UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Cibele Cândida de Almeida Kintopp



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Transcrição:

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Cibele Cândida de Almeida Kintopp SISTEMAS COMPUTADORIZADOS UTILIZADOS PARA CONFECÇÃO DE RESTAURAÇÕES PROTÉTICAS: CAD-CAM. RELATO DE CASO CLíNICO. CURITIBA 2010

Cibele Cândida de Almeida Kintopp SISTEMAS COMPUTADORIZADOS UTILIZADOS PARA CONFECÇÃO DE RESTAURAÇÕES PROTÉTICAS: CAD-CAM. RELATO DE CASO CLíNICO. Monografia Apresentada ao Curso de Especialização em Prótese Dentária da Universidade Tuiuti do Paraná como parte dos Requisitos Necessários para Obtenção do Titulo de Especialista. Orientador: Prof. Dr. Marcos André Kalabaide Vazo Curitiba 2010

TERMO DE APROVAÇÃO Cibele Cândida de Almeida Kintopp SISTEMAS COMPUTADORIZADOS UTILIZADOS PARA CONFECÇÃO DE RESTAURAÇÕES PROTÉTICAS: CAD-CAM. RELATO DE CASO CLíNICO. Esta Monografia foi Julgada e Aprovada para a Obtenção do Grau de Especialista em Prótese Dentaria no Curso de Especialização em Prótese Dentária da UniversidadeTuiuti do Paraná Curitiba, 22 de março de 2010 Curso de Especializaçao em Prótese Dentária UniversidadeTuiuti do Paraná Banca Examinadora (2) Professor Ms.

DEDICATÓRIA À Deus, que é para mim sabedoria e amor!! Aos meus pais, ArleUe e Aderbal, que sempre estiveram ao meu lado, me incentivando à lutar e buscar meus objetivos, com determinação e honestidade, todo o meu amor, gratidão e respeito. Aos meus irmãos Clederbal e Felipe, pela amizade, incentivo e carinho. À meus sogros Lindaura e Walter e minha cunhada Luciana, por sempre estarem presentes e dispostos a ajudar! Muito Obrigada!! Ao meu amado esposo Walter e a minha amada filha Isabela, pelo apoio, compreensão e paciência, essa conquista é nossa!!

AGRADECIMENTOS Ao Prof. Dr. Marcos André Kalabaide Vaz, meu orientador, pelos conhecimentos generosamente divididos e por ter me ensinado a ver a Prótese Dentária de forma simples e descomplicada. Aos Professores Nerildo Ulbrich, Paulo Milani, Ana Paula Gebert, Therezinha Pastre e demais professores que participaram do curso, pela dedicação e atenção. Ao Prof. Sérgio Bernardes pela atenção e informações prestadas. À Jacira, do laboratório Romanini (Curitiba) sempre presente e paciente. À minha paciente sempre alegre e determinada!!! Às minha colegas de turma: Emanuelle Piccini, Sibele Alves, Magda Portugal, Daniele Leindorf, Karin, Carla Adriani e em especial Graziela Gregio, Ana Paula Melissa Okirriro, Denise Pazim e Rita de Cássia, jamais existirá turma tão especial!!

LISTA DE FIGURAS FIGURA 01: Vista frontal inicial: Observar o sorriso gengival. 53 FIGURA 02: Vista frontal inicial:situação clínica.. 54 FIGURA 03: Guia cirúrgico posicionado... FIGURA 04: Incisão, seguindo o guia cirúrgico FIGURA 05: Elementos dentários preparados....55..55.56 FIGURA 06: Provisórios indiretos instalados 57 FIGURA 07: Casquetes de moldagem.... 57 FIGURA 08: Modelo de gesso, troquelado. FIGURA 09: Copings em zircônia: vista oclusal...58... 58 FIGURA 10: Copings em zircônia: vista frontal.. FIGURA 11: Vista lateral direita. FIGURA 12: Vista lateral esquerda.. 59... 59... 59 FIGURA 13: Cerâmicas cimentadas provisoriamente, para ajustes: Vista oclusal.....60 FIGURA 14: Vista lateral direita. FIGURA 15: Vista lateral esquerda FIGURA 16: Vista frontal...... 60...60... 60 FIGURA 17: Coroas reforçadas com zircônia confeccionadas com o sistema CAD- CAM Neoshape... 61 FIGURA 18: Jateamento com sílica.....61 FIGURA 19: Aplicação do adesivo autocondicionante em todo o remanescente dentário.... 62 FIGURA 20: A) Primer metálico.. 63

B) Aplicação do primer metálico sobre a superfície interna dos copings em zircônia C) Aplicação do primer metálico sobre as porções coronárias dos núcleos metálicos FIGURA 21: Vista frontal das coroas cimentadas.. 64 FIGURA 22: Vista oclusal final....64 FIGURA 23: Vista frontal final... 64

SUMÁRIO RESUMO 1. INTRODUÇÃO 11 2. OBJETIVO 13 3. REVISÃO DE LlTERATURA 14 3.1. HISTÓRICO.. 3.2. CLASSiFiCAÇÃO.....14. 17 3.2.1. QUANTO Á ESTRUTURA QUíMICA 17 3.2.2. QUANTO Á TEMPERATURA DE FUSÃO 20 3.2.3. QUANTO AO MODO DE CONFECÇÃO 21 3.3. TECNOLOGIA CAD-CAM.. 22 3.4. SISTEMAS CAD-CAM... 29 3.4.1. CEREC.. 29 3.4.2. PROCERA... 31 3.4.3. LAVA 3.4.4. E4D... 3.4.5. EVEREST. 3.4.6. CERCON.... 33...34... 35. 36 3.4.7. TDS 3.4.8. itero..... 36... 37 3.4.9. NEOSHAPE 37 4. DISCUSSÃO 39 5. CONCLUSÃO 43 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.44 ANEXOS 52

RELATO DE CASO CLíNICO... CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO. 53... 65

RESUMO Atualmente a estética se apresenta de forma constante na rotina clínica do cirurgiãodentista. Com a evolução tecnológica novos sistemas que permitem a confecção de restaurações protéticas altamente estéticas e resistentes surgem no mercado odontológico. CAO-CAM (Computer Aided Design-Computer Aided Miling) é uma tecnologia existente a mais de vinte anos que consiste de um scanner que realiza a leitura do preparo protético seja no modelo de gesso ou diretamente na boca do paciente. Um software (CAO) que processa as informações, confecciona virtualmente a restauração protética e corrige virtualmente interferências e contatos. Uma fresadora (CAM) que a partir de blocos pré-fabricados de cerãmicas reforçadas, metal ou resina acrilica usina a peça final. Existem vários sistemas CAO-CAM disponíveis no mercado, entre eles: Cerec, Procera, Lava, E40, Everest, Cercon, TOS, itero, Neoshape, entre outros. Este trabalho tem por objetivo: revisão de literatura e relato de caso clínico utilizando o sistema Neoshape. Paciente RPZ sexo feminino, 36 anos, possui incisivo lateral superior direito extranumerário, sorriso gengival e queixas da condição estética. Os dentes foram preparados proteticamente para a confecção de coroas totais de zircônia utilizando o sistema CAO-CAM. Palavras-Chave: Cad-Cam, Cerâmicas, Sinterização, ZrOz

