PATRUS ANANIAS DE SOUZA Ministro de Estado do Desenvolvimento Social e Combate à Fome



Documentos relacionados
ARQUIVO DISPONIBILIZADO NA BIBLIOTECA VIRTUAL DO PROJETO REDESAN Título AVANÇOS DA POLÍTICA DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL

SURGIMENTO DOS BANCOS DE ALIMENTOS NO MUNDO E NO BRASIL

Exercício de cidadania

Câmara Municipal de Fortaleza Vereador Evaldo Lima,- pedos

Entenda o Programa Fome Zero

Fornecimento de Óculos para Alunos Portadores de Deficiência Visual

MELHORIA DA INFRAESTRUTURA FÍSICA ESCOLAR

COMISSÃO DIRETORA PARECER Nº 522, DE 2014

Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome

LEI N , DE 17 DE JANEIRO DE INSTITUI A POLÍTICA ESTADUAL DE DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL DA AGRICULTURA FAMILIAR.

Agenda de Compromissos dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Governo Federal e Municípios

agricultura familiar

O SUAS e rede privada na oferta de serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais

Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos

Lei nº 8.132, de 17 de dezembro de 2009.

DIRETRIZES GERAIS PARA UM PLANO DE GOVERNO

POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL

PROJETO QUALIFEIRAS QUALIDADE NAS FEIRAS LIVRES DO MUNICÍPIO DE VITÓRIA - ES

O Marco de Ação de Dakar Educação Para Todos: Atingindo nossos Compromissos Coletivos

REGULAMENTO ESTÁGIO SUPERVISIONADO CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA FACULDADE DE APUCARANA FAP

Micro-Química Produtos para Laboratórios Ltda.

PROJETO DE LEI Nº 433/2015 CAPÍTULO I DOS CONCEITOS

Aldeias Infantis SOS Brasil

Governo Federal investe R$ 13,3 bilhões no combate à pobreza em 2007

Carta de Adesão à Iniciativa Empresarial e aos 10 Compromissos da Empresa com a Promoção da Igualdade Racial - 1

ANEXO 1 PROJETO BÁSICO PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL E ORGANIZACIONAL DE ENTIDADES CIVIS DE DEFESA DO CONSUMIDOR

Estrutura para a avaliação de estratégias fiscais para Certificação Empresas B

Educação Nutricional para o Adulto (20 a 59 anos)

PROJETO DE LEI Nº Institui

A Organização da Atenção Nutricional: enfrentando a obesidade

PREFEITURA MUNICIPAL DE PILÕES CNPJ: / CEP: GABINETE DO PREFEITO

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA FARROUPILHA PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO

TEXTO RETIRADO DO REGIMENTO INTERNO DA ESCOLA APAE DE PASSOS:

NORMAS DE ATIVIDADES DE EXTENSÃO

PREFEITURA MUNICIPAL NOVA SANTA BÁRBARA

MINHA CASA, MINHA VIDA 2 Novas metas, maiores desafios

PREFEITURA MUNICIPAL DE VOLTA REDONDA SECRETARIA MUNICIPAL DE PLANEJAMENTO DEPARTAMENTO DE ORÇAMENTO E CONTROLE PROGRAMA Nº- 250

5ª CONFERÊNCIA NACIONAL DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL

Projetos Eficiência Energética 2014

Programa de Gestão e Manutenção do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome

Copyright Proibida Reprodução. Prof. Éder Clementino dos Santos

PREFEITURA DE PORTO VELHO

AGENDA PROPOSITIVA DO CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE

POLÍTICA DE SAÚDE E SEGURANÇA POLÍTICA DA QUALIDADE POLÍTICA AMBIENTAL POLÍTICA DE SEGURANÇA

RUMO AO FUTURO QUE QUEREMOS. Acabar com a fome e fazer a transição para sistemas agrícolas e alimentares sustentáveis

