objetivo fortalecer os fundamentos pedagógicos dessa atividade e impedir os impactos que podem ser provocados por visitações descontroladas nessa área (CRISTO, 2009). O presente artigo tem como objetivo a apresentação de um material lúdico, o jogo Trilha das Borboletas, que deve promover de uma forma mais lúdica o conhecimento sobre aspectos relacionados à questão ambiental de modo a se tornar material de apoio às atividades desenvolvidas no projeto e também em escolas. Segundo ALMEIDA (2003), a atividade lúdica apresenta uma importância relevante na educação da criança, do jovem e do adulto, e está distante de ser uma atividade superficial ou uma brincadeira vulgar. Ela apresenta uma ação de transformação do conhecimento, em que o conhecimento individual é construído de acordo com o pensamento coletivo.
DESENVOLVIMENTO A educação ambiental e os jogos pedagógicos Para enfrentar o grande desafio de realizar uma educação ambiental preocupada na aprendizagem de conceitos, hábitos e atitudes o governo brasileiro a partir do ano de 1997 apresentou para as escolas públicas os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), elegendo o Meio Ambiente como um Tema Transversal (BARRETOS e SIQUEIRA, 2000). Segundo o Ministério da Educação, os Temas Transversais são instrumentos para se abordar nas escolas as questões sociais. Essas questões devem ser trabalhadas para a aprendizagem e a reflexão do educando na sua formação como cidadão (BARRETOS e SIQUEIRA, 2000) Na apresentação dos temas transversais, o tema ética é identificado como um eixo norteador dos outros temas que são o meio ambiente, a pluralidade cultural, a saúde e a orientação sexual. Na seção sobre o tema transversal Meio Ambiente é afirmado que: A principal função do trabalho com o tema Meio Ambiente é contribuir para a formação de cidadãos conscientes, aptos a decidir e atuar na realidade socioambiental de um modo comprometido com a vida, com o bem-estar de cada um e da sociedade, local e global. Para isso é necessário que, mais do que informações e conceitos, a escola se proponha a trabalhar com atitudes, com formação de valores, com o ensino e aprendizagem de procedimentos. (BRASIL - PCN Meio Ambiente 1998). Neste sentido, o documento sobre Meio Ambiente adota os pressupostos teóricos e metodológicos da EA definidos em conferências no século XX, como Belgrado, Tbilisi e Moscou. Esses pressupostos são considerados como uma alternativa para os educadores que necessitam desenvolver esse tema em suas aulas (DIAS, 2000). Destaca-se que ao trabalhar esse tema durante as aulas é possível mostrar a sua relevância na sociedade e trabalhar de forma interdisciplinar. De fato, é importante enfatizar que a questão ambiental não pode ficar restrita as aulas de Biologia, o entendimento do meio ambiente e dos problemas ambientais passa por contribuições de outras disciplinas, como Português, Matemática, Geografia ou História (JACOBI, 2003 e 2004).
Uma das alternativas para realizar uma boa prática de Educação Ambiental é a utilização de jogo pedagógico. NUNES (2004) afirma que os educadores desenvolvem jogos pedagógicos com a intenção de promover a aprendizagem significativa. O ato de jogar pode estimular a construção de novos conhecimentos e despertar a capacidade cognitiva e apreciativa específica que transforma o indivíduo aumentando a sua capacidade de compreensão e a intervenção nos fenômenos sociais e culturais. Porém, essa importância de utilizar o jogo como material de apoio educacional, nem sempre é considerada por alguns educadores, pois associam o jogo como uma atividade prazerosa, mas pouca importância para o desenvolvimento do individuo (GOMES et al 2001). Essa visão, em geral, acarreta na pouca utilização dos jogos nas escolas e com isso o seu desconhecimento como material didático. Entretanto, a elaboração de um material lúdico, em especial o jogo, pode preencher algumas lacunas deixadas no processo educacional e pode se constituir em estratégias importantes para o desenvolvimento do indivíduo em relação ao conhecimento, personalidade e comportamento. (CAMPOS et al, 2002). Os jogos podem permitir que o educando seja apresentado a vários assuntos associado com a EA e a sua relevância na atualidade. O jogo parece proporcionar ao educando a interatividade e o conhecimento sobre o assunto trabalhado. De acordo com MIRANDA (2001) apud MARTINEZ et. al. (2008) o fato dos jogos serem uma atividade lúdica, divertida e prazerosa favorece a forma de ensino, sendo uma estratégia de trabalho do educador para melhorar o desempenho do educando em conteúdos de maior dificuldade a serem trabalhos em sala de aula. Com isso, os jogos são ferramentas eficientes para ser trabalhados em sala de aula com vários níveis de ensino e em diversas áreas de conhecimentos. Apresentação do jogo O jogo Trilhas das Borboletas é um jogo de tabuleiro que se inspira nos seus modelos mais modernos de origem alemã. Nesse tipo de jogo, são elaboradas estratégias que privilegiam um maior dinamismo com participação