11 1. INTRODUÇÃO A Odontologia tem passado por constantes mudanças e atualizações, principalmente no que se refere a tratamentos estéticos. A pesquisa continua e o avanço tecnológico intenso na área dos materiais dentários são responsáveis e facilitadores deste processo de mudança (GOMES, 2004). Infra-estruturas metálicas durante anos foram a única opção para restaurações protéticas unitárias e múltiplas, entretanto as cerâmicas dentárias, com uma série de caracteristicas intrinsecas desejáveis, apresentaram-se como um dos principais materiais na arte da reconstrução dentária. A partir de então estudos estão sendo realizados com o objetivo de encontrar uma estrutura cerâmica, que mantendo sua principal carasteristica: a estética, fosse capaz de suportar altas cargas mastigatórias (KINA, 2005). Diversas modificações foram realizadas, na composição da estrutura básica das cerâmicas, com a incorporação de diversos óxidos com o intuito de melhorar as propriedades fisicas e mecânicas do material. A alumina e a zircõnia, que podem apresentar uma resistência flexural entre 650 e 900 MPa, modificaram a indicação do uso das restaurações totalmente cerâmicas, entretanto sua indicação clinica ainda ficou restrita a regiões com condições favoráveis, como baixo estresse oclusal e somente em coroas unitárias. O advento dos sistemas computadorizados, possibilitou a fabricação de restaurações totalmente cerâmicas, com até 1300 MPa de resistência flexural, abrangendo sua indicação a restaurações protéticas unitárias e múltiplas, extensas, em áreas de grande carga mastigatória. Além de disponibilizar o sistema dentro do

12 consultório possibilitando a instalação, em uma única consulta, de restaurações estéticas precisas, resistentes, estéticas e duráveis (BIRNBAUM, 2008). Os sistemas CAD-CAM (Computer Aided Design-Computer Aided Milling) utilizam scanners capazes de realizar uma detalhada leitura do preparo dentário, dos dentes adjacentes e antagonistas. Programas especializados de softwares que possibilitam a visualização da restauração protética virtualmente, antes de sua confecção. Usinagem computadorizada de diversos materiais, entre eles, blocos cerâmicos altamente resistentes, abrindo assim uma nova fronteira para a Odontologia Restauradora.

13 2. OBJETIVOS Esta monografia teve por objetivo fazer uma revisão de literatura sobre a tecnologia CAD-CAM e seus diversos sistemas, disponíveis ao mercado odontológico. Além de apresentar um caso clínico, utilizando o sistema Neoshape, realizado durante o Curso de Especialização em Prótese Dentária da Universidade Tuiuti do Paraná.

14 3. REVISÃO DE LITERATURA 3.1. HISTÓRICO: Através dos tempos o homem busca por função e estética, procurando substituir elementos dentários perdidos. Utilizou para isso os mais diversos materiais: dentes humanos, dentes de animais esculpidos, marfim. Entretanto somente em 1774, o químico (boticário) francês Alexis Duchateau em conjunto com o cirurgião-dentista parisiense Nicholas Dubois de Chemant, iniciaram suas pesquisas com um material mais biocompatível, estético e resistente: a cerâmica (KELL Y, 1996). Em 1888, Charles Henry Land, cirurgião-dentista de Detroit, introduziu no mercado odontológico o primeiro in/ay cerâmico que era cimentado sobre um fundido de platina. Somente em 1894, após o surgimento do forno elétríco e a criação da cerâmica de baixa fusão em 1898, Land conseguiu unir esses dois materiais de maneira coesa. Entretanto em 1903, com o aperfeiçoamento das cerâmicas de alta fusão, Land confeccionou a primeira coroa tipo jaqueta de cerâmica pura, introduzindo de maneira definitiva o uso das cerâmicas na odontologia. Em 1955, o surgimento dos sistemas adesivos e do tratamento de superfície, preconizado por Buonocore possibilitou o uso das cerâmicas diretamente sobre os dentes, através da colagem de in/ays, on/ays, laminados e coroas totais unitárias (KINA, 2005). As cerâmicas odontológicas convencionais, também chamadas de feldspáticas são compostas basicamente de minerais cristalinos como o feldspato, a sílica, o quartzo, distribuídos em uma estrutura complexa composta por núcleos cristalinos incorporados à uma matriz vítrea. Os núcleos cristalinos de acordo com a

15 sua composição e quantidade determinam as propriedades ópticas e mecânicas. A matriz vítrea composta basicamente por óxidos de silício, é determinante da viscosidade e expansão térmica da porcelana. Mudanças nessas composições geram alterações, principalmente em propriedades mecânicas como resistência à flexão e em propriedades físicas como as características ópticas da porcelana (GOMES, 2008) As cerâmicas feldspáticas são altamente friáveis e propagadores de trincas, ou seja, não suportam altas forças de tensão e tração, podendo pequenos defeitos se propagarem rapidamente por toda a estrutura cerâmica. É um material de natureza vítrea e refratária, o que a caracteriza como altamente susceptível à fratura, entretanto excelente material termoelétrico (FERNANDES, 2006). Para Mingway (2006), as cerâmicas são o material que mais se equivale a estrutura dentária, possuindo características ópticas muito semelhantes aos dentes: são isolantes, possuem baixa condutividade e difussividade térmica e elétrica, além de grande biocompatibilidade e uma alta resistência aos fluidos bucais. Com o objetivo de reforçar a estutura das cerâmicas e melhorar seu comportamento frente às condições adversas da cavidade bucal, foi incorporado à sua estrutura elementos modificadores como óxidos de alumina, leucita, dissilicato de lítio e a zircõnia, que agem bloqueando a formação e propagação de fendas, quando submetidas à forças de tensão e tração, sendo a partir de então possível a confecção de coroas de cerâmica em toda a sua estrutura, sem a necessidade de uma infra-estrutura metálica para reforço (CONCEiÇÃO, 2005). Segundo Krishna, et ai. (2009), a primeira cerâmica reforçada foi confeccionada por McLean e Hughes em 1965, com o acréscimo de 40% de alumina na composição, o que teve como conseqüência um aumento na resistência à tensão

16 flexural duas vezes maior quando comparado as cerâmicas feldspáticas convencionais, entretanto a alumina ocasionou uma redução na translucidez da cerâmica, o que restringiu seu uso como infra-estrutura. Em 1971, Dr. Duret confeccionou as primeiras coroas totais a partir da leitura óptica do preparo diretamente na boca do paciente e da fresagem computadorizada, esse sistema foi chamado de Sistema Duret (Durei CAD-CAM, Hennson InlemacionaD. Mais tarde uma segunda versão derivada deste sistema foi lançada: Sistema Sopha (Sopha BioConcepl Inc), entretanto apesar da grande contribuição para a evolução dos sistemas CAD-CAM, não obtiveram sucesso comercialmente (HEYMANN,1996). Em meados de 1980, Dr. Moermann utilizou um sistema computadorizado acoplado a sua cadeira odontológica e confeccionou uma restauração do tipo in/ay no mesmo dia. Esse sistema foi comprado pela empresa Sirona e patenteado com o nome de Cerec (MIYAZAKI, 2009). No mercado odontológico desde então, inicialmente o sistema Cerec (Chairside Economical Reslorations Eslhelic Ceramic) apresentava somente a versão de uso exclusivo em consultório, com o uso de scanners intra-orais e fresadoras de pequeno porte (CHRISTENSEN, 2006). Logo em seguida através dos estudos do Dr. Andersson surgiu o sistema Procera, produzido industrialmente pela empresa Nobel Biocare, inicialmente para a confecção de copings com ligas metálicas e titânio, caracterizou-se pela confecção de laminados, como alternativa ao uso do ouro, de elevado custo na época (MIYAZAKI, 2009).

17 3.2. CLASSIFICAÇÃO: critérios: As cerâmicas odontológicas podem ser classificadas de acordo com vários 3.2.1. Quanto à estrutura química: São classificadas de acordo com a composição do núcleo cristalino em (CONCEiÇÃO, 2007; ANUSAVICE, 2005): Feldspática: Conhecida também como convencional ou tradicional foi a primeira a ser empregada na Odontologia. É constituída basicamente por uma mistura de feldspato de potássio ou feldspato de sódio. Quartzo, alumina além de outros óxidos metálicos são acrescentados à mistura com o intuito de obter pigmentos, assim simular a cor dos dentes naturais. Possui uma resistência flexural em torno de 70 MPa, é utilizada nas restaurações metalocerâmicas, possuindo neste caso uma maior concentração de feldspato de potássio e leucita, que favorecem o coeficiente de expansão térmica, ocorrido durante a cocção da cerâmica sobre o metal, em altas temperaturas. Entretanto possui alta dureza o que pode gerar desgastes dos dentes e das restaurações antagonistas, considerado sua maior desvantagem. Exemplo de marca comercial: Duceram (Dentsply), Noritake (Noritake), Ceramcoll (Dentsply).

18 Infiltrada de Vidro: Nesta técnica, sobre um coping alumina (97%) altamente resistente é aplicada uma massa cerâmica composta de boro e lantânio. Essa massa que é denominada de vidro se infiltra na estrutura porosa do coping de alumina. Esse vidro infiltrado pode ser composto de uma mistura de alumina e magnésia (In-Geram Spine/D, alumina e zircônia (In-Geram Zircônia). Sobre esse vidro infiltrado é aplicada a cerâmica convencional. A resistência flexural desta cerâmica varia entre 400 a 750 MPa, além de possuir excelente adaptação marginal, porém não permite o condicionamento com ácido fluorídrico da peça protética prejudicando a adesão à estrutura dentária, limitando sua indicação no caso de restaurações indiretas parciais (inlays e onlays). Ex: In-Ceram Alumina (Vita), In-Ceram Spinell (Vita), Vitro- Ceram (Angelus). Com Vidro Ceramizado: É composta por uma infra-estrutura com a incorporação de 60% de cristais de dissilicato de lítio, recoberto por uma cerâmica que contém cristais de fluorapatita, o que lhe confere uma resistência à flexão entre 350 e 400 MPa, sendo indicada para coroas unitátias e próteses parciais fixas (PPFs) de três elementos, até a regiâo de segundo pré-molar. Ex: IPS Empress e IPS Empress II (Ivoclar Vivadent). Cerâmica Feldspática Reforçada com Leucita: É reforçada com a incorporação de até 50% em peso de cristais de leucita em sua matriz de vidro. Possui uma resistência flexural de 140 MPa, boa translucidez, entretanto apresenta falta de precisão na adaptação marginal, devido

19 alta contração volumétrica que ocorre durante a cocção, pela presença da leucita e do vidro cerâmico. É indicada para inlays, onlays, coroas totais unitárias e facetas, porém é pouco utilizada. Exemplo de marca comercial: Optec HSP (Jeneric- Pentron), Optimal Pressable Ceramic (Jeneric-Pentron), Finesse AII-Ceramic (Dentsply Ceramco) e IPS Empress (Ivociar Vivadent). Com Óxido de Alumina: Iniciou com o sistema In Ceram (ICNita-Zahnfabrik) e Hi Ceram, com composição semellhante as feldspáticas convencionais, com a incorporação de até 50% em peso de óxido de alumina, que age bloqueando a propagação de trincas, aumentando em até duas vezes a resistência á flexão, quando comparada às cerâmicas convencionais. Sua resistência flexural oscila entre 120 e 140 MPa. Entretanto a alumina alterou a translucidez da peça protética, tornando-a mais opaca e consequentemente menos estética, sendo indicada para infra-estruturas de próteses ceramocerâmicas. Ex: Vitadur N (Vita), NBK 1000 (Dentsply). Com Alto Teor de Alumina: Há incorporação de 99,5% de alumina, obtendo-se uma resistência flexural de 650 MPa, sendo indicada para a confecção de infra-estruturas, de PPFs de até três elementos, coroas unitárias e laminados, é necessário o uso de cerâmicas feldspáticas convencionais para a cobertura estética da peça protética. São trabalhadas laboratorialmente através de fresagem (CAD-CAM). Exemplo de marca comercial: Vitadur Alpha (VDNita-Zahnfabrik), Vitro Ceram Alumina (Ângelus).

