O PROCESSO DE COMPRAS NA PREFEITURA MUNICIPAL DE SANTA MARIA



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Transcrição:

O PROCESSO DE COMPRAS NA PREFEITURA MUNICIPAL DE SANTA MARIA Marcileni Basso da Silveira 1 Maria Emilia Camargo 2 RESUMO Devido as grandes mudanças e exigências que as leis impõem aos administradores públicos, são necessárias alterações na administração, para que haja adequação as mesmas. Este artigo trata da análise da opinião de todos os envolvidos no processo de compras, procurando-se identificar as dificuldades em relação às questões orçamentárias, contábeis e licitatórias. Assim, foi realizado um levantamento bibliográfico, complementado de uma coleta de dados junto aos envolvidos no processo de compras da Prefeitura Municipal de Santa Maria (PMSM), RS. Como resultados pode-se identificar que na PMSM os problemas estão acontecendo no início do processo, ou seja, na elaboração das solicitações de compras, das quais muitas vezes estão sendo devolvidas por insuficiência de dados, exigidos legalmente para que possa ocorrer a compra. Foi sugerido que sejam realizadas mudanças para se atingir a excelência das compras, acabando com o pensamento de que o processo de compras na administração pública é lento e tortuoso. Palavras-chave: Processo de compras, Licitação, Legislação 1. INTRODUÇÃO Devido as grandes mudanças e exigências que as leis estão impondo aos administradores públicos, são necessárias alterações na administração, para que haja adequação as mesmas. Os administradores estão sendo responsabilizados por falhas que ocorrem em seu governo, principalmente as relacionadas com as finanças públicas, pois estas mexem com o dinheiro público, o qual deve ser utilizado para a satisfação do bem comum da população. Hoje, com a Lei Complementar n.º 101 de 04 de Maio de 2000, que veio a estabelecer normas de finanças públicas, impondo responsabilidade aos ordenadores de despesa no que tange a gestão fiscal, o controle das contas públicas deve ser superior aos que já existiam. Frente a esta situação, foi abordado neste trabalho um tema polêmico em todo o órgão público, as compras, que são realizadas mediante a geração de uma despesa. Pois o procedimento de comprar bens e serviços no setor público está mais rigoroso, e portanto encontram-se em constante modificação e atualização visando à adequação ao novo sistema governamental de controle as contas públicas. 1 Curso de Especialização em Gestão Municipal: Administração Orçamentária e Financeira ULBRA, SM 2 Universidade de Caxias do Sul DCSC Vacaria, Mestrado em Administração Caxias do Sul

O processo de compra realizado na Prefeitura Municipal de Santa Maria, às vezes apresenta problemas, e grande parte destes, está relacionado as solicitações de compra, que são devolvidas ao órgão que a emitiu. Com isso, identificou-se a vinculação entre o órgão solicitante e o setor de compras, o que possibilita detectar as dificuldades de interligação entre eles, e encontrar-se o melhor caminho a seguir para que estas sejam sanadas e conseqüentemente se consiga um efetivo sucesso nas compras. Este trabalho teve como objetivo identificar as causas e conseqüências, dos problemas que ocorrem na elaboração dos processos de compra da Prefeitura Municipal de Santa Maria, portanto, analisou-se as características que os mesmos devem possuir conforme consta na Lei n.º 8666, de 21 de Junho de 1993 e na Lei Complementar n.º 101/00, visando à tomada de providências para o aperfeiçoamento dos mesmos. 2. METODOLOGIA Depois que se definiu o objeto de estudo, deparou-se com a necessidade da busca e identificação dos procedimentos metodológicos a serem utilizados: o como e o com que fazer. A metodologia aponta o caminho a ser seguido, norteando as ações do pesquisador, por meio das fontes e ferramentas disponíveis. Foi adotado o método indutivo de abordagem, enquanto que os métodos de procedimento escolhidos foram o estudo de caso e estatístico, adotando-se como principais recursos metodológicos, os tipos de estudos exploratórios e descritivos. Na etapa exploratória foram utilizadas fontes secundárias, tais como: levantamentos bibliográficos, por meio de livros técnicos específicos e das Leis que regem o processo de compra no setor público, e fontes primárias por meio de pesquisa de campo, na qual foram coletados os dados primários, aqueles que não foram antes coletados (...) e que são coletados com o propósito de atender às necessidades específicas da pesquisa em andamento (MATTAR, apud BORGES, 2001, p. 100). O presente trabalho é fundamentalmente um estudo de carácter descritivo, pois procurou-se, por meio de levantamento de dados primários, identificar uma situação específica vivenciada pelos envolvidos no processo de compra buscando explicar (pesquisa explicativa) a relação entre determinadas variáveis (atributos de causas e conseqüências) e entender como elas influenciam ou causam determinados fenômenos, no caso o processo de compra. O trabalho foi desenvolvido no setor de compras da Prefeitura Municipal de Santa Maria, com todos os responsáveis em elaborar as solicitações de compras das 21 (vinte e uma) secretarias da PMSM, juntamente com os 05 (cinco) integrantes do Setor de Licitações, onde as compras são realizadas, portanto este trabalho de pesquisa pode ser caracterizado como um trabalho populacional. Para se alcançar o objetivo deste trabalho as informações coletadas foram minuciosamente analisadas, para que pudessem ser adequadas ao tema da pesquisa e verificando se os dados levantados contêm informações que são realmente necessárias ao andamento da mesma.

