GUIA PARA A CONSTRUÇÃO DO PLANO TERRITORIAL DE DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL E SOLIDÁRIO PTDRSS

Documentos relacionados
Necessidade e construção de uma Base Nacional Comum

LEI N , DE 17 DE JANEIRO DE INSTITUI A POLÍTICA ESTADUAL DE DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL DA AGRICULTURA FAMILIAR.

DIÁLOGOS PARA A SUPERAÇÃO DA POBREZA

NÚCLEOS DE EXTENSÃO EM DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL. PARCERIA MDA / CNPq. Brasília, 13 de maio de 2014

Oficina Cebes DESENVOLVIMENTO, ECONOMIA E SAÚDE

Planejamento Estratégico Setorial para a Internacionalização

DIMENSÃO ESTRATÉGICA DO PPA

Proposta de Plano de Desenvolvimento Local para a região do AHE Jirau

POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL ANTECEDENTES, CENÁRIO ATUAL E PERSPECTIVAS

"Este filme foi realizado com a assistência financeira da União Européia. Todavia, o seu conteúdo

Ministério do Desenvolvimento Agrário -MDA- Secretaria da Agricultura Familiar -SAF- Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural -DATER-

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO NÚCLEO DE ESTUDOS AGRÁRIOS E DESENVOLVIMENTO RURAL PCT FAO UTF/BRA/083/BRA

Saúde pública de qualidade para cuidar bem das pessoas: direito do povo brasileiro

O SUAS e rede privada na oferta de serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais

ENSINO SUPERIOR: PRIORIDADES, METAS, ESTRATÉGIAS E AÇÕES

Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Estadual de Educação Ambiental e dá outras providências.

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Gabinete de Consultoria Legislativa

Fanor - Faculdade Nordeste

INSTITUTO INTERAMERICANO DE COOPERAÇÃO PARA A AGRICULTURA FOLHA DE ROSTO PARA PRODUTOS DE COOPERAÇÃO TÉCNICA

II SEMINÁRIO BRASILEIRO DE EFETIVIDADE DA PROMOÇÃO DA SAÚDE DECLARAÇÃO SOBRE COOPERAÇÃO ENTRE PAÍSES NA EFETIVIDADE DA PROMOÇÃO DA SAÚDE

PLANO NACIONAL DE DANÇA

ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DO PROJETO (Anexo 1)

Gráfico 1 Jovens matriculados no ProJovem Urbano - Edição Fatia 3;

Saiba mais sobre o histórico do Projeto Gestão por Competências no Ministério da Saúde.

Ciência na Educação Básica

EIXO V 348. Gestão Democrática, Participação Popular e Controle Social 349. A articulação e mobilização da sociedade civil e de setores do Estado

Belém/PA, 28 de novembro de 2015.

A CONSTITUIÇÃO DO FÓRUM PERMANENTE DA PESSOA IDOSA NA REGIÃO DOS CAMPOS GERAIS

PRODUTO 1 METODOLOGIA Plano Local de Habitação de Interesse Social PLHIS Município de Teresópolis - RJ

UNIDADE III Análise Teórico-Prática: Projeto-intervenção

A Aliança de Cidades e a política habitacional de São Paulo

POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE

Plano Nacional de Educação: uma dívida histórica do Estado brasileiro

Dúvidas Freqüentes IMPLANTAÇÃO. 1- Como aderir à proposta AMQ?

ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS

Acesse o Termo de Referência no endereço: e clique em Seleção de Profissionais.

Pedagogia Estácio FAMAP

CONSTRUÇÃO DO PROCESSO DE CONFERÊNCIAS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL 2015

ANEXO 1 PROJETO BÁSICO PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL E ORGANIZACIONAL DE ENTIDADES CIVIS DE DEFESA DO CONSUMIDOR

I CURSO DE CAPACITAÇÃO DOS NOVOS GESTORES LOCAIS DO PROGRAMA MULHERES MIL IFC/IFSC. Lidiane Silva Braga 1 ; Ania Tamilis da Silva 2

9. EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA

Grupo de Apoio ao Planejamento Institucional. Projeto de Governança do Planejamento Estratégico do Ministério Público do Estado do Pará

Desenvolve Minas. Modelo de Excelência da Gestão

COMISSÃO DIRETORA PARECER Nº 522, DE 2014

Desenvolvimento Sustentável nas Terras

PNDH - 3 DECRETO Nº 7.037, DE 21 DE DEZEMBRO DE

Projeto de inovação do processo de monitoramento de safra da Conab

Sumário 1 APRESENTAÇÃO LINHAS GERAIS Diretrizes Básicas Objetivos Público-Alvo... 4

Programa Pernambuco: Trabalho e Empreendedorismo da Mulher. Termo de Referência. Assessoria à Supervisão Geral Assessor Técnico

Planejamento estratégico

Orientações para Secretarias de Educação

Carta de Adesão à Iniciativa Empresarial e aos 10 Compromissos da Empresa com a Promoção da Igualdade Racial - 1

Resumo Gestão de Pessoas por Competências

PAUTA DE DEMANDAS 2012

POLÍTICAS PÚBLICAS DE ECONOMIA SOLIDÁRIA

Criação dos Conselhos Municipais de

MINUTA REGULAMENTAÇÃO DA ATIVIDADE DO SERVIDOR EM CARGOS TÉCNICO- ADMINISTRATIVOS EM EDUCAÇÃO DO IFFLUMINENSE APRESENTAÇÃO

REGULAMENTO INSTITUCIONAL DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO OBRIGATÓRIO E NÃO OBRIGATÓRIO CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

RESOLVE AD REFERENDUM DO CONSELHO:

JOVEM ÍNDIO E JOVEM AFRODESCENDENTE/JOVEM CIGANO E OUTRAS ETNIAS OBJETIVOS E METAS

REGULAMENTO ESTÁGIO SUPERVISIONADO CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA FACULDADE DE APUCARANA FAP

O Marco de Ação de Dakar Educação Para Todos: Atingindo nossos Compromissos Coletivos

ELABORAÇÃO DE PROJETOS

Conselho Nacional de Assistência Social CNAS

A importância do diagnóstico municipal e do planejamento para a atuação dos Conselhos dos Direitos do Idoso. Fabio Ribas Recife, março de 2012

PLANO OPERATIVO DA POLÍTICA

Ano Internacional da Agricultura Familiar 16 de outubro Dia Mundial da Alimentação A FAO está na Internet, visite nosso site:

PROJETO ESCOLA DE FÁBRICA

TERMO DE REFERÊNCIA. Denominação: Consultor(a) na Área de pesquisa/ensino/extensão com redes sociotécnicas para difusão de informações

Eixo 3 - Abordagem territorial como estratégia de desenvolvimento rural e promoção da qualidade de vida

PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO: ELABORAÇÃO E UTILIZAÇÃO DE PROJETOS PEDAGÓGICOS NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM

APRESENTAÇÃO Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural Sustentável (CMDRS)

INSTRUTIVO PARA O PLANO DE IMPLANTAÇÃO DA ESTRATÉGIA AMAMENTA E ALIMENTA BRASIL

UMA NOVA EDUCAÇÃO PARA O BRASIL COM O PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO

POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL

Síntese do Projeto Pedagógico do Curso de Sistemas de Informação PUC Minas/São Gabriel

GUIA DE CERTIFICAÇÃO. Exame Nacional do Ensino Médio. Brasília-DF. Guia de Certificação Exame Nacional do Ensino Médio Enem

REGIMENTO DO CONSELHO DE DESENVOLVIMENTO DO TERRITÓRIO CANTUQUIRIGUAÇU - CONDETEC CAPÍTULO I DA NATUREZA

OS CANAIS DE PARTICIPAÇÃO NA GESTÃO DEMOCRÁTICA DO ENSINO PÚBLICO PÓS LDB 9394/96: COLEGIADO ESCOLAR E PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO

RESOLUÇÃO Nº 08/03-COUN

GESTÃO ESTRATÉGICA DO MP-GO

LICENCIATURA EM MATEMÁTICA. IFSP Campus São Paulo AS ATIVIDADES ACADÊMICO-CIENTÍFICO-CULTURAIS

QUAL A (RE)ORIENTAÇÃO POLÍTICO-PEDAGÓGICA DA MODALIDADE EDUCAÇÃO ESPECIAL NO MUNICÍPIO DE ITAGUAÍ/RJ? REFLETINDO SOBRE A META 4

Composição dos PCN 1ª a 4ª

Secretaria Nacional de Segurança Pública

Ações de Incentivo ao Consumo de Frutas e Hortaliças do Governo Brasileiro

ACOMPANHAMENTO E APOIO TÉCNICO À GESTÃO DESCENTRALIZADA DO SUAS

O Banco Central do Brasil em 29/06/2006 editou a Resolução 3380, com vista a implementação da Estrutura de Gerenciamento do Risco Operacional.

EDITAL UCB 001/2012 Propostas de Pesquisas

A Política e o Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional

juntamente com este regulamento.

PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO. Prof. Msc Milene Silva

Desenvolvimento de Pessoas na Administração Pública

POLÍTICA NACIONAL DE GESTÃO TERRITORIAL E AMBIENTAL DE TERRAS INDÍGENAS - PNGATI

O TRABALHO SOCIAL EM HABITAÇÃO COM UM CAMPO DE ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL

Conheça as propostas formuladas nos eventos preparatórios em todo o estado de SP

Curso de Formação de Conselheiros em Direitos Humanos Abril Julho/2006

TERMO DE REFERÊNCIA PCT BRA/IICA/05/004 PAN DESERTIFICAÇÃO

PRÊMIO INOVAR BH EDITAL SMARH N

DESAFIOS DE UMA PRÁTICA INOVADORA DE EDUCAÇÃO DO CAMPO: REFLEXÃO SOBRE O CURSO TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA COM ÊNFASE EM DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Transcrição:

GUIA PARA A CONSTRUÇÃO DO PLANO TERRITORIAL DE DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL E SOLIDÁRIO PTDRSS Brasília maio de 2016 Página 1 de 30

Presidente da República Dilma Rousseff Ministro de Estado do Desenvolvimento Agrário Patrus Ananias Secretária Executivo do Ministro de Estado do Desenvolvimento Agrário Maria Fernanda Ramos Coelho Secretário de Desenvolvimento Territorial José Humberto Oliveira Secretário Nacional de Agricultura Familiar Onaur Ruano Secretário Nacional de Reordenamento Agrário Adhemar Lopes de Almeida Coordenação do Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural NEAD Roberto Wagner Rodrigues Presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária Maria Lucia Falcon Presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável CONDRAF Patrus Ananias Página 2 de 30

Elaboração/Supervisão Diretora de Desenvolvimento Territorial Severine Macedo Secretário do Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável CONDRAF Francisco Rodrigo Josino Amaral Supervisão Coordenadora Geral de Apoio aos Órgãos Colegiados Elisa Guaraná de Castro Equipe Técnica Elaboração Elisa Guaraná de Castro Fani Mamede Monica Vasconcelos Kuhlmann Revisão Fani Mamede Projeto gráfico e Capa Diagramação Secretaria de Desenvolvimento Territorial SDT-SBN Q. 01, Ed. Palácio da Agricultura, 8 andar. CEP: 700-40908 - Brasília DF. Telefone (61) 2020-0360 / 0364 / 0356 Fax: (61) 2020-0360 Página 3 de 30

GUIA PARA A CONSTRUÇÃO DOS PTDRSS SUMÁRIO PARTE 1 COMO COMEÇOU... 5 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO... 5 1.1.1 A Construção do PNDRSS... 5 1.2 SITUAÇÃO ATUAL DOS PTDRSS... 7 1.2.1 Quanto à elaboração dos PTDRS... 7 PARTE 2 O PLANO... 9 2.1 ESTRUTURA PARA A FORMATAÇÃO DOS PTDRSS... 9 2.1.1 Princípios e Diretrizes do PTDRSS... 10 2.1.2 CAPÍTULO 1 Diagnóstico Territorial... 11 2.1.3 CAPÍTULO 2 Matriz de Objetivos, Estratégias e Metas... 14 2.1.3.1 Passo a passo para a elaboração da matriz do PTDRSS... 17 2.1.4 CAPÍTULO 3 Estratégia de Gestão, Acompanhamento e Monitoramento... 23 2.1.4.1 Gestão... 23 2.1.4.3 Acompanhamento e Monitoramento... 24 PARTE 3 MOBILIZANDO E CONSTRUINDO... 26 3.1 METODOLOGIA DE MOBILIZAÇÃO E CONSTRUÇÃO DOS PTDRSS... 26 3.1.1 Etapas de construção dos PTDRSS... 27 ETAPA 1 SENSIBILIZAÇÃO E MOBILIZAÇÃO... 27 ETAPA 2 OFICINA DE ARTICULAÇÃO E PACTUAÇÃO... 27 ETAPA 3 ELABORAÇÃO DO PLANO... 28 ETAPA 4 VALIDAÇÃO DO PLANO... 29 Página 4 de 30

PARTE 1 COMO COMEÇOU 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO Este Guia apresenta a orientação metodológica para a construção do Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário (PTDRSS) à luz do Plano Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário (PNDRSS), resultado da 2ª Conferência Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário (CNDRSS) e em conformidade com a Resolução nº 100, de 22/12/2014, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável (CONDRAF). Os PTDRSS devem se constituir em instrumentos construídos de forma democrática e participativa pelos Colegiados Territoriais, levando-se em consideração: A diversidade de grupos e os interesses sociais, culturais, políticos, ambientais e econômicos, de forma a se tornarem geradores e estimuladores do fortalecimento e da organização contínua dos territórios. Destaca-se que a construção e/ou atualização dos Planos Territoriais devem atentar para a compreensão de uma nova visão complexa da ruralidade contemporânea no Brasil que não pode ser concebida de forma isolada ou independente da dinâmica mais ampla, que nas sociedades modernas tem nas cidades a sua fonte impulsionadora. Os espaços rurais e as cidades, portanto, assumem crescentemente um caráter de interdependência, complementar e não de oposição 1. 1.1.1 A Construção do PNDRSS O processo de fortalecimento da agricultura familiar impulsionou a realização de duas grandes Conferências Nacionais de Desenvolvimento Rural Sustentável. A primeira realizada em 2008, em Olinda-PE, abordou a importância do Brasil Rural com Gente e teve por principal produto a elaboração de uma Política de Desenvolvimento do Brasil Rural (PDBR). A 2ª CNDRSS, realizada em 2013, teve como produto a construção do 1 Projeto Repensando o conceito de ruralidade no Brasil: implicações para as políticas públicas. IICA, 2015. Página 5 de 30

