Cuidados de Longa Duração na União Europeia



Documentos relacionados
NORMAS INTERNACIONAIS DO TRABALHO Convenção (n.º 102) relativa à segurança social (norma mínima), 1952

Portuguese version 1

CONSELHO DA UNIÃO EUROPEIA. Bruxelas, 30 de Novembro de 2000 (13.10) (OR. fr) 14110/00 LIMITE SOC 470

COMISSÃO DAS COMUNIDADES EUROPEIAS

A REFORMA DOS CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS

i9social Social Innovation Management Sobre

O que esperar do SVE KIT INFORMATIVO PARTE 1 O QUE ESPERAR DO SVE. Programa Juventude em Acção

Área de Intervenção IV: Qualidade de vida do idoso

COMISSÃO DAS COMUNIDADES EUROPEIAS RECOMENDAÇÃO DA COMISSÃO

PROJECTO DE CARTA-CIRCULAR SOBRE POLÍTICA DE REMUNERAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS

4. PRINCÍPIOS DE PLANEAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS

EURES. A rede de emprego europeia. Comissão Europeia

Conferência sobre a Nova Lei das Finanças Locais

INCLUSÃO SOCIAL NOS TRANSPORTES PÚBLICOS DA UE

Projecto de Lei n.º 54/X

DOCUMENTO DE TRABALHO DOS SERVIÇOS DA COMISSÃO RESUMO DA AVALIAÇÃO DE IMPACTO. que acompanha o documento

Formação em Protecção Social

Medidas específicas para as PME Concessão de verbas na fase exploratória (Etapa 1)

Direito das sociedades e governo das sociedades: a Comissão apresenta um Plano de Acção

BDIRECTIVA 96/34/CE DO CONSELHO de 3 de Junho de 1996 relativo ao Acordo-quadro sobre a licença parental celebrado pela UNICEF, pelo CEEP e pela CES

Análise comparativa dos sistemas de avaliação do desempenho docente a nível europeu

PRÉMIOS EUROPEUS DE PROMOÇÃO EMPRESARIAL MANUAL OPERACIONAL

Comissão apresenta estratégia europeia para a energia

O Programa Enfermeiros de Família. (Página intencionalmente deixada em branco)

AVALIAÇÃO TEMÁTICA SOBRE A COOPERAÇÃO PORTUGUESA NA ÁREA DA ESTATÍSTICA ( ) Sumário Executivo

Rendimentos e despesas das famílias europeias

ACEF/1112/20967 Relatório final da CAE

Resolução de Vilnius: melhores escolas, escolas mais saudáveis - 17 de Junho de 2009

Bona: Chamada para a Ação

INOVAÇÃO PORTUGAL PROPOSTA DE PROGRAMA

REGULAMENTO programa de apoio às pessoas colectivas de direito privado sem fins lucrativos do município de santa maria da feira

FICHA DE CARACTERIZAÇÃO DO PRODUTO

DISCUSSÕES UE/EUA RELATIVAS AO ACORDO SOBRE EQUIVALÊNCIA VETERINÁRIA

Análise jurídica para a ratificação da Convenção 102 da OIT

O Plano de Desenvolvimento Social

Indicadores Gerais para a Avaliação Inclusiva

POSIÇÃO DA UGT SOBRE A ACTUAÇÃO DO FMI EM PORTUGAL

O Conselho Europeu O Conselho

Grupo Parlamentar. Projeto de Resolução n.º 336/XIII/1.ª

O regresso desigual da Europa ao crescimento do emprego

EVOLUÇÃO DO SEGURO DE SAÚDE EM PORTUGAL

URBAN II Em apoio do comércio e do turismo

PARECER N.º 2 / 2012

Divisão de Assuntos Sociais

PROGRAMA DE ACÇÃO COMUNITÁRIO RELATIVO À VIGILÂNCIA DA SAÚDE. PROGRAMA DE TRABALHO PARA 2000 (Nº 2, alínea b), do artigo 5º da Decisão nº 1400/97/CE)

1. Tradicionalmente, a primeira missão do movimento associativo é a de defender os

CONCLUSÕES GT CIDADÃOS COM DEFICIÊNCIA

PROGRAMA DO INTERNATO MÉDICO DE SAÚDE PÚBLICA

Na comemoração anual do Dia Mundial da Criança cumpre recordar que o bem estar das crianças se realiza, ou não, no seio das famílias e que as

O Enquadramento da Osteogénese Imperfeita (OI)

COMISSÃO DAS COMUNIDADES EUROPEIAS PARECER DA COMISSÃO

Lisboa, 8 janeiro 2012 EXMO SENHOR SECRETÁRIO DE ESTADO ADJUNTO E DOS ASSUNTOS EUROPEUS, DR. MIGUEL MORAIS LEITÃO

Montepio, Portugal. Tecnologia de recirculação de notas na optimização dos processos de autenticação e de escolha por qualidade

RELATÓRIO INTERCALAR (nº 3, do artigo 23º, da Decisão 2004/904/CE)

Jornal Oficial nº L 018 de 21/01/1997 p

RELATÓRIO DA COMISSÃO AO PARLAMENTO EUROPEU, AO CONSELHO E AO COMITÉ ECONÓMICO E SOCIAL EUROPEU

Sessão de Abertura Muito Bom dia, Senhores Secretários de Estado Senhor Presidente da FCT Senhoras e Senhores 1 - INTRODUÇÃO

DECLARAÇÃO DE SUNDSVALL

1 Ponto de situação sobre o a informação que a Plataforma tem disponível sobre o assunto

De acordo com a definição dada pela OCDE,

Boletim de notícias URBACT. Outubro - Novembro de 2011

EQUIPAS DE TRABALHO EM LARES E CASAS DE REPOUSO

L 343/10 Jornal Oficial da União Europeia

Resposta da Sonaecom Serviços de Comunicações, SA (Sonaecom) à consulta pública sobre o Quadro Nacional de Atribuição de Frequências 2010 (QNAF 2010)

