Diagnóstico do Turismo de Aventura no Brasil Fevereiro de 2007
Realização
Aos dinossauros, sempre
Qual é o horizonte das empresas de turismo de aventura? Elas continuam investindo? Param, fecham. Qual o horizonte? Elas não têm. Não se sabe se daqui a dez anos, mantendo a estrutura natural, se você vai ter turista ou não vai ter...
Objetivos principais Descrever o TA do ponto de vista conceitual Configurar o processo de desenvolvimento do TA Identificar os principais atores ligados ao TA Caracterizar a estrutura de demanda e de oferta Configurar 15 destinos eleitos pela ABETA Configurar as atividades selecionadas pela ABETA Estimar movimentações (número de prestadores de serviços, faturamento, pessoal envolvido)
Design metodológico Estudo exploratório, de caráter qualitativo seguido de estudo descritivo, de caráter quantitativo: Levantamentos de dados secundários Entrevistas telefônicas gravadas com precursores do TA (12) Entrevistas pessoais gravadas com empresários e poder público nos 15 destinos (151) Entrevistas telefônicas e eletrônicas com especialistas sobre as 24 atividades (25) Pesquisa eletrônica com 400 empresários dos destinos (retorno de 57) Trabalhos realizados entre maio e novembro de 2006
Destinos pesquisados
Atividades de aventura pesquisadas Terra Ar Água Arvorismo Bungee Jump Cachoeirismo Caminhada e caminhada de longo curso Canionismo Cavalgada Cicloturismo Escalada Espeleoturismo Observação da vida selvagem Rapel Tirolesa Turismo fora de estrada em Bugue Turismo fora de estrada em veículos 4X4 Balonismo Paraquedismo Vôo livre Bóia-cross Caiaque e canoagem Flutuação Kitesurfe Mergulho Rafting Windsurfe
Cenário da investigação Demanda Oferta
Estimativas de movimentação do TA no Brasil - 2006 Itens analisados Fórmula Valores Prestadores de serviços de TA localizados na pesquisa nos 15 destinos [A] 505 Prestadores de serviços de TA localizados em outros destinos [B] 651 Total de prestadores de serviços de TA localizados [C] 1.156 Total de destinos identificados pelo Mtur [D] 48 Tempo médio de atuação dos prestadores de serviços nos 15 destinos pesquisados e na pesquisa eletrônica (anos) Número médio de prestadores de serviços de TA nos 15 destinos [E=A/15] 34 Estimativa de prestadores de serviços de TA no Brasil [F=E*D] 1.616 Número médio de funcionários por prestador de serviço de TA [G] 5 Estimativa de funcionários de prestadores de serviços de TA no Brasil [H=F*G ] 6 8.080 Estimativa de pessoas envolvidas com TA em altas temporadas [I=H*3] 24.240 Número de sócios dos prestadores de serviços de TA nos 15 destinos (moda) [J] 2 Estimativa de empreendedores envolvidos com TA no Brasil [K=J*C] 2.312 Estimativa de pessoas envolvidas no TA em períodos normais (func+empreendedores) Estimativa de pessoas envolvidas no TA em alta temporada (func+empreendedores) [L=K+H] 10.392 [M=K+I ] 26.552
Estimativas de movimentação do TA no Brasil - 2006 Itens analisados Fórmula Valores Número médio de clientes atendidos/ano por prestador de serviços de TA nos 15 destinos e na pesquis a eletrônica [N] [N] 1.800 Estimativa de clientes atendidos por ano no Brasil [O=N*F] 2.908.800 Estimativa de clientes atendidos por ano em cada destino [P=O/48] 60.600 Estimativa de ticket médio em TA R$ 100 Estimativa de faturamento com TA no Brasil por ano [R=O*P] R$ 290.880.000 Estimativa de faturamento médio por prestador de serviço de TA no Brasil [S=R/F] R$ 180.000 O conjunto de empresas com atividades relacionadas ao turismo ocupou, em média, seis pessoas por empresa, resultado determinado principalmente pelo segmento de alimentação (média de cinco pessoas ocupadas por empresa). A receita operacional líquida média por empresa foi de R$ 216 mil, com destaque para os segmentos de transporte aéreo (R$ 64,4 milhões) e aquaviário (R$ 41,7 milhões), bem acima da média. (Agência Sebrae, 01 fev 2007)
