AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE PLANTAS MEDICINAIS DESIDRATADAS ORIUNDAS DE CULTIVO ORGÂNICO J. F. Battisti*, O. M. Porcu2** *Discente em Engenharia de Produção/UTFPR,Câmpus Medianeira, Medianeira, Brasil **Docente Orientador, SEBLIC/UTFPR,Câmpus Medianeira, Medianeira, Brasil e-mail: julianedefreitasbattisti@gmail.com Abstract This study aimed to evaluate the microbiological quality of medicinal plants used as food. A total of 15 plants were selected for microbiological analysis following methodology described in Resolution No. 12 of 02 January 2001 (ANVISA). All 15 samples resulted from organic cultivation being sold in popular institution in the city of Medianeira-PR, Brazil. The samples (86.66 %) were safe and in accordance with the technical parameters specified for sanitaryhygienic microbiological standards for foods. Introdução Estudos constatam que algumas plantas medicinais possuem alta carga microbiana aeróbia e elevada contagem de bolores e leveduras, provenientes de diversas fontes, ou decorrentes de más condições de manipulação e armazenamento [1]. Os brasileiros nos últimos anos, têm buscado hábitos mais saudáveis, e, um deles tem sido o uso do chá que pode ser ingerido quente ou gelado além de ser uma boa alternativa ao café. Segundo dados publicados na revista Veja [2] em agosto de 2008 o consumo dessa bebida no país, cresceu 45 % entre 2005 e 2007 e nos últimos cinco anos, a venda de chás de luxo dobrou no Brasil. Calcula-se que o segmento represente hoje 5 % do mercado da bebida do país. Perante a grande diversidade da farmacopéia brasileira de plantas medicinais, aromáticas e condimentares, e considerando-se a tendência mundial pela busca por produtos naturais e orgânicos, houve uma maior preocupação quanto ao controle de qualidade [3] da produção dessas plantas e derivados comercializados e utilizados pela população. Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi determinar os parâmetros de qualidade microbiológica de plantas medicinais desidratadas provenientes de cultivo orgânico e avaliar a conformidade com as exigências estabelecidas pela legislação vigente. Materiais e Métodos As plantas medicinais oriundas de cultivo 1/5
orgânico foram adquiridas na forma seca, no Centro Popular de Saúde Yanten na cidade de Medianeira-PR (Brasil) e transportadas até o laboratório para a realização dos estudos necessários. Nesta seleção foram realizados os seguintes passos: (1) caracterização de lote, prazo de validade, denominação científica e popular da planta; (2) características sensoriais; (3) análises microbiológica [4] sendo: contagem de coliformes NMP/g totais a 35 C (VB) e termotolerantes a 45 C (EC); pesquisa de Salmonella sp (HE); contagem de Bolores e Leveduras UFC/g. As plantas medicinais foram designadas por um código alfabético: (A) alcachofra (Cynarascolymus L.), (B) carqueja (Baccharistrimera Less) DC, (C) cavalinha (Equisetum arvense L.), (D) chá de bugre (Casearia sylvestris Swartz), (E) chá verde (Camélia sinensis), (F) chapéu de couro (Echinodorus macrophylus Mitch), (G) espinheira santa (maytenus silicifolia Reiss), (H) guaco (Mikaniaglomerata Spreng), (I) ipê roxo (Tabebuia avellanedae Lor. ExGriseb.), (J) macela (Achyrocline satureioides(lem) DC.), (K) melissa (Melissa officinalis L.), (L) mil em rama (Achillea milefolium L.), (M) poejo (Menthapulegium L.), (N) sene (Cássia angustifolia Vahl.), (O) tarumã (Vitextaruma Cham.). Características Sensoriais Este ensaio procurou avaliar as características de aparência e odor da planta na forma seca e da aparência, odor, sensação na boca e sabor da infusão dos chás preparados conforme recomendação descrita nas embalagens. Resultados A Tabela 1 apresenta os resultados das análises microbiológicas das amostras de plantas medicinais desidratadas. Todas as amostras avaliadas demonstraram ausência de Salmonella sp em 25 g. Discussão O cultivo orgânico empregado demonstrou ser eficiente na produção destes vegetais comercializados na forma de chás e condimentos desidratados, uma vez que, os dados obtidos demonstraram que as amostras são seguras para o consumo humano. Para bolores e leveduras a OMS especifica 5,0 X10 4 UFC/g para materiais vegetais empregados na forma de chás. As amostras F e H, se encontraram não conformes com este limite. 2/5
Tabela 1: Avaliação microbiológica. cód igo Parâmetros Microbiológicos resultantes I II Salmonella sp Bolores Leveduras A < 3,0 < 3,0 Ausência em 25g 9,0 X 10 3 0 B < 3,0 < 3,0 Ausência em 25g 3,0 X10 3 0 C 4,0 < 3,0 Ausência em 25g 3,0 X10 3 0 D < 3,0 < 3,0 Ausência em 25g 6,0 X10 3 2 E < 3,0 < 3,0 Ausência em 25g 5,0 X10 3 0 F 9,0 < 3,0 Ausência em 25g 1,2 X 10 5 1,2 X 10 6 G < 3,0 < 3,0 Ausência em 25g 9,0 X 10 3 1,8 X 10 4 H < 3,0 < 3,0 Ausência em 25g 5,8 X 10 4 2,9 X 10 6 I < 3,0 < 3,0 Ausência em 25g 5,0 X10 3 0 J < 3,0 < 3,0 Ausência em 25g 5,0 X10 3 1,5 X10 4 K < 3,0 < 3,0 Ausência em 25g 3,0 X10 3 0 L < 3,0 < 3,0 Ausência em 25g 5,0 X10 3 0 M < 3,0 < 3,0 Ausência em 25g 7,0 X 10 3 7,0 X10 3 N < 3,0 < 3,0 Ausência em 25g 5,0 X10 3 0 O < 3,0 < 3,0 Ausência em 25g 4,0 X10 3 0 Considerando-se as características sensoriais, as amostras analisadas foram consideradas conformes. Conclusão 3/5
O sistema de produção orgânico aplicado sem o uso de adubos químicos ou agrotóxicos evidenciou a obtenção de amostras saudáveis. Agradecimentos Ao Programa de Bolsas de Extensão PROREC/INOV 2011. Referências [1] ZARONI, M.; PONTAROLO, R.; ABRÃO, W. S. M. et al. Qualidade microbiológica das plantas medicinais produzidas no Estado do Paraná. Revista Brasileira de Farmacognosia, São Paulo, v. 14, n. 1, 2004. [2] NEIVA Paula. A Nova Cerimônia do Chá. Revista Veja Gastronomia. Edição 2057. 23 de abril de 2008. [3] CARVALHO L. M.et al. Qualidade em plantas medicinais. Embrapa Tabuleiros Costeiros. Aracaju, SE. Documentos 162,ISSN No presente estudo 86,66 % apresentaram-se em conformidade com os parâmetros técnicos higiênicosanitários especificados para padrões microbiológicos em alimentos, e, portanto, seguras para consumo humano. 1678-1953. Pg 04 e 05. Dezembro, 2010. [4] Regulamento técnico sobre padrões microbiológicos para alimentos. Disponível em 4/5
http://www.anvisa.gov.br/legis/resol/12_ 01rdc.htm RDC 275 ANVISA. Acesso em 10/05/2012. 5/5