OPINIÃO DE PROFESSORES DE 1ª A 4ª SÉRIES EM RELAÇÃO AOS BENEFÍCIOS DO XADREZ NA MELHORA DO RENDIMENTO ESCOLAR



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Transcrição:

OPINIÃO DE PROFESSORES DE 1ª A 4ª SÉRIES EM RELAÇÃO AOS BENEFÍCIOS DO XADREZ NA MELHORA DO RENDIMENTO ESCOLAR LUIZ FERNANDO MACIEL BASTOS JUNIOR 1 EVERTON PAULO ROMAN 2 RESUMO: O xadrez pode ser considerado uma atividade pedagógica que proporciona aos seus praticantes o desenvolvimento de várias situações que podem contribuir para a formação do indivíduo. Portanto, o objetivo deste estudo foi relatar os possíveis benefícios da prática do xadrez no contexto escolar. Pesquisa descritiva transversal realizada em 2006, em 3 escolas públicas e 3 escolas particulares, com 62 professores. O instrumento de coleta dos dados foi um questionário contendo 15 questões abertas e fechadas. A análise dos dados foi realizada por meio de estatística descritiva com valores de média e desvio padrão e cálculos percentuais ilustrados pela construção de gráficos. Dentre os resultados, um fator que deve ser destacado com a realização desta pesquisa científica com os professores das escolas públicas e particulares foi que 68% possuem especialização em educação, ou seja, conhecimentos aprofundados. Em relação à sua área de atuação a grande maioria atua a mais de 10 anos no magistério, sendo que os mesmos responderam que consideram o xadrez de grande importância no ambiente escolar. Os resultados apontaram ainda que 100% dos professores consideram o xadrez muito importante na escola e 82% são favoráveis à implantação de uma disciplina de xadrez na escola. Concluiu-se com a pesquisa realizada que o xadrez é uma atividade imprescindível no ambiente escolar, pois ajuda a produzir e estimular o raciocínio lógico. O xadrez é uma atividade que faz com que a criança tenha estabilidade e desenvolva de maneira saudável sua personalidade durante todo período de crescimento e desenvolvimento. Palavras-chave: Xadrez. Criança. Professores. Escola. 1 Professor de Educação Física e Especialista em Docência no Ensino Superior pela Faculdade Assis Gurgacz FAG. 2 Doutor em Saúde da Criança e do Adolescente pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas UNCAMP. Docente do Curso de Educação Física da Faculdade Assis Gurgacz FAG e-mail: juninhobxadrez@hotmail.com

INTRODUÇÃO Historiadores acreditam que o xadrez nasceu na Índia no século VI. O jogo chamava-se Chaturanga, originado de quatro (chatur) e quatro membros (anga). Esse se refere as quatro unidades do exército Indu: os elefantes, a cavalaria, os carros e a infantaria, equivalentes respectivamente aos bispos, aos cavalos, às torres e aos peões do xadrez atual (MANZANO, LOPEZ, 2002). Acredita-se que a partir de 1808, época da vinda de Dom João VI e sua corte para o Rio de Janeiro, período em que grande número de negociantes ingleses se estabeleceu nas principais cidades marítimas do Brasil, permite deduzir que o jogo de xadrez já era praticado por nobres e comerciantes (VASCONCELLOS,1991). Ao pesquisar, observou-se a falta de artigos publicados e poucos livros em língua portuguesa que abordassem esta temática, assim, por saber que o xadrez é um excelente suporte pedagógico interdisciplinar, sentiu-se a necessidade de mais publicações científicas. Este trabalho justifica-se pelo fato do pesquisador trabalhar a sete anos a modalidade de xadrez na escola com alunos de 1ª a 4ª séries. E, através destes anos, o mesmo observou que os benefícios com a prática deste esporte são evidentes: melhora do rendimento escolar e do aspecto disciplinar. Sendo o xadrez uma prática que aceita e valoriza as diferenças, sempre com duas idéias e vontades distintas, provam a influência positiva deste - que é: jogo, esporte, arte e ciência - sobre seus praticantes, propiciando a melhora da concentração, o julgamento e o pensamento organizado. A motivação para a realização deste trabalho justifica-se também pelo fato do xadrez ser considerado um esporte e poder ser praticado por pessoas de qualquer idade, dos diferentes sexos e dos mais variados níveis socioeconômicos. Um enxadrista pode começar a jogar quando garoto e seguir jogando até o final da vida. Além de que, não requer muitos equipamentos para a prática. O problema do presente estudo foi saber em que medida o xadrez auxilia o rendimento escolar e a disciplina de crianças de 1ª a 4ª séries das escolas públicas e particulares do município de Cascavel no Paraná.