Programa Assistência Sex, 16 de Setembro de :32 - Última atualização Sex, 25 de Abril de :17

PORTARIA No , DE 7 DE NOVEMBRO DE 2013

Correntes de Participação e Critérios da Aliança Global Wycliffe [Versão de 9 de maio de 2015]

Programa Anti-tabagismo Ascenda essa Idéia

O Centro de Referência de Assistência Social CRAS como Unidade de Gestão Local do SUAS

RESPONSABILIDADE SOCIAL DA FEATI

Apoio à Valorização da Diversidade no Acesso e na Permanência na Universidade

PLANO DE ENFRENTAMENTO DA EPIDEMIA DE AIDS E DAS DST ENTRE A POPULAÇÃO DE GAYS, HSH E TRAVESTIS ACRE

PROJETO DE LEI Nº, DE 2014

Programa Pernambuco: Trabalho e Empreendedorismo da Mulher. Termo de Referência. Assessoria à Supervisão Geral Assessor Técnico

Acesse o Termo de Referência no endereço: e clique em Seleção de Profissionais.

Vigilância Sanitária de Alimentos. Ana Valéria de Almeida Carli Médica Veterinária Coordenadora do SIM-CURITIBA e Vigilância Sanitária de Alimentos

Política de Gerenciamento de Risco Operacional

Termo de Referência para Elaboração de Plano de Gestão de Praça do PAC modelo de 3000m 2

EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS: UMA EXPERIÊNCIA COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES NO ENTORNO DO LIXÃO DE CAMPO GRANDE - MATO GROSSO DO SUL.

Trabalho resgatado da época do Sinac. Título: Desenvolvimento de Recursos Humanos para a Comercialização Hortigranjeiro Autor: Equipe do CDRH

Uma ação que integra Sesc, empresas doadoras, entidades filantrópicas e voluntários, com o intuito de reduzir carências alimentares e o desperdício.

SEMINÁRIO INTERMINISTERIAL SOBRE A NOVA LEI DE CERTIFICAÇÃO DAS ENTIDADES BENEFICENTES DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. Campo Grande-MS

Programa de Fomento às Atividades Produtivas Rurais

MINISTÉRIO DO ESPORTE SECRETARIA NACIONAL DE ESPORTE EDUCACIONAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA

Programa de Apoio a Infraestrutura Local... 1/7

Realização: FEDERAÇÃO CATARINENSE DE MUNICÍPIOS

Relatório de atividades Núcleo de Gênero Pró-Mulher

Gestão de impactos sociais nos empreendimentos Riscos e oportunidades. Por Sérgio Avelar, Fábio Risério, Viviane Freitas e Cristiano Machado

Apresentação. Objetivos do Programa

LISTA DE VERIFICAÇAO DO SISTEMA DE GESTAO DA QUALIDADE

REGULAMENTO DA LOJA SOCIAL DA FREGUESIA DE OLIVAIS

EDITAL PARA SELEÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS 2014

POLÍTICAS INSTITUCIONAIS DE ACESSIBILIDADE. - Não seja portador de Preconceito -

9.3 Descrição das ações nos Sistemas de Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário

LICENCIATURA EM MATEMÁTICA. IFSP Campus São Paulo AS ATIVIDADES ACADÊMICO-CIENTÍFICO-CULTURAIS

Processos de gerenciamento de projetos em um projeto

OPERACIONALIZAÇÃO FISCAL DAS DOAÇÕES HENRIQUE RICARDO BATISTA

PRODUTOS DO COMPONENTE Modelo de Gestão Organizacional Formulado e Regulamentado

GRIPE A H1N1 Plano de Contingência Empresarial contra Influenza e para outras Emergências Médicas.

Compra e Venda da Produção da Agricultura Familiar para a Alimentação Escolar

LEI Nº 6559 DE 16 DE OUTUBRO DE INSTITUI A POLÍTICA ESTADUAL DO IDOSO E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS.

