A AUTOIDENTIDADE DE PESSOAS COM SINDROME DE DOWN



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Transcrição:

A AUTOIDENTIDADE DE PESSOAS COM SINDROME DE DOWN David M. Perrenoud Lindolpho UNESP FFC, Marília. Eixo Temático: Aspectos Sociais da Deficiência Agência Financiadora: Fapesp TT3 (processo 2015/10549-5) Palavras-chave: Síndrome de Down. Autoidentide. Relações interpessoais. 1. Introdução Dentro da perspectiva social da deficiência e da compreensão da capacidade das pessoas com deficiência de se expressarem, Omote (1996) ressalta que é preciso considerar as questões psicossociais, incluindo as questões de autopercepção, identidade pessoal e o autoconceito manifestado pela pessoa com deficiência. Assim, arremetendo a compreensão para além das reações da audiência, que por muitas vezes atribuem atributos de incapacidades às pessoas com deficiência, e permitindo destacar as relações interpessoais da pessoa com deficiência e as suas audiências. É justamente nessas novas possibilidades de relações estabelecidas da pessoa com deficiência para com o meio em que está inserido, abordaremos os aspectos pertinentes as percepções realizadas pelo sujeito que apresentam fundamental papel na construção na identidade dos sujeitos. A interação constitui, aqui, um importante papel, uma vez que as percepções realizadas pelo sujeito são viabilizadas pela interação com o meio ambiente e social. Os diversos contextos em que o sujeito convive com seus pares ou não, se apresentam como fatores para o desenvolvimento da autopercepção do sujeito. Tais contextos podem abrigar um grupo social primário, ou seja, a família, que, por sua vez, pode providenciar o início do processo de socialização e a escola como um dos principais contextos em que o sujeito amplia consideravelmente esse processo de socialização. Logo, é possível compreender a importância do meio para a formação da autopercepção, ou seja, a imagem que o sujeito tem de si, sendo que essa imagem é formada a partir da relação que o sujeito

estabelece com os demais e também pela forma como esse sujeito é percebido pelo grupo social. (GLAT; PLETSCH, 2009) Também cabe ressaltar que da mesma maneira que a autopercepção é formada por intermédio da interação com o meio social, a autoidentidade é construída por intermédio da autopercepção, uma vez que a autoidentidade se relaciona com a visão que o sujeito tem de si. Segundo Laing (1972), a autoidentidade é a síntese da observação realizada pelo sujeito dele próprio, mais a visão desse sujeito para com a visão que os outros sujeitos têm dele. O autor também ressalta que a 3identidade é alterada conforme as relações entre o eu e o outro são estabelecidas, assim a identidade do sujeito sofre múltiplas metamorfoses ou alterações, e no conceito dos outros eu me transformo nos outros" (LAING, 1972, p. 13). É possível ressaltar que a autoidentidade é permitida pela constituição da metaperspecitva devolvida por Laing (1972), sendo que as relações interpessoais também são marcadas por uma metapercepção, ou seja, o sujeito também apresenta uma visão que vai para além das percepções constatadas diretamente pelo sujeito, o qual possibilita que esse sujeito adquira a visão da visão que outros têm dele próprio. A partir das argumentações tecidas até o presente momento, ao discorrer sobre alguns aspectos teóricos das percepções interpessoais, é possível compreender a relevância existente na interação, sendo que por intermédio dessas relações intercambiáveis, verifica-se a atuação determinante na forma como o sujeito é inserido no meio social, proporcionando o desenvolvimento da sua identidade pessoal e social. Também é possível compreender que a interação é um frutuoso fator que o sujeito utiliza para desenvolver o seu pensamento. 2. Objetivos Apresentar a autoidentidades representadas por pessoas com síndrome de Down de uma escola especial do interior do Estado de São Paulo. 3. Método Participaram deste estudo cinco alunos com síndrome de Down e deficiência intelectual de uma escola especial do interior do Estado de São Paulo.

Foi elaborado um roteiro de entrevista semiestruturado, sendo formado em seu início por uma descrição pessoal do participante, e em seguida são descritas dezesseis perguntas. Para realização da coleta de dados, foram realizadas entrevistas com base no roteiro supracitado, sendo devidamente gravadas e transcritas. Após a esse procedimento, os dados obtidos foram analisados com base dos estudos desenvolvidos na Analise de Conteúdo de Bardin (2008). Elaborando categorias que possibilitassem que os dados obtidos fossem melhores analisados. 4. Resultados e discussão Historicamente denota-se a atribuição de incapacidade para as pessoas com deficiências em geral, sobretudo a deficiência intelectual e mediante os estudos realizados por Vieira (2006), ressalta-se que na sociedade, ainda é possível encontrar representações predominantes nos grupos sociais que compreendem a deficiência intelectual como sendo uma condição em que se encontram sujeitos incapazes e dependentes. Por outro lado, os resultados obtidos para este estudo, ressaltam capacidades e/ou habilidades apresentadas pelas pessoas com síndrome de Down. Sendo assim, o estudo permite destacar a capacidade dos participantes em reconhecer e apresentar o seu autoidentidade, ou seja, apresentam a identificação do nome, idade e porventura da síndrome do qual eles possuem. Mediante o relato do participante P1 sobre o seu autoconhecimento, destaca-se. Ichi, eu sou Down aluno da Escola, tem joga bola, desenhar para atividade, natação, viagem, joga bola treina, gincana. P1 Oh eu sou Down, não tem problema, não me falta lá pelo hum shopping me falta. P1 O relato do participante P1 é possível compreender que a sua autoidentidade está diretamente ligada a escola especial do qual ele frequenta e as atividades desenvolvidas por ele, especialmente para as quais ele desenvolve na instituição escolar. Glat e Pletsch (2009) ressaltam que o homem, por natureza, é um ser social, ou seja, dependendo da transição que esse ser social realizar e/ou por pertencer a determinados