A prática do jogo de xadrez como suporte pedagógico valoriza a imaginação e a criatividade dos alunos, enriquece o cotidiano escolar e passa a ser uma opção a mais para a integração na escola (BOUWMAN, 2004). Utilizar o xadrez como objeto comum entre as diversas disciplinas: Matemática, História, Geografia, Línguas Estrangeiras, Educação Artística, Artes, Informática e a Educação Física (CALIXTO, 2004). Trabalhos em Psicopedagogia demonstram que o xadrez é um precioso coadjuvante escolar e psicológico. Assim, pode-se utilizar inicialmente a motivação espontânea do aluno em relação ao xadrez, visando provocar ou facilitar a sua compreensão em outras disciplinas (REZENDE, 2005). Neste sentido, o tabuleiro passa a ser também um grande agente desinibidor e, não são raras as vezes em que o aluno, mesmo sendo criança, demonstra potencialidade suficiente para derrotar seu professor. E esse momento em que discípulo percebe que pode superar ou ser igual ao mestre, é de suma importância, pois é aqui que se restaura a autoconfiança perdida com o uso equivocado da autoridade paterna, da professora e das demais instituições sociais (SANTOS, 1999). De acordo com os fatos expostos, o objetivo deste estudo foi avaliar possíveis benefícios do xadrez no rendimento escolar dos alunos de 1ª a 4ª séries de escolas públicas e particulares. MATERIAIS E MÉTODOS O projeto da presente pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade Assis Gurgacz com o protocolo número185/2006. Trata-se de um estudo transversal realizado em escolas públicas e particulares do município de Cascavel Paraná, durante o ano de 2006. A população do presente estudo foi constituída por professores de 1ª a 4ª séries de 3 escolas públicas e de 3 escolas particulares. A amostra foi constituída por 62 professores, sendo 40 de escolas públicas e 22 de particulares. Primeiramente, foi enviada uma carta informativa às escolas, especificando quais seriam os procedimentos adotados na avaliação. Após a aceitação, foi encaminhado um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido a cada professor, deixando-os livres para participar ou não do estudo. Em seguida, os professores envolvidos responderam a um questionário, o qual foi entregue em um envelope

lacrado, com prazo de uma semana para responder. Foram incluídos na pesquisa todos os professores que respeitaram o prazo estipulado. Entretanto, foram excluídos 03 professores que não entregaram devidamente preenchido o Termo de Consentimento Livre e Esclarecimento, dentro do prazo estipulado pelo pesquisador e seu orientador. O instrumento de coleta de dados foi um questionário elaborado pelo pesquisador e seu orientador, contendo 15 perguntas fechadas e abertas. A análise dos resultados foi realizada por meio de estatística descritiva com valores de média, desvio padrão e percentual das respostas obtidas. RESULTADOS No presente estudo foram avaliados 62 professores das escolas públicas e particulares, sendo 53 (85%) mulheres e 09 (15%) homens. A média de idade dos professores foi de 38 anos, com um desvio padrão de 8,1 sendo que a idade mínima é de 19 anos e a idade máxima é de 59 anos. Em relação ao tempo de atuação no magistério, foi observado que: 5% dos professores atua há pelo menos 3 meses; nenhum de 1 a 2 anos (0%); de 2 a 5 anos 3%; 21% de 5 a 10 anos; 35% de 10 a 15 anos; 18% de 15 a 20 anos e 18% com mais de 20 anos de experiência, conforme podem ser melhor visualizados no gráfico a seguir: Gráfico 1: Tempo de atuação dos professores no magistério 0% 18% 5% 3% 21% 18% 35% meses 1 a 2 anos 2 a 5 anos 5 a 10 anos 10 a 15 anos 15 a 20 anos mais de 20 anos Dos professores avaliados, 65% eram da rede pública e 35% da rede particular.

Em relação ao grau de escolaridade, 6% possuem o magistério, 10% o normal superior, 16% nível superior e 68% pós-graduação (especialização). Quando perguntado em relação às áreas de atuação: 23% atuam na área da Matemática, 10% em Língua Portuguesa, 2% em Língua Espanhola, 2% em Língua Inglesa, 8% em Educação Física e 55% em outras áreas - subentendendo profissionais de pedagogia que atuam em: História, Geografia, Filosofia e outras disciplinas; bem como, também estão enquadrados aqui professores com função administrativa. Na opinião dos professores avaliados, 100%, ou seja, todos responderam de forma unânime que o xadrez é muito importante na escola. Quando perguntado aos professores se os mesmos jogavam xadrez: 2% responderam que sempre jogam, 2% quase sempre, 45% às vezes e 51% nunca jogam xadrez, conforme pode ser melhor visualizado no gráfico a seguir. Gráfico 2: Questão que se refere se os professores jogam xadrez 2% 2% 51% 45% Sempre Quase sempre As vezes Nunca Quando questionado sobre a forma como aprenderam a jogar: 10% dos professores responderam que aprenderam com os pais, 42% com os amigos, 10% aprenderam na escola e 38% com outros, tais como: tio, esposo, familiares em geral. Quando perguntado se os mesmos julgavam importante a implantação da disciplina de Xadrez nas escolas, 82% responderam que sim e 18% responderam que não. Foi realizada uma pergunta para se averiguar se os alunos melhoraram após terem freqüentado aulas de xadrez, a resposta foi unânime, ou seja, 100% verificaram melhoras em relação aos alunos após o início da prática de xadrez. Dentre estas melhoras: 33% responderam que as melhoras ocorreram no rendimento escolar; 24%

que melhorou o rendimento, o comportamento e a concentração; 16% rendimento escolar e concentração; 8% que os alunos melhoraram o comportamento e a concentração; 6% no rendimento escolar, concentração, comportamento e outros; 5% responderam que seus alunos melhoraram no rendimento escolar; 2% rendimento escolar e comportamento; 2% rendimento escolar, comportamento e outros; 2% na concentração; e, 2% outras melhoras;. Resultados expostos no gráfico a seguir: Gráfico 3: Melhoras que os alunos tiveram com a prática do xadrez. 8% 2% 2% 5% 2% 24% 33% 6% 2% 16% Rendimento escolar Rendimento escolar, comportamento e concentração Rendimento escolar e concentração Concentração Rendimento escolar, concentração e outros Rendimento escolar e comportamento Rendimento escolar, concentração, comportamento e outros Rendimento escolar, comportamento e outros Comportamento e concentração Outros Em relação a uma questão que foi levantada para os professores ao que se referia a obrigatoriedade do xadrez nas escolas, houve certa polêmica nas respostas, em que: 56% dos professores responderam serem favoráveis e 44% afirmaram ser contra. Conforme gráfico abaixo: Gráfico 4: Opinião dos professores em relação a obrigatoriedade do xadrez na escola

44% 56% Sim Não DISCUSSÃO Através da realização desta pesquisa, a qual envolveu professores de escolas públicas e particulares do município de Cascavel no ano de 2006, observou-se que a grande maioria dos docentes concorda que a prática do xadrez estimula a motivação pessoal, o aprendizado escolar, a autoconfiança, a aquisição de regras, também o imaginário, o raciocínio lógico matemático e a socialização, por isso, acreditamos no xadrez como um dos fatores principais para o desenvolvimento infantil. Quanto aos valores que o xadrez estimula no desenvolvimento infantil, as respostas dos professores não fogem à literatura científica. Destacando-se: responsabilidade, acatar normas, cortesia, aprender a ganhar e perder, humildade, perseverança, disciplina, tenacidade, paciência, tolerância, amistosidade e as relações entre pais e filhos. Melhora a auto-estima fazendo com que o enxadrista acredite em si (RESENDE, 2002 ). Quando perguntado aos avaliados sobre a melhora dos seus alunos que praticam xadrez: 33% responderam que as melhoras ocorreram no rendimento escolar e na concentração, 24% afirmam que os alunos melhoram no comportamento, rendimento escolar e concentração. Observou-se que 71% dos professores participantes do estudo possuem mais de 10 anos de prática pedagógica (docência) no âmbito escolar, sendo creditado aos mesmos todas as informações que foram por eles repassadas.