1. Nome da Prática inovadora: Coleta Seletiva Uma Alternativa Para A Questão Socioambiental.

Primera Reunion del Comité Asesor Regional del Programa CCF

PROPOSTA DE LEI SANITÁRIA PARA MUNICÍPIOS A PARTIR DA CONSTITUIÇÃO DO SUASA

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE À FOME. Secretaria Nacional de Assistência Social MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Atenção à Saúde

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA SECRETARIA DE DIREITOS HUMANOS PORTARIA Nº 693, DE 25 DE NOVEMBRO DE 2014

A Política e o Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional

CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO CAPÍTULO 24

Prefeitura Municipal do Natal

Ministério do Desenvolvimento Agrário -MDA- Secretaria da Agricultura Familiar -SAF- Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural -DATER-

Esfera: 10 Função: 20 - Agricultura Subfunção: Administração Geral UO: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

PROGRAMA DE EXTENSÃO PROEX

Ficha de Inscrição do 17º Prêmio Expressão de Ecologia

Hábitos saudáveis na creche

Projeto de Gestão pela Qualidade Rumo à Excelência

Situação das capacidades no manejo dos recursos genéticos animais

POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE

Câmara Municipal de São Paulo Gabinete Vereador Floriano Pesaro

MINUTA PROJETO DE LEI. Súmula: Institui a Política Estadual sobre Mudança do Clima.

Transcrição:

apresentação do programa Brasília, maio 2007

PATRUS ANANIAS DE SOUZA Ministro de Estado do Desenvolvimento Social e Combate à Fome ONAUR RUANO Secretário Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional CRISPIM MOREIRA Diretor do Departamento de Promoção de Sistemas Descentralizados FÁTIMA CASSANTI Coordenadora Geral de Promoção de Programas de Alimentação e Nutrição ANTÔNIO LEOPOLDO Coordenador de Programa 2

SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 2. POR QUE IMPLANTAR UM RESTAURANTE POPULAR? 3. OBJETIVOS 3.1 Objetivo Geral 3.2 Objetivos específicos 4. QUEM PODE APRESENTAR PROPOSTAS 5. PÚBLICO ALVO 6. LOCALIZAÇÃO 7. GESTÃO DOS RESTAURANTES POPULARES 8. PARCEIROS POTENCIAIS 9. PREÇO COBRADO POR USUÁRIO 10. QUANTO AO AMPARO LEGAL 11. QUANTO À EDUCAÇÃO ALIMENTAR 12. CONCEITOS BÁSICOS 3

1. O PROGRAMA RESTAURANTE POPULAR O Programa Restaurante Popular é uma das iniciativas integradas à rede de ações do Programa Fome Zero, política de combate à fome e exclusão social, estabelecida em 2003. O apoio à implantação de Restaurantes Populares Públicos no Brasil é papel do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e espera-se, com ele, criar uma rede de proteção alimentar nos centros e periferias urbanas, em áreas com grande circulação de pessoas que realizam suas refeições fora de casa, buscando atender, os segmentos sociais em situação de insegurança alimentar e nutricional e vulnerabilidade social. 1.1 Objetivo do Programa O Programa Restaurante Popular tem como objetivo apoiar a implantação e modernização de restaurantes populares geridos pelo setor público municipal/ estadual, visando à ampliação da oferta de refeições saudáveis a preços acessíveis, contribuindo assim, para a redução do número de pessoas em situação de insegurança alimentar. Objetivos Específicos: Apoiar a construção, ampliação, reforma e conclusão das instalações prediais; Apoiar a aquisição de equipamentos, materiais permanentes e de consumo novos; Apoiar a formação das equipes de trabalho; Apoiar a formação e capacitação profissional, na área de alimentos, com vistas a auxiliar nas políticas de inclusão social e geração de trabalho e renda; Apoiar na difusão dos conceitos e princípios da educação alimentar e nutricional, bem como sua aplicação. 4

