REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE HOMENS CASADOS E SOLTEIROS A RESPEITO DA UNIÃO ESTÁVEL



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Transcrição:

1 REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE HOMENS CASADOS E SOLTEIROS A RESPEITO DA UNIÃO ESTÁVEL Patrícia Ennes UERJ Celso Pereira de Sá UERJ Proponente: Patrícia Ennes E-mail: patrícia_ennes@ig.com.br A união estável é um tipo de vínculo conjugal existente, como concubinato, desde a antiguidade em diversas culturas, com um conteúdo afetivo e imaginário particular. Em consonância com as mudanças sociais, o novo Código Civil, de acordo com a Constituição da República de 1988 que utilizou a expressão união estável em substituição ao termo concubinato, retira a união estável da categoria de concubinato e a introduz num conceito atual de família. A união estável, uma prática antiga, tornou-se então um novo arranjo conjugal do ponto de vista jurídico, gerando representações sociais distintas a seu respeito, as quais são compartilhadas por grupos específicos. Como fato novo, esse arranjo gera estranhamento nos atores sociais e, ao mesmo tempo, uma tentativa de ancorá-lo em eventos já conhecidos e semelhantes. Esse processo ocorre a partir do debate social criado com intuito de construir um sentido comum, consensual, para esse fenômeno jurídico inédito. Dessa maneira, são construídas e compartilhadas representações sociais a esse respeito, no que a mídia tem um papel fundamental. A união estável deve ser compreendida como um fenômeno inserido num cenário de mudanças profundas em diversos setores da vida social, inclusive nas formas de conceber e vivenciar a conjugalidade e a família. Nesse contexto social, marcado de modo particular pela multiplicidade dos arranjos conjugais e familiares, o novo Código Civil afirma: é reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família (BRASIL, 2002, p.1.834). A definição da vivência em comum foi alterada por um elemento jurídico novo, o qual tem estabelecido novos problemas e incluído novos dados na relação afetiva.

2 A união estável e, mais especificamente, a maneira como essa modalidade de vida conjugal se coloca hoje para os sujeitos sociais é uma questão privada, no sentido de como atinge cada um em nossa época; e, simultaneamente, uma questão pública, visto que seus impasses no momento da separação quando é preciso comprovar a existência dessa relação são explicitados num espaço público, no qual do ponto de vista legal eles serão resolvidos. Observamos, inclusive, que o tema da união estável tem, através da divulgação pela mídia de casos problemáticos envolvendo pessoas conhecidas, se tornado cada vez mais público e passado, de forma crescente, a fazer parte das conversas cotidianas. Nessas conversas ou nos discursos dos sujeitos sobre esse objeto, encontramos representações sociais construídas com o objetivo prático de lidar com o mesmo na vida social. O reconhecimento da união estável como entidade familiar representa um avanço significativo no campo da cidadania, uma vez que concede aos companheiros direitos anteriormente permitidos somente àquelas pessoas casadas, como o direito à sucessão. Não obstante, ao mesmo tempo em que a legalização desse arranjo conjugal favorece os conviventes com tais direitos, deveres são atribuídos aos mesmos a partir do momento em que constituem a relação de união estável. Nesse aspecto dos direitos e deveres, pode-se incluir a regra jurídica segundo a qual, em caso de separação, o patrimônio comum é dividido pela metade, ficando 50% para cada membro do casal. A partir das modificações instituídas pelo novo Código Civil, observamos que os temas referentes a esse arranjo e à conseqüente rediscussão em torno do que significa viver junto passaram a ser algo relevante dentro das cenas sociais. A existência de um debate relativo à união estável, evidenciado através das diferentes posições manifestadas pelos sujeitos sociais no decorrer de vários períodos históricos, demonstra a importância que essa modalidade de relação conjugal teve no passado e continua a ter hoje, diante das mudanças jurídicas, para todos aqueles que lidam com ela em sua vida cotidiana. A historicização dessa forma de relação revela que, apesar de ser considerada um tipo de vínculo moderno, a mesma existiu, como concubinato, desde a antiguidade em diversas sociedades. Sua presença histórica destacou-se como particularmente importante no Império Romano, na Grécia Antiga e no Brasil Colonial. Entretanto, esse tipo de vínculo passou na atualidade a constituir um fenômeno jurídico novo que, como tal, gera, além de estranhamento, dificuldades tocantes à sua assimilação e incorporação na vida cotidiana.