20 Com Óxido de Zircônia: Sua composição é basicamente toda de óxido de zircônia. o que lhe confere uma resistência flexural de aproximadamente 900 MPa. sendo indicada para confecção de copings e infra-estruturas de PPFs de 3 a 4 elementos. São trabalhadas laboratorialmente através de CAD-CAM. Sobre essa base é aplicada cerâmica feldspática para obtenção de estética. Ex: Cercon (Dentsply). Lava (3M ESPE). Procera Ali Zirconia (Nobel Biocare). 3.2.2. Quanto a temperatura de fusão: CLASSIFICAÇÃO TEMPERATURA INDICAÇÕES MARCAS COMERCIAIS Dentes de VM9 (Vita) ALTA FUSÃO >1.300 a C/2.372 a F próteses parciais removiveis e totais 1.101-1.300 aci Coroas totais VM7 (Vita) MÉDIA FUSÃO 2.013-2.072 af metalocerâmicas 850-1.1ooaCI Coroas totais Luminesse BAIXA FUSÃO 1.562-2012 af metalocerâmicas (Taladium) ULTRA BAIXA < 850 aci 1.562 a F Utilizadas com Duceram AIICeram FUSÃO titânio (Dentsply Ceramco) TI22(Noritake) Modificado de KINA. 2009; HENRIQUES. 2008

21 3.2.3. Quanto à técnica de confecção: (CONCEiÇÃO, 2005) Por incrementos ou técnica da estratificação: As cerâmicas confeccionadas por esta técnica são geralmente as feldspáticas. São comercializadas na forma de pó em conjunto com um liquido fornecido pelo fabricante que contém basicamente água, amido e açúcar. São trabalhadas laboratorialmente com um pincel que após ser umedecido no liquido entra em contato com o pó da cerâmica agregando-o e realizando a incorporação de camadas sobre uma infra-estrutura. Por injeção ou prensagem: Utilizando a técnica da cera perdida, a cerâmica é levada ao forno elétrico a uma temperatura de aproximadamente 920 C, prensada e mantida em espera por cerca de 90 minutos. Após esse período a cerâmica é desencluída e limpa com ultra-som e jato de alumínio. Por fresagem: Um bloco cerâmico pré-fabricado é desgastado em uma unidade específica de um sistema, que possui brocas altamente potente e velozes, que são controladas por computador. Essa fresagem acontece baseada num modelo pré estabelecido, que pode ser o próprio modelo de gesso confeccionado após moldagem do preparo, ou o próprio preparo que é escaneado através de leitores ópticos. Também é possivel realizar um enceramento e através da leitura deste padrão, o bloco cerâmico é fresado.

22 3.3. TECNOLOGIA CAD-CAM: Côrrea, em 2006, relata que a criação dos sistemas CAD-CAM ocorreu com o propósito de reduzir custos, padronizar as restaurações e produzir, a partir de blocos pré-fabricados, materiais de maior qualidade e uniformidade, já que realiza a fresagem desses blocos através de sistemas computadorizados, o que garante um maior controle de qualidade. Para Miyazaki (2009), muitas pesquisas foram necessárias para se chegar nos sistemas atuais. O que se buscava eram scanners capazes de reproduzir detalhes da linha de término, da posição dos dentes adjacentes e antagonistas, das proximais, do espaço oclusal disponível, dos contatos oclusais e do preparo de modo geral com seus ângulos e contornos. Um software que ao receber as informações as digitalizasse reproduzindo de modo fiel todos os detalhes do preparo, dos dentes vizinhos e antagonistas. Um fresadora capaz de usinar com brocas de alto poder de corte, todos esses detalhes com fidelidade, em blocos préfabricados de materiais mais resistentes e duros. Além de todo o conjunto possuir dimensões adequadas para possibilitar seu uso em consultório. Posteriormente novos sistemas de uso laboratorial surgiram no mercado com a finalidade de aumentar o número de elementos fresados, a variedade de restaurações além de abranger um número maior de cirurgiões-dentista. Os sistemas CAD-CAM compreendem: 1) um scanner, que lê o preparo e o converte em um preparo virtual; 2) um programa de computador (software) que é usado para confeccionar a restauração virtualmente e modificá-ia no modelo digital e 3) uma máquina fresadora, que converte o desenho em uma peça usinada em determinados materiais. Estes componentes apresentam grandes diferenças entre

os diversos sistemas presentes no mercado e inúmeras possibilidades para os sistemas futuros com: scanners intra-orais, interação com articuladores virtuais, maior velocidade de produção e melhoramentos estéticos (STRUB, 2006). o preparo da estrutura dentária, de extrema importância, passa a apresentar algumas peculiaridades como a ausência de ângulos vivos, já que durante a fresagem a posição das brocas não permite a confecção de ângulos vivos, devendo o preparo terminar em chanfro largo de 1,Omm a 1,5mm ou ombro com ângulos internos arredondados e bem definidos, redução axial de 1,5mm e incisal de 2,Omm. (BALAREZO, 2006; RAMOS, 2003). Segundo Nóbrega (2006), durante o processo de queima das cerâmicas ocorre inicialmente a pré-síntese, na qual há evaporação de água e gases, além de outras alterações químicas, que tornam a estrutura cerâmica mais condensada. Uma segunda etapa ocorre quando a temperatura alcança a faixa entre a metade e dois terços da temperatura de fusão do material, é a sinterização. Ocorre então uma real união dos componentes da cerâmica num agregado único e coeso. O processo de sinterização é um indicativo da contração da cerâmica, além disso também ocorrem nesta etapa alterações químicas na estrutura da cerâmica que são essenciais para determinar as características físico-químicas da porcelana final. Conceição (2005), afirma que durante o processo de sinterização, ocorre na estrutura das cerâmicas a formação de fendas, chamadas de Fendas de Griffith. Quando uma força tensiona a estrutura cerâmica essa força se espalha rapidamente pelas fendas gerando trincas e fraturas na porcelana. Lacroix (2006) afirma que as velocidades de resfriamento e secagem também interferem na estrutura química da cerâmica, sendo um processo delicado no qual as características das partículas e seus mecanismos de contração

24 determinam grande parte do comportamento das cerâmicas odontológicas, na cavidade bucal. A partir dessas informações, óxidos foram incorporados à estrutura das cerâmicas, aumentando assim sua fase cristalina. Esses óxidos, durante o processo de sinterização tomam a estrutura final mais coesa e resistente. O zircônio é um metal azul escuro, refratário, com elevada resistência à tração, alta dureza e resistente à corrosão. Possui duas fases: a fase tetragonal, que possui melhores propriedades físicas, porém não é estável à temperatura ambiente, e a fase monocíclica de propriedades mais fracas, no entanto é a fase que o zircônio se apresenta na natureza sempre agregado a outros elementos. A adição de óxido de ítrio (Y 2 0 3 ) estabiliza a estrutura molecular do zircônio na fase tetragonal em temperatura ambiente, gerando a Y-TZP Zircônia (Yttrium-tetragonal zircônia polycristal). Estudos indicam que a resistência flexural das cerâmicas de zircônia reforçadas pelo Y 2 0 3 podem chegar a 1200 MPa, estendendo a indicação clínica para qualquer região da cavidade oral, sendo uma grande alternativa ao uso do metal em regiões de grande estresse oclusal ou em pontes parciais fixas (STEYERN, 2006). A zircônia, após a sinterização apresenta elevada dureza, dificultando a preparação, desgaste e acabamento da prótese, sendo indicada para a confecção de inlays, onlays, facetas e coroas em uma única consulta clínica pois não necessita ir ao forno para queima. São oferecidos também, blocos de zircônia pré-sinterizados, os quais são mais fáceis e levam menos tempo para serem usinados em sistemas CAD-CAM, entretanto necessitam de uma última sessão de queima, são indicados para infra-estruturas de coroas e pontes fixas de até 4 elementos (LACROIX, 2006; EDELHOFF,2008).