Prioridades da presidência portuguesa na Ciência, Tecnologia e Ensino Superior

O SMMP oferece aos seus associados uma apólice de Internamento Hospitalar, com as seguintes características:

REGULAMENTO DA ÁREA MÉDICA DOS SERVIÇOS SOCIAIS DA CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA

Legislação MINISTÉRIO DAS FINANÇAS

REGULAMENTO DE REALIZAÇÃO DE CURSOS DE FORMAÇÃO PÓS-GRADUADA NO ISA

CO SELHO DA U IÃO EUROPEIA. Bruxelas, 3 de Outubro de 2011 (06.10) (OR.en) 14552/11 SOC 804 JEU 53 CULT 66. OTA Secretariado-Geral do Conselho

A parte restante do presente Memorando de Entendimento expõe em pormenor o modo de concretizar esta lista de propósitos.

Programa Horizon Algumas Regras de Participação. Disposições Gerais

S.R. DA EDUCAÇÃO E ASSUNTOS SOCIAIS. Portaria Nº 57/1999 de 22 de Julho

Plano Nacional de Saúde e as. Estratégias Locais de Saúde

FICHA DO PROJECTO. Desporto para todos. Fundação Aragão Pinto - IPSS

Auxílio estatal n SA (2010/N) Portugal Alteração do regime de auxílios para a modernização empresarial (SIRME)

DEPARTAMENTO DA IGUALDADE E COMBATE

REACH A legislação mais ambiciosa do mundo em matéria de produtos químicos

PROJECTO DE RELATÓRIO

01. Missão, Visão e Valores

ACORDO ENTRE A REPÚBLICA PORTUGUESA A UNIVERSIDADE DAS NAÇÕES UNIDAS RELATIVO À CRIAÇÃO, FUNCIONAMENTO E LOCALIZAÇÃO DA

Administração Central do Sistema de Saúde Workshop: Gestão do Processo de Integração Vertical das ULS. Jorge Varanda.

Bélgica-Bruxelas: Apoio a iniciativas voluntárias de promoção da gestão de diversidade no local de trabalho na UE 2014/S

O presente anúncio no sítio web do TED:

Planejamento do CBN Política Nacional de Normalização. Processo de produção de normas. Antecedentes. Objetivo. Propor a

INTERVENÇÃO DE SUA EXCELÊNCIA O MINISTRO DAS OBRAS PÚBLICAS, TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES. Eng. Mário Lino. Cerimónia de Abertura do WTPF-09

Vencendo os desafios da Educação nos PALOP

REGULAMENTO DE ATRIBUIÇÃO DE APOIOS PELO MUNÍCIPIO DE MORA. Nota justificativa

Uma forma sustentável de alcançar os objetivos económicos e sociais da UE

Escolher um programa de cuidados infantis

A QUALIDADE E A CERTIFICAÇÃO

ipea políticas sociais acompanhamento e análise 7 ago GASTOS SOCIAIS: FOCALIZAR VERSUS UNIVERSALIZAR José Márcio Camargo*

Transcrição:

Cuidados de Longa Duração na União Europeia Comissão Europeia

ÍNDICE Prefácio...1 Introdução...2 Desenvolvimentos da política nacional...4 1. Acesso a cuidados de longa duração adequados... 4 2. Elevado nível de qualidade dos serviços de cuidados de longa duração... 7 3. Sustentabilidade de longo prazo...10 Conclusão... 16 Direcção-Geral do Emprego, Assuntos Sociais e Igualdade de Oportunidades Unidade E.4 Manuscrito concluído em Agosto de 2008. Nem a Comissão Europeia nem qualquer pessoa que actue em seu nome são responsáveis pelo uso que possa ser feito com as informações contidas nesta publicação. cover: istockphoto Encontram-se disponíveis numerosas outras informações sobre a União Europeia na rede Internet, via servidor Europa (http://europa.eu). Comunidades Europeias, 2008 Reprodução autorizada mediante indicação da fonte. Uma ficha bibliográfica figura no fim desta publicação. Luxemburgo: Serviço das Publicações Oficiais das Comunidades Europeias, 2008 ISBN 978-92-79-09591-7 DOI 10.2767/37656

Prefácio Cuidados de longa duração na União Europeia Assegurar aos cidadãos um elevado nível de protecção contra o risco de doença e dependência é um objectivo prioritário dos Estados- Membros e da União Europeia. A capacidade das nossas sociedades para prestar cuidados de longa duração de boa qualidade a todas as pessoas que deles necessitem deve ser protegida e preservada. Em toda a Europa, a questão da prestação de cuidados de longa duração é abordada de forma diversa. Desta diversidade resulta uma grande riqueza de experiências e ideias para referência, à medida que alguns Estados-Membros procuram modernizar, expandir e melhorar os serviços em resposta ao envelhecimento demográfico e a outros desafios. É muito encorajador o facto de os Estados- Membros terem acordado objectivos comuns a nível europeu no quadro do método aberto de coordenação aplicado às políticas de protecção social e inclusão social. Os Estados-Membros fizeram do acesso universal a cuidados de longa duração acessíveis e de elevada qualidade um objectivo essencial e a Comissão Europeia está a trabalhar com estes no sentido de os ajudar a honrar esse compromisso. A União Europeia apoia igualmente a aprendizagem mútua entre Estados-Membros que enfrentem desafios idênticos, o que permite o intercâmbio de experiências entre autoridades nacionais com vista a aproveitarem o melhor dos ensinamentos retirados e consolidarem as boas práticas. A contribuição valiosa desta abordagem está amplamente demonstrada nesta brochura, elaborada a pensar num grande número de cidadãos e partes interessadas. O presente documento sintetiza as conclusões de um relatório sobre os vários desafios da prestação de cuidados de longa duração em toda a União e destaca alguns ensinamentos políticos importantes que os Estados-Membros retiraram da sua experiência. Obviamente, o acesso aos cuidados não deve depender cada vez mais das disponibilidades financeiras das pessoas. Para evitar este cenário, deve ser encontrada uma combinação sustentável de fontes de financiamento públicas e privadas. Entretanto, uma melhor utilização dos recursos financeiros e a continuidade dos cuidados podem ser conseguidas através do reforço da cooperação entre os serviços sociais e os serviços de saúde. É possível obter, de forma substancial, uma maior acessibilidade e uma capacidade financeira mais elevada sem sacrificar a autonomia ou a dignidade dos cidadãos, dando prioridade à prestação de cuidados no domicílio ou baseados na comunidade, em detrimento dos cuidados institucionais. Os esforços da UE para atingir um elevado nível de qualidade na prestação de cuidados podem exigir um maior apoio aos prestadores de cuidados informais e melhoramentos no recrutamento e nas condições de trabalho dos prestadores de cuidados. É minha convicção que esta publicação proporcionará aos leitores a oportunidade de aprenderem muito sobre os recentes desenvolvimentos nos sistemas de cuidados de longa duração em toda a Europa, pelo que recomendo a sua leitura. Vladimír Špidla Comissário europeu para o Emprego, Assuntos Sociais e Igualdade de Oportunidades 1

Introdução Todos os Estados-Membros da União Europeia estão empenhados em garantir o acesso universal a cuidados de longa duração de elevada qualidade e acessíveis a todos os seus cidadãos. À medida que as populações envelhecem, os desafios financeiros e logísticos para cumprir esta promessa em relação aos idosos tornam-se cada vez mais difíceis de ultrapassar. Isto é verdade nos dias de hoje e tornar-se-á ainda mais evidente no futuro, dado que os governos dispõem de recursos limitados face a um contexto de exigências crescentes e competitivas. istockphoto Esta publicação baseia-se nas experiências que as autoridades nacionais descreveram nos relatórios que apresentaram à Comissão Europeia em Setembro de 2006, onde definiam as suas políticas de inclusão social, pensões, cuidados de saúde e cuidados de longa duração (CLD). A nossa análise centra-se na última destas quatro vertentes. As páginas seguintes analisam os principais desafios que as autoridades nacionais enfrentam no que respeita à prestação de cuidados de longa duração e as estratégias que delinearam para assegurar que o seu compromisso político global seja direccionado para o cumprimento das necessidades das pessoas. As definições nacionais relativas a cuidados de longa duração podem variar dentro da União Europeia. Esta variação reflecte as diferenças relativas à duração dos cuidados, ao leque de beneficiários e, muitas vezes, a uma divisão pouco nítida entre os serviços médicos (cuidados de saúde) e os serviços não médicos (serviços sociais) disponíveis. Alguns países, por exemplo, preferem concentrar-se no tratamento ambulatório de reabilitação numa fase mais inicial do que outros que incidem a sua acção na prestação de cuidados em hospitais ou estabelecimentos similares. 2 CUIDADOS DE LONGA DURAÇÃO NA UNIÃO EUROPEIA

Para a OCDE, os cuidados de longa duração representam «uma questão política transversal que reúne um leque de serviços para pessoas que dependem de ajuda para as suas actividades quotidianas básicas durante um período de tempo prolongado». Os serviços de longa duração podem incluir reabilitação, cuidados médicos básicos, cuidados no domicílio, cuidados sociais, alojamento e serviços como transporte, refeições, apoio ocupacional e ajuda na gestão da vida quotidiana. Os cuidados destinam-se geralmente a pessoas com deficiências físicas ou mentais, frágeis, idosas ou que necessitem de ajuda específica na gestão da sua vida quotidiana. Tal como salienta a OCDE: «As necessidades de cuidados de longa duração são mais prementes nos grupos de idade mais avançada que são os mais vulneráveis a doenças crónicas prolongadas que provocam incapacitação física ou mental». A esperança de vida dos europeus tem vindo a aumentar e os recursos públicos dedicados aos cuidados de saúde e de longa duração constituem a segunda maior componente da despesa total de protecção social, a seguir às despesas com as pensões de reforma e de sobrevivência. Com os cidadãos a viverem mais tempo, verificar-se-á uma procura ainda maior de serviços de prestação de cuidados de longa duração, num ambiente domiciliário ou institucional. istockphoto Prevê-se que a percentagem de pessoas com mais de 65 anos terá aumentado 77 % em 2050 em relação a 2004. O aumento na faixa etária acima dos 80 anos será ainda maior: 174 %. De acordo com um inquérito do Eurobarómetro de 2007, a maior parte dos europeus considera ser provável, ou improvável mas possível, ficarem dependentes de cuidados de longa duração a determinada altura das suas vidas. Neste contexto, as projecções preparadas pela Comissão Europeia e pelo Comité de Política Económica em 2006 indicam que, em 2050, a despesa pública com os cuidados de longa duração terá aumentado 0,7 pontos percentuais do PIB em relação a 2004, devido ao envelhecimento da população. 3

Desenvolvimentos da política nacional Os cuidados de longa duração abrangem três objectivos interligados e mutuamente acordados para os serviços prestados: acesso universal, elevada qualidade e sustentabilidade de longo prazo. 1. Acesso a cuidados de longa duração adequados Existe o consenso geral de que o acesso aos cuidados de saúde não deve depender das disponibilidades financeiras individuais ou dos rendimentos/riqueza das pessoas. A necessidade de cuidados não deveria conduzir à pobreza ou à dependência financeira. istockphoto No entanto, os direitos universais nem sempre asseguram o acesso universal e as desigualdades e os obstáculos continuam a existir. Os problemas vão desde a falta de cobertura por seguros e de determinados tipos de cuidados, até a longos tempos de espera, informação insuficiente e procedimentos administrativos complexos, e podem variar de região para região num mesmo país, não apenas entre Estados-Membros. O acesso pode dificultar a continuidade da prestação de cuidados de que algumas pessoas necessitam. Os esforços de alguns países no sentido de ajudar os pacientes a recuperar o máximo de auto-suficiência através, por exemplo, de tratamentos de reabilitação, podem ser prejudicados se algumas componentes dos cuidados de longa duração não forem consideradas elegíveis para reembolso em determinados sistemas de saúde baseados em seguros sociais. Os custos constituem igualmente uma barreira, especialmente para as pessoas com baixos rendimentos que tenham de suportar algumas despesas. Muitos países como, por exemplo, Chipre, Estónia e Irlanda, introduziram comparticipações nos custos dos cuidados de longa duração. Na Alemanha, uma pequena, mas crescente, percentagem da população (actualmente 1 %) subscreveu voluntariamente seguros privados complementares para cobrir custos como as taxas de alojamento em lares. Estes seguros privados complementam os mecanismos específicos de assistência social e de seguro de cuidados de longa duração. 4 CUIDADOS DE LONGA DURAÇÃO NA UNIÃO EUROPEIA

Existem vários sistemas para reduzir os custos directos para as pessoas que necessitam de cuidados. Esses sistemas incluem: isenções de comparticipação e comparticipações em função dos rendimentos; apoio extrafinanceiro e benefícios sociais para pessoas idosas, dependentes, incapacitadas e doentes crónicos; cobertura pela assistência social das despesas com cuidados de longa duração para famílias com baixos rendimentos; uniformidade a nível nacional das comparticipações; e subsídios públicos para a utilização de serviços privados. Existe uma tendência geral de transição dos cuidados institucionais excepto no caso de pessoas com deficiências graves para o desenvolvimento de cuidados personalizados no domicílio e num ambiente comunitário. A tecnologia moderna, sob a forma de esaúde SPL/Van Parys Espanha: reduzir os tempos de espera A escassez de serviços de cuidados de longa duração com financiamento público conduz inevitavelmente a tempos de espera significativos para os tratamentos e, em especial, para os cuidados em estruturas de acolhimento. Estes serviços podem variar de região para região e das cidades para as zonas rurais. A Espanha está a tentar resolver este problema, tornando o acesso a cuidados de longa duração uma prioridade da política de inclusão social em todas as suas regiões autónomas. O seu «sistema para a autonomia e assistência à dependência» visa fornecer uma cobertura de 100 % a dependentes até 2015 e destina-se a desenvolver a sua autonomia. O sistema inclui um vasto leque de serviços de cuidados no domicílio e em centros, juntamente com apoio financeiro e diário a famílias. (serviços de saúde em linha), telemonitorização, telemedicina e sistemas que permitam uma vida autónoma, facilita os cuidados no domicílio ou num ambiente comunitário. Esta mudança de orientação permite uma maior liberdade de escolha às pessoas em relação aos cuidados de que necessitam. Desta forma, podem viver no ambiente familiar da sua própria casa, perto da família e dos amigos, durante o tempo que for possível, dispondo simultaneamente do apoio dos cuidados institucionais, se necessário. 5

Para a concretização desse objectivo, é necessária uma melhor cooperação entre as autoridades locais, regionais e nacionais, bem como parcerias construtivas com os sectores privados e de voluntariado. O não desenvolvimento desta abordagem integrada pode conduzir a uma fragmentação entre os serviços e os obstáculos administrativos que dificulte o acesso aos cuidados das pessoas que deles necessitam. Por exemplo: as pessoas que tiverem alta de um hospital devem ter acesso a cuidados personalizados no domicílio ou receber esses serviços num ambiente comunitário. Quando não existe esta medida de acompanhamento, o acesso a cuidados personalizados de longa duração é limitado. A Alemanha está a lidar com este problema atribuindo «gestores de processos» a pacientes que necessitem de cuidados na transferência de um hospital para o seu domicílio ou para outra instituição. A partir de 2009, esta medida abrangerá todos os aspectos da organização dos cuidados de longa duração para apoio individual e «consultores de cuidados» visitarão os pacientes onde estes forem acolhidos. Serviços personalizados: República Checa Em Ceska Lìpa, o planeamento comunitário foi responsável pela criação de serviços hospitalares diários de curta duração para pessoas que sofrem de demência. Foi igualmente criado um centro de dia, financiado localmente, para receber idosos e apoiar os prestadores de cuidados familiares. Em Ostrava, foram criados vários serviços orientados para a comunidade à medida que foram sendo renovadas as estruturas de acolhimento já existentes e foi dado especial destaque ao alargamento do âmbito dos serviços prestados, nomeadamente, serviços no terreno, em regime ambulatório e orientados para a comunidade, a fim de apoiar a independência dos pacientes. Carl Cordonnier/ Dailylife 6 CUIDADOS DE LONGA DURAÇÃO NA UNIÃO EUROPEIA

2. Elevado nível de qualidade dos serviços de cuidados de longa duração A qualidade dos serviços de cuidados de longa duração que as pessoas recebem varia significativamente. Assim, não surpreende que os inquéritos e os relatórios tenham revelado níveis de insatisfação e tenham chamado a atenção para as deficiências. As questões surgidas vão desde o alojamento inadequado e a falta de privacidade nos lares, até ao uso excessivo de restrições e força. Essas reclamações estão entre os motivos que levaram os Estados-Membros a elaborar ou a alterar a legislação e os regulamentos, a fim de assegurar a aplicação e o cumprimento de normas de qualidade suficientemente elevadas. Não é fácil avaliar a qualidade dos diferentes serviços prestados no âmbito dos cuidados de longa duração. Esta tarefa já se revela difícil no caso de estruturas formais como, por exemplo, lares ou hospitais, mas torna-se ainda mais complexa no caso de ambientes informais, que vão desde o domicílio do próprio até ao domicílio de familiares e/ou amigos. A OCDE classifica os diferentes indicadores de qualidade utilizados de acordo com os seguintes critérios: estrutura (dimensão dos quartos e número de efectivos), processo (mecanismos e avaliações implementados) e resultado (prevalência de determinadas condições médicas). Esses indicadores revelam que a tendência geral é de melhoria da qualidade. Cada vez mais, o enfoque nos cuidados de longa duração tem vindo a evoluir de um sistema baseado no cumprimento de determinados requisitos essenciais para um sistema centrado em garantir uma qualidade mais abrangente, que envolve questões como os direitos dos pacientes e a formação contínua do pessoal. SPL/Van Parys Em simultâneo, para assegurar a qualidade dos cuidados prestados, os indicadores-padrão como, por exemplo, o número de efectivos e a formação adequada, podem não ser adequados para avaliar a prestação de cuidados no domicílio por prestadores de cuidados informais. As autoridades nacionais têm abordagens diferentes em relação às medidas necessárias para melhorar a qualidade dos serviços. Alguns países (Eslováquia, Países Baixos) aplicam medidas de acreditação da qualidade, em conjunto com sistemas de monitorização (Alemanha, Chipre, França, Grécia e Países Baixos). Outros países (Alemanha, Luxemburgo) estabelecem orientações clínicas baseadas em factos médicos. A fim de evitar desigualdades regionais na prestação de cuidados de longa duração e avaliações arbitrárias das necessidades dos pacientes pelas autoridades locais e regionais, vários países (Alemanha, Eslovénia, Espanha, Estónia, Letónia, Lituânia, Reino Unido, República Checa e Suécia) aplicam mecanismos uniformes de garantia da qualidade. 7

Os principais parâmetros de avaliação da qualidade dos cuidados prestados estão a tornar-se mais sofisticados e fidedignos mas, em muitos Estados-Membros, encontram-se ainda numa fase inicial. Envolvem factores como o apoio dado aos prestadores de cuidados informais, uma maior escolha do paciente, a garantia da capacidade do pessoal que assegura a prestação de cuidados de longa duração e das tecnologias que os podem ajudar nas suas tarefas. Avaliar o nível de qualidade dos cuidados que as pessoas recebem é uma tarefa complexa. Mais ainda quando os cuidados são prestados num ambiente informal e não em estruturas institucionais, sendo a avaliação baseada na medição dos níveis de satisfação e das necessidades não satisfeitas. SPL/Van Parys Alemanha: garantia de qualidade nos cuidados de longa duração Quando as pessoas recebem cuidados de longa duração no seu domicílio, os familiares que prestam esses cuidados têm direito a vários sistemas de apoio. Esses apoios incluem subsídios para cuidados de enfermagem, prestações em espécie e outros direitos, como contribuições para a reforma, seguro de acidentes pessoais e cursos de formação. São igualmente disponibilizados cuidados em regime ambulatório para aliviar a pressão sobre os familiares. Outras medidas para assegurar a qualidade dos cuidados no domicílio incluem visitas obrigatórias dos serviços médicos das seguradoras de saúde, consultoria obrigatória sobre cuidados por prestadores de cuidados qualificados e obrigatoriedade das seguradoras com seguros que cobrem cuidados de longa duração disponibilizarem cursos gratuitos sobre cuidados a familiares e voluntários. Os serviços adicionais (estruturas para doentes ambulatórios como, por exemplo, estruturas de acolhimento, apoio técnico, etc.) destinam-se igualmente a facilitar a tarefa dos prestadores de cuidados familiares. A lei relativa ao seguro para cuidados de longa duração promove o desenvolvimento de uma gestão interna da qualidade nas instituições de cuidados em combinação com controlos externos, efectuados de acordo com orientações uniformes de âmbito nacional sobre fiscalização da qualidade. A qualidade dos cuidados de longa duração é assegurada através de contratos entre seguradoras e prestadores de cuidados de longa duração. Os últimos são responsáveis pela garantia da qualidade (gestão da qualidade interna/estrutura e processo). Os primeiros supervisionam a qualidade dos cuidados prestados nas instituições de cuidados e dispõem de poder sancionatório. Ao abrigo destas disposições contratuais, os compradores dos serviços têm o direito de inspeccionar os estabelecimentos e impor sanções se as condições não os satisfizerem. 8 CUIDADOS DE LONGA DURAÇÃO NA UNIÃO EUROPEIA

Há consenso geral na Europa sobre a necessidade de evitar os abusos ou maus-tratos a pacientes. Este princípio foi repetidamente defendido durante uma conferência sobre «Protecção da dignidade das pessoas idosas Prevenção dos maus-tratos e negligência de pessoas idosas» realizada em Bruxelas, em Março de 2008. Todos os participantes salientaram que o respeito pela dignidade e pelos direitos fundamentais das pessoas frágeis e idosas é o maior desafio da sociedade europeia. A conferência centrou-se em questões como as boas práticas, campanhas de sensibilização, linhas directas de apoio, normas de qualidade aplicáveis a instituições de cuidados de longa duração, formação de profissionais e apoio a prestadores de cuidados informais. SPL/Van Parys Suécia: liberdade de escolha e dignidade para os idosos A Suécia introduziu recentemente um sistema que permite às pessoas escolher o local onde pretendem receber os seus cuidados de saúde de longa duração. As pessoas podem seleccionar entre prestadores privados de cuidados domiciliários e cuidados institucionais. A fim de assegurar uma escolha efectiva por parte dos pacientes, é geralmente aceite que estes devem ter acesso a informações suficientes sobre as alternativas disponíveis em termos de prestadores e serviços, possivelmente através de um «balcão único». Análises interpares recentes sugeriram a eventual utilização de orçamentos personalizados que permitissem às pessoas seleccionar entre cuidados formais e informais. Estas poderiam utilizar uma conta virtual para comprar cuidados, empregar assistentes ou pagar serviços personalizados adequados às suas necessidades específicas. 9

3. Sustentabilidade de longo prazo A sustentabilidade de longo prazo da despesa pública com os cuidados de saúde e, em especial, com os cuidados de longa duração, sofrerá fortes pressões à medida que as sociedades forem obrigadas a gerir o envelhecimento das populações. Todavia, essas pressões podem ser mitigadas se os cidadãos se mantiverem em bom estado de saúde enquanto envelhecem. Uma abordagem preventiva, a integração de serviços de saúde e de cuidados de longa duração, bem como a utilização de novas tecnologias e das TIC podem ajudar igualmente a manter as despesas sob controlo. O financiamento dos cuidados de longa duração varia na União Europeia, o que reflecte tradições e prioridades diferentes. Contudo, estão em jogo quatro factores: os sistemas e as populações abrangidas pelos CLD; as medidas nacionais de financiamento público; o grau de participação do financiamento privado; e a demarcação da responsabilidade entre sector público e sector privado em matéria de CLD. Os programas públicos abrangentes podem ser financiados nos seguintes domínios: segurança social (Alemanha, Espanha, Luxemburgo); impostos (países nórdicos, Letónia); sistemas baseados nos rendimentos (Chipre, Reino Unido); e SPL/Van Parys sistemas de financiamento misto que combinam recursos de sistemas de segurança social e impostos com diferentes orçamentos e instituições responsáveis pela prestação e compra de CLD (Bélgica, França, Grécia). À medida que aumenta o reconhecimento da necessidade de assegurar uma base sólida de financiamento a longo prazo para os cuidados de longa duração, vários Estados-Membros estão a trabalhar nesse sentido através de contribuições e sistemas universais de segurança social (Alemanha, Luxemburgo, Países Baixos, Suécia) ou através de sistemas de tributação (Áustria, Suécia). Embora reconhecendo a necessidade de encontrar uma combinação adequada entre as fontes de financiamento públicas e privadas, é de consenso geral que um sistema baseado na segurança social ou nas receitas fiscais é mais eficiente do que um sistema inteiramente a cargo das iniciativas privadas. Em simultâneo, os 10 CUIDADOS DE LONGA DURAÇÃO NA UNIÃO EUROPEIA

Estados-Membros estão a considerar uma eventual combinação entre financiamento público e privado, nomeadamente no sector social. As fontes de financiamento privadas tendem a incluir dois elementos distintos. O primeiro consiste em seguros de saúde privados para os cuidados de longa duração. O segundo envolve comparticipações individuais para cuidados publicamente prestados e para os quais o reembolso é muito pequeno ou praticamente nulo. SPL/Van Parys Políticas de prevenção e de reabilitação A promoção de um estilo de vida activo e saudável tem obviamente benefícios importantes para as pessoas. Pode também trazer vantagens mais amplas para a sociedade em geral, na medida em que reduz os custos públicos com a saúde, permite manter uma vida activa por mais tempo e evita a descida das taxas de produtividade devido ao absentismo por doença. Programas de rastreio e de vacinação, bem como campanhas para promover um envelhecimento saudável estão em curso na maior parte dos países da União Europeia. Embora esses programas constituam um importante avanço, é ainda demasiado cedo para avaliar o seu impacto e é importante uma boa coordenação entre os diferentes prestadores na promoção de políticas de cuidados preventivas. Os cuidados de reabilitação são essenciais para permitir ao paciente recuperar o mais possível a auto-suficiência, funcionar o mais normalmente possível e regressar a um ambiente de trabalho satisfatório. A promoção efectiva desses cuidados, tal como os Estados-Membros reconheceram, exige pessoal qualificado e com formação adequada e uma utilização eficaz das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC). Eslováquia: prevenção e reabilitação As autoridades municipais de Zavar e da cidade de Banska Bystrica iniciaram projectos que envolviam a participação de partes interessadas, residentes e parceiros locais para ajudar pessoas com deficiências mentais e incapacidades físicas graves, internadas em estruturas institucionais, a viverem de uma forma o mais possível digna e inclusiva. Em Zavar, os assistentes sociais propuseram planos de cuidados e tratamentos que envolviam ergoterapia, tratamento psicofarmacêutico e reabilitação. Estes programas são centrados nas necessidades individuais e permitem que os doentes participem activamente nas actividades locais. 11

Coordenação dos cuidados A coordenação dos cuidados é fundamental para assegurar um elevado nível de qualidade nos cuidados prestados, uma utilização eficaz dos recursos e os tratamentos personalizados e contínuos de que alguns pacientes podem necessitar. A coordenação dos cuidados envolve a coordenação entre autoridades e serviços locais, regionais e nacionais, a fim de prever e ultrapassar os obstáculos que possam surgir. Os problemas podem residir nos diferentes orçamentos utilizados para financiar diferentes serviços, na organização da prestação de serviços e nos vários organismos envolvidos nos sectores social e da saúde. SPL/Van Parys Portugal: integração dos cuidados sociais e de saúde No âmbito de uma reforma de grande amplitude do sistema de cuidados de longa duração, os cuidados serão prestados através de uma ampla gama de serviços pluridisciplinares: unidades de convalescença, unidades de média duração e reabilitação, unidades de longa duração e manutenção, unidades de cuidados paliativos, unidades de dia e unidades para a promoção da autonomia (independência funcional), equipas de gestão de altas, equipas intra-hospitalares de suporte em cuidados paliativos, equipas de cuidados continuados integrados e equipas comunitárias de suporte em cuidados paliativos. Em especial, a rede criada promoverá a continuidade entre cuidados baseados na comunidade, cuidados hospitalares para pacientes graves e apoio social, complementando os cuidados primários e os cuidados hospitalares especializados. A flexibilidade permite ao sistema adaptar-se a diferentes necessidades em todo o país. O êxito da continuidade da prestação de cuidados pode ser avaliado pela forma como os serviços sociais, médicos e de enfermagem se conjugam para responder às necessidades específicas de pacientes individuais. Existem dois elementos importantes para a concretização deste objectivo: a prestação coordenada de serviços e uma melhor gestão de transferências entre estruturas de cuidados (domicílio, hospital e lar de acolhimento). Actualmente, as autoridades nacionais dedicam mais atenção à introdução de medidas que ajudem serviços diferentes a trabalhar em conjunto com mais eficácia. 12 CUIDADOS DE LONGA DURAÇÃO NA UNIÃO EUROPEIA

Bélgica: melhor coordenação entre diferentes níveis de governo Foram assinados três protocolos entre o Governo Federal e as autoridades regionais e comunitárias responsáveis pelos serviços sociais e de cuidados de longa duração. Dois desses protocolos, celebrados em 2005, visam melhorar as condições de trabalho e os níveis de pessoal nos sectores de cuidados comunitários, residenciais e domiciliários. Incluem a conversão de dormitórios puros em instalações com a possibilidade de cuidados médicos para pacientes e a introdução de contratos de trabalho específicos para profissionais de cuidados de longa duração. O terceiro protocolo estabelece os procedimentos organizacionais e orçamentais durante seis anos. São necessários contratos colectivos de trabalho para pôr em prática os elementos dos protocolos. O facto de estes contratos estarem a ser celebrados a um ritmo lento significa que apenas um pequeno número de lares residenciais foi convertido em instalações com cuidados médicos mais desenvolvidos. Em alguns países, foram estabelecidas prioridades e estratégias nacionais a fim de assegurar a prestação uniforme dos serviços. Este aspecto é especialmente importante tendo em conta que as questões relacionadas com os cuidados de longa duração são normalmente entregues e tratadas nos níveis subnacionais de governo (Espanha, Reino Unido, Suécia). É possível atingir objectivos idênticos através da celebração de acordos-quadro, tal como na Alemanha, entre as seguradoras e os prestadores de cuidados de longa duração. A integração da prestação de cuidados de longa duração pode ser conseguida através de pontos de entrada únicos ou equipas de avaliação local (Países Baixos, Reino Unido) ou através da descentralização e integração dos serviços a nível local e regional (Espanha, Reino Unido, Suécia). Vários países criaram (Alemanha, Bélgica, Espanha, Finlândia) ou estão a criar (Hungria, Letónia, Malta, Polónia) procedimentos para integrar a prestação de cuidados de longa duração e assegurar cuidados permanentes. istockphoto 13

Existem vários exemplos de países que integram o financiamento de cuidados de longa duração com as componentes de cuidados sociais e de saúde: Alemanha: criação de seguros de cuidados de saúde abrangentes para apoiar os prestadores de cuidados formais e informais; Áustria: integração de subsídios de assistência para cuidados de longa duração formais e informais; Espanha: coordenação do financiamento dos serviços sociais e de saúde a nível regional; Suécia: integração do financiamento dos cuidados de longa duração e dos cuidados de saúde para doentes graves a nível municipal; e Reino Unido: o financiamento da maior parte dos serviços sociais é tratado a nível local, com os hospitais a terem a possibilidade de reclamar pagamento às autoridades locais se não conseguirem dar alta a pacientes devido à falta de serviços de prestação de cuidados de longa duração. Outras iniciativas adoptadas incluem a melhoria da coordenação dos cuidados, em especial entre os orçamentos afectados aos cuidados sociais e de saúde (Espanha, França, Irlanda, Letónia, Luxemburgo, Polónia, Portugal) e planos para sistemas de avaliação comuns e avaliações efectuadas por equipas pluridisciplinares a fim de definir os planos de assistência a utilizar (Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Eslováquia, Espanha, Estónia, Finlândia, Irlanda, Itália, Letónia, Portugal, Reino Unido, Suécia). República Checa: melhor coordenação entre os cuidados sociais e os cuidados de saúde Foram introduzidas medidas para assegurar a maior eficiência possível do financiamento de cuidados sociais e de cuidados de saúde nas instituições onde esses cuidados são prestados em conjunto. As orientações são definidas centralmente, mas o nível de coordenação e cooperação é decidido pelas autoridades locais e pelas estruturas individuais. A unidade de geriatria e cuidados pós-operatórios do hospital de Liberec, vocacionada para a terapia e estimulação psicossocial, bem como para reabilitação e tratamento tradicionais, é um bom exemplo prático do sistema. A acção social tem um papel importante, a fim de facilitar a transição dos pacientes que regressam ao seu domicílio ou são acolhidos pelo sistema de serviços sociais. Quando não é possível optar por cuidados no domicílio, os assistentes sociais prestam auxílio aos pacientes em estabelecimentos clínicos (hospício ou centro de reabilitação) ou em instalações sociais, como lares ou estruturas de acolhimento, de acordo com as necessidades. A alta dos pacientes é programada de modo a assegurar a continuidade dos seus cuidados sociais e de saúde. 14 CUIDADOS DE LONGA DURAÇÃO NA UNIÃO EUROPEIA

Os cuidados, independentemente de serem prestados em ambientes comunitários ou em estruturas institucionais, constituem um sector de utilização intensiva de mão-de-obra, no qual os custos com o pessoal são responsáveis pela maior parte das despesas. Uma grande preocupação das autoridades é a contratação de pessoas com formação adequada, dada a especificidade dos conhecimentos exigidos em matéria de cuidados sociais e médicos. Estas autoridades devem fazer face à falta de pessoal e assegurar a formação adequada. A componente de formação é particularmente importante, uma vez que a evolução do conhecimento tecnológico e médico exige uma actualização constante das competências e qualificações do pessoal. Os cuidados de longa duração no domicílio originam preocupações diferentes, uma vez que os cuidados tendem a ser prestados por familiares e amigos, muitas vezes sem formação especializada. Confrontados com a falta de pessoal, muitos Estados-Membros (Espanha, França, Lituânia, República Checa, Suécia) adoptaram políticas para aumentar o pessoal de enfermagem, melhorar a formação e oferecer políticas de educação aos profissionais de cuidados sociais e de saúde para responder ao aumento da procura. Outros países (Estónia, Letónia, Polónia) estão a melhorar as condições de trabalho e as remunerações para evitarem a fuga de profissionais especializados para o estrangeiro. Deve ser disponibilizado apoio adequado aos prestadores de cuidados informais. Esse apoio pode incluir informação, formação, aconselhamento, prestação de cuidados durante os períodos de interrupção ou descanso dos prestadores, formalização da segurança social e apoio financeiro. Estão igualmente disponíveis outras formas de assistência: ajuda financeira (Alemanha, Áustria, Dinamarca, Eslováquia, Espanha, Estónia, Finlândia, França, Hungria, Irlanda, Itália, República Checa e Suécia); créditos e isenções fiscais (Alemanha, Espanha, França, Grécia, Luxemburgo); licença sem vencimento para cuidar de familiares (Alemanha, Áustria, Espanha, Finlândia, Países Baixos); tratamento dos períodos de prestação de cuidados como parte das contribuições dos prestadores para efeitos de pensões; e formalização do estatuto de prestadores de cuidados e sua inclusão nos sistemas de segurança social. SPL/Van Parys 15

França: solidariedade para com os idosos Este governo pretende aumentar o número de profissionais de cuidados para os idosos através da abertura de mais vagas em centros de formação que confiram diplomas profissionais de enfermagem e facilitar a aquisição dessas qualificações profissionais às pessoas que já trabalham neste sector. Áustria: apoio a prestadores de cuidados informais Um projecto-piloto que envolve «cheques de aconselhamento» permite às pessoas que necessitam de cuidados permanentes e aos familiares que lhes prestam esses cuidados acederem a aconselhamento qualificado sobre várias questões. Outro sistema implementado em Viena, Baixa Áustria e Burgenland oferece aos prestadores de cuidados familiares um feriado quinzenal e um programa que envolve o intercâmbio de experiências através de um moderador qualificado. Entretanto, os cuidados de que o paciente possa necessitar são assegurados por prestadores profissionais remunerados. Uma alteração à legislação da segurança social, de 2007, melhorou a situação das pensões dos prestadores que cuidam de familiares. Conclusão As autoridades nacionais estão a estudar diferentes formas de enfrentar o crescimento previsto na procura dos serviços de cuidados de longa duração. Este aumento da procura far-se-á sentir no momento exacto em que o número de pessoas em idade activa capazes de prestarem cuidados informais diminuirá enquanto o número de pessoas idosas dependentes aumentará. Por outro lado, a tendência para famílias mais pequenas e para o aumento de famílias monoparentais reduz o universo de pessoas capazes de prestarem cuidados informais. Existe o consenso geral de que os beneficiários de cuidados de longa duração têm preferência pelo domicílio ou por estruturas de acolhimento em detrimento dos cuidados institucionais. Para fazer face à crescente procura, os Estados-Membros deverão: encontrar uma solução para a redução esperada de pessoal qualificado em matéria de cuidados de longa duração; desenvolver uma combinação sustentável de fontes de financiamento públicas e privadas; assegurar uma coordenação eficaz dos vários sistemas de cuidados de longa duração; e implementar na prática o princípio do acesso universal a cuidados de longa duração. 16 CUIDADOS DE LONGA DURAÇÃO NA UNIÃO EUROPEIA

Comissão Europeia Cuidados de Longa Duração na União Europeia Luxemburgo: Serviço das Publicações Oficiais das Comunidades Europeias 2008 16 p. 14,8 21 cm ISBN 978-92-79-09591-7 DOI 10.2767/37656 Como obter publicações comunitárias? As publicações para venda produzidas pelo Serviço da Publicações estão disponíveis na EU Bookshop (http://bookshop.europa.eu/), podendo encomendá-las através do agente de vendas da sua preferência. Também pode solicitar uma lista da nossa rede mundial de agentes de vendas através do fax (352) 2929-42758.

KE-81-08-364-PT-N As publicações da Direcção-Geral do Emprego, Assuntos Sociais e Igualdade de Oportunidades interessam-lhe? Pode descarregá-las em: http://ec.europa.eu/employment_social/emplweb/publications/index_pt.cfm ou assiná-las gratuitamente pela Internet: http://ec.europa.eu/employment_social/sagaplink/dspsubscribe.do?lang=en ESmail é a carta de informação electrónica da Direcção-Geral do Emprego, Assuntos Sociais e Igualdade de Oportunidades. Pode assiná-la pela Internet em: http://ec.europa.eu/employment_social/emplweb/news/esmail_en.cfm http://ec.europa.eu/social/