3 Na tentativa de lidar com esse novo acontecimento são criadas, no âmbito público, redes de compartilhamento que objetivam a construção de um consenso a seu respeito. No intuito de investigar a representação social da união estável e do seu reconhecimento na classe média do Rio de Janeiro, está sendo desenvolvido um estudo, através de um extenso questionário aplicado a 304 sujeitos, distribuídos entre casados, solteiros, em união estável e separados. O presente trabalho apresenta resultados parciais dessa pesquisa, tendo como base dois subgrupos distintos quanto à situação conjugal: homens casados e homens solteiros. No que se refere ao reconhecimento da união estável como entidade familiar pelo novo Código Civil, os homens casados sabem bastante mais a respeito desse novo fato jurídico que os homens solteiros. Os primeiros, em sua grande maioria, obtiveram tal informação através da mídia, e os segundos, através da mídia e de outras fontes. A possibilidade da feitura em cartório de um contrato constitutivo de união estável é um fato conhecido por 70% dos casados e desconhecido por aproximadamente 56% dos solteiros. Da mesma forma, a possibilidade de conversão da união estável em casamento é um aspecto sobre o qual 65% dos casados sabem a respeito, ao contrário dos solteiros, visto que 75% o ignoram. O regime de comunhão parcial de bens vigente na união estável, entretanto, é um aspecto sobre o qual a maioria dos sujeitos dos dois grupos concorda, com predomínio maior dos casados nesse assentimento. Porém, a não exigência legal da convivência sob o mesmo teto para a caracterização da união estável é um aspecto sobre o qual aproximadamente três quintos dos homens solteiros concordam e três quintos dos casados discordam. Além disso, metade dos homens casados e praticamente metade dos solteiros concordam com a legalização da união estável. Para 50% dos homens casados e 67% dos solteiros, a união estável está decisivamente mais próxima do casamento do que do concubinato. Segundo os homens casados, os principais termos aplicáveis a alguém que vive em união estável são: companheiro(a), marido ou mulher e cônjuge. E, de acordo com os solteiros, aqueles que optam por esse arranjo podem ser chamados de companheiro(a), parceiro(a) e namorado(a). Esses dados parecem indicar que o tipo de vínculo conjugal influencia a representação dos sujeitos investigados a respeito da união estável, tendo ambos os grupos se posicionado de maneira diferenciada em relação a grande parte das questões específicas