São as relações entre as experiências acumuladas pelo conjunto da sociedade ao longo de sua história que devem ser o ponto de partida da formação dos professores, uma vez que este conhecimento não ocorre apenas no momento em que o docente recebe algum tipo de curso, mas sim e fundamentalmente, na prática em sala de aula (PINTO, 1982). O professor precisa estar atento à idade e às necessidades de seus alunos para selecionar e deixar à disposição materiais adequados, sendo que o material de xadrez atende a estes requisitos. O material deve ser suficiente tanto em quantidade, quanto em diversidade, devido o material de que é feito, ajudará a despertar o interesse. Lembrando sempre da importância de respeitar e propiciar elementos que favoreçam a criatividade das crianças. Uma observação atenta pode indicar ao professor que sua participação seria interessante para enriquecer a atividade desenvolvida. Podendo introduzir novos personagens ou novas situações que tornem o jogo mais rico e interessante para as crianças, a prática do xadrez humano em tabuleiro pintado no chão, seria uma boa sugestão. Um fator que deve ser destacado sendo de extrema relevância foi de que 68% dos professores avaliados das escolas públicas e particulares possuem pós-graduação (especialização) em Educação, ou seja, possuem conhecimentos aprofundados e as informações prestadas são de grande significância. Cabe ressaltar que a amostra deste estudo foi constituída por 65% de professores que pertenciam às escolas da rede pública e 35% as escolas da rede particular. Dos professores que participaram do estudo, foi observado que o magistério tem por sua vocação a maioria do gênero feminino com 85% e 15% do gênero masculino. Em relação à área de atuação, a grande maioria dos entrevistados, ou seja, 55% são regentes de classe em todas as disciplinas nas escolas públicas municipais, sendo que nas escolas particulares os professores atuam em disciplinas específicas, tais como: Matemática, Geografia, Inglês e Educação Física. Quanto à questão que se referia se o xadrez é muito importante na escola, os professores tanto das escolas públicas quanto das escolas particulares foram unânimes, ou seja, 100% relataram que o xadrez é muito importante no ambiente escolar.

Em relação à questão que se referia a obrigatoriedade do xadrez na escola, 82% dos professores responderem que são favoráveis a implantação de uma disciplina de xadrez específica nas escolas enquanto que 18% manifestaram-se contra. Portanto, para a maioria dos professores avaliados o xadrez deveria ser disciplina obrigatória, porque corresponde a uma das fundamentais preocupações do ensino moderno. O jogo auxiliará o aluno a incrementar seu próprio progresso, reforçando assim, a sua motivação pessoal e o aprendizado escolar (ARAÚJO, 2006). Ao introduzir o xadrez nas classes de baixo rendimento escolar, é notada a facilidade do aluno para o desenvolvimento do sentimento de auto confiança, visto que se apresenta em uma situação na qual o aluno tenha a oportunidade de descobrir que ele pode se destacar e paralelamente progredir em outras disciplinas que compõem a grade curricular (ARAÚJO, 2006). Quando perguntado aos professores das escolas se os mesmos jogavam xadrez, observou-se que 51% nunca jogam, é um fato curioso, no entanto, sugere-se que isto venha em decorrência de alguns fatores associados, dentre os quais, a questão cultural imbutida na nossa prática escolar, a falta de tempo dos mesmos ou até em se pensar que o xadrez pode ser considerado uma atividade com faixa etária restrita, ou seja, crianças e adolescentes. Uma grande força política foi o Projeto de Lei nº4874/2001, que regulamenta o Estatuto do Desporto, o qual no art.2º, considerava esporte apenas as atividades predominantemente físicas e assim, excluía o xadrez como esporte, porém, a emenda 116 inclui no art 4º altera o art.2º, o xadrez como esporte da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Física (BRASIL, 2005). O xadrez auxilia e estimula a atividade intelectual sendo que o mais importante é que ajuda as crianças nas soluções dos problemas, que é saber olhar e entender a realidade que se apresenta. O xadrez deve ser trabalhado pelo profissional de Educação Física, tendo como base a resposta de um dos avaliados que afirma que desenvolve no aluno a memorização, o raciocínio lógico matemático, coordenação motora e percepção. E segue relatando que trabalha áreas que muitas vezes não são trabalhadas em sala de aula. Cabe ressaltar a importância de se produzirem novos estudos que envolvam o xadrez e os seus benefícios, pois existe grande dificuldade para poder se discutir algumas indagações que fazem parte do conhecimento científico, pois esta relativa