Plano Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário (PNDRSS), tendo por referência a PDBR e os estudos sobre o Rural Brasileiro, nos últimos anos. O PNDRSS reafirma as instâncias territoriais como espaços de construção e debate, fortalecendo a abordagem territorial como elemento de organização e reflexão sobre o rural brasileiro. A base para a sua elaboração foram as 100 propostas deliberadas na etapa nacional da 2ª CNDRSS. Vale esclarecer que as propostas resultantes das conferências territoriais e municipais influenciaram os debates durante as conferências estaduais. As propostas resultantes das conferências estaduais, temáticas e setoriais, por sua vez, por meio do mesmo processo de priorização, subiram à conferência nacional e influenciaram os debates ocorridos nela. Por fim, do conjunto de propostas submetidas à conferência nacional, 100 propostas foram aprovadas e contempladas no PNDRSS. O PNDRSS 1 está organizado em três partes: A primeira apresenta elementos gerais de contextualização, desde um breve histórico da constituição da agricultura familiar como sujeito do rural brasileiro e do processo de participação social na construção das políticas de desenvolvimento rural, até elementos de destaque da dinâmica internacional e nacional que dialogam com o plano, situando os atuais desafios para a agricultura familiar. A segunda parte traz a matriz de objetivos, estratégias e iniciativas para o desenvolvimento rural, decorrentes das cem propostas discutidas e aprovadas na 2ª CNDRSS. A matriz é precedida pelos destaques do processo da conferência, incluindo um resumo dos principais aspectos identificados nas propostas aprovadas. A terceira parte apresenta a estratégia para a gestão executiva e social do Plano Nacional. 1 Plano Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário (http://www.mda.gov.br/pndrss/) Página 6 de 30

O documento final da Conferência apresenta as diretrizes estratégicas e as iniciativas do PNDRSS e se consolida como documento orientador na construção dos planos estaduais e territoriais. Para a elaboração desses Planos a 2ª CNDRSS estabelece que o conjunto sistematizado de proposições aprovadas nas diversas conferências estaduais, territoriais, temáticas e setoriais realizadas deverá servir como ponto de partida para o processo de formulação dos Planos. 1.2 SITUAÇÃO ATUAL DOS PTDRSS Inicialmente é necessário esclarecer a diferença entre Planto Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável (PTDRS) e Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário (PTDRSS). São tratados como PTDRS aqueles elaborados anteriormente à 2ª CNDRSS. A partir de então, a 2ª CNDRSS que orientou a construção do PNDRSS, inseriu o conceito de Solidário, acrescentando-o a nova terminologia. Portanto, os PTDRS se referem aos Planos Territoriais elaborados antes da 2ª CNDRSS e os PTDRSS se referem aos Planos posteriores. 1.2.1 Quanto à elaboração dos PTDRS Quanto ao cenário de construção dos PTDRS, dos 241 Territórios, 155 elaboraram seus Planos e 86 territórios ainda não têm seus Planos Territoriais construídos. Desses, 103 elaboraram antes de 2010. Em 2010 o MDA publicou a 2ª edição do Guia para o Planejamento Territorial do PTDRS a partir dos referenciais da SDT, com a sistematização da experiência acumulada, e a colaboração da equipe técnica interna. O documento apontou novas orientações a partir dos elementos constantes do Guia de Planejamento elaborado em 2005. Esse documento orientador estabeleceu um conjunto de objetivos para dois momentos distintos, quais sejam: Os objetivos para a elaboração do PTDRS e os objetivos para a qualificação do PTDRS existentes. Esclarecendo que no primeiro caso se trata da elaboração dos novos Planos e no segundo caso a qualificação dos Planos já existentes. Página 7 de 30

Dos 103 Planos elaborados antes de 2010, supracitados, 70 foram qualificados nesse processo. Segundo o Guia para o Planejamento Territorial do PTDRS o objetivo da qualificação foi qualificar o PTDRS, em apoio à gestão social dos territórios rurais, possibilitando sua avaliação, ampliação e consolidação. A tabela a seguir apresenta o número de PTDRS elaborados por região. Tabela 1 - Territórios com PTDRS REGIÃO TERRITÓRIOS TERRITÓRIOS COM PTDRS TERRITÓRIOS SEM PTDRS Centro-Oeste 26 17 9 Nordeste 104 60 44 Norte 43 33 10 Sudeste 28 20 8 Sul 40 25 15 TOTAL 241* 155 86 (*) Vale ressaltar que ocorreu a criação de 76 novos Territórios nos últimos três anos. Página 8 de 30

PARTE 2 O PLANO 2.1 ESTRUTURA PARA A FORMATAÇÃO DOS PTDRSS O Plano deve ser considerado como um instrumento de gestão dinâmico e retroalimentado devendo abranger um horizonte de 10 anos, sendo suas estratégias, ações e/ou projetos atualizados a cada um ou dois anos com a apresentação de programação anual ou bianual de execução. Com vistas ao alinhamento e compatibilização dos instrumentos de planejamento governamental estadual e federal, sugere-se que: A matriz de objetivos, estratégias e metas seja compatibilizada com o PNDRSS convergindo, preferencialmente, com as políticas estaduais, como o Plano Plurianual (PPA) da Unidade Federativa e/ou programas e estratégias estaduais. Os objetivos, estratégias e as metas planejadas sejam sistematizadas em uma matriz cuja base seja formada pelas propostas aprovadas na etapa Territorial da 2ª CNDRSS; As ações e/ou projetos sejam planejados no momento da elaboração do Plano ou posteriormente a cada um ou dois anos. Quanto ao conteúdo, os PTDRSS deverão ser organizados em três capítulos distintos e complementares, apresentados na Figura 1 a seguir, priorizando a sistematização e a fundamentação das propostas apresentadas nas Conferências Territoriais da 2ª CNDRSS. Desta forma, no caso dos PTDRSS, é opcional a definição das ações e/ou projetos no momento da sua elaboração ou posteriormente, priorizando ações de curto e médio prazos. Página 9 de 30

Figura 1 Estrutura dos PTDRSS 2.1.1 Princípios e Diretrizes do PTDRSS Em atendimento aos encaminhamentos da 2ª CNDRSS, os PTDRSS deverão adotar os mesmos princípios e diretrizes estabelecidos no PNDRSS, quais sejam: O PNDRSS adota os em sua totalidade os princípios estabelecidos pela PDBR: a democracia como fundamento básico da cultura política e das relações sociais; a sustentabilidade, em suas múltiplas dimensões, como orientação fundamental para reduzir as desigualdades sociais e regionais; a inclusão como ampliação dos mecanismos de democratização política, social, cultural e econômica da sociedade brasileira, assegurando a participação igualitária de todos os segmentos sociais; a diversidade como reconhecimento da importância dos patrimônios ambiental, sociocultural, econômico e político existente nos espaços rurais; a igualdade como resultado das transformações na dimensão da vida social para superação das desigualdades econômicas, de gênero, geração, raça, cor e etnia na sociedade brasileira; a solidariedade como responsabilidade individual e coletiva compartilhada em favor de ordem econômica, social, política, ambiental e cultural mais justa, tendo por base os princípios da autogestão e da cooperação. Página 10 de 30