4 tocantes a informações atinentes a esse arranjo. Podemos supor ainda que o grau de informação obtido no tocante a união estável influi na forma como os sujeitos dos dois grupos vêem esse tipo de vínculo conjugal e se posicionam em relação a ele. Palavras-chave: representações sociais, união estável, mídia, homens. EIXO TEMÁTICO: MÍDIA, COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM 1. INTRODUÇÃO A união estável é um tema antigo, considerando-se seu tempo de existência, e novo, em razão de seu reconhecimento jurídico. Essa modalidade de relação conjugal deve ser compreendida como um fenômeno inserido num contexto de mudanças profundas em diversos setores da vida social, inclusive nas formas de conceber e vivenciar a conjugalidade e a família, as quais, na atualidade, não estão necessariamente referidas uma a outra. Existem, hoje, diversas formas de organizações familiares, diferentes daquelas representadas tradicionalmente pela composição pai-mãe-filhos. Assim como a paternidade e a maternidade se dissociaram da conjugalidade, esta pode ser vivenciada de múltiplas maneiras, dentro ou fora do casamento. As transformações sociais ocorridas no período cuja demarcação se estende do final do século XIX até a segunda metade do século XX tiveram implicações profundas no campo da conjugalidade, especialmente no que se refere ao rompimento da tradição e à possibilidade de existência de formas múltiplas de vivenciar o vínculo conjugal, que se diferenciam da concepção hegemônica representada pelo casamento. Essa possibilidade de se vincular conjugalmente a alguém de uma maneira diferente do padrão tradicional vigente em outrora, sem ter como conseqüência uma perda do reconhecimento social, e podendo, inclusive, se identificar socialmente com pares que vivem da mesma forma, significa um avanço substantivo na maneira de lidar com a conjugalidade no plano social e remete ao tema da alteridade fundamental tanto na área de estudos da conjugalidade quanto na teoria das representações sociais. A união estável, uma vez que se constitui como uma relação baseada na escolha individual, estaria, em princípio, mais próxima da alteridade, visto que, dada a maneira

5 como se constitui é, em geral, o afeto e não os referenciais externos o que determina a sua existência. As mudanças sociais ocorridas especialmente na segunda metade do século XX permitiram que a conjugalidade pudesse ser vivenciada em uma relação não oficial, fato que, se considerarmos que até o final do século XIX, a maioria dos casamentos acontecia por meio de arranjos entre famílias dos noivos, representa um avanço substancial na vida privada e uma proximidade maior com o princípio da alteridade. Entretanto, embora aceita pela maioria dos segmentos sociais, a união estável passou, após a sua legalização, a, especialmente no momento de separação, envolver uma série de problemas que comprometem essa dimensão. A união estável pode ser entendida como uma nova forma de viver a conjugalidade, livre das imposições da tradição, que impunha uma série de regras prévias como valor a ser seguido, sob risco de discriminação, por alguém que iniciasse e mantivesse uma relação conjugal com outra pessoa. Nessa trajetória, alternaram-se elementos considerados mais tradicionais e outros mais modernos nas representações existentes a seu respeito. Giddens (2002) afirma, nesse sentido, que em muitas culturas tradicionais e em praticamente todos os sistemas religiosos racionalizados existem concepções ontológicas, embora as mesmas possam estar em tensão significativa com a realização das próprias práticas tradicionais. No momento em que a tradição impunha uma única maneira de vivenciar a conjugalidade, através do casamento, tinha-se uma sensação de segurança em relação à vida conjugal ao futuro, inclusive e, ao mesmo tempo, um desconforto suscitado pela falta de liberdade pessoal para experimentar a vida a dois de outras maneiras não tradicionais que se adequassem à vontade e ao estilo de vida de cada casal. Essa tensão ocorreu em meio a um processo contínuo de mudança social, dentro do qual houve nas práticas cotidianas um aumento acentuado do número de uniões conjugais não oficiais, dando origem ao advento da união estável, fenômeno jurídico novo. O reconhecimento jurídico da união estável estabeleceu um diálogo a respeito dessa forma de relação conjugal que se constitui pela conversação e pelo compartilhamento no âmbito público. Ou seja, a união estável é um fenômeno jurídico novo que gera conversação e, em razão disso, tem publicidade, sendo esse um aspecto central no processo de construção das representações sociais a seu respeito. Entretanto, na publicidade originada pelo debate que se constrói sobre ela a qual, é, ao mesmo tempo, uma exigência