contínua e efetiva do jogador. Esses jogos começaram a se popularizar no final do século XX em muitas partes do mundo, como na Europa e nos Estados Unidos, porém muito pouco utilizado no Brasil, com isso a informações nesse novo modelo de jogo é muito escasso (STUMPT, 2007). O jogo Trilhas das Borboletas é direcionado para o público na faixa etária acima de 12 anos, sendo com um foco principal os educandos da 7ª serie; ou seja 8º ano do Ensino Fundamental. O jogo é constituído de um tabuleiro, quatro blocos de cartas, uma roleta e uma cartilha sobre as orientações do jogo regras. (Imagens 1, 2 e 3) Imagem 1:Tabuleiro Imagem 2: Roleta
Imagem 3: cartas Apresentação das cartas Carta pergunta O jogo contém quarenta cartas, sendo divididas em quatro categorias que apresentam como tema: Água, Solo/desmatamento, Reciclagem/lixo e Biodiversidade da trilha, representadas pelas cores respectivamente, azul, vermelho, amarelo e verde (Imagem 4). Cartas Água Cartas Solo/ desmatamento Cartas Reciclagem/Lixo Cartas Biodiversidade Imagem 4: Cartas perguntas
Nas cartas são apresentadas perguntas de acordo com cada categoria. A elaboração das perguntas foi realizada de acordo com a faixa etária trabalhada com o jogo, sendo utilizada como bibliografia básica: livros didáticos, matérias educativos, como apostilas e sites na internet, sempre valorizando as informações atualizadas. Os temas tratados nas cartas perguntas possuem uma relevância no cenário atual, com isso reforçando a idéia da importância da preservação do meio ambiente e as conseqüências da degradação ambiental. Regras do jogo O tabuleiro elaborado foi inspirado na estrutura da Trilha das Borboletas na Fazendinha em Sabará. Os alunos poderão observar no tabuleiro alguns exemplares de animais desse lugar, reforçando a importância da relação do ser humano com o meio ambiente e apresentando informações sobre a biodiversidade do fragmento florestal de interesse. Para se iniciar o jogo, são exigidos o mínimo 4 participantes e o máximo 8 participantes. A ordem de cada participante é definida de acordo com o número que cada um obtém na primeira rodada da roleta, porém se dois ou mais participantes tiram o mesmo número, roda-se novamente a roleta até definição final. Para se iniciar a partida o primeiro jogador roda novamente a roleta, o que define a quantidade de pegadas (casa) terá que andar no tabuleiro. Como cada pegada é de uma cor (azul, vermelho, amarelo e verde), quando o participante parar em determinada pegada, será feita uma pergunta sobre o tema correspondente a cor da pegada. A leitura da carta pergunta é sempre realizada pelo participante que jogou, andou e respondeu a pergunta, pela última vez. Se o participante errar a pergunta, deve voltar o número de casa que está estabelecido na carta pergunta e se acertar deverá permanecer na mesma casa. O vencedor do jogo é o participante que percorrer toda a trilha.
Avaliação do jogo O jogo foi testado em uma escola de rede particular na cidade de Belo Horizonte, com os alunos da 6 série/ 7º ano, com a faixa etária de 12 e 13 anos, de ambos os sexos. Foram realizados dois dias de avaliação, cada dia participaram 16 alunos, ou seja, 32 alunos realizaram o teste. Os alunos realizaram essa atividade no Laboratório da escola. Durante a atividade, foram observados o comportamento e as dúvidas dos educandos quanto ao jogo e suas regras. Eles não tiveram o apoio dos professores e da autora deste artigo para suas respostas, contando com seus conhecimentos sobre o assunto para responder as questões. Alguns educandos apresentaram mais dificuldade de responder as perguntas e prosseguir no jogo, o que ressalta a necessidade de não se utilizar perguntas complexas que desaceleram e dão pouco dinamismo ao jogo. Cada grupo levou cerca de 30 a 40 minutos para terminar o jogo. No geral, o jogo foi aprovado pelos educandos e pelos educadores. Em relação ao tabuleiro e a dinâmica do jogo, os educandos gostaram, acharam bem interessante a relação das cores das pegadas (casas) com as cartas perguntas. Os alunos acharam o jogo divertido e conseguiram relembrar assuntos já tratados em sala e disseram que o mesmo trouxe informações novas e interessantes.