4. O PROCESSO DE COMPRAS 4.1 Segundo a legislação vigente De acordo com as Leis que regem a Contabilidade Pública, as compras realizadas pelos órgãos públicos são consideradas despesas públicas, as quais devem passar por um processo para serem efetuadas, o processo licitatório. Mas, como diz Citadini (2004) no Brasil a legislação sobre licitações vem sofrendo contínuas modificações, sempre com a justificativa de tornarem as compras mais ágeis e eficazes, evitando os prejuízos dos resultados. Portanto deve-se dar uma grande importância quanto as compras pois, estes resultados que são gerados dependem das despesas bem planejadas, e que não extrapolem o limite fixado no orçamento. Segundo a Lei n.º 8666, de 21 de Junho de 1993, em seu art. 6, III, compra é toda a aquisição remunerada de bens para fornecimento de uma só vez ou parceladamente. Logo, não se pode esquecer que as compras governamentais devem ser vinculadas totalmente as Leis que a regem, pois os órgãos públicos são regularmente fiscalizados pelos Tribunais de Contas, que verificam o cumprimento das regras estabelecidas aos contratos de compras. Pois, diz-se que, as melhores compras começam pela descrição técnica detalhada do produto na sua solicitação, resultando na aquisição de bens de qualidade, melhor oferta de preço e adequação às necessidades do órgão solicitante. Assim sendo, a solicitação de compras é um elemento de suma importância ao órgão público, pois dela depende parte da realização de uma compra bem sucedida e com eficácia, eliminando, todavia, problemas futuros à administração pública. Pois, as compras governamentais devem seguir alguns princípios que garantam a sua confiabilidade e seus preceitos legais. Logo, não se pode jamais esquecer, quando da realização de uma compra, os princípios constitucionais que constam no art. n.º 3 da Lei n.º 8666/93, que são da economicidade, da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório e do julgamento objetivo. Como está disposto no art. 14 da Lei 8666/93, que diz: nenhuma compra será feita sem a adequada caracterização de seu objeto e indicação dos recursos orçamentários para seu pagamento, sob pena de nulidade do ato e responsabilidade de quem lhe tiver dado causa. De acordo com estas exigências legais, muitos órgãos públicos já estão padronizando ou uniformizando os produtos a serem adquiridos, para que não ocorra mais problema de especificação errada na hora da compra. Para isso estão criando catálogos de produtos que estão disponíveis a todas as pessoas responsáveis em elaborar as solicitações de compras.