6 legal para configuração desse arranjo, está presente um estranhamento suscitado pela própria mediação do Estado no âmbito da vida privada e suas conseqüências para aqueles que lidam com a união estável em suas práticas cotidianas. Defrontados com uma nova realidade psicossocial que necessita ser traduzida e tornada familiar, os sujeitos sociais constroem representações, que são elaborações a respeito dessa essa realidade a partir do compartilhamento e da busca de consensos, através da ancoragem do novo em categorias familiares pré-existentes. Cabe, então, o entendimento de quais seriam essas representações sociais da união estável, construídas a partir da discussão em torno da sua legalização. 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A UNIÃO ESTÁVEL COMO UM FATO NOVO NO CAMPO DA CONJUGALIDADE: práticas e representações sociais A tematização inaugurada em relação a união estável é responsável pelo desenvolvimento de um saber gerado no senso comum e a manutenção de um saber científico legitimado pelos especialistas, cuja presença na mídia é freqüente. Nesse sentido, há, no que se refere a esse arranjo, uma coincidência entre o aspecto legal e o senso comum, visto que o reconhecimento jurídico desse arranjo foi possível em razão de uma mudança na forma de representar e, conseqüentemente, de lidar com o mesmo socialmente. A união estável, que antes da legalização era considerada concubinato, e, portanto, uma relação ilegítima, imprópria para os padrões sociais vigentes na época, passou a ser vista como uma opção de vida conjugal ligada ao estilo de vida daqueles que a adotam. De acordo com Giddens (2002), na vida social moderna, a noção de estilo de vida assume um significado particular. Esse incremento da noção de estilo de vida está, em nosso entender, intimamente ligado à união estável considerada como acontecimento social freqüente nas práticas cotidianas e, atualmente, como fenômeno jurídico favorecido por sua vez pelo aumento do número de pessoas que optam por essa modalidade de relação conjugal, uma vez que essa noção quando assimilada pelo todo social permitiu que a vida conjugal fosse cada vez mais objeto de escolha individual, ligada à identidade de cada indivíduo, que poderia adotar um estilo de vida conjugal dentre as várias opções conjugais

7 presentes no cotidiano. Nesse processo de escolha, são priorizados todos aqueles atributos sentimentos, cognições ligados à auto-identidade (termo utilizado por Giddens) em detrimento daqueles ligados aos referenciais tradicionais, já enfraquecidos. Visto que a auto-identidade se sobrepõe aos critérios externos, tradicionais, é possível viver em união estável se essa opção se adequar ao estilo de vida e ao modo de ser daqueles que optaram por esse arranjo conjugal. No tocante à união estável, as representações sociais construídas acerca da mesma em contextos sociais específicos podem ser compreendidas como uma forma de conhecimento compartilhada entre homens e mulheres integrantes de grupos sociais distintos a respeito desse arranjo conjugal. Esse conhecimento possui um caráter prático que organiza e estrutura as práticas de convivência e, quanto ao casal que vive em união estável, poderá, em última instância, implicar a manutenção e o rompimento do vínculo conjugal. O conhecimento disponível e compartilhado sobre essa modalidade de vida conjugal é estruturado pelo contexto social e, ao mesmo tempo, estruturante das práticas de convivência. Dentro desse contexto, a função da linguagem se destaca, tendo um papel fundamental no estabelecimento de acordos mútuos entre o casal. Dizem ainda Silva e Chuster (1991) a esse respeito: O casal possui mecanismos psíquicos que são traduzidos pela linguagem comum à cultura que pertencem e à microssociedade que os educou e outorgou-lhes parte de sua particularidade. Esta linguagem é particularmente complexa e possui a lógica de um sentido que não apresenta regra de um simples discurso reduzido. Trata-se aqui não da busca de um sentido como produto de causas, mas da busca de um sentido como a criação de um sujeito na relação com o outro. (p.110) Monteiro (2000) esclarece que no que se refere aos estudos sobre casamento, os teóricos denominados contextualistas defendem a importância das relações subjetivas, afirmando que, assim como a história e a socialização particularizam a experiência dos indivíduos, a língua escolhida para descrições de realidades influi na composição única nesses mundos. A língua compartilha, diferencia e coletiviza simultaneamente as experiências dos indivíduos. Conforme o autor, se aceitarmos que a convivência permite a co-experiência e a formação de uma linguagem comum, o estudo de casais precisa contemplar as características específicas dessa linguagem. A linguagem é também considerada por diversos autores como um aspecto intimamente associado à satisfação conjugal, tendo um papel fundamental no