2. INTRODUÇÃO Restaurantes Populares são estabelecimentos administrados pelo poder público que se caracterizam pela produção e comercialização de refeições prontas, nutricionalmente balanceadas, originadas de processos seguros, constituídas com produtos regionais, a preços acessíveis, servidas em locais apropriados e confortáveis, de forma a garantir a dignidade ao ato de se alimentar. São destinados a oferecer à população que se alimenta fora de casa, prioritariamente aos extratos sociais mais vulneráveis, refeições variadas, mantendo o equilíbrio entre os nutrientes (carboidratos, proteínas, lipídios, fibras, vitaminas, sais minerais e água) em uma mesma refeição, possibilitando ao máximo o aproveitamento pelo organismo e reduzindo os riscos de agravos à saúde ocasionados pela alimentação inadequada. Esses restaurantes devem ainda funcionar como espaços multiuso para diversas atividades, contribuindo para o fortalecimento da cidadania e representando um pólo de contato do cidadão com o poder público. Nesses espaços, devem ser realizadas atividades de desenvolvimento comunitário, estimulo ao cooperativismo, promoção da saúde e difusão de hábitos alimentares saudáveis, como, por exemplo, palestras sobre valor nutricional dos alimentos, oficinas de aproveitamento e combate ao desperdício, realização de campanhas educativas, e também outras atividades com fins culturais e de socialização, tais como shows, apresentações e reuniões da comunidade. 3. POR QUE IMPLANTAR UM RESTAURANTE POPULAR? O modo de vida nas médias e grandes cidades tem gerado um progressivo crescimento do número de pessoas que realizam suas refeições fora de casa, muitas vezes, substituindo o almoço por um lanche rápido em bares e restaurantes, sendo que estes, na sua maioria, não são capazes de suprir adequadamente as necessidades nutricionais do indivíduo. Em função das restrições orçamentárias, parcela significativa dessas pessoas não tem acesso ao mercado tradicional de refeições prontas. Muitos dos trabalhadores que recebem o benefício do auxílio refeição preferem utilizá-lo na compra de alimentos in natura em estabelecimentos tais como padarias, açougues e supermercados, de forma a complementar as refeições preparadas em casa. No entanto, esses trabalhadores residem em áreas distantes de seus locais de trabalho, e desta forma, o custo e o tempo necessário ao deslocamento, os impedem de fazer suas refeições em casa, tendo como única alternativa o almoço por meio de marmitas. Essa situação pode comprometer a qualidade das refeições ingeridas e aumentar os riscos de agravos à saúde, já que na maioria das vezes, estas refeições são preparadas com os cuidados que preenchem os requisitos mínimos para elaboração de uma alimentação saudável, segura e balanceada. A 5

instalação de restaurantes populares públicos visa ampliar a oferta de refeições saudáveis, comercializadas a preços acessíveis à população de baixa renda. Os benefícios sócio-econômicos dos restaurantes populares não se restringem a seus usuários diretos. Os restaurantes podem atuar como reguladores de preços dos estabelecimentos localizados em seu entorno, bem como contribuir para elevação da qualidade das refeições servidas. O Restaurante Popular também deve procurar atuar como centro de avaliação e monitoramento dos serviços públicos de Segurança Alimentar e Nutricional, auxiliando na avaliação dos resultados alcançados junto aos beneficiários e procurando fortalecer os Sistemas Locais de Segurança Alimentar e Nutricional. 4. OBJETIVOS Objetivo Geral Oferecer refeições saudáveis: nutricionalmente balanceadas, originadas de processos seguros e comercializada a preços acessíveis, em local confortável e de fácil acesso, destinadas, preferencialmente, ao público em situação de insegurança alimentar e nutricional. Objetivos Específicos: Elevar a qualidade da alimentação fora do domicílio, garantindo a variedade dos cardápios com equilíbrio entre os nutrientes (proteínas, carboidratos, lipídios, sais minerais, vitaminas, fibras e água) em uma mesma refeição, possibilitando ao máximo o aproveitamento pelo organismo; Estimular a adoção de práticas e hábitos alimentares saudáveis; Promover ações educativas voltadas à segurança alimentar e nutricional, preservação e resgate das culturas gastronômicas locais, incentivando a utilização de alimentos regionais, o combate ao desperdício e a promoção da saúde; Promover o fortalecimento da cidadania por meio da oferta de refeições em ambientes limpos, confortáveis e em conformidade com as orientações dos órgãos de vigilância sanitária, favorecendo a dignidade e a convivência entre os usuários; Estimular os tratamentos biológicos dos resíduos orgânicos e a criação de hortas; Disponibilizar o espaço do Restaurante Popular para realização de atividades de interesse da sociedade (reuniões, comemorações, cursos de culinária saudável e outros eventos). Desenvolver atividades produtivas e de formação, com vistas a favorecer a inclusão social e a geração e trabalho e renda ao beneficiários. 5. PÚBLICO ALVO O público alvo dos Restaurantes Populares são pessoas que se encontram em situação de insegurança alimentar e nutricional e vulnerabilidade social, principalmente pessoas 6