25 Segundo Côrrea (2006) os blocos pré-fabricados utilizados para confecção de coroas unitárias, próteses parciais fixas e restaurações protéticas parciais indiretas utilizando o sistema CAD-CAM, podem ser de: Cerãmica de vidro reforçada com leucita; Alumina reforçada com vidro; Alumina densamente sinterizada; Y-TZP com sinterização parcial ou total; Titãnio; Ligas preciosas; Ligas não preciosas; Resinas acrílicas de resistência reforçada. Os copings e as estruturas confeccionadas em zircônia, devem ser recobertas com cerâmicas compatíveis com o coeficiente de expansão térmica da zircônia, o que não ocorre com as feldspáticas convencionais (GAMBORENA, 2007). Segundo Bimbaum (2008) dia a dia sistemas mais robustos surgem no mercado, alguns já permitem através de um scanner intra-oral a cópia fiel do preparo direto na boca do paciente, dispensando a etapa de moldagem, o uso do laboratório e agilizando o tratamento, muitas vezes concluído em sessão única. Dentre os sistemas disponíveis no mercado odontológico atualmente, somente o Cerec III e o E4D possuem a versão que inicia e finaliza a restauração protética exclusivamente em consultório. Os outros sistemas possuem um scanner que pode ser utilizado diretamente na cavidade bucal do paciente eliminando a etapa de moldagem, entretanto a fase laboratorial é necessária e compreende o

26 trabalho no modelo virtual com o software e a usinagem do material restaurador na fresadora. Os sistemas de moldagem digital apresentam vantagens e desvantagens (TROST 2006; REKOW 2006; LlU 2008; RADZ, 2009): Vantagens: Eliminar a etapa da moldagem, que pode trazer algumas dificuldades, para o profissional, quanto á técnica e os materiais utilizados; Ser uma ferramenta de aprendizagem, o profissional pode avaliar o preparo realizado na estrutura dentária em um monitor de 19 polegadas; A imagem no monitor esclarece se todos os dados necessários para o trabalho em laboratório foram capturados. Aproximadamente 50% das moldagens não mostram a margem do preparo inteiramente e de forma clara. Com o scanner digital cada dente é escaneado individualmente o que permite excelente gerenciamento de tecido e controle de umidade local. A moldagem tradicional dificultando requer todos os tecidos ao redor e todos os dentes ao mesmo tempo, a técnica; A precisão dos registros virtuais (do preparo, do antagonista e das proximais) dá origem a um modelo que permite ao técnico do laboratório fabricar uma restauração final que tem excelente ajuste marginal e oclusão incrivelmente precisa; Beneficios imediatos e de longo prazo são percebidos ao ser capaz de ver imediatamente se há espaço oclusal apropriado para a restauração pretendida. Muitas vezes esse detalhe, extremamente importante, passa despercebido pelo profissional, gerando inconvenientes desagradáveis;

27 Há uma redução notável de refazer o trabalho devido todo o detalhe que pode ser visto antes de se enviar a moldagem, a margem de erro foi drasticamente reduzida; A desinfecção das moldagens não é mais um problema com o sistema digital; Não há necessidade de manutenção de arquivos, pois a moldagem digital pode ser armazenada indefinidamente no banco de dados do próprio equipamento, podendo ainda escanear a cavidade bucal dos pacientes, em condições pré e pós-operatórias; Redução do estoque. Não necessitando manter grandes quantidades de materiais de moldagem no consultório, além de moldeiras, já que sem as moldagens físicas, não há necessidade das mesmas; Desvantagens: Apesar dos novos sistemas permitirem leitura de um arco completo, digitalmente demora mais tempo que a técnica de moldagem convencional. Há habilidade limitada para utilizar os sistemas para moldagens de implantes; Muitos cirurgiões-dentistas acham que a câmera intra-oral é muito grande, entretanto esse apontamento não é, na maioria das vezes, citado pelos pacientes; O peso da câmera é mais um problema do que o tamanho, se técnicas apropriadas não são usadas o peso do scanner pode se tornar desconfortável para o operador; Alto custo. O investimento inicial na máquina precisa ser considerado durante a decisão de compra. O custo inicial, para a instalação do equipamento completo em consultório, ficaria em aproximadamente 330 mil reais, para a região de

28 Curitiba-Paraná/Brasil. A economia real está indiretamente associada com: a redução de tempo de cadeira em relação a número de consultas e tempo destinado a ajustes, redução das repetições de trabalhos e moldagens;(valores fornecidos pelo fabricante) Segundo Nathanson (1994), Christensen (2008) e Strub (2006) os sistemas capazes de confeccionar restaurações protéticas com todas as etapas exclusivamente em consultório, também apresentam vantagens e desvantages: Vantagens: A redução dos números de consultas reduzindo também gastos gerados por elas como tempo de cadeira e material (luvas, papel toalha, material clínico, entre outros); A satisfação do paciente em resolver seu problema em sessão única e não necessitar utilizar restaurações provisórias com seus eventuais incômodos; O marketing indireto que se obtém com o paciente devido sua satisfação pela rapidez e qualidade do procedimento e da restauração protética; A estética alcançada; A inclusão de toda a equipe do consultório no processo; Desvantagens: O tempo, do cirurgião-dentista e de sua equipe, que será transferido das atividades clínicas para o aprendizado do sistema. Haverá necessidade de aperfeiçoamento por parte do profissional para usufruir com qualidade do

29 sistema, pois detalhes essenciais, como por exemplo a seleção da cor do dente através de blocos de cerâmica, podem se tomar um problema; O investimento financeiro será alto e o profissional deverá estar preparado, cursos de atualização, gastos com instalação e suporte técnico do equipamento, aquisição de suprimentos (blocos de resina e cerâmica, brocas de desgaste entre outros). Além do sistema, um forno de vitrificação poderá ser necessário para se obter uma melhor caracterização das peças; Existem vários sistemas CAD-CAM disponíveis no mercado, entre eles: Cerec, Procera, Lava, E4D, Everest, Cercon, TOS, itero e Neoshape. 3.4. SISTEMAS CAD-CAM: 3.4.1. Cerec - Sirona Dental Systems, Alemanha: Lançado no mercado odontológico em 1985 com o nome de Cerec I, o sistema apresentava inicialmente somente a versão para consultório (Cerec Chairside) este sistema utilizava um disco de corte diamantado para o desgaste da cerâmica, que se movimentava somente em dois eixos, limitando muito o desgaste do bloco. Apresentava um software com muitas limitações, grandes desadaptações das restaurações e todo o ajuste oclusal e a confecção da anatomia dental na face oclusal era realizada manualmente com brocas e turbina de alta rotação. Os blocos cerâmicos utilizados no Cerec Chairside são de cerâmicas totalmente sinterizadas, que permitem a confecção de inlays, onlays, facetas e coroas em apenas uma consulta (CONCEiÇÃO, 2005).