8 estabelecimento de consensos importantes para sua obtenção. A avaliação do relacionamento como algo satisfatório depende, em grande parte, da percepção pelo casal da quantidade de diálogo existente entre ambos, o que favorece a realização de acordos e, por conseguinte, o estabelecimento de consensos. Observa-se, através de informações oriundas do senso comum e da mídia, que discutir a relação é atualmente considerada uma prática essencial para que a mesma dê certo, ou seja, traga a felicidade esperada e, assim, não se dissolva. Giddens (2002) atribui à linguagem um papel fundamental na mediação da experiência. A linguagem está, segundo o autor, ligada à capacidade de refletir refletividade do eu e dar sentido à experiência. Citando Lévi-Strauss, ele afirma que a linguagem é uma máquina do tempo, que permite a reencenação das práticas sociais através das gerações, ao mesmo tempo em que torna possível a diferenciação de passado, presente e futuro (p.29). Para Giddens (2002), a perda da oralidade teria tido como conseqüência nas sociedades um distanciamento da tradição. É interessante notarmos, nesse sentido, que nas representações sociais construídas a respeito de objetos socialmente valorizados existem elementos novos, indicadores de mudança social, e também outros oriundos da tradição, formando uma espécie de núcleo duro transmitido através dos tempos, pelos discursos, de geração em geração. Uma vez que as representações sociais são construídas e compartilhadas nas conversações cotidianas, a linguagem é aspecto considerado central, também, na teoria das representações sociais, o que se evidencia na vasta produção teórica existente nessa área. É importante lembrar, nesse sentido, que Giddens (2002) aponta a reflexividade do eu, como uma das características da modernidade que, segundo ele, em conjunto com a influência dos sistemas abstratos, afeta de maneira difusa o corpo e os processos psíquicos. Podemos dizer que, assim como o corpo, a vida conjugal é hoje reflexivamente mobilizada, posto que passou a funcionar dentro dos sistemas internamente referidos da modernidade, razão pela qual discuti-la passou a ser algo importante. Essa discussão tem início no âmbito privado, especificamente com casal, na análise de sua vida conjugal, passa algumas vezes pela família de ambos e grupos de amigos, em comum ou não, e se estende ao âmbito público ou social, em sentido mais amplo sendo, inclusive, apropriada pela mídia que, através dos especialistas, reafirma o papel da linguagem na solução de conflitos conjugais.

9 Esse caráter de mediação possuído pela linguagem é considerado pela psicologia, especialmente nas terapias de casal, um importante instrumento na solução de problemas conjugais existentes na permanência do vínculo conjugal, e até mesmo quando o casal se encontra em processo de separação. A busca de consenso através do diálogo é também uma possibilidade almejada pelo Direito de Família durante o processo de separação. Na união estável, o rompimento do vínculo conjugal é muitas vezes complexo na medida em que além da presença daqueles sentimentos comuns na maioria das separações decepção, frustração, tristeza, etc. há muitas vezes uma dificuldade emocional envolvida na partilha dos bens. A sensação de mal-estar decorrente da necessidade de dividir o patrimônio em comum com o companheiro, freqüente nos processos de separação, é agravada quando a união se finda em razão da surpresa que essa imposição legal representa na vida daqueles que optam por esse arranjo, uma vez que viver junto significa muitas vezes para eles estar isento das obrigações jurídicas, próprias do casamento. Em razão dessa idéia de liberdade, desenvolveu-se uma crença de que é mais fácil se separar na união estável do que no casamento. Viver em união estável implica, muitas vezes, um grau menor de compromisso do que casar. Contudo, uma vez legalizado, da mesma forma como acontece com o casamento, incidem sobre esse arranjo uma série de direitos e deveres, sendo um deles a regra segundo a qual, tendo findado a relação de união estável, a menos que haja alguma disposição em contrário explicitada em contrato constitutivo de união estável, o patrimônio comum é dividido entre o casal, ficando metade para cada membro da díade conjugal. Fatores como esse parecem, no momento de separação, trair o princípio de liberdade implícito em uma relação não oficial que, com a promulgação do novo Código Civil (2003), passou a ser oficial. Embora a consideração da união estável seja freqüente nas práticas cotidianas, existe ainda nesse âmbito um grande desconhecimento dos pormenores ligados a sua legalização. Os sujeitos sociais falam a respeito de algo que não conhecem em detalhes. Em geral somente no momento da separação, quando é preciso provar que a relação existe, esse conhecimento dos aspectos legais é adquirido, originando uma série de problemas para aqueles que vivenciam essa modalidade de relação, como atestam os diversos processos de separação na união estável encontrados nas varas de família.