Características dos segmentos de empresários de TA do Brasil Características identificadas Proporção do total de empresários de TA Segmentos de Empresários Pelotão de Elite Ascendentes Empreseiros (empresáriosaventureiros) Oportunistas No máximo 5% No máximo 10% Cerca de 60% Cerca de 25% Visão do TA Éum negócio Éuma alternativa de se realizar fazendo o que gosta Foco Finanças Rentabilidade de longo prazo Estão ganhando dinheiro com o TA, mas alguns já ganharam mais Fonte: Entrevistas nos pólos (análise qualitativa) Rentabilidade de médio prazo, permanência no mercado Estão ganhando algum dinheiro com TA, mas não o que esperavam Falta de visão empresarial, sobrevivência de curto prazo Éuma alternativa de se ganhar um dinheiro - curto prazo Nenhuma visão empresarial, ganhar hoje Não estão ganhando dinheiro com TA, ou estão ganhando pouco
Características dos segmentos de empresários de TA do Brasil Características identificadas Pelotão de Elite Ascendentes Empreseiros (empresáriosaventureiros) Profissionalização Segmentos de Empresários Alto grau de profissionalização em gestão e técnica, tanto dos empreendedores quanto da equipe Algum grau de profissionalização em gestão e técníca, tanto empreendedores quanto da equipe, mas falta capital para maiores investimentos Algum grau de profissionalização técnica em geral, baixa qualificação em gestão Legalidade Formalização do negócio Negócios formais e informais Contratação de funcionários Praticamente todos registrados ou formalmente contratados Fonte: Entrevistas nos pólos (análise qualitativa) Poucos registrados e contratação de prestadores de serviços em épocas de pico Contratação de prestadores de serviços em todas as épocas Oportunistas Baixo grau de profissionalização em geral, às vezes conhecimento da prática apenas Ilegalidade total da empresa Sem funcionários
Características dos segmentos de empresários de TA do Brasil Características identificadas Visão da preservação do meio ambiente Investimentos em práticas sustentáveis Segmentos de Empresários Pelotão de Elite Ascendentes Empreseiros (empresáriosaventureiros) Percepção clara de que o futuro do negócio depende da preservação Elevados e constantes Alguma percepção de que o futuro do negócio depende da preservação do meio ambiente Pequenos por limitações de caixa, não culturais Percepção e preocupação com meio ambiente, mas sem tornar isso uma diretriz empresarial Inexistentes ou simbólicos, falta capital Oportunistas Pouca ou nenhuma percepção quanto às questões ambientais Nenhum Práticas de segurança e qualidade De vanguarda, investimentos constantes em equipamentos Fonte: Entrevistas nos pólos (análise qualitativa) Adoção de práticas de segurança, investimentos em equipamentos, mas falta capital para realizar mais Confiança em si mesmo, com adoção de algumas práticas de segurança, investimentos em equipamentos, mas falta capital para realizar mais Desconsideração de práticas de segurança, baixos investimentos em equipamentos, falta interesse para tal
Características dos segmentos de empresários de TA do Brasil Características identificadas Relação com poder público Segmentos de Empresários Pelotão de Elite Ascendentes Empreseiros (empresáriosaventureiros) Oportunistas Fortes críticas à atuação do poder público (excesso de burocracia, morosidade, falta de planejamento, falta de investimentos em infraestrutura). na maioria dos casos, não em todos Não pode ser diferente porque o poder público não ajuda Fonte: Entrevistas nos pólos (análise qualitativa)
Características dos segmentos de empresários de TA do Brasil Características identificadas Ações de marketing Estratégia para competir Segmentos de Empresários Pelotão de Elite Ascendentes Empreseiros (empresáriosaventureiros) Investimentos em marketing a partir de um posicionamento bem definido, foco na atratividade do produto diferenciação Competição por qualidade superior Fonte: Entrevistas nos pólos (análise qualitativa) Ações de marketing estruturadas para atrair clientes, com diversificação de oferta, mesmo que comprometa o posicionamento, foco no concorrente (fazer o que o outro faz) nivelamento da oferta Competição por qualidade e novas ofertas Ações de marketing caseiras, para atrair clientes, com diversificação de oferta, sem definição de posicionamento, foco no concorrente (fazer o que o outro faz) nivelamento da oferta Competição por preço e qualidade, com novas ofertas Oportunistas Marketing de vale tudo para conquistar um cliente Competição por preço, sem qualidade