pobres como: trabalhadores formais e informais de baixa renda e seus familiares, moradores de rua, pedintes, aposentados, estudantes entre outros. 6. LOCALIZAÇÃO Os restaurantes populares públicos devem estar localizados em regiões com grande circulação de pessoas de baixa renda, como por exemplo, em centros e periferias urbanas, próximo a locais de transporte de massa e/ou de outros equipamentos públicos voltados a assistência social e promoção da saúde. A instalação deve permitir que os usuários não tenham que utilizar meios de transporte para a realização de deslocamentos no horário de almoço. Para a escolha adequada do local, é fundamental que seja realizado um levantamento para caracterização do público-alvo e dos estabelecimentos comerciais existentes nas proximidades do restaurante popular, podendo ser realizada uma pesquisa, com o objetivo de se identificar a demanda existente e o perfil do usuário potencial. Devem ser levantadas informações sobre os estabelecimentos que comercializam refeições e que operam nas proximidades do local onde se pretende instalar o restaurante, visando não gerar diminuição das atividades produtivas, trabalho e renda de pequenos comerciantes. Deve-se também obter dados sobre o perfil das pessoas que transitam e/ou trabalham nas proximidades. Com relação aos estabelecimentos comerciais existentes, é importante que sejam levantadas informações relativas à quantidade de refeições comercializadas diariamente, preço cobrado, tipo de cardápio e horários de funcionamento. Da mesma forma, é importante caracterizar o público-alvo potencial, constituído pelas pessoas que transitam e/ou trabalham na região. Para que seja traçado um perfil sócioeconômico, além do levantamento dos hábitos alimentares do usuário potencial do restaurante, devem ser investigadas questões como nível de renda, local de realização das refeições, horário de almoço, ocupação, hábito de realizar refeições fora de casa, dentre outras. 7. GESTÃO DE RESTAURANTES POPULARES Os restaurantes populares podem ser geridos diretamente por órgão da administração pública ou por meio de parceria com organizações sem fins lucrativos. Em ambas as situações devem estar articulados com outras ações de segurança alimentar e nutricional, como educação alimentar, projetos e ações de assistência e inclusão social, merenda escolar, distribuição de alimentos à população carente, dentre outras ações. Recomenda-se ainda compras diretamente de produtores da agricultura familiar local, contribuindo assim, para a geração de trabalho e renda. Desta forma, os resultados são potencializados com impactos na eficiência, eficácia e efetividade na gestão do restaurante. 7