1 A legalização da união estável tem originado uma série de problemas que ultrapassam a objetividade dos fatos jurídicos, remetendo à esfera da subjetividade, aspecto cuja consideração é, segundo o jurista Rodrigo da Cunha Pereira, primordial no tratamento das temáticas do Direito de Família. Ele afirma que as questões colocadas em evidência nessa área não se referem exclusivamente a aspectos objetivos, mas são permeadas pelo afeto. Os assuntos que envolvem a conjugalidade aspecto para a qual, do ponto de vista legal, é preciso estar atento para comprovar a existência da união estável não podem ser tratados sem considerar a afetividade e, por conseguinte, a subjetividade do casal. A teoria das representações sociais favorece a investigação adequada da união estável, visto que oferece uma articulação entre as dimensões cognitiva, afetiva e social (presentes na sua própria noção), que em nível de realidade estão profundamente ligadas. A construção de significação simbólica em torno desse arranjo é concomitantemente um ato de conhecimento e um ato afetivo, dado que, quando sujeitos sociais empenham-se em entender e dar sentido ao mundo, o fazem cognitivamente, mas também com afeto, estando ambos os elementos presentes nas representações construídas em torno desse objeto. 3. RESULTADOS Tabela A - Você sabia que o novo Código Civil Brasileiro passou a reconhecer a união estável como uma entidade familiar legal? Sim 12 75,00% 20 100,00% Não 4 25,00% 0 0,00% Total 16 100,00% 20 100,00%

1 Tabela B - Se você respondeu "sim", como soube disso? amigos 1 8,33% 0 0,00% através da imprensa 0 0,00% 3 15,00% através da mídia 0 0,00% 3 15,00% através de leitura e pela minha irmã que é advogada 1 8,33% 0 0,00% através dos jornais/internet 1 8,33% 5 25,00% através dos noticiários 1 8,33% 0 0,00% através da tv 0 0,00% 2 10,00% através de documentos informativos no setor de trabalho 0 0,00% 1 5,00% comentários de pessoas que passam por isto, e sabem de seus direitos 1 8,33% 0 0,00% conversando com amigos e pessoas da família 1 8,33% 0 0,00% estou cursando o quinto período do curso de direito e estudando para prestar 1 8,33% 0 0,00% concurso público gosto de ler e assistir entrevistas de um modo geral 0 0,00% 1 5,00% na universidade, através da disciplina psicologia judiciária 1 8,33% 0 0,00% por conversa com amigos e pela reportagem vinculada pelo jornal da Rede Globo 1 8,33% 0 0,00% pelos meios de comunicação 0 0,00% 3 15,00% por meio de notícias 1 8,33% 0 0,00% telejornais 1 8,33% 0 0,00% um amigo que já estava namorando uma menina há sete anos, em tom de desabafo, me contou 1 8,33% 0 0,00% rádio 0 0,00% 2 10,00% Total 12 100,00% 20 100,00%