Considerações finais A utilização dos materiais lúdicos nas salas de aula pode ser uma importante estratégia para a aprendizagem de Ciências e de conhecimentos relativos a Educação Ambiental. Neste sentido, destaca-se que os jogos didáticos são ferramentas que auxiliam na aprendizagem, sendo uma das atividades lúdicas que favorece no processo de aprendizagem e a interação social e estimula o interesse do educando pelo o conhecimento (Campos et al. 2002). Desse modo, com a apresentação do jogo Trilhas das Borboletas acredita-se que se oferece ao projeto de extensão e aos professores de Ciências, uma atividade lúdica dinâmica e que proporciona conhecimento e diversão para os educandos.
Referências Bibliográficas ALMEIDA. A. Ludicidade como instrumento pedagógico. Cooperativa do Fitness. Recreação. Disponível em http://www.cdof.com.br/recrea22.htm. Acesso: BARRETOS e SIQUEIRA. R. M. Parâmetros Curriculares Nacionais - Meio Ambiente e Saúde. Dp&a, vol. 9. 2000. 128 p. BRASIL, Secretária de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclo: apresentação dos temas transversais. Brasília: MEC/ SEF, 1988. 436 p. CAMPOS, L. M. L. BORTOLOTO, T.M. FELÌCIO, A.K.C. A produção de jogos didáticos para o ensino de ciências e biologia: Uma proposta para favorecer a aprendizagem. Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho. Disponível em: http://www.unesp.br/prograd/pdfne2002/aproducaodejogos.pdf. Acesso: 04 de Abril de 2010. CRISTO, Gabriela Stephanie Peres, et al. Implantação de uma trilha interpretativa na Unidade Fazendinha do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix, Sabará, Minas Gerais - um processo de formação de educadores ambientais In: VII Simpósio de Formação e Profissão Docente, 2009, Mariana/MG. VII Simpósio de Formação e Profissão Docente. Mariana: Universidade Federal de Ouro Preto, 2009 DIAS, Genebaldo Freire. Educação ambiental: princípios e práticas. 5. ed. São Paulo: Gaia, 2000. 400p. GOMES, R. R.; FRIEDRICH, M. A Contribuição dos jogos didáticos na aprendizagem de conteúdos de Ciências e Biologia. EREBIO Encontro Regional de Ensino de Biologia 1, Rio de Janeiro, 2001, Anais p.389-92. JACOBI, P. Educação e meio ambiente transformando as práticas. Revista brasileira de educação ambiental/ Rede brasileira de educação ambiental. N.0 Brasília: Rede Brasileira de Educação Ambiental, 2004. 140p. Disponível em: http://www.ufmt.br/remtea/revbea/pub/revbea_n_zero.pdf#page=28. Acesso: 11 de Abril de 2010. MARTINEZ, E. R. M., FUJIHARA, R.. T., MARTINS, C. Show da genética: Um jogo interativo para o ensino de genética 13/05/2010. Dia a dia educação. Portal Educacional do Estado do Paraná. Disponível em:http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/diaadia/diadia/arquivos/file/conteudo/artigos _teses/biologia/artigos/showgene.pdf. Acesso: 13 de Maio de 2010. NUNES, A. R. S. C. A. O Lúdico na Aquisição da Segunda Língua. Língua Estrangeira. Artigos. Disponível em: http://www.linguaestrangeira.pro.br/artigos_papers/ludico_linguas.htm. Acesso: 15 de Maio de 2010. STUMPT, R. Há espaço para os jogos de tabuleiro modernos? Game cultura. Textos. Disponível em: http://www.gamecultura.com.br/midia/textosfp/gamedesign/21- tabuleiros-cartas-afins/475-ha-espaco-para-os-jogos-de-tabuleiro-modernos. Acesso: 15 de Maio de 2010