espaços ocupados por diferentes grupos sociais, a sua identidade pessoal é forjada por intermédio dessas relações. Também é possível destacar no relato do participante P1, o papel que a escola apresenta para a formação da identidade das pessoas com deficiência intelectual. Uma vez que é nesse ambiente social propicia-se situações interativas que possivelmente leva o sujeito compreender e identificar a sua situação como individuo. Para esse estudo rassalta-se que o participante P2, assim como o participante P4, apresentam dificuldades em reconhecer e representar os aspectos que envolvam autoidentidade. Cabe ressaltar que ao ser solicitado para relatar o seu nome, o participante P2 apresenta uma oscilação quanto a sua compreensão, apresentando uma alternação de vários nomes diferentes e que se refeririam ao seu nome. Já em relação ao participante P3 apresenta melhor facilidade de apresentar a sua autoidentidade, em relação aos participantes P2 e P4, assim sendo possível destacar as seguintes falas. M. L. K. (Nome) P3 Tenho vinte e oito anos. P3 É sou eu. (Down) P3 Por intermédio do relato do participante P3, é possível ressaltar o reconhecimento do seu nome, idade e síndrome do qual pertence, mas ao contrário do participante P1 que apresentou mais detalhes em seu relato, o participante P3 apresenta uma fala com menos detalhes. Por fim, em relação às questões de identidade, é possível destacar o relato do participante P5. A. J. L. (Nome) P5 Eu tenho vinte e um anos. P5 Eu sou pessoa. P5 Eu sou Síndrome de Down, [...]. P5 Assim como os demais participantes que apresentaram o autoconhecimento em relação à identidade, as informações obtidas por intermédio do participante P5, também ressalta-se quanto ao nome, idade e a síndrome de Down, como pertencente a sua identidade. Entretanto,

o participante P5, acrescenta em seu relato, reconhecendo-se como uma pessoa, isso permite compreender que além reconhecimento de ser um sujeito com síndrome de Down, ele apresenta a sua identidade como uma pessoa, se inserindo no coletivo como as outras pessoas. Ao ser solicitado a reconhecer o que ele teria de igual a outras pessoas, o participante reconhece ser uma pessoa feliz. Sobre as questões de autoestima que são apresentadas por pessoas com deficiência intelectual, cabe destacar que o trabalho desenvolvido por Vieira et al. (2006) aponta a importância de em dar voz às pessoas com deficiência intelectual por intermédio dos seus relatos. 5. Conclusão Portanto, diante dos relatos das pessoas com síndrome de Down que participaram deste estudo, podem emergir inúmeras questões sobre esses sujeitos e que podem ser discutidas, envolvendo todos aqueles que se comprometem em proporcionar ambientes inclusivos para as pessoas com deficiências e que valorizem tais pessoas, como sujeitos únicos e capazes. Referências BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. 5º ed. Lisboa, Pt: Edições70, 2008. GLAT, Rosana; PLETSCH, Márcia Denise. O método de história de vida em pesquisas sobre auto-percepção de pessoas com necessidades educacionais especiais. Revista Educação Especial, v. 22, n. 34, p. 139-154, maio/ago. 2009, Santa Maria. Disponível em: <http://www.ufsm.br/revistaeducacaoespecial>. Acesso em: 19 de nov. 2013 JODELET, Denise. Representações Sociais: um domínio em expansão. In: JODELET, Denise (Org.). As Representações Sociais. Trad. Lilian Ulup. UERJ: Rio de Janeiro, 2001. LAING, Ronald David; PHILLPSON, Herbert; LEE, A. Robert.Percepção interpessoal. Trad. Ernesto Bono. Rio de Janeiro: Eldorado, 1972. OMOTE, Sadao. Perspectivas para a conceituação de deficiências. Revista Brasileira de Educação Especial. v. 2, n. 4, p. 127-136, 1996. VIEIRA, Camila Mugnai et al. Deficiência mental e autonomia: análise do discurso de jovens em um grupo de teatro. Revista Educação Especial. n. 28, p. 329 340, Santa Maria, 2006.