Da mesma forma, definiram-se, ainda, as diretrizes estratégicas do processo de desenvolvimento: a potencialização da diversidade ambiental, sociocultural, econômica e político-institucional e a valorização das múltiplas funções desempenhadas pelos espaços rurais; a dinamização econômica, a incorporação de inovações e a democratização do acesso às tecnologias voltadas à construção de modelo sustentável de produção agropecuária, extrativista, florestal, pesqueira e aquícola; o fortalecimento dos fatores de atratividade geradores de qualidade de vida, inclusão social e igualdade de oportunidades nos espaços rurais; o fortalecimento de um arranjo institucional integrador das ações do Estado brasileiro e a consolidação dos mecanismos de controle e gestão social, com base no protagonismo das organizações da sociedade civil. 2.1.2 CAPÍTULO 1 Diagnóstico Territorial O primeiro capítulo deverá apresentar o diagnóstico, realizando leitura participativa da realidade, trazendo o regaste da trajetória do desenvolvimento rural, na perspectiva territorial, não podendo exceder 10% do número de páginas do Plano. O diagnóstico requer o levantamento de informações básicas relevantes acerca do território, incluindo as áreas urbanas e rurais. As informações obtidas deverão ser organizadas e armazenadas em banco de dados, instrumento fundamental para auxiliar o acompanhamento da implementação do PTDRSS. Durante o levantamento das informações é imprescindível citar as fontes dos dados empregados, ressaltando eventuais falhas e limitações que, de algum modo, determinem simplificações e influenciem os resultados das análises. Assim, podem-se prever ações que consigam, em um futuro próximo, sanar a carência de informações e permitir uma revisão do Plano. Para a construção do diagnóstico num território que ainda não tem PTDRS, recomendam-se dois procedimentos: 1) consultar bases de dados secundários; e 2) realizar atividades de verificação e confrontação com dados primários. Página 11 de 30

Para as informações secundárias, poderá ser consultado o Sistema de Informações Territoriais (SIT), no site www.mda.gov.br/sdt, assim como outras fontes estaduais e municipais. Para as informações primárias, poderão ser realizadas algumas atividades com grupos sociais ou setores prioritários definidos pelo colegiado. As aplicações de metodologias participativas de rápida execução (DRP) poderão ajudar na coleta de informações. Recomenda-se que seja constituída uma equipe territorial, a partir do núcleo dirigente e núcleo técnico do Colegiado, para apoiar a sistematização do diagnóstico territorial. Nos territórios rurais, assim como na sociedade como um todo, as condições de reprodução da vida social e econômica de seus habitantes têm uma íntima relação com a natureza. Desta maneira é importante que, ao propor o estabelecimento de uma relação solidária e equitativa nas outras dimensões do desenvolvimento, pensar na relação deste com a natureza e em como introduzir um processo de desenvolvimento sem interferir e desestruturar as culturas e formas de vida das comunidades tradicionais, indígenas e grande contingente de populações rurais, como os agricultores familiares. Tanto os planos territoriais quanto as políticas públicas que o apoiam não devem contribuir para o avanço na degradação da natureza do Brasil, e nem tampouco ameaçar a diversidade cultural do país. Por isso a noção de sustentabilidade embasa as demais dimensões que nortearão o processo a ser construído na elaboração e qualificação dos PTDRSS. O diagnóstico é um componente fundamental na elaboração do Plano e deverá apontar para os resultados que se quer alcançar, trazendo as dimensões do desenvolvimento rural sustentável no âmbito do PTDRSS, na perspectiva do Território, quais sejam: socioeconômica, sociocultural educacional, ambiental, político institucional, como ilustrado na Figura 2, a seguir. Figura 2 Sustentabilidade e desenvolvimento territorial Dimensão Ambiental Dimensão Socioeconômica Sustentabilidade Dimensão Político Instrucional Dimensão Sociocultural Educacional Página 12 de 30

No geral, como orientação é necessário qualificar a compreensão das concepções entre as dimensões e seus significados, sobretudo numa perspectiva de desenvolvimento sustentável dos territórios. A título de contribuição é apresentada a seguir uma síntese da noção de sustentabilidade a partir do conjunto de suas dimensões, para auxiliar o processo de a elaboração dos PTDRS. Dimensão Socioeconômica - Busca a organização social e econômica dos territórios segundo suas potencialidades, capazes de se tornarem dinamizadoras do desenvolvimento e geradoras das competências sistêmicas para a sustentabilidade. Caracteriza-se, portanto, por dois processos: a organização social das potencialidades do território e a reestruturação social das atividades produtivas ali predominantes, a partir da construção dos níveis de acumulação territorial e o desenvolvimento constante da produtividade e da intersetorialidade socioprodutiva. Dimensão sociocultural e Educacional - Procura identificar e resgatar a história da formação dos territórios e as características sociodemográficas da diversidade sociocultural, bem como as suas relações com os direitos à educação, saúde e o fortalecimento da identidade cultural, visando à construção da sustentabilidade democrática do desenvolvimento dos territórios. Quanto à educação, deve ser vista como mecanismo sistêmico de reprodução social e cultural dos novos valores, comportamentos imaginários e simbólicos da sustentabilidade dos territórios. Dimensão ambiental - Consiste na valorização e avaliação da situação das questões e dos componentes do meio ambiente dos territórios e seu bioma, assim como a identificação dos passivos ambientais em busca da sustentabilidade. Dimensão Político- Institucional - Consiste na análise das estruturas de poder e das representações sociais nos espaços políticos dos territórios para compreender as relações entre políticas públicas, os projetos políticos que as representam, as institucionalidades a elas vinculadas e a governabilidade sócio territorial, na perspectiva da configuração de uma moderna esfera pública ampliada, democrática e com protagonismo dos atores locais. As dimensões do desenvolvimento devem apresentar uma análise acerca dos principais aspectos sociais, econômicos e ambientais que caracterizam o estado, tais como: formas e etapas de ocupação e organização territorial, o uso e ocupação atual do solo e dos recursos Página 13 de 30

naturais e dos recursos hídricos, suas especificidades, vocações e seu papel na economia estadual e regional e no conjunto das demais Unidades da Federação. Uma breve análise demográfica das áreas urbana e rural é um dado importante no diagnóstico. Quanto às informações econômicas é importante o Produto Interno Bruto - PIB municipal, o PIB per capita, comparar os dados da região e indicar os tipos de atividades econômicas dominantes. A página do IBGE Cidades será importante para este tipo de informação, assim como o acesso aos dados da Relação Anual de Informações Sociais RAIS do Ministério do Trabalho, que consolida informações obrigatórias das indústrias locais. 2.1.3 CAPÍTULO 2 Matriz de Objetivos, Estratégias e Metas Este Capítulo deverá iniciar apontando os desafios e as potencialidades territoriais identificadas na Oficina de Articulação e Pactuação - Etapa 2 do processo de construção dos PTDRSS, item 3.1.1 deste Guia. Em seguida deverá apresentar de forma detalhada os temas destacados no conjunto de propostas deliberadas na Conferência Territorial. É importante encontrar convergências entre essas propostas e as políticas estaduais, como o Plano Plurianual-PPA e/ou programas do Estado. O resultado desse trabalho apontará o contexto em que se inserem os objetivos e os resultados que se quer alcançar rumo ao desenvolvimento rural sustentável e solidário, fundamentando as estratégias e as metas que serão estabelecidas. As ações e/ou projetos serão opcionalmente apresentados na matriz ou posteriormente em planejamentos a cada um ou dois anos. Considerando a diversidade das iniciativas propostas na 2ª CNDRSS, que se relaciona com os diversos contextos existentes, nos diferentes territórios e estados do país, o Plano Territorial pode apresentar objetivos e estratégias específicas segundo as particularidades de cada região. Dessa forma, novos objetivos e estratégias podem ser criados na medida em que representem um conjunto de metas peculiares a um determinado contexto. O PNDRSS apresenta 5 objetivos estratégicos e 3 objetivos transversais. Os objetivos definidos no PNDRSS estão listados a seguir e podem ser adotados ou não pelos PTDRSS. Página 14 de 30

Objetivos estratégicos do PNDRSS: 1. Assegurar o desenvolvimento socioeconômico e ambiental do Brasil Rural e o fortalecimento da agricultura familiar e a agroecologia, com ampliação da renda, da produção e da disponibilidade e acesso a alimentos saudáveis; 2. Promover a reforma agrária, a democratização do acesso à terra e aos recursos naturais; 3. Adotar a abordagem territorial como estratégia de desenvolvimento rural e de melhoria da qualidade de vida, por meio da integração de políticas públicas e articulação interfederativa; 4. Promover a gestão e a participação social na implementação, no monitoramento e na avaliação das políticas públicas; 5. Consolidar e fortalecer, nos espaços internacionais, regionais e multilaterais, a agenda do desenvolvimento rural com ênfase na agricultura familiar e agroecológica. Objetivos transversais do PNDRSS: 6. Promover a autonomia das mulheres por meio da garantia do acesso à terra e à cidadania, da organização produtiva, gestão econômica e qualificação das políticas e serviços públicos; 7. Promover a autonomia e a emancipação da juventude rural por meio da qualificação das políticas e serviços públicos, com ênfase nas políticas educacionais e da organização produtiva; e 8. Promover o etnodesenvolvimento, valorizando a agrobiodiversidade e os produtos da sociobiodiversidade. O conjunto de objetivos, estratégias e metas do plano deverá ser sistematizado na matriz de planejamento apresentada na Tabela 2 a seguir. Página 15 de 30

Tabela 2 - Estrutura da matriz a ser adotada nos PTDRSS Objetivo 1.... Estratégia 1.1.... Metas de curto prazo 1.1.1.... 1.1.2.... Estratégia 1.2.... Metas de curto prazo 1.2.1.... 1.2.2.... Objetivo 2.... Estratégia 2.1.... Metas de curto prazo 2.1.1.... 2.1.2.... Estratégia 2.2.... Metas de curto prazo 2.2.1.... 2.2.2.... Página 16 de 30

A seguir são apresentados os conceitos relativos aos itens da Tabela 2. O Objetivo expressa o que deve ser feito, refletindo as situações a serem alteradas pela implementação de um conjunto de Iniciativas, com desdobramento no território. Se caracteriza por ser mensurável e deve ser entendido como o grande propósito a ser alcançado pelos atores territoriais. O Plano deve apresentar os objetivos que podem estar entre os cinco definidos no PNDRSS ou novos objetivos, criados para o PTDRSS. O conceito de Estratégia deve ser resgatado da concepção do PNDRSS: [...] entende-se por estratégia cada conjunto integrado de ações estruturadas, regras decisórias e posicionamentos assumidos e implementados para atingir os objetivos. São os caminhos mais gerais do como fazer para se chegar aos objetivos. Para cada estratégia, devem ser estabelecidas as metas. A Meta é uma medida do alcance do objetivo, podendo ser de natureza quantitativa ou qualitativa, a depender das especificidades de cada caso. Quando qualitativa, a meta também deverá ser passível de avaliação. Cada Objetivo deverá ter uma ou mais metas associadas. Além dos itens apresentados na Tabela 2, é opcional a definição das ações e/ou projetos, com a possibilidade também de serem definidas posteriormente a cada um ou dois anos. Vale esclarecer que as ações e/ou projetos são entendidos como os passos necessários à concretização dos resultados que influenciam diretamente a definição das metas. A definição dessas ações e/ou projetos deve vir acompanhada do campo do responsável pela execução da iniciativa. O responsável indicado é sempre instituição e organismo de governo, não devendo ser personalizado com nome de pessoa. 2.1.3.1 Passo a passo para a elaboração da matriz do PTDRSS Nesse item será apresentada uma breve descrição dos três passos sugeridos para a elaboração da matriz do Plano. É importante salientar que as sugestões apresentadas estão baseadas nas evidências encontradas nas propostas das conferências territoriais da 2ª CNDRSS, no Território Andradina de São Paulo e Território Piemonte Norte do Itapicuru da Bahia. A escolha destes dois estados deve-se ao fato de apresentarem diferentes estágios de implantação da abordagem territorial, considerando que o Estado da Bahia se encontra Página 17 de 30

completamente territorializado e o Estado de São Paulo tem apenas parte da sua área territorializada. Passo 1 - Detalhar o resultado da conferência territorial O primeiro passo para a elaboração da matriz é detalhar o resultado da conferência territorial adequando as propostas resultantes com vistas a aprimorar sua linguagem. Grande parte das propostas resultantes das conferências territoriais possui uma redação que expressa várias ações em uma mesma proposta. Na matriz a ser elaborada para os Planos, o objetivo deve ser redigido de forma clara e objetiva, iniciando a expressão com verbo intransitivo, e devem expressar uma só ação para o que deve ser feito, para a qual serão estabelecidas estratégias e metas, como nos exemplos a seguir. Exemplo 1: Redação da Proposta que compõe o Eixo Temático 1 da Conferência Territorial de Andradina do Estado de São Paulo. Proposta do Eixo Temático 1: Manter o programa de reforma agrária efetivo e atuante com desapropriações de terras improdutivas e que não cumprem a sua função social, criando novos assentamentos e programas da reforma agrária para democratizar a terra e estabelecer limites de tamanho de propriedades. Caso seja adotado o Objetivo do PNDRSS ele deverá ser: Promover a reforma agrária, a democratização do acesso à terra e aos recursos naturais. Observa-se que a proposta contém três estratégias distintas que devem ser relacionadas a metas concretas na composição da matriz do Plano, adequando sua redação que deve iniciar com um verbo intransitivo, sem alterar o seu conteúdo: - Realizar a desapropriação de terras improdutivas e que não cumprem a sua função social; - Criar novos projetos de assentamentos da reforma agrária; - Estabelecer em ação específica limites de tamanho para as propriedades rurais. Exemplo 2: Redação da Proposta que compõe o Eixo Temático 3 da Conferência Territorial de Piemonte Norte do Itapicuru do Estado da Bahia. Proposta do Eixo Temático 3: Dinamizar a produtividade das propriedades familiares rurais com injeção de recursos financeiros advindos dos governos Estadual e Federal, o acesso a Página 18 de 30