30 Em 1994 chega ao mercado odontológico o Cerec 11,criado com o objetivo de superar as limitações do Cerec I, além do disco diamantado de corte, utiliza duas pontas diamantadas cilíndricas, sendo possível o desgaste da superfície oclusal, trabalhando agora em 3 eixos. Além de melhorias no seanner, obtendo uma melhor adaptação da peça protética (TOUATI, et ai., 2000). Em 2000 foi lançado o Cerec 111,que possui um desgaste mais rápido e mais eficiente, com um seanner de leitura óptica em 3D extremamente preciso. O dente preparado, os dentes proximais e os antagonistas são escaneados rapidamente, necessitando somente a aplicação de um agente reflexivo em pó (dióxido de titânio) uniformemente em todo o preparo e mantê-los secos, evitando áreas de reflexo. O scanner deve ser posicionado 90 em relação ao preparo, ou seguindo o passo de inserçâo da peça, para a realização de uma leitura correta. Os dados são enviados ao software que possui uma extensa biblioteca de dados que auxiliam a confeccção e ajustes da peça virtualmente. A fresadora do sistema Cerec 111 possui duas pontas diamantadas, sendo uma cilíndrica, para a fresagem da parte interna da prótese e outra tronco-cônica, para o desgaste da região oclusal, o processo termina com a peça protética muito bem acabada e lisa (MIRZAYAN, 2009). Em 2009, a Sirona responsável pelo sistema Cerec, lançou o Ceree AC Blueeam, uma inovação no seanner de leitura que utiliza uma luz azul de comprimento de onda muito curto, que lê com mais fidelidade e rapidez o preparo, utilízando em média 15 segundos para a leitura de um dente preparado proteticamente. Possui um bio software que reconhece todos os pontos lidos e os digitaliza de forma muito mais eficiente, ajustando automaticamente pontos de contato. Em sua memória há uma extensa biblioteca que possibilita realizar restaurações protéticas múltiplas, em um hem i-arco, a partir de uma só leitura. A

31 fresadora inovou com brocas de polimento e uma sistema de caracterização individualizado de cores (KLlM, 2009). O sistema que utiliza a fase laboratorial (Cerec InLab) é, na maioria das vezes, para a confecção de estruturas múltiplas em metal ou cerâmica e consiste de uma leitura óptica, processo de medição que através de uma triangulação gera uma imagem em 3D, sem o contato com o preparo dentário, seja no modelo ou na boca do paciente. Para o Cerec 111as cerâmicas utilizadas são os blocos Vi ta In Ceram, que estão disponíveis em três tipos: VI spinnel (com moderada durabilidade é a mais translúcida, indicada para coroas anteriores), VI Alumina (moderada translucidez e alta durabilidade, é indicada para pontes anteriores e coroas anteriores e posteriores), VI Zircônia (baixa translucidez e alta durabilidade, é indicada para coroas e próteses parciais fixas anteriores e posteriores) (CÔRREA, 2006). O sistema pode ser aberto ou fechado. O aberto permite que o software de leitura seja transmitido para outros computadores para a fresagem, se adequando melhor a cada necessidade, o fechado oferece todo o sistema de produção (DRAGO, 2006). Indicações: inlays, onlays, facetas, coroas totais e estruturas de PPF de até 4 elementos. 3.4.2. Procera - Nobel Biocare, Suica: O sistema Procera que inicialmente foi desenvolvido para a confecção de estruturas em titânio, hoje consiste de uma infra-estrutura confeccionada de óxido de alumínio e zircônio puro densamente sinterizado, que o caracteriza como altamente resistente e biocompatível, já que estes óxidos se comportam muito bem em contato com os tecidos do periodonto (RAMOS, 2003).

32 Demora em média 3 a 5 minutos a leitura do preparo no modelo de gesso. As informações obtidas pelo leve contato de uma esfera de safira com o preparo no modelo, são enviadas do laboratório que possui o scanner, para uma das centrais de processamento Procera localizadas na Suécia, nos Estados Unidos, no Japão ou no Canadá através de uma ligação por modem. Na central ocorre o processo de fresagem, então o material retorna ao seu destino via correspondência. Esse sistema possui somente a versão laboratorial (CÔRREA, 2006). Os preparos devem seguir algumas exigências: margens bem definidas, bordas arredondadas, término em ombro com desgaste oclusal de 2,0 mm e desgaste axial de 1,0 a 1,2 mm, permitindo assim um adequado contato da ponta leitora com o preparo no modelo de gesso e consequentemente uma melhor adaptação da peça protética. Além de ser indicado para prótese sobre dentes, esse sistema é também indicado para próteses sobre implantes como abutments e coroas totais (OTTL, 2000). As coroas Procera apresentam cerca de 99,9% de sua estrutura em zircõnia altamente sinterizada, o que lhe confere uma resistência á flexão de até 1200 MPa. A espessura do coping pode variar de 0,7 rnm indicado para todas as regiões a 0,4 mm para áreas estéticas. Em casos de pontes fixas o número de põnticos poderá ser três na região anterior e quatro na posterior, para próteses cimentadas sobre dentes ou sobre implantes, devendo-se analisar a distância entre os pilares. É indicado no máximo um elemento em cantilever, quando se tratar de próteses sobre implantes (ODMAN, 2001). Indicações: inlays, onlays, facetas, coroas totais sobre dentes e sobre implantes, abutments e estruturas de PPF de até 4 elementos na região anterior e três na região posterior.