Como diz Motta (2002), um produto bem padronizado é aquele em que está disponível no mercado, ou cujas especificações encontrem-se previstas em lei, ou normas, ou por convenção. Assim, o que se pretende com esta padronização, é um sistema de compras mais ágil, aperfeiçoandose assim o processo de compras. (Motta, 2002) No que tange a especificação do produto, não pode-se esquecer que, não se pode indicar marca, por isso da catalogação e padronização dos produtos, para que sejam adquiridos produtos de qualidade satisfatória a utilização pelo órgão público. Segundo Flores (2002) a padronização otimiza procedimentos e custos, possibilitando a administração adquirir bens com qualidade necessária as suas ocupações. No processo não se padroniza marca, mas produtos com qualidades determinadas, cujas marcas, como conseqüência, são as mais adaptadas as necessidades do órgão. No art. 15, II trata-se das compras serem processadas através de um sistema de registro de preços, que já está sendo utilizado por muitas administrações públicas inclusive pela PMSM. Para tanto, já existe um Decreto n.º 3931, de 19 de Setembro de 2001, no qual regulamenta o sistema de registro de preço, que agora é considerado uma forma de aquisição de produtos. Com o registro de preços viu-se a possibilidade de alcançar metas que sempre foram almejadas nos procedimentos administrativos, mas que até o momento da criação do decreto, não tinham se concretizado. Essas metas estão bem descritas por Motta (2002) que dizem respeito à rapidez e economicidade na contratação de compras, serviços e locações; na melhor programação dos recursos disponíveis, evitando desembolso e estocagem exorbitante, bem como perda nas compras; e a redução dos incidentes processuais que, ocorrem nas licitações e conseqüentemente economia de custos. Portanto pode-se dizer que, os fluxos de compras dependem e se moldam conforme cada administração, observado a sua cultura e padrões. Podendo ser mais simples ou formais, e mais ágeis. Nunca deixando de observar que, prazos estipulados em lei, como o da publicidade disposto no art. n.º 21 da Lei 8666/93, os de cumprimentos de rotinas de compra previstos no art. n.º 43 da mesma Lei, bem como os definidos no art. n.º 109 referente a apresentação de recursos, nunca podem ser esquecidos ou ignorados. 4.2 Processo realizado na PMSM Como todo o órgão público, a PMSM tem uma forma de realizar as compras visando as Leis que a regem. Pode-se inovar as maneiras de realizar o processo de compra, mas não se deve esquecer que existem normas a serem seguidas. Na PMSM o setor que realiza as compras é o setor de licitações, ele controla todo o processo licitatório para que ela ocorra. Cada secretaria deve elaborar o seu pedido de compra ou solicitação de serviço observando requisitos básicos para que o mesmo seja aceito. Deve constar a descrição do objeto ou serviço que se quer adquirir, de acordo com a classificação do elemento de despesa segundo o plano de contas do Tribunal de Contas do

Estado TCE, o qual exige distinção de pedidos como: materiais permanentes, de consumo, obras e serviços de engenharia e prestação de serviços. Devendo também, identificar o projeto/ atividade, o elemento e sub-elemento de despesa e o recurso com o qual vai se adquirir o objeto. Se este recurso for vinculado (verba que a PMSM recebe de fora do município, ex.: MDE, FUNDEF, SUS,...), a conta bancária na qual deve ser debitado o valor, deve ser especificada. Como a própria Lei das licitações determina, no que tange a especificação do produto, esta não pode conter a marca, mas sim a descrição das características que possibilitem a compra correta do material e a cotação de produtos similares, pelos participantes da licitação. Nunca esquecendo, que cada solicitação de compra deve vir acompanhada de uma justificativa, que evidencie as razões para aquisição do bem, a execução do serviço ou obra, bem como todos os esclarecimentos necessários e o detalhamento para no caso de ocorrer auditorias futuras. Além disso, quando a solicitação de compra está prevendo uma despesa de caráter continuado, deve vir acompanhando um cronograma de impacto financeiro, prevendo o gasto orçamentário. Quando o pedido de reparo ou manutenção for de bens móveis, este deve conter o número de patrimônio, o local onde está lotado e se for veículo o número de sua placa. As solicitações de compra devem conter ainda, a forma em que deve ser fornecido o material, se deve ser em uma única vez ou parceladamente, bem como o cronograma da entrega, o prazo e o local. Se for serviço deve ter o prazo de vigência do contrato e também o nome de quem vai fiscalizar o serviço. Se a solicitação for de obras e serviços de engenharia, deve estar acompanhada do projeto básico, e da designação do responsável pelo acompanhamento da execução do contrato, bem como, das demais exigências legais. Além de tudo isso, junto com a solicitação deverão vir no mínimo três orçamentos com prazo de validade, que contenham o preço unitário, a identificação completa da empresa licitante e os itens discriminados legíveis e sem rasura, conforme a solicitação. Após isso, será definida a modalidade de licitação em que se encaixa a solicitação, dentro dos parâmetros definidos pela legislação. Na PMSM esta definição é competência exclusiva da Comissão de Licitação, que é composta de no mínimo três membros, sendo a maioria do quadro de servidores permanentes do órgão. Portanto para se escolher o melhor caminho para comprar, deve-se realizar um permanente planejamento de médio e longo prazo, visando sempre a viabilidade econômica e a adequação aos orçamentos aprovados na administração.