1 Tabela T - Você sabia que o casal pode formalizar em cartório um contrato constitutivo de união estável, pelo qual diversos aspectos são explicitados? Sim 7 43,75% 14 70,00% Não 9 56,25% 6 30,00% Total 16 100,00% 20 100,00% Tabela V - Você sabia que a relação de união estável pode ser convertida, sem grande burocracia, em casamento? Sim 4 25,00% 13 65,00% Não 12 75,00% 7 35,00% Total 16 100,00% 20 100,00% Tabela R - O regime de bens que vigora na união estável, assim como no casamento, é o de comunhão parcial de bens. Portanto, quando o casal que vive em união estável se separa, o patrimônio comum é dividido em 50%. Você está de acordo com essa regra jurídica? Sim 10 62,50% 17 85,00% Não 6 37,50% 3 15,00% Total 16 100,00% 20 100,00%

1 Tabela O - A lei não determina que, para que uma relação seja considerada união estável, o casal viva sob o mesmo teto. O que você pensa sobre isso? Concordo 10 62,50% 6 30,00% Discordo 4 25,00% 12 60,00% Não sei 2 12,50% 2 10,00% Total 16 100,00% 20 100,00% Tabela C' - Como você se posiciona em relação ao fato de um tipo de arranjo conjugal comum nas práticas cotidianas há muito tempo ter passado a constituir uma realidade jurídica com direitos e deveres legais? A favor 9 56,25% 10 50,00% Contra 2 12,50% 4 20,00% Indiferente 5 31,25% 6 30,00% Não respondeu 0 0,00% 0 0,00% Total 16 100,00% 20 100,00% Tabela X - Considerando os aspectos da relação de união estável, você acha que ela está mais próxima do casamento ou do concubinato? Casamento 11 68,75% 11 55,00% Concubinato 5 31,25% 7 35,00% Os dois 0 0,00% 1 5,00% Não respondeu 0 0,00% 1 5,00% Total 16 100,00% 20 100,00%

1 Tabela B' - Assinale qual ou quais dos termos abaixo você acha que se aplicam a alguém que vive em união estável. Convivente 8 10,53% 7 7,22% Marido ou Mulher 7 9,21% 13 13,40% Amigo(a) 5 6,58% 5 5,15% Amante 3 3,95% 6 6,19% Esposo(a) 5 6,58% 12 12,37% Companheiro(a) 15 19,74% 16 16,49% Cônjuge 6 7,89% 12 12,37% Concubino(a) 4 5,26% 7 7,22% Parceiro(a) 12 15,79% 10 10,31% Namorado(a) 9 11,84% 6 6,19% Consorte 1 1,32% 3 3,09% Outro 1 1,32% 0 0,00% Total 76 100,00% 97 100,00% 4. CONCLUSÃO Os dados parciais expostos acima parecem indicar que a representação dos sujeitos investigados a respeito da união estável é influenciada pelo tipo de vínculo conjugal na medida em que ambos os grupos se posicionaram de maneira distinta em relação à grande parte das questões específicas tocantes a informações relacionadas a esse arranjo. Podemos presumir, ainda, que o grau de informação adquirido a respeito da união estável influi na maneira como os sujeitos dos dois grupos vêem essa modalidade conjugal e se posicionam em relação a ela. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Adendo Especial Novo Código Civil. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Código Civil. 53. ed. 2002. São Paulo: Saraiva, 2002. GIDDENS, A. Modernidade e Identidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2002.

1 MONTEIRO, A. M. Repercussões do Paradigma Pós-Moderno na Pesquisa de Relacionamentos Conjugais. Psicologia Ciência e Profissão, ano 20, n. 2, p.38-45, 2000. SILVA, V. C. & CHUSTER, A Mito do casal versus casal do mito. In: VILHENA, J. (Org.) Escutando a Família: uma abordagem psicanalítica. Rio de Janeiro: Relume- Dumará, 1991, p.109-113.