ATER ambientalmente qualificada e permanente, visando aumentar a renda destas propriedades com acesso as tecnologias de inclusão socioprodutivas e de convivência com o semiárido e linhas de créditos. Caso seja adotado o Objetivo do PNDRSS ele deverá ser: Assegurar o desenvolvimento socioeconômico e ambiental do meio rural e o fortalecimento da agricultura familiar e a agroecologia, com ampliação da renda, da produção e da disponibilidade e acesso a alimentos saudáveis. A proposta contém quatro estratégias distintas que devem ser relacionadas a metas concretas na composição da matriz do Plano, adequando sua redação que deve iniciar com um verbo intransitivo, sem alterar o seu conteúdo: - Dinamizar a produtividade das propriedades familiares rurais com linhas de crédito estadual e federal; - Garantir o acesso a ATER ambientalmente qualificada e permanente; - Disponibilizar serviços de ATER específica para a inclusão socioprodutiva e de convivência com o semiárido; - Disponibilizar serviços de ATER específica de convivência com o semiárido. Passo 2 - Compatibilizar propostas com o PNDRSS Após detalhar o resultado da conferência e sistematizá-lo em uma matriz, faz-se necessário identificar no PNDRSS quais são os objetivos, estratégias e metas que se relacionam com a proposta, como no exemplo a seguir. Após esse passo é possível identificar quais propostas apresentadas nas conferências territoriais foram contempladas pelo PNDRSS e identificar se existe convergência com as políticas estaduais, como o PPA e/ou programas estaduais. Exemplo 1: Compatibilização da Proposta que compõe o Eixo Temático 1 da Conferência Territorial de Andradina do Estado de São Paulo Página 19 de 30

Tabela 3 - Compatibilização das propostas da Conferência Territorial de Andradina do Estado de São Paulo, exemplificadas, com as iniciativas contidas no PNDRSS Proposta da Conferência Territorial de Andradina do Estado de São Paulo Realizar a desapropriação de terras improdutivas e que não cumprem a sua função social Criar novos projetos de assentamentos da reforma agrária Estabelecer em programa específico limites de tamanho para as propriedades rurais Compatibilização com o PNDRSS 2.2.1 identificar e desapropriar imóveis que não cumprem todos os critérios de função social, incorporando-os ao processo da reforma agrária, incluindo a desapropriação de imóveis classificados como latifúndios, massas falidas, de imóveis com dívidas fiscais e bancárias, que incorrem em crimes ambientais, onde há trabalho escravo, plantio de psicotrópicos ou onde há conflitos e violência. 2.2.2. Retomar as terras públicas ocupadas de forma irregular e ilegítima e destiná-las para o assentamento de novas famílias. 2.4.9. Estabelecer o limite máximo de 15 a 25 módulos fiscais para propriedades rurais, de acordo com as características regionais, uso da terra e produção. Metas e responsáveis 3 Metas Resp.: INCRA 1 Meta Resp. INCRA NÃO TEM Exemplo 2: Compatibilização da Proposta que compõe o Eixo Temático 3 da Conferência Territorial Piemonte Norte do Itapicuru do Estado da Bahia Página 20 de 30

Tabela 3 - Compatibilização das propostas da Conferência Territorial de Piemonte Norte do Itapicuru do Estado da Bahia, exemplificadas, com as iniciativas contidas no PNDRSS Proposta da Conferência Territorial de Piemonte Norte do Itapicuru do Estado da Bahia Dinamizar a produtividade das propriedades familiares rurais com linhas de crédito estadual e federal. Garantir o acesso a ATER ambientalmente qualificada e permanente. Disponibilizar serviços de ATER específica para a inclusão socioprodutiva. Compatibilização com o PNDRSS 1.4.1. Ampliar crédito e adequar critérios e instrumentos do PRONAF à realidade de cada um dos biomas brasileiros e dos públicos beneficiários 1.3.1. Ampliar oferta de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) para agricultura familiar e organizações econômicas. 1.8.1. Apoiar a organização da produção e a qualificação e a gestão das organiza- ções econômicas. Metas e responsáveis 8 Metas Resp.: MDA, INCRA, MAPA e MF 24 Metas Resp. MDA, INCRA, MMA, ICMBio 1 Meta Resp. MDA Disponibilizar serviços de ATER específica de convivência com o semiárido. 1.5.1. Instituir uma Política Nacional de Convivência com o Semiárido Brasileiro, com instrumentos e estratégias específicos, que contemple a universalização do acesso à água para consumo humano, em parceria com a sociedade civil, a ampliação do acesso à água para produção calcada no armazenamento em bases agroecológicas e a valorização do trabalho das mulheres e o protagonismo da juventude rural. NÃO TEM Página 21 de 30

Cabe observar nos exemplos anteriores que as propostas apresentadas durante a conferência territorial foram contempladas na elaboração da matriz do PNDRSS, porém duas delas não tem metas associadas, nem o responsável. Essa atividade é importante para que seja possível visualizar quais são as propostas dos territórios que estão sendo contempladas no âmbito do PNDRSS, e se existem metas definidas e concretas associadas a elas ou não. Desta forma é possível identificar as propostas que não estão cobertas pelo orçamento federal, que irão demandar um esforço maior para serem contempladas pelas políticas estaduais, como o PPA e/ou programas estaduais. Nessas simulações é possível constatar a importância de identificar a iniciativa do PNDRSS que converge com a proposta territorial, permitindo assinalar e apontar quais são os objetivos e as estratégias do PNDRSS nas quais essas iniciativas se inserem. Passo 3 - Identificar e criar objetivos Os exemplos dados no Passo 2 mostram claramente que existem relações entre as diversas propostas, de forma que muitas delas são complementares ou exprimem relações entre iniciativas ou circunstâncias similares. Com vistas a reconhecer, diferenciar e classificar as propostas, organizando-as de acordo com seu propósito específico, sugere-se que, ao realizar o exercício de compatibilizar as propostas dos Planos com os objetivos contidos no PNDRSS, sejam adotados ou não, os objetivos já definidos no PNDRSS. No caso de serem adotados os objetivos do Plano Nacional e existirem propostas dos PTDRSS que não se relacionam diretamente com as iniciativas do PNDRSS, nem podem ser categorizadas nas estratégias já estabelecidas, sugere-se agrupá-las conforme seus propósitos, criar e redigir novos objetivos para que contemplem tais propostas, particulares ao território em questão. A elaboração do PTDRSS deve partir de um processo de reflexão, debate e construção participativa. Espera-se com isso, que o processo de elaboração dos instrumentos de planejamento estaduais reconheça o resultado dos esforços de qualificação das demandas e de planejamento participativo, para que o conteúdo do Plano seja compatibilizado com o ciclo formal de planejamento das políticas públicas territoriais, contando com o aporte de recursos orçamentários e metas estadualizadas para avançar no processo de desenvolvimento rural com a integração de interesses e ações concretas. Página 22 de 30