33 3.4.3. Lava - 3M ESPE, Alemanha: Nesse sistema, os preparos dentários nos modelos de gesso são digitalizados (Lava Scan), sem contato, por um laser óptico que transmite as imagens para um computador, este processo demora cerca de 5 minutos para o preparo de coroa total. O software determina automaticamente as linhas de acabamento. Os dados obtidos são mandados via e-mail para o laboratório que possui a fresadora (Lava Form), que leva cerca de 35 minutos para usinar um coping. Material cerâmico (Lava Ceram) adequado à expansão térmica da zircãnia é então aplicada sobre a infra-estrutura. Devido à contração da cerâmica durante a sua sinterização (Lava Therm), as infra-estruturas são desenhadas com um aumento de 20% no seu volume, para compensar a contração volumétrica que ocorre durante a fase final da sinterização, o que ocorre em todos os sistemas (CÔRREA, 2006; PIWOWARCZYK, 2005). Lava COS (Chairside Oral Scanner'), para uso em consultório, foi lançado em 2008, apresenta um scanner que realiza a leitura em 3D do preparo, dos dentes proximais e antagonistas, a imagem é exibida no monitor para que o cirurgiãodentista possa fazer uma reavaliação do preparo. Esse sistema elimina a etapa de moldagem em consultório, realizando uma moldagem digital que posteriomente é enviado ao laboratório, que possui o software Lava, no qual o modelo virtual é trabalhado e recortado. Esses dados são enviados ao laboratório da 3M, que possui um aparelho de estereolitografia, capaz de construir um modelo real, altamente fiel. Os dados digitais são enviados à fresadora que irá usinar a peça protética. O modelo será utilizado somente nas etapas finais de acabamento, polimento, ajustes ociusais e proximais. Esse sistema evita possíveis distorções dos materiais de

34 moldagem, reduz a necessidade de ajustes e o tempo de consulta, além eliminar totalmente a etapa de moldagem (SCHRODER, 2009). A espessura dos coping na região anterior pode chegar a 0,3mm com uma resistência de 1000 MPa, quando fabricados em zircônia (Y-TZP) totalmente sinterizada. Buscando uma melhor qualidade o sistema desenvolveu uma cerâmica própria a Frame Zircônia, que possibilita a mínima espessura das coifas em regiões estéticas (BIRNBAUM, 2009). 3.4.4. E4D - D4D Technologies, EUA: Criado em 2003, esse sistema é capaz de em uma única consulta: Realizar o escaneamento do preparo dentário, do registro de mordida, da superficie dos dentes vizinhos e antagonistas, diretamente na boca do paciente, sem a necessidade de moldagens convencionais; Confeccionar um modelo virtual que permite ao cirurgião-dentista visualizar e ajustar a peça protética antes de sua usinagem; Usina r através de pontas diamantadas um bloco cerâmico, confeccionando a restauração protética final, que já é passível de cimentação (McLAREN, 2009). O sistema E4D possui um scanner muito pequeno, que pode ser usado diretamente na cavidade oral do paciente, para fazer leituras sobre o preparo dentário, digitalizando as informações e confeccionando modelos virtuais, é semelhante ao sistema Cerec, entretanto nâo necessita da colocação de agente reflexivo sobre o preparo protético, somente um bom afastamento e hemostasia já são suficientes, na maioria dos casos. Pode realizar também leituras sobre modelos de gesso, os dados obtidos são então enviados por e-mail para um laboratório que possua o sistema de fresagem, ou para a própria fresadora portátil que acompanha

35 o sistema de uso em consultório. A fresadora que acompanha o carf, é capaz de desgastar blocos de cerâmica e compósitos (BIRNBAUM, 2009). Enquanto realiza a leitura do preparo dentário o digitalizador intra-oral faz fotos que posteriormente são sobrepostas ao modelo virtual em 3D que o software confecciona, tornando a cópia do preparo extremamente fiel, garantindo uma melhor adaptação da peça protética. O sistema pode realizar o escaneamento de até sete preparos ao mesmo tempo (WOLFE, 2008). 3,4.5. Everest - Kavo Dental. Alemanha: O sistema Everest é de uso exclusivo em laboratório, o modelo de gesso, obtido após preparo e moldagem convencional do paciente, é levado ao laboratório credenciado, para o escaneamento e fresagem do bloco cerâmico. Compõem o sistema Everest: Unidade de Scanner, com a digitalização dos modelos através de leitura em 3D, com 15 sequências de projeção, em um prato móvel que gira e inclina para a realização da leitura; Unidade de Usinagem com cinco eixos, de alta precisão e tratamento automatizado; Unidade de Sinterização, além dos materiais para indicação e caracterização dos trabalhos. É possível confeccionar através do sistema Everest: inlays, onlays, coroas, copings e pontes de até 14 componentes, dependendo da geometria. Os materiais que podem ser usinados são:

36 EVEREST ZH: Zircônia totalmente sinterizada e estabilizada com óxido de ítrio (Y-TZP), o que confere a restauração protética final uma resistência flexural de até 1.200 MPa; EVEREST ZS: Zircônia pré-sinterizada e Y-TZP, com resistência flexural de 1.155 MPa; EVEREST IPS e.max CAO: cerâmicas reforçadas com dissilicato de lítio (e.max), são elementos mais estéticos com resistência de 360 MPa. Além de resinas plásticas para confecção de provisórios e estruturas, sub-estruturas e elementos unitários em metal (CÔRREA, 2006). 3.4.6. Cercon - Oentsply, EUA: Lançado no mercado odontológico em 2002, esse sistema realiza a usinagem de blocos cerâmicos de Y-TPZ pré-sinterizadas, que apresentam excelente biocompatibilidade, mecânica e uma resistência de até 1320 MPa. A empresa oferece 7 anos de garantia contra quebras das restaurações confeccionadas com o sistema Cercon. O modelo de gesso, obtido após moldagem convencional, é enviado ao laboratório para escaneamento e análise (SMITH, 2007). Este sistema confecciona copings, coroas unitárias e múltiplas (anteriores e posteriores), PPF com uma extensão de pôntico de até 38 mm, de até quatro unidades em qualquer posição do arco dentário, com excelente adaptação marginal (LEINFELOER,2004). 3.4.7. Turbo Oent System (TOS) - Pou Yuen Technology, China: Segundo Mingway (2006), o sistema TOS, com sede comercial em Taiwan e nos EUA, é de uso exclusivo laboratorial. Possui um scanner, um software e uma fresadora. O software possui em sua biblioteca a possibilidade de:

37 confeccionar enceramento virtual; guias cirúrgicos para implantes; simulação virtual de oclusão; Os materiais passíveis de fresagem por esse sistema são de modo geral: cerâmicas, resinas acrílicas e metais, incluindo o titânio. 3.4.8. itero - Cadent Inc, EUA: Chegou no mercado odontológico em 2007. Composto por um cart único com 75,2cm de altura, 67cm de largura, 40cm de comprimento e 85kg de peso, compacto, aloja todo o equipamento itero. Possui um sistema de leitura intra-oral á laser e sistema de digitalização óptica, que permite aos cirurgiões-dentistas criarem moldagens digitais através do escaneamento do preparo e dos dentes antagonistas, possibilitam também a realização de ajustes de medidas em tempo real e a transmissão sem fio da informação via Internet para processamento em um laboratório parceiro Cadent. O tempo de leitura para um elemento dentário preparado e seu antagonista é aproximadamente de 3 a 4 minutos, eliminando a etapa de moldagem (FEUERSTEIN, 2008). A fresadora trabalha com cinco eixos de usinagem para garantir precisão nos trabalhos protéticos (BIRNBAUM, 2009). 3.4.9. Neoshape - Neodent, Brasil: O Sistema Neoshape, criado em parceria com uma empresa dinamarquesa, foi lançado no mercado odontológico em 2009. Exclusivamente laboratorial, o modelo obtido após moldagem convencional é enviado ao técnico de prótese dentária que a partir de uma unidade a laser com 5 eixos de leitura, realiza o

38 escaneamento. O tempo médio de leitura de um preparo para coroa unitária é de aproximadamente 25 segundos. A partir dos dados obtidos, o modelo virtual passa a ser trabalhado por um moderno software, que permite o enceramento em 3D e possui uma ampla biblioteca de interfaces protéticas sobre dentes e sobre implantes, possibilitando o planejamento tridimensional dos detalhes funcionais e estéticos, otimizando o tempo dedicado a ajustes e consultas. Os dados são enviados para a central de usinagem Neodent, que possui suas instalações em ambiente laboratorial, determinando um maior controle de qualidade. A usinagem pode ser realizada em diferentes tipos de materiais: Y-TZP, Co-C r, titânio e acrílico. Um coping de zircônia pode ter até O,4mm de espessura. Indicações: copings unitários e múltiplos, infra-estruturas de PPF, infraestruturas sob implantes e abutments (inclusive protocolos), pilares personalizados parafusados ou cimentados e infra-estruturas de acrílico. Como o foi lançado recentemente no mercado odontológico, não há ainda, nenhum estudo na literatura, sobre o sistema Neoshape, a fonte pesquisada foi o catálogo do sistema e dados fornecidos pela empresa Neodent.

39 4. DISCUSSÃO Tradicionalmente, transmitir os dados do preparo protético para o laboratório é entre as etapas de confecção de uma prótese dentária, a mais passível de erros e distorções. Com o surgimento dos sistemas CAD-CAM, houve uma revolução na confecção das próteses odontológicas, muitos sistemas permitem a eliminação da moldagem convencional, além da visualização do preparo antes da confecção da restauração, permitindo ao cirurgião-dentista uma análise critica de seu trabalho e conseqüentemente aprimoramento da técnica. Segundo Radz (2009), a possibilidade de restaurações protéticas unitárias ou múltiplas inteiramente cerâmicas, altamente resistentes e estéticas, vem ao encontro das necessidades atuais do mercado odontológico, fazendo da tecnologia CAD-CAM uma grande alternativa às próteses com infra-estruturas metálicas. A excelente adaptação marginal encontrada nas próteses CAD-CAM, reduz a necessidade de repetições de trabalhos e o tempo de consulta destinado a ajustes, reduzindo também os custos que estão embutidos nestes procedimentos. Côrrea (2006), Strub (2006), Birnbaum (2009), Miyazaki (2009), analisaram e avaliaram as performances de diversos sistemas e concordam que apesar das diferenças existentes, os sistemas CAD-CAM produzem restaurações protéticas de alta resistência e estética e com excelente adaptação marginal. Segundo Côrrea, 2006 e Gamborena, 2007, a implementação da tecnologia CAD-CAM trará para a odontologia um aperfeiçoamento da produção, exigindo do clínico uma nova adaptação da dinâmica de trabalho, além da possibilidade de trabalhar com materiais mais resistentes, que a princípio podem ser utilizados nas

40 regiões anteriores e posteriores, nesta ultima com critério, pois os estudos são recentes, aproximadamente cinco anos. Os vários sistemas CAD-CAM disponíveis no mercado odontológico, apresentam muitas diferenças entre si, os de uso exclusivo em consultório oferecem a possibilidade da conclusão do tratamento em sessão única, a eliminação da etapa de moldagem, da restauração provisória e do uso de laboratórios (BIRNBAUM, 2008). Os que são exclusivamente laboratoriais, não eliminam a etapa da moldagem, nem a necessidade de uma segunda consulta clínica, entretanto segundo Smith (2007), apresentam maiores facilidades ao cirurgião-dentista, pois não necessitam de novos materiais, a rotina clínica não se altera e o custo é menor ao profissional e conseqüentemente ao paciente. Além disso, Drago em 2006, relata que mesmo o uso do sistema CAD-CAM exclusivamente laboratorial pode reduzir o tempo e o número de consultas devido ás excelentes características das restaurações protéticas como adaptação e estética. Segundo Birnbaum (2008), o custo gerado com a aquisição de um sistema CAD-CAM em consultório seria revertido frente ás qualidades das restaurações protéticas, obtidas em apenas uma consulta, sem a necessidade de laboratório, moldagens e repetições de moldagens além de consultas extras de ajustes. Entretanto, Trost (2006), questiona o alto custo financeiro do sistema, justificando, em parte, o porquê de tanta resistência dos profissionais em utilizar uma tecnologia que está á disposição no mercado e que apresenta inúmeras qualidades, segundo Christensen (2006).

41 Segundo Edelhoff (2008), analisando 21 PPFs, durante três anos, concluiu que próteses parciais fixas confeccionadas com zircônia Y-TZP apresentam resistência suficiente para serem instaladas em regiões posteriores e anteriores com até seis unidades e as próteses confeccionadas com zircônia apresentaram uma estética classificada como excelente em 92% dos casos. Entretanto Heymann, em 1996, já havia observado a alta resistência de próteses confeccionadas a partir de sistemas CAD-CAM, especificamente sistema Cerec, acompanhando 42 restaurações protéticas em quatro anos, observou que após esse período todas as restaurações apresentavam características mecânicas e estéticas desejáveis. Ramos (2003) observou que: as formas de contornos ideais do preparo dentário para um adequado escaneamento, as características dos materiais empregados, a adaptação marginal e a cimentação, estão diretamente ligados com o sucesso e durabilidade das PPFs. Em expansão no mercado odontológico, novos sistemas surgem a cada dia e os sistemas já existentes apresentam evoluções. Em 2009 o sistema Procera foi relançado com muitas inovações. O novo scanner realiza a digitalização dos dados através da Holografia Conoscópica, que permite a leitura de áreas mais extensas, profundas e com angulações maiores, de forma mais eficiente. O novo software possui uma ampla biblioteca de anatomia dentel, além disso, as coroas confeccionadas em zircônia possuem quatro opções de cores para copings, possibilitando um melhor resultado estético. Outras inovações são: modelos baseados em digitalizações das impressões, soluções em barra e ligas. Entretanto não há material bibliográfico disponível, referente às inovações do sistema Procera, os dados aqui mencionados foram obtidos no site do próprio fabricante.