Experiência recente mostra que, quando o município/ estado conta com um órgão responsável pela condução da política local de segurança alimentar e nutricional, é criado um departamento ou gerência com estrutura orçamentária específica para a gestão do restaurante popular. Caso não exista esse órgão, deve-se criar um departamento ou gerência do restaurante em outro órgão que exerça atividades afins. A abertura de uma dotação orçamentária específica é fundamental para que seja feito o acompanhamento/ controle da gestão dos Restaurantes Populares, em especial a evolução das receitas e despesas. Em alguns casos, a administração pública optou por terceirizar a operacionalização dos restaurantes populares, por meio da contratação de empresas de alimentação industrial. Nesse modelo de gestão, fica transferida à iniciativa privada à exploração comercial do restaurante, cabendo à administração pública o subsídio para a oferta das refeições a preços acessíveis e a função de avaliação e monitoramento dos serviços. Um modelo de gestão que tem se mostrado bastante eficaz, é o estabelecimento de parceria com Entidades Sociais sem fins lucrativos, ficando esta com a responsabilidade de administrar os serviços de produção de refeições, bem como da realização de outras atividades de assistência alimentar e inclusão social, enquanto é subsidiada e avaliada pelo órgãos responsáveis pela política de Segurança Alimentar e Nutricional do setor público 8. PARCEIROS POTENCIAIS Para o melhor funcionamento do restaurante popular, diversas parcerias podem ser estabelecidas, nos diversos níveis de governo e junto a outras entidades. Na gestão direta do poder público, o órgão responsável pela administração poderá acessar outros programas do Ministério para auxiliar no abastecimento do equipamento como o Programa de Compra Direta Local de Alimentos, que poderá beneficiar os agricultores familiares da região e garantir o fornecimento de gêneros alimentícios de boa qualidade. Como potenciais parceiros podem ser destacados: Governo Estadual a. Secretaria de Agricultura / Empresas de Assistência Técnica: auxiliando diretamente ou por meio das empresas de assistência técnica na seleção de produtos regionais que podem ser utilizados nos cardápios; identificando e orientando os produtores rurais ou associações de produtores que podem ser fornecedores de gêneros alimentícios e disponibilizando informações sobre safra agrícola para subsidiar o planejamento dos cardápios. b. Secretarias Estaduais de Saúde ou órgão responsável no âmbito estadual pelo controle sanitário de produtos e serviços de interesse da saúde - fornecendo informações sobre o estabelecimento, em caráter suplementar ao nível federal, sobre as condições sanitárias para instalação e funcionamento de um restaurante na sua área de competência. 8

c. Corpo de Bombeiro apoiando na garantia da segurança do equipamento com ações preventivas e vistorias permanentes. d. Polícia Militar apoiando na garantia da segurança dos usuários nos horários de funcionamento. e. Órgão Regional do Ministério do Trabalho fornecendo orientações relativas à segurança e saúde no trabalho. Governo Municipal a. Secretaria de Assistência Social realização de atendimentos dos programas sociais desenvolvidos pelo município no espaço do restaurante realização de cadastros, informações sobre programas, etc. b. Secretarias Municipais de saúde ou Órgão responsável pelo controle sanitário de produtos e serviços de interesse da saúde fornecendo orientações sobre o estabelecimento, em caráter suplementar ao nível federal e estadual, as condições sanitárias para instalação e funcionamento de um restaurante na sua área de competência. Os interessados em instalar um restaurante devem recorrer a este órgão a fim de obter as informações relativas aos procedimentos administrativos a serem seguidos e às legislações sanitárias a serem cumpridas. c. Secretaria de Agricultura e Abastecimento disponibilizando informações sobre preços de produtos básicos e onde adquiri-los a preços mais baixos, fornecimento de informações sobre preços no atacado para auxiliar nas compras. d. Órgão responsável pela limpeza urbana - recolhimento do lixo, que pode ser utilizado para a fabricação de adubos orgânicos para projetos de agricultura urbana hortas escolares, comunitárias, entre outros. Governo Estadual e/ ou Municipal a. Apoiando a identificação de terrenos disponíveis em locais apropriados para a instalação do restaurante popular. Outros parceiros: a. Conselhos Municipais e Estaduais de Segurança Alimentar e Nutricional acompanhado e avaliando o desenvolvimento dos serviços de Segurança Alimentar e Nutricional desenvolvidos no restaurante, bem com auxiliando na ampliação e diversificação das ações realizadas em articulação com outros setores de interesse, como assistência social e saúde b. Conselhos Estaduais de Nutrição oferecendo orientações sobre a elaboração de cardápios, segundo os hábitos alimentares locais. 9