Portanto, orienta-se para que todas as etapas de construção dos Planos tenham a participação de representantes dos territórios e do estado. 2.1.4 CAPÍTULO 3 Estratégia de Gestão, Acompanhamento e Monitoramento O Capítulo 3 deverá abordar a gestão executiva e social do Plano, detalhando em seu sistema de gestão as estratégias de monitoramento e avaliação das ações a serem realizadas. 2.1.4.1 Gestão A gestão do plano se caracteriza, sobretudo, pela responsabilidade do Colegiado Territorial por sua implementação. Para isso, deverá se estruturar de alguma forma (câmaras temáticas, comitês, núcleos, grupos de trabalho, dentre outros) e constituir um instrumento de gestão, cujas metas principais são: a) Transformar as estratégias do Plano em ações operacionais; b) Transformar essas estratégias em tarefas para o Colegiado Territorial; c) Estruturar a sinergia institucional para as estratégias do Plano; d) Converter as estratégias em um processo contínuo e enriquecedor. A gestão do Plano consistirá, portanto, na implementação do plano de gestão construído durante o processo de formulação, bem como dos instrumentos para sua implementação, seu gerenciamento social, sua operacionalização (metas, ações e/ou projetos e responsáveis) e a governança sobre os acordos externos e seus instrumentos de controle social. O gerenciamento do Plano se caracteriza por três fatores que devem se tornar dinâmicos na execução dos objetivos, estratégias e metas. Estes fatores são: o gerenciamento propriamente dito, a operacionalização com suas estratégias e metas e o foco nos resultados a serem alcançados. Neste sentido, é importante também compreender que o fortalecimento da responsabilidade social dos sujeitos e/ou atores do território deve ser um dos aspectos essenciais, não somente a ser definido no desenho e a implementação da Estratégia de Gestão e Acompanhamento, mas ser considerado ao longo de todo o processo. Página 23 de 30

Contudo, não basta apenas a vontade geral para isso. Para ter eficiência e eficácia na concretização de objetivos, estratégias e metas é necessário também o monitoramento do Plano com a construção social de indicadores que devem estar contemplados tanto no processo como nos resultados e impactos que poderão incidir na organização sistêmica do estado e do território e na sua sustentabilidade. 2.1.4.3 Acompanhamento e Monitoramento O PTDRSS exige instâncias e mecanismos específicos de gestão e também de acompanhamento e monitoramento, visando a avaliação das ações e/ou projetos, estratégias e metas propostas, em âmbito executivo e de gestão social. O processo de acompanhamento e monitoramento se constituirá em instrumento de aproximação entre o planejado e o executado, permitindo sua constante adequação e correção de eventuais disfunções. O monitoramento é uma estratégia para orientar a concepção das estratégias e das ações e/ou projetos do Plano e contribuir para a garantia de novos recursos para financiar e/ou apoiar a efetivação do planejamento. É uma ferramenta muito importante para pautar o debate, fazer pressão e reivindicar o financiamento e/ou apoio público dessas ações. O monitoramento se relaciona diretamente com a gestão das ações e/ou projetos e consiste num exame contínuo ou periódico durante a etapa de desenvolvimento das atividades. Trata-se de elementos de planejamento complexos e imprescindíveis em um Plano que tem como objetivo principal o apoio à gestão social dos colegiados territoriais. Entende-se o monitoramento do PTDRSS como um processo permanente e mais amplo que o mero acompanhamento da execução. Busca-se, com isso, na implantação do Plano, a identificação de eventuais lacunas na execução, contribuindo ferramentalmente para a adoção de medidas corretivas para ajuste das atividades planejadas. Para ter eficiência e eficácia na concretização de objetivos e metas é necessária também a construção de indicadores que devem estar contemplados tanto no processo como nos resultados e impactos a serem alcançados. Portanto, os indicadores são parâmetros qualificados ou quantificados que servem para detalhar em que medida os objetivos foram alcançados, dentro de um prazo delimitado de tempo no território. Serão os instrumentos de acompanhamento, avaliação e Página 24 de 30

monitoramento do processo de gestão, subsidiando, desta maneira, o controle social no território. Por exemplo, se uma meta do Plano é Apoiar 1.000 agricultores familiares organizados em pessoas jurídicas, para comercialização de seus produtos o indicador para medir o alcance desta meta seria o número de agricultores apoiados. É importante ressaltar que a Estratégia de Gestão, Acompanhamento e Monitoramento se caracteriza por dois processos simultâneos e inter-relacionados, um interno e outro externo: a) O processo interno consiste, principalmente, na intensidade de responsabilidade social (capacidade de pactuação) que o Colegiado Territorial se atribui ao assumir a gestão, orientando-se no sentido da materialização dos objetivos, metas, responsáveis e resultados e também no contínuo processo de qualificação dessa Estratégia; b) O processo externo consiste na competência social (assumida e desenvolvida) do Colegiado Territorial buscando a maior governança nos acordos e negociações com parceiros e atores nas diversas esferas de concertação possíveis da União. Trata-se de Estratégia que se tornará concreta e alcançará maior legitimidade se o Colegiado Territorial articular as condições internas para implementação de ações e iniciativas e, ao mesmo tempo, realizar as negociações externas visando à mobilização e atração de recursos (financeiros, humanos e materiais) e políticas públicas. Página 25 de 30

PARTE 3 MOBILIZANDO E CONSTRUINDO 3.1 METODOLOGIA DE MOBILIZAÇÃO E CONSTRUÇÃO DOS PTDRSS Como instrumento central de articulação e coordenação o PTDRSS além de dialogar com os planos e políticas públicas do Governo Federal, deve ser concebido como instrumento de orientação e diálogo com os Governos Estadual e Municipal e contar com o apoio dos Núcleos de Extensão em Desenvolvimento Territorial (NEDET) 1 e outras assessorias à gestão social dos colegiados que têm o papel precípuo de contribuir para a consolidação da abordagem territorial como estratégia de desenvolvimento sustentável para o Brasil Rural. É função do PTDRSS preparar o terreno para a formulação do projeto de desenvolvimento territorial baseado na experiência de planejamento e na análise dos planos já elaborados e em implementação no território. Orientado para ser elaborado de forma participativa, o Plano se caracteriza como o principal instrumento para a gestão social do desenvolvimento rural territorial, e a orientação para a sua construção deverá ser à luz do PNDRSS, contemplando especialmente os resultados das conferências territoriais. À luz do PNDRSS, os subsídios para a elaboração do PTDRSS são as proposições resultantes de todas as etapas de realização da 2ª CNDRSS. As propostas resultantes das conferências territoriais, estaduais e nacional foram construídas com ampla representação, validadas e compactuadas por essa diversidade de atores e por isso devem servir como base para a construção dos Planos Territoriais. A proposta metodológica apresentada a seguir se destina a construção dos Planos Territoriais e orienta que não devem ser desconsiderados os PTDRS já elaborados e em 1 Resultado da cooperação MDA/SPM-PR/CNPq, os NEDET têm a atribuição de garantir apoio técnico, assessoramento e acompanhamento para a atuação dos Colegiados Territoriais, aproximando a academia à implementação das políticas públicas por meio de ações de extensão e pesquisa universitária. Além disso, buscam envolver diversos aspectos dos processos de gestão social e de efetivação de políticas públicas voltadas ao desenvolvimento social e econômico do território, tais como o apoio aos PTDRSS e PEDRSS, a produção de dados e informações, a geração e difusão de conhecimentos, métodos e tecnologias sociais, e o monitoramento e avaliação de políticas públicas. Estão em execução 98 projetos, em 186 territórios rurais, 54 universidades ou institutos federais em 27 unidades da federação. Página 26 de 30