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO No setor de licitações analisou-se, as devoluções de solicitações de compras, que ocorrem, devido diversos problemas encontrados nas mesmas e que impossibilitam o prosseguimento do processo de compras. A identificação dos problemas que levaram as devoluções destas solicitações se deram nesta proporção: - Sete estavam em desacordo com as normas legais para a realização do pedido de compra, principalmente no que se refere a classificação das contas conforme o plano de contas do TCE; - Oito não possuíam dotação orçamentária, quer dizer valores, para que fosse realizada a compra; - Erro de especificação e descrição do produto; - E, uma não possuía os três orçamentos exigidos. Tudo isto está causando prejuízos a administração pública, tanto na demora da compra quando nas características e qualidade do produto que está sendo entregue. Pois no caso da descrição do produto, o setor de licitações por não devolver a solicitação para ser corrigida, ele mesmo faz alterações necessárias levando um certo tempo para isso, pois algumas vezes tem que descobrir o que realmente o solicitante está querendo comprar. Com relação às solicitações que estão em desacordo com a legislação e com o plano de contas do TCE, as pessoas que estão elaborando as mesmas desconhecem tais exigências ou não sabem a importância que estas leis e documentos tem para a administração pública. E as solicitações de compra que não possuíam, dotação orçamentária para que dessem continuidade ao processo, as pessoas que estão elaborando-as não estão acompanhando os valores que possuem, para sua secretaria, segundo a Lei Orçamentária Anual LOA. Para melhor evidenciar os problemas que ocorrem no processo de compra da PMSM, utilizou-se de um levantamento de dados, mediante um questionário visando atingir os objetivos propostos. De acordo com os dados levantados, pode se dizer que, quase metade, mais precisamente 42% (quarenta e dois por cento), dos responsáveis pela elaboração das solicitações de compras, as fazem sem acompanhamento de outro, quer dizer, se eles não estiverem na secretaria e precisar fazê-la, não às farão porque ninguém sabe fazê-la. Outro fato é de que, mais da metade, ou seja, precisamente 53% (cinqüenta e três por cento) destes, são Cargos em Comissão (CC), que permanecem por um período curto na PMSM, mais especificamente, um mandato eletivo e muitas vezes não chega a tanto, e também estagiários, que estão no órgão para aprender e atuar em sua área de aprendizagem, e não para executar tarefas de tamanha responsabilidade. Através dos dados levantados nesta pesquisa, identificou-se que na mudança de gestão, mesmo tendo continuado o mesmo administrador, os responsáveis pela elaboração das solicitações de compras mudaram, pois 58% (cinqüenta e oito por cento) realizam esta função a menos de 1 (um) ano.