escassez não nos permite conclusões que sejam com caráter mais profundo, pois a própria prática do xadrez é restrita no ambiente escolar, salvo algumas exceções. A importância do profissional de Educação Física é fundamental em todo este processo, pois suas aulas podem ser consideradas como um meio natural para que principalmente a criança venha exercer atividades cognitivas, que lhes são tão importantes e muitas vezes deixadas de lado pelo próprio desconhecimento de alguns profissionais. Para finalizar, as universidades devem estar atentas quanto as grades curriculares dos cursos de Educação Física, a fim de privilegiar disciplinas que venham trabalhar o xadrez e a sua importância, pois é sabido que o educador físico deve conhecer todos os caminhos pedagógicos, atentando para o fato de que a maioria dos municípios estão formulando em suas leis orgânicas a obrigatoriedade da disciplina de Educação Física para 1ª a 4ª séries e assim, estes profissionais poderão estar desenvolvendo o ensino desta atividade que é tão importante. CONCLUSÃO Concluiu-se que a maioria dos professores envolvidos possui mais de dez anos de prática pedagógica no âmbito escolar, sendo creditado aos mesmos todas as informações. Todos consideram o xadrez um complemento à educação escolar e sua relação melhora o desenvolvimento cognitivo, por trabalhar na criança a interpretação e assim, fazer com que ela encontre soluções em qualquer atividade que ela for realizar. Cabe ressaltar que o jogo de xadrez como atividade lúdica, exige dos participantes a capacidade de decifrar ou responder os lances do seu oponente, isto estimula no aluno o raciocínio lógico. Sendo assim, em sala de aula, as atividades serão desenvolvidas com maior facilidade. Sugere-se que maior número de estudos sejam realizados com professores de outros municípios do Paraná e regiões do Brasil para que se possa interpretar com maior precisão os benefícios que o xadrez proporciona em relação aos diversos aspectos que estão ligados a questão do desenvolvimento infantil. Cabe ao profissional de Educação Física atentar para que o aspecto cognitivo seja também trabalhado e, para isso, conclui-se que o xadrez é uma atividade imprescindível no ambiente escolar.

Concluiu-se também que 100% dos professores entrevistados têm a opinião de que o xadrez é muito importante no ambiente escolar e que 82% são favoráveis à implantação de uma disciplina específica de xadrez dentro da grade curricular da escola. O xadrez é uma atividade que faz com que a criança tenha estabilidade e desenvolva de maneira saudável sua personalidade durante todo seu período de crescimento e desenvolvimento. REFERÊNCIAS ARAÚJO, A. A. Xadrez Ensino-Aprendizagem. Disponível em <http://www.fsba.edu.be/semanaacademica2006> Acessado em 20 de out.2006. BOUWMAN, M. W. O Xadrez Educativo. Disponível em <http:/www.clubedexadrez.com.br> Acessado em 20 de dez. de 2005. BRASIL. Ministério dos Esportes. Brasília: 2005. CALIXTO, R. Ensino do Xadrez nas Escolas. Disponível em <http:/www.clubedexadrez.com.br> Acessado em: 20 de mai. de 2004. MANZANO, L.A. Iniciação ao Xadrez. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2002. PINTO, A. V. Sete lições para educação de adultos. São Paulo, Cortez, 1982. REZENDE, A. C. Ensino do Xadrez. Disponível em <http:/www.clubedexadrez.com.br> Acessado em: 15 de maio de 2005. RESENDE, S. Xadrez na Escola. 1. ed. Rio de Janeiro: Ciência Moderna, 2002. SANTOS, P. S. O que é Xadrez. 1. ed. São Paulo: Brasiliense, 1999. VASCONCELLOS, S. A. Apontamentos Para Uma História Do Xadrez e 125 Partidas Brilhantes. 1. ed. Brasília DF: ANTA, 1991.