execução. Isso significa que deverá ser avaliada a necessidade de atualização dos Planos existentes à luz do PNDRSS, analisando de forma específica as experiências existentes. 3.1.1 Etapas de construção dos PTDRSS A metodologia a ser utilizada na elaboração do PTDRSS deve incorporar as demandas das comunidades locais e de representantes dos diversos setores, apresentadas na conferência territorial ocorrida durante a 2ª CNDRSS, identificando suas necessidades e anseios na definição das iniciativas, construção de cenários futuros e priorização de ações. Todas as etapas de discussão e elaboração do Plano devem ter apropriação do Colegiado Territorial. Os objetivos devem ser entendidos como os propósitos a serem alcançados pelos atores territoriais a partir da identificação e qualificação dos resultados almejados. A fase de conclusão do Plano deverá ocorrer em plenária territorial, com a participação do Colegiado, instância responsável pela validação do documento. O roteiro para a elaboração do Plano está dividido em três etapas, conforme proposta apresentada a seguir. Em todas as etapas devem ser atendidos os princípios e as diretrizes estabelecidos pelo PNDRSS, transcritos no item 3.1.1 supracitado, que devem ser parte do Plano elaborado. ETAPA 1 SENSIBILIZAÇÃO E MOBILIZAÇÃO A primeira Etapa será de mobilização e sensibilização dos diversos atores territoriais, pactuando o processo de elaboração e o prazo para a sua conclusão, com o Colegiado Territorial. Para tanto, deverá ser realizada uma oficina ampla com o objetivo de sensibilizar e mobilizar os atores locais para organização da institucionalidade territorial, criando uma comissão provisória de articulação e elaboração da proposta no âmbito do Colegiado Territorial. ETAPA 2 OFICINA DE ARTICULAÇÃO E PACTUAÇÃO A segunda etapa será a realização de uma oficina de trabalho para detalhar o resultado da conferência territorial ocorrida durante a 2ª CNDRSS, observando a convergência com as políticas estaduais, como o PPA e/ou programas estaduais, à luz do PNDRSS. A partir dessa Página 27 de 30

análise são definidos os encaminhamentos e as estratégias para a superação das possíveis lacunas identificadas e para a construção do Plano. Esta é uma etapa que favorece a articulação e a pactuação com os entes federados e com a sociedade civil em torno do diagnóstico territorial, dos objetivos, estratégias e metas e o processo de acompanhamento e gestão do Plano. O pressuposto básico para a implementação deste Plano utilizará ações das políticas estaduais, como o PPA e/ou programas do Estado, de forma articulada, pactuada e integrada com os entes federados. Além disso, utilizará ações de articulação das diversas representações locais fortalecendo-as e formando assim coletivos direcionados à construção de processos participativos, democráticos, sustentáveis e solidários. No caso dos territórios onde existe o Plano, deverá ser avaliada a sua efetividade e em que medida ele dialoga com o PNDRSS. A análise deverá levar em conta se o Plano está em execução; se suas ações atendem o cenário territorial atual ou se necessitam de atualização; se está assegurada a participação dos integrantes do colegiado territorial e dos demais atores sociais estaduais e municipais; se ele se constitui em instrumento de negociação e harmonização da diversidade de pensamentos, interesses e práticas existentes no território; se, de fato, se traduz na manifestação da realidade do território; e ainda, em como se dá o acompanhamento da sua implementação. Após essa análise o coletivo deverá deliberar pela sua continuidade, atualização total ou parcial ou elaboração de um novo Plano, à luz do PNDRSS e como ele poderá ser revalidado como PTDRSS. ETAPA 3 ELABORAÇÃO DO PLANO Na terceira etapa, de posse desse resultado, inicia-se a elaboração do documento do Plano que deverá seguir a estrutura de formatação apresentada, anteriormente, na Parte 2 deste Guia. O PTDRSS deve ser construído com ou pelo Colegiado Territorial, levando-se em consideração a diversidade de grupos e os interesses sociais, culturais, políticos e econômicos e adotando procedimentos para identificar e incluir as análises e contribuições dos diversos públicos existentes no território (comunidades e povos tradicionais, mulheres, jovens, sistemas alternativos de produção, experiências culturais e educacionais, dentre outros). Página 28 de 30

No processo de construção do Plano a equipe responsável deverá realizar consultas territoriais sempre que necessário; reuniões internas e externas; e oficinas de trabalho que garantam o atendimento aos objetivos, orientações e estratégias pactuadas. No âmbito desses eventos deverão ser apresentadas as propostas da conferência territorial ocorrida durante a 2ª CNDRSS e identificados os desafios e as potencialidades territoriais. Os desafios são fatores internos que dificultam o processo de modificação da realidade existente e que devem ser enfrentados e vencidos para que as mudanças desejadas aconteçam. As potencialidades são fatores internos positivos que oferecem a possibilidade de modificar a realidade. ETAPA 4 VALIDAÇÃO DO PLANO A quarta e última etapa será de apresentação da versão preliminar do Plano e, na sequência, da sua versão final para validação em plenária pelo Colegiado Territorial. O Plano ganhará mais eficácia se for elaborado de forma crítica, democrática e criativa e aberto para aperfeiçoamento continuado. Para tanto, deverão ser desenvolvidas as capacidades para implementá-lo. O Plano somente se concretizará a partir da consecução de todas as estratégias que possam mobilizar os recursos disponíveis no Território, sejam eles humanos, financeiros e/ou materiais, visualizando a sua inserção sustentável nos ambientes internos e externos. O Plano deverá refletir, de fato, a realidade do território e se traduzir em um instrumento que possibilite cada vez mais o acesso qualificado às políticas públicas, rumo do desenvolvimento rural sustentável e solidário. A Tabela 3, a seguir, apesenta as Etapas de construção do PTDRSS e a previsão de tempo para sua elaboração. Página 29 de 30

Tabela 3 Etapas de Construção dos PTDRSS ETAPA ATIVIDADE EVENTO 1 2 3 4 Sensibilização e mobilização Articulação e Pactuação Elaboração do Plano Validação do Plano Oficina ampla Oficina (trabalho) Reuniões de trabalho da Comissão provisória Plenária ampliada do Colegiado PERÍODO DE DURAÇÃO Um dia Dois dias 90 dias Dois dias RESULTADO Apresentação da proposta de construção do Plano. Criação de uma comissão provisória no âmbito do Colegiado responsável pelo processo de construção do Plano. Detalhamento do resultado da Conferência Territorial ocorrida durante a 2ª CNDRSS. Identificação das convergências com o PNDRSS e com as políticas estaduais, como o PPA e/ou programas do Estado. Pactuação entre entidades governamentais se não governamentais em torno do diagnóstico territorial, dos objetivos, estratégias e metas e o processo de acompanhamento, monitoramento e gestão do Plano. Criação de uma agenda de trabalho. Distribuição de tarefas. Elaboração do documento. Apresentação e leitura do Plano. Aprovação do Plano. Página 30 de 30