Características dos segmentos de empresários de TA do Brasil Características identificadas Inovação Atitude próativa, recursos disponíveis Visão de si em relação à concorrência Segmentos de Empresários Pelotão de Elite Ascendentes Empreseiros (empresáriosaventureiros) Percepção de superioridade em relação aos demais grupos de empresários do setor Buscam na inovação uma forma de ganhar a concorrência, mas faltam recursos Percepção de similaridade de oferta e da necessidade de se tornar igual somos iguais Tentam inovar, desde que não envolva aumento de custo Lutar é a alternativa para não perder o mercado para os informais. Aos olhos do cliente, todos somos iguais Oportunistas Seguidores O que vier é lucro Fonte: Entrevistas nos pólos (análise qualitativa)
Características dos segmentos de empresários de TA do Brasil Características identificadas Percepção sobre ambiente competitivo Segmentos de Empresários Pelotão de Elite Ascendentes Empreseiros (empresáriosaventureiros) Percepção de um cenário hipercompetitivo em alguns serviços: mais enfoque no número de prestadores do que na informalidade Percepção de um cenário hipercompetitivo em alguns serviços: enfoque no número de prestadores e na informalidade Queixas quanto á competição por preços sem qualidade Oportunistas Percepção de um cenário hipercompetitivo em alguns serviços: enfoque no número de prestadores e na informalidade Preço é arma para competir Fonte: Entrevistas nos pólos (análise qualitativa)
Características dos segmentos de empresários de TA do Brasil Características identificadas Percepção sobre demanda Expectativas quanto à normalização e certificação Segmentos de Empresários Pelotão de Elite Ascendentes Empreseiros (empresáriosaventureiros) Queixas quanto ao decréscimo na demanda, em alguns casos Altamente positiva, já se sentem na frente Muitas queixas quanto ao decréscimo na demanda. Insegurança Altamente positiva, uma oportunidade de diferenciação Muitas queixas quanto ao decréscimo na demanda. Negócio ameaçado Positivas, mas receiam pelos investimentos necessários Oportunistas Muitas queixas quanto ao decréscimo na demanda Positivas, não se sentem ameaçados Fonte: Entrevistas nos pólos (análise qualitativa)
Turismo de Aventura Identidade Imagem Demanda Oferta Orientação Número de clientes/perfil Poder aquisitivo Interesse Conhecimento Atratividade (valores) Experiência Atratividade/ desejabilidade da oferta Design do produto Conhecimento Ética Segurança Qualidade Exeqüibilidade Preço Gestão Capacidade de exploração da oferta Comunicação Linguagem Meios Ambiente amplo Equip turísticos Infra-estrutura de apoio Entrega Ambiente (local de prática) Qualidade percebida do produto/serviço Entregador
Identidade e imagem (atual) Falta de identidade Baixa atratividade Modismos Competição com outros segmentos turísticos Imagem maculada por baixa qualidade, acidentes e perfil do praticante Falta de compromisso com sustentabilidade social, econômica e de meio ambiente, por parte da maioria Falta de organização do segmento, desarticulação do empresariado, fragilizando-o nas suas demandas e na relação com demais segmentos
Demanda (atual) Número de clientes/perfil Decréscimo do número de clientes na maioria dos destinos e em várias atividades Poder aquisitivo Clientes desejam a aventura, mas não podem comprá-la, porque o pacote como um todo está inacessível a grande parte da população Interesse Falta informação e posicionamento que gerem interesse. Baixa percepção de valor nos serviços de TA Falta percepção de conexão do TA com valores e estilo de vida A falta de experiência, a experimentação negativa e os relatos de experiências pouco prazerosas inibem a taxa de repetição