c. Universidades apoiando com pesquisa e/ ou extensão a fim de aprimorar todos os setores e atividades do restaurante, inclusive na identificação e caracterização do público alvo. d. ONGS / OCIPS oferecendo serviços, apoiando ações, desenvolvendo atividades de educação e outros. e. Indústrias /Centros de Abastecimento / Empresas e outros. 9. PREÇO COBRADO DO USUÁRIO O preço a ser cobrado dos usuários dos restaurantes populares deve ser acessível a população de baixa renda, devendo o poder público responsável, estadual ou municipal, cobrir os custos adicionais das refeições. O preço total da refeição deverá ser constituído, considerandose a sazonalidade dos insumos sem afetar a qualidade, a variedade e o número de refeições servidas. Considerando que o custo médio unitário atual das principais experiências de restaurantes populares está em torno de R$ 2,80 por refeição, ao optar por subsidiar a comercialização de refeições, a Prefeitura Municipal/ Governo Estadual deve necessariamente avaliar a sua capacidade de manutenção desse subsídio no médio e longo prazos. Nessas situações, é recomendável também que o subsídio seja o menor possível, tendo sempre em vista a busca da auto-sustentabilidade, em especial por meio de uma gestão eficiente, sem fins lucrativos. 10. QUANTO AO AMPARO LEGAL A criação dos Restaurantes Populares deve ter previsão legal. O instrumento que ampara a criação e o funcionamento dos Restaurantes varia em função da forma de gestão escolhida e da legislação específica dos estados e municípios. É imprescindível a ata de aprovação do projeto, preferencialmente, pelo Conselho Municipal / Estadual de Segurança Alimentar, acompanhada de Lei de Constituição da entidade e da ata de posse do representante do Conselho 11. QUANTO À EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL Os Restaurantes Populares devem desenvolver atividades de educação alimentar e nutricional, visando estimular a sociedade a combater a fome e a adotar hábitos alimentares saudáveis, contribuindo para a prevenção e o combate a uma série de problemas relacionados à alimentação inadequada, como a desnutrição, obesidade, diabetes e hipertensão. Essas atividades podem utilizar diversas formas de comunicação como campanhas, palestras, folders, painéis, oficinas culinárias e outros. Os conteúdos abordados devem estar de acordo com as realidades locais, incluindo: 10

a. Saúde, estilo de vida e alimentação saudável, abordando a quantidade, a qualidade, a regularidade e a adequação para as diferentes fases do ciclo da vida; b. Valor nutritivo e funcionalidade dos alimentos (relação entre alimentos e enfermidades para prevenção, controle dos distúrbios nutricionais e de doenças associadas à alimentação e nutrição); c. Combate aos preconceitos que prejudicam a adoção de hábitos alimentares mais saudáveis, incluindo aproveitamento integral dos alimentos; d. Resgate e estímulo aos hábitos e práticas alimentares regionais relacionadas ao consumo de alimentos locais, de baixo custo e alto valor nutritivo; e. Práticas de higiene alimentar e pessoal para a promoção da segurança alimentar no domicílio, através de cuidados na escolha, manipulação, preparo, distribuição, conservação e armazenamento dos alimentos; f. Cuidados na alimentação fora do domicílio; g. Informações sobre a época da safra e preços dos alimentos, bem como orientações para o reconhecimento das características dos produtos de boa qualidade; h. Preparações nutritivas, baratas e saborosas; i. Observação e análise da rotulagem dos alimentos. 11