Instituto de Arqueologia constrói castelo islâmico em Anchieta, no Rio de Janeiro (RJ), e atrai interessados Instituto mantém o Museu da Humanidade com itens que mostram a evolução do homem. Crianças fazem escavação e encontram esqueleto artificial durante oficina oferecida pelo Ipharj em Anchieta. Foto: Fernanda Dias / Agência O Globo Em meio às tradicionais construções de Anchieta, um castelo em estilo islâmico medieval chama a atenção de quem passa pelo bairro. O prédio, poucos sabem, é a sede do Instituto de Pesquisa Histórica e Arqueológica do Rio de Janeiro (Ipharj), uma instituição privada e sem fins lucrativos, que se dedica à
preservação do patrimônio cultural inclusive com aulas para crianças e que mantém o Museu da Humanidade. O prédio foi idealizado e construído, com recursos próprios, pelo arqueólogo e historiador Claudio Prado de Mello, morador de Anchieta. Ele se inspirou no antigo estilo Mamalik (ou Mameluco), adotado por sultões do Oriente Médio no período medieval. Os quatro andares abrigam 70 mil itens. Muitos estarão expostos em 29 salas até 2016, quando o museu será inaugurado oficialmente. Ainda faltam alguns detalhes requintados da construção, como folheamento a ouro, que está em fase de acabamento diz Mello. Pronto, o castelo vai participar de um concurso de arquitetura islâmica promovido pela Fundação Aga Khan, da Inglaterra e Suíça. O Ipharj existe desde 1990, mas em 2002 começamos a construir este espaço e em 2009 abrimos ao público. Já recebemos aproximadamente 3 mil visitantes, que fazem agendamento prévio explica. Além de conhecer a arquitetura do castelo, construído em altas colunas e com formas arredondadas, os visitantes acompanham uma exposição provisória que reúne uma síntese do que o museu vai mostrar permanente. O acervo é composto por peças arqueológicas que mostram o surgimento da terra, passa pela história de diversas espécies e culturas de vários povos até chegar ao período imperial brasileiro. Também há réplicas, para ilustrar o aprendizado. Nesse sentido, o museu tem uma coleção especial de mais de quase 30 crânios de todas as formas de hominídeos que mostram claramente todo o processo da evolução conta Mello.
Também em 2016, o museu terá uma exposição especial para mostrar como eram os Jogos Olímpicos na Grécia antiga. O trabalho que começou com sacrifício, ganhou um fôlego há cerca de dez anos, quando os arqueólogos passaram a ser exigidos em grandes construções. Além de gerar mais recursos financeiros, a maior oferta de serviço permite a coleta de mais material, que pode ser guardado no Ipharj, já que é homologado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Nacional (Iphan) e pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram). Museu atrai adultos e crianças
Crianças se encantam com réplicas de crânios. Foto: Fernanda Dias / Agência O Globo O Ipharj também realiza atividades educativas. Além de organizar simpósios internacionais, promove oficinas de educação patrimonial, que mostram a importância da preservação e inicia as crianças pelos caminhos da arqueologia. Também
atende a estudantes universitários e pesquisadores. É uma sementinha que plantamos para que os mais jovens entendam que o patrimônio, público ou não, precisa ser respeitado. Ao mesmo tempo, tentamos fazer com que gostem um pouco mais da história revela Claudio Prado Mello. A oficina começa com uma palestra dada por Mello e segue para a prática. As crianças conhecem tintas rústicas, feitas da natureza, e manuseiam objetos usados em escavações arqueológicas. Morador de Anchieta, Geison Tavares passava em frente ao castelo e tinha curiosidade para conhecer o interior do prédio. Aproveitou que as filhas Maria Eduarda, Gabriela Vitória e Larissa Fernanda foram convidadas para a oficina e foi junto. Faz eu me lembrar dos filmes egípcios e dos castelos medievais. É muito positivo termos algo assim aqui no bairro afirma. Para Larissa Fernanda, o que mais chamou a atenção foram os desenhos. É bom virmos aqui porque quando tivermos aula de ciências vou poder explicar para os colegas adianta. A diarista Lucigleide Costa Maia dispensou um dia de trabalho para acompanhar o filho Alex ao museu. Apesar de ter apenas nove anos, o menino sabe o que quer ser: Ele sempre insistiu para virmos aqui. Quando crescer quer ser arqueólogo diz Lucigleide. Na oficina, Alex era dos mais atentos. Pintou figuras rupestres usando tinta de urucum, escavou numa caixa de terra até encontrar um esqueleto artificial e se encantou com os crânios expostos.
É uma visita maneira. Gostei muito das pedras que estão aqui afirmou. O Ipharj não abre diariamente, mas as visitas podem ser agendadas com antecedência pelo telefone 3358-0809. Gratuito. Por Marco Stamm Fonte original da notícia: O Globo