Atratividade da oferta (atual) Design do produto Falta formatação orientada para o cliente Nivelamento da oferta, falta de diferenciação e de integração entre produtos A segurança é negligenciada por falta de normas e fiscalização A qualidade perde a guerra para o preço, pois o cliente não aprendeu a distingui-los nem é estimulado a fazê-lo, levando a um nivelamento por baixo A exeqüibilidade está em função do ofertante e não do cliente Preço A pressão da concorrência leva a uma guerra de preços que penaliza as margens e compromete a sustentabilidade dos negócios, dados os volumes decrescentes
Capacidade de exploração da oferta (atual) Comunicação Ambiente amplo Entrega Linguagem diversificada A internet é um grande meio de comunicação (faca de dois gumes) Faltam materiais integrados a outros segmentos turísticos, falta integração dentro dos pólos, entre os pólos e entre as atividades Precariedade Ineficiência do poder público Ambientes (locais de prática) sem infra-estrutura, principalmente nas Unidades de Conservação. Poucos atrativos estão realmente equipados para a experiência que o cliente almeja Qualidade percebida do produto/serviço tida como ruim pelos próprios ofertantes Baixo grau de profissionalização (empresariado e equipes) Informalidade empresarial
Questões para reflexão Ao que parece, mesmo com investimentos em treinamento e certificação, o TA não se configurará como um negócio viável para a maioria dos atuais ofertantes. Se não houver um enorme esforço de ampliação da demanda, o programa de qualificação elitizará o segmento e poderá, inclusive, reduzir os volumes, por conta dos investimentos que impactarão nos preços e assim por diante.
Questões para reflexão As expectativas em relação ao programa são muito positivas: todos os entrevistados acham necessário e oportuno normalizar e certificar. Entretanto, eles sempre fazem menção a um outro que não poderá atender às exigências, ao mal prestador de serviços. Na sua visão, ele próprio está agindo corretamente, esforçando-se por melhorar, tentando sobreviver.
Questões para reflexão Dessa forma, estamos diante de uma questão: se todos desejam o programa de normalização e certificação, considerando que o mesmo vai excluir alguém, quem serão os excluídos? Será que os empresários não percebem que eles mesmos poderão ser os excluídos, se mantiverem a atual forma de operação? Que visão estes empresários têm de si mesmos, para considerarem que o mal está no outro? Quem é o outro afinal?
Questões para reflexão Qual seria a força necessária a uma associação de empresários para reverter este quadro? Seria isso possível sem uma efetiva atuação do poder público, incluindo-se aí questões de infra-estrutura básica em vários pólos. Será que a prática de divulgar um destino e torná-lo desejável num curto prazo não seria exatamente a decretação de sua saturação precoce?
Questões para reflexão Na visão dos empresários e do próprio poder público, quase sempre o seu pólo está perdendo porque outro está ganhando. Os turistas estão preferindo outro lugar. Que lugar preferido seria esse? O que o faz ser preferido, se em todos os pólos nos deparamos com a mesma queixa?
Questões para reflexão Finalizando, o que seria informalidade no setor? Não ter a empresa registrada é a resposta comum. Os informais são aqueles profissionais que tocam a atividade sem recolher os devidos impostos. Mas e aqueles que registram a empresa e não registram os funcionários? Poderiam esses reclamar da informalidade do setor? Se houvesse ampla formalização do segmento, quais seriam as condições de sustentabilidade dos negócios, a não ser para o pelotão de elite? Ou quem sabe nem para esse grupo, já que ele depende da cadeia e esta tem muitos elos informais?