A surpresa que se teve, foi de que algumas destas pessoas ainda não conhecem e nunca ouviu falar da Lei 8666/93 que rege as licitações e compras no órgão público, o que se teve um respaldo, é de que as pessoas que a conhecem, a maior parte faz estudo contínuo dela e quando surgem dúvidas na hora de elaborar a solicitação de compra, busca informação junto da mesma. Apesar de tudo isso, tomou-se por surpresa, que os responsáveis pela elaboração das solicitações de compras, quando têm dificuldades de fazê-la procuram o Setor de Licitações o qual é responsável pelas compras da PMSM. Isso é de grande importância, pois quando a solicitação chega com problemas neste setor a dificuldade das pessoas que trabalham lá é maior, portanto preferem que os procurem para tirar as dúvidas, assim menos problemas ocorrerão na hora de realizar a compra. A PMSM já realizou um seminário abordando este assunto, mesmo assim são necessários maiores atualizações e aperfeiçoamento destas pessoas, pois como a rotatividade nesta função é grande, muitos não conhecem totalmente o processo de compras. Para elaborar uma solicitação de compras deve-se conhecer uma parte contábil e orçamentária, muitas pessoas têm seu pedido de compra devolvido pelo mau preenchimento do elemento e classificação da despesa, por não ter previsão orçamentária para a compra ou não saber o recurso a ser utilizado para tal, por não saber justificar corretamente o porquê da aquisição, e por fim a especificação correta do produto para que não seja realizado um desperdício de recurso público. As pessoas envolvidas nesta pesquisa, não vem as compras como um problema e sim como uma realidade, pois existe uma burocracia sim, do início ao fim do processo, mas tudo em razão da legislação vigente. Mesmo diante de todos estes problemas, viu-se que a maioria dos responsáveis pela elaboração das solicitações de compras, está ciente das dificuldades e entraves legais, pelos quais os integrantes da equipe de licitações têm de enfrentar. 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Pois após esta pesquisa, viu-se que na PMSM os problemas estão acontecendo no início do processo, mais especificamente, na elaboração das solicitações de compras, das quais muitas vezes estão sendo devolvidas por insuficiência de dados, exigidos legalmente para que possa ocorrer a compra. Assim se vê, a necessidade de treinamentos contínuos, como: palestras e seminários, que mostrem de forma mais especificada estes processos. Pois se os assessores executivos elaboram estas solicitações de compras não conhecerem a realidade contábil, financeira e legal do processo, eles nuca conseguirão realizar seu trabalho com sucesso. Um fato que foi visto e que poderá ser solucionado com, maior facilidade, é quanto às especificações dos produtos a serem adquiridos. Conforme a Lei de licitações esta é uma exigência, para atender o princípio de padronização.

Para solucionar este problema, a administração deveria se mobilizar, para criar o mais rápido possível, um catálogo de produtos, no qual segundo Cruz (2003) deveria conter os materiais descritos com as especificações técnicas e de padrão de qualidade possíveis, sem claro citar marcas. Possibilitando assim, um sistema de compras mais ágil, adquirindo produtos de boa qualidade, melhor oferta de preço, e que seja adequado às necessidades da PMSM. As sugestões que se dá, como se deve ter percebido no decorrer deste texto, é de que haja uma melhor integração entre os servidores desta prefeitura, principalmente dos que trabalham na área destacada, e que seja visto a possibilidade de treinamentos mais freqüentes. E, que seja dada preferência para servidores do quadro na escolha dos assessores, pois assim poderão ser também mais exigidos quanto ao aperfeiçoamento e qualificação na área. Logo, enquanto estes fatos não forem levados em consideração quanto aos prejuízos e problemas que estão causando a administração, e assim sejam solucionados, continuarão acontecendo. Portanto, tudo depende da vontade administrativa, pois todos os problemas citados, para serem resolvidos, acarretam custos e trabalho para que se desenvolvam programas de aperfeiçoamento a estes. Contudo, o que se deve levar em consideração sempre, são os marcos legais e normativos que existem, e estão ai para cobrar os administradores, quanto a eficiência e responsabilidade no que diz respeito às finanças públicas. 7. REFERÊNCIAS [1] BRASIL. Lei Complementar nº 101 de 04 de Maio de 2000. Referente a normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal. [2]. Lei nº 8666 de 21 de junho de 1993. Referente a regulamentação do art. nº 37, inciso XXI, da Constituição Federal, instituindo normas para licitações e contratos da administração pública.atual. em 11.03.99, através da Lei n 9648, de 27.05.98. [3]CITADINI, Antonio Roque. Dificuldades nas compras públicas. Disponível em: <http://www.citadini.com.br/artigos/gm990326.htm> Acesso em: 07 out. 2004. [4] FLORES, Paulo Cézar. Controle internos dos bens patrimoniais nos municípios. 1 ed. Porto Alegre, 2002. p. 45-57. [5] MATTAR, F. N. Pesquisa de Marketing: metodologia, planejamento, execução e análise. São Paulo: Atlas, 1993. 2 v. [6] MOTTA, Carlos Pinto Coelho. Eficácia nas licitações & contratos. 9 ed. atual. ver. e amp. Belo Horizonte:Del Rey, 2002. p. 169-189. [7] Seminário da Secretaria de Finanças da PMSM 2005. Assuntos: Contratos, licitações e contratos; Controle Interno e Programação Financeira. Realizado dias 23 e 24 de fev. de 2005.