O PAPEL DIDÁTICO DA EXPERIMENTAÇÃO NO DESENVOLVIMENTO DE UMA SEQUÊNCIA DIDÁTICA SOBRE O TEMA CICLO HIDROLÓGICO



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Transcrição:

O PAPEL DIDÁTICO DA EXPERIMENTAÇÃO NO DESENVOLVIMENTO DE UMA SEQUÊNCIA DIDÁTICA SOBRE O TEMA CICLO HIDROLÓGICO Maria Beatriz Pereira de Camargo (Escola Estadual Dr. Jorge Coury) Narjara Zimmermann (Programa de Pós-Graduação em Ensino e História de Ciências da Terra- Instituto de Geociências - Unicamp) RESUMO Este trabalho tem como objetivo refletir sobre o papel didático da experimentação para a aprendizagem do tema ciclo hidrológico na aplicação de uma sequência didática (SD), no contexto das aulas de ciências em uma turma de 6º ano do Ensino Fundamental de uma escola pública paulista. A partir do levantamento de questões prévias e da reaplicação, comparou-se os conhecimentos construídos ao longo da proposta, identificando as possíveis contribuições de dois experimentos para aprendizagem do tema. Verificou-se que houve uma melhor compreensão sobre ciclo hidrológico e a importância da vegetação, estabelecendo relações locais entre chuva-solo-vegetação. As atividades experimentais indicaram um papel importante para uma aprendizagem mais efetiva e instigante dos conhecimentos científicos. Palavras-chave: sequência didática, ensino de ciências, ciclo hidrológico, experimentação INTRODUÇÃO Um dos principais fenômenos que devem ser conhecidos em uma região é o escoamento superficial das águas da chuva, de modo a evitar enchentes e enxurradas que produzem grandes estragos, principalmente no contexto urbano. Nesse sentido, a cobertura vegetal constitui-se como defesa natural contra os processos erosivos, ao proteger contra o impacto direto da água das chuvas. A presença da vegetação também causa o aumento da infiltração da água por produzir poros no solo pela ação das raízes, aumentando significativamente a capacidade de retenção de água pela estruturação do solo por meio desta incorporação da matéria orgânica (YOSHIOKA e LIMA, 2005). De acordo com a descrição no trabalho dos autores Yoshioka e Lima (2005), a erosão, inicialmente, é causada pelo impacto de uma gota d água, esta gota de chuva, pela ação do impacto sobre a superfície do solo desnudo, atua compactando-o e desagregando as partículas componentes, fazendo saltá-las a uma certa altura, as quais são colhidas pela película da água que escorre (RIO GRANDE DO SUL, 1985, apud YOSHIOKA e LIMA 2005, p. 10). Para que haja tal compreensão, os autores, Yoshioka e Lima (2005), apontam a importância das aulas experimentais. Em seu trabalho, os autores trazem os experimentos sobre o tema solo, indicados para o terceiro e quarto ciclo do Ensino Fundamental. De acordo 5330

com esses mesmos autores, o professor deve veicular aos alunos sobre o custo de restauração do ambiente degradado, ressaltando a importância das práticas de preservação, da importância da cobertura vegetal (p.15). Nesse sentido, os professores de ciências podem explorar esse contexto sobre o ciclo hidrológico e a importância da vegetação para o solo através da experimentação, envolvendo práticas que demonstrem a influência de processos naturais como a precipitação e também a interferência do homem ocasionando problemas ambientais. As atividades experimentais, além do seu caráter motivador, contribuem de forma significativa para o processo de ensino e aprendizagem. Hoje, uma das maiores preocupações e discussões é o baixo nível de aprendizagem dos alunos, sendo uma das demandas dos professores encontrar alternativas que ajudem a desenvolver essa aprendizagem. Desse modo, uma abordagem investigativa através de experimentos torna o tema mais significativo, auxiliando na construção de conceitos abstratos a partir de concreto (OLIVEIRA, 2010). Relatos da literatura demonstram o interesse dos alunos por atividades experimentais, contribuindo no ensino em geral. Segundo Bevilacqua e Silva (2007), realização de experimentos, em ciências, representa uma excelente ferramenta para que os estudantes possam estabelecer relação entre teoria e prática. A importância da experimentação no processo de aprendizagem também é discutida por Bazin (1987 apud BEVILACQUA e SILVA, 2007, p. 85) que em uma experiência de ensino não formal de ciências, aposta na maior significância desta metodologia do que na simples memorização da informação, método tradicionalmente empregado nas salas de aula. As aulas experimentais podem ser utilizadas com diferentes objetivos, fornecendo variadas e importantes contribuições no processo de ensino e aprendizagem de ciências, desde estratégias que focalizam a simples ilustração ou verificação de leis e teorias, até aquelas que estimulam a criatividade dos alunos, dando condições para refletirem e reverem suas ideias a respeito dos fenômenos científicos (OLIVEIRA, 2010). Araújo e Abib (2003) classificam as atividades experimentais em três tipos de abordagens ou modalidades: atividades de demonstração, de verificação e de investigação. No entanto, os experimentos do tipo investigativo têm ganhado bastante destaque em estudos mais recentes, pois representam uma estratégia que permite aos alunos ocuparem uma posição mais ativa no processo de construção do conhecimento, sendo o professor mediador ou facilitador desse processo. Na essência das atividades experimentais investigativas, está sua capacidade de proporcionar uma maior participação dos alunos em todas as etapas da investigação, desde a interpretação do problema a uma possível solução para ele. 5331

De acordo com Oliveira (2010), são muitas as contribuições da experimentação no ensino de ciências, principalmente, quando busca proporcionar a reflexão e a participação do aluno na construção do conhecimento científico. Nesse sentido, Giordan (1999) aponta que tomar a experimentação como parte de um processo pleno de investigação é uma necessidade reconhecida entre aqueles que passam e fazem o ensino de ciências, pois a formação do pensamento e das atividades do sujeito deve se dar preferencialmente nos entremeios da atividades investigativas. (p.44). Diante da relevância do tema ciclo hidrológico e das potencialidades da experimentação para o contexto escolar, este trabalho tem como objetivo principal relatar e refletir sobre o papel da experimentação do desenvolvimento de uma sequência didática (SD) sobre a dinâmica e interferência da água no solo, principalmente, nos leitos dos rios em decorrência da retirada da mata ciliar. METODOLOGIA Esta pesquisa foi desenvolvida no contexto do Curso de Especialização em Ensino de Ciências ano 2011/2012, da Rede São Paulo de Formação Docente (REDEFOR), em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), a partir da aplicação e análise da sequência didática A água e seus efeitos sobre o solo e a importância da vegetação. A pesquisa foi desenvolvida com uma turma de 6º ano/5ª série do Ensino Fundamental contendo 28 alunos, com idade entre 10 e 11 anos, em uma escola estadual no interior do Estado de São Paulo. A SD contemplou oito aulas de cinquenta minutos, no contexto da disciplina de ciências. A SD buscou relacionar o ciclo hidrológico com a formação dos rios e seus afluentes, destacando o papel da água como agente geológico, importante no processo de formação dos solos. Além disso, buscou-se destacar a importância da vegetação para os leitos dos rios, de modo a diminuir as ações da água, articulado a um exemplo local, o Rio Piracicaba, em Piracicaba, SP. Na elaboração da SD, utilizou-se de várias metodologias diferenciadas, em especial dois experimentos: a construção de um terrário e a simulação de solos com vegetação e sem vegetação em garrafas pets. As aulas experimentais tiveram um papel central na SD e foram desenvolvidas na própria sala de aula, desde a montagem dos experimentos até as observações e discussões dos resultados. 5332

Foram coletados, durante a aplicação da SD, questionários iniciais e finais com questões semelhantes para uma análise qualitativa, sendo selecionados questionários de três alunos para uma amostragem das respostas, de forma a indicar as possíveis mudanças de compreensão sobre o tema durante o processo de aprendizagem. A seguir, na tabela 1, consta de modo resumido as principais atividades desenvolvidas. Isto é, as estratégias metodológicas aplicadas na sequência didática. Tabela 1- Estratégias metodológicas aplicadas na SD Aulas 1 Atividades desenvolvidas Cinco questões prévias: 1- Qual a função da vegetação para o solo? 2- O que seria a erosão e o assoreamento dos rios? 3- Quais as etapas do ciclo hidrológico? 4- Qual a função da vegetação para o solo principalmente quando chove? 5- Qual a principal causa das enchentes em uma cidade? Projeções de slides com diferentes imagens de paisagens contendo rios, oceanos, cachoeiras e lagos, com fundo musical da música Planeta Água, de Guilherme Arantes. 2 Análise da música Planeta Água e entrega do desenho sobre o ciclo hidrológico. 3 Slides sobre a formação da água no planeta e o rio Piracicaba e seus afluentes. Síntese em grupo sobre os principais aspectos discutidos. 4 Experimento 1 - montagem de um terrário 5 Apresentação em grupo do terrário, os alunos socializaram os resultados das observações. 6 Leitura compartilhada do texto Formação do solo ; Análise de imagem (rocha matriz). 7 Interpretação de texto: A água como agente geológico - síntese em dupla, sobre desagregação do solo, erosão e assoreamento dos rios. 8 Experimento 2: Solo e o papel da vegetação ; Coleta de dados das pesquisas em grupo e cinco questões finais: 1-Qual a função da vegetação para o solo? 2- Qual a função da vegetação no solo principalmente quando chove? 3- Quais as etapas do ciclo hidrológico? 4- Qual a principal causa das enchentes em uma cidade? 5- O que seria a erosão e o assoreamento dos rios? Para a tabulação das respostas dos alunos, nos questionários iniciais e finais, foi realizado o tratamento de dados, classificando e quantificando as respostas em satisfatórias ou insatisfatórias, para posterior comparação e verificação da mudança de compreensão dos alunos. Foram realizadas comparações entre as respostas dos alunos realizadas depois que participaram dos experimentos, comparando-se as respostas finais com as iniciais, de modo a verificar se os alunos conseguiram chegar a uma definição mais coerente sobre o tema. Considerações acerca da compreensão de respostas satisfatórias e insatisfatórias: 5333

Satisfatória: consideram-se satisfatórias as respostas dos alunos que conseguem argumentar corretamente a relação entre a água da chuva com a função da vegetação no solo, articulando, minimamente, o processo de erosão e a causa do assoreamento dos rios. Insatisfatórias: consideram-se insatisfatórias as respostas que não contemplaram, nas questões tanto prévias como finais, relações entre causa e efeito, de modo a elaborar argumentações sobre a função da vegetação no solo e indicado às relações da retirada da mata ciliar com os processos erosivos e o assoreamento dos rios. Tabela 2: Exemplos de respostas satisfatórias e insatisfatórias dos alunos, a partir das questões prévias e finais Questões prévias iniciais satisfatórias: Respostas mais frequentes: 1- Qual a função da vegetação para o solo? A vegetação protege o solo. 2- O que seria a erosão e o assoreamento dos rios? Sem a vegetação as montanhas começam a abrir. Questões prévias insatisfatórias: Respostas mais frequentes: 1- Qual a função da vegetação para o solo? Não sei. 2- O que seria a erosão e o assoreamento dos rios? Não sei. Questões finais satisfatórias: Respostas mais frequentes: 1- Qual a função da vegetação para o solo? Para proteger das enxurradas e para segurar o solo. 2- O que seria a erosão e o assoreamento dos rios? Um solo sem cobertura vegetal fica sujeito à ação das chuvas, perdendo muitas partículas, sem a mata ciliar, o solo devido a enxurrada é levado para dentro do rio. Questões finais insatisfatórias: Respostas mais frequentes: 1- Qual a função da vegetação para o solo? Quando chove a planta cresce no solo. 2- O que seria a erosão e o assoreamento dos rios? A retirada do solo. Nesta tabela 2, de modo a exemplificar a categorização de satisfatório e insatisfatório, apresenta-se uma amostra das respostas mais frequentes dos alunos da classe em questão, selecionando as respostas que atingiram tanto no conhecimento prévio como no conhecimento final uma colocação mais satisfatória para análise da pesquisa. Buscou-se, também, comparar a qualidade e a mudança de compreensão dos alunos a partir das respostas das questões 1 e 2 de três alunos, identificados como alunos A, B e C. Além disso, para verificar se os experimentos apresentaram um papel importante na compreensão do tema, os alunos tiveram que responder questões após o experimento 2, conforme tabela 3. Tais respostas também foram utilizadas para a discussão dos resultados. Tabela 3: Questões pós-experimentos 1- Qual das garrafas pets a infiltração foi maior? 2 - Qual é o efeito da vegetação no solo? 3- A precipitação é um processo natural do ciclo hidrológico, no qual a falta de vegetação ocasionaria vários danos ao solo. Quais são? 5334

4- No experimento, foi simulada a chuva nas duas garrafas pets. Quais garrafas ocorreram a desagregação do solo? 5- Se a garrafa sem vegetação fosse um barranco de um rio, o que aconteceria? RESULTADOS E DISCUSSÃO Após o desenvolvimento da sequência didática, verificamos que houve uma mudança satisfatória no conhecimento dos alunos sobre a relação entre chuva-vegetação-solo. Por meio das questões prévias, observou-se a dificuldade nessas respostas iniciais. De modo geral, os alunos não compreendiam a importância do vegetal para o solo e sua relação. Ao analisar as questões prévias, que buscaram coletar quais seriam os conhecimentos iniciais dos alunos sobre o ciclo da água, função dos vegetais no solo e a sua influência com o ambiente, observamos que os alunos não souberam responder qual o papel da vegetação no solo e o que seria uma erosão pluvial e o problema do assoreamento dos rios. Diagnosticamos, também, que os alunos, em relação às outras questões do levantamento prévio, não conseguem visualizar as etapas do ciclo hidrológico, principalmente, o papel da precipitação e a importância da vegetação para que ocorra uma melhor infiltração da água da chuva, impedindo a erosão e o assoreamento dos rios. Neste sentido, Hagy e Villanova (2007) também apontam que um dos problemas identificados na compreensão dos alunos sobre esse tema é não conseguirem interligar os fluxos que existem dentro do ciclo da água. Muitos deles não conseguem relacionar precipitação com infiltração e a consequente recarga dos reservatórios subterrâneos, bem como a relação entre a evaporação nos oceanos e a umidade que chega ao continente (p. 121). Tabela 4: Respostas dos alunos (A, B e C) em relação às questões 1 e 2 (prévias e finais) QUESTÃO INICIAL 1- Qual a função da vegetação para o solo, principalmente quando chove? Aluno A: a chuva cai na vegetação e depois sai o Sol, e cresce. Aluno B: saciar a sede da vegetação. Aluno C: não sei. QUESTÃO FINAL 1- Qual a função da vegetação para o solo, principalmente quando chove? Aluno A: a função da vegetação é segurar o solo, e também ajuda na absorção da água. Aluno B: a função da vegetação no solo é de proteger contra a chuva, impedindo que a terra escorra. Aluno C: a função é de proteger, evitando que o solo fique pobre, a chuva leva os nutrientes do solo. QUESTÃO INICIAL 2- O que seria erosão e assoreamentos dos rios? Aluno A: crescimento de terra. Aluno B: a retirada do solo. Aluno C: não sei. 5335

QUESTÃO FINAL 2- O que seria erosão assoreamento dos rios? Aluno A: Um solo sem cobertura vegetal fica sujeito à ação das chuvas, perdendo muitas partículas, sem a mata ciliar, o solo devido a enxurrada é levado para dentro do rio. Aluno B: sem a vegetação o solo fica desprotegido e começa a perder partículas, e o assoreamento é o acúmulo de solo que entra no rio. Aluno C: erosão ocorre por falta da vegetação, e o assoreamento é a terra do barranco do rio que entra com a chuva. Por meio da tabela 4, verificamos uma grande mudança na concepção da compreensão dos alunos, em relação à função dos vegetais no solo. Na resposta do aluno A, na questão 1, a água é colocada como muito importante para a vegetação, mas não conseguia relacionar com o solo. Já na resposta final, esse aluno apresentou um compreensão da importância do vegetal fazendo a relação com a precipitação observada durante a simulação da chuva no experimento 2, conseguindo chegar a uma conclusão que a vegetação contribui para a amenizar o assoreamentos dos rios. O aluno B também tinha uma compreensão da importância da água para os vegetais, mas também apresentou no final da SD um entendimento mais amplo da necessidade do vegetal no solo. Percebemos que nesses dois casos a ação da água foi ampliada, indo além de sua importância para a vida dos seres vivos. O aluno C no início não para não compreender a função da água da chuva, colocando como resposta não sei. Já em sua resposta final, apresenta uma compreensão satisfatória sobre o contexto do ciclo hidrológico, trazem relações entre vegetação e solo. Em relação à pergunta 2, os alunos A, B e C, nas respostas iniciais, não apresentavam um entendimento principalmente sobre os conceitos, que ocorreram pela primeira vez durante a própria aplicação do questionário prévio. Assim, responderam essa questão fazendo deduções e nota-se que são insatisfatórias. Já nas respostas finais desta mesma questão os mesmos três alunos A, B e C já compreendiam os conceitos e como ocasionava a erosão e o assoreamento dos rios. Uma das metodologias que auxiliou na compreensão foram os experimentos desenvolvidos durante a SD, que estavam interligados com as discussões e outras atividades realizadas também durante a proposta. No experimento 1, por meio da construção do terrário, os alunos visualizaram a formação de gotas de água. Tinha como intuito auxiliar na compreensão do ciclo da água, por ser possível a simulação do processo de precipitação. Já no experimento 2, por meio da simulação do processo de precipitação e escoamento da água sobre o solo 1, os alunos 1 Nesse experimento, utilizaram-se duas garrafas pet previamente montadas pelos grupos, sendo uma sem vegetação e a outra com vegetação. Com o regador de água simula-se a chuva, colocando-o à altura de 1 metro 5336

puderam identificar a importância da vegetação. Assim, quando jogaram água no solo desnudo, visualizaram a desagregação do solo. Isto é, a terra pulando para todos os lados (expressão dos próprios alunos) e, em seguida, ocorrendo a formação da enxurrada. Vale ressaltar que, quando a terra contida na garrafa pet escorreu para fora, os alunos associaram com os slides assistidos sobre o rio Piracicaba e os textos lidos sobre a formação do solo e erosão (aulas 3 e 6). Os experimentos foram montados pelos alunos na sala de aula, permanecendo na lateral da sala. Por ser um ambiente aberto com ventilação e luz natural, favorecendo o crescimento dos vegetais, cada grupo pôde observar as mudanças necessárias para interpretação do processo. Através desses experimentos investigativos, notou-se, por parte dos alunos, o envolvimento na construção do conhecimento, eram constantes os relatos dos alunos que ficavam espantados com os resultados, buscando relacionar o que estavam observando com os textos estudados e com as demais atividades. Durante a aplicação e investigação do experimento 2 (O solo e o papel da vegetação), os alunos concluíram e visualizaram, através da manipulação e das observações, a importância do vegetal na garrafa pet plantada para o solo. Assim, após a metodologia experimental, a professora fez algumas perguntas sobre o experimento e observou que, através das respostas dos alunos, eles conseguiram compreender todo o processo que envolve a chuva-vegetação-solo. A tabela 5 traz um exemplo das respostas dos alunos depois que ocorreu a aplicação e investigação do experimento 2. Tabela 5: Levantamento das respostas das questões pós-experimentos 1- Qual das garrafas pets a infiltração foi maior? Foi a que estava com vegetação, e a garrafa com terra só encharcou, quando a professora a inclinou para frente saiu a água e caiu um pouco de terra. 2- Qual é o efeito da vegetação no solo? A função da vegetação é que quando chove a água não escorre muito. 3- A precipitação é um processo natural do ciclo hidrológico, no qual a falta de vegetação ocasionaria vários danos ao solo. Quais são? 4- No experimento, foi simulada a chuva nas duas garrafas pets. Quais das garrafas ocorreram à desagregação do solo? 5- Se a garrafa sem vegetação fosse um barranco de um rio o que aconteceria? A desagregação do solo, erosão pluvial, separa as partículas do solo, retira os nutrientes e causa o assoreamento dos rios. Na garrafa que estava sem vegetação, a professora jogou água e a terra pulou para fora. A terra escorreria causando o assoreamento e com isso as enchentes. De modo a dimensionar as mudanças de concepções dos alunos sobre as relações entre chuva-vegetação-solo, apresentamos na tabela 6 a quantificação das respostas satisfatórias e de cada caixa. O objetivo desse experimento é relacionar a importância da vegetação no solo com o ciclo hidrológico (YOSHIOKA e LIMA, 2005). 5337

insatisfatórias iniciais e finais. Nota-se uma grande inversão nos resultados em relação às respostas dos alunos. Assim, dos 28 alunos, na questão prévia 1 (Qual a função da vegetação para o solo, principalmente quando chove?), apenas 29% apresentaram uma resposta satisfatória e 71% deram uma resposta insatisfatória. Após o desenvolvimento da sequência didática, inclusive com as investigações dos experimentos, ocorreu uma inversão significativa nas respostas finais. Dos 28 alunos apenas 14% responderam insatisfatoriamente, sendo que 86% dos alunos conseguiram chegar a uma resposta satisfatória. Em relação à questão 2 (O que seria a erosão e assoreamento dos rios?), também as respostas iniciais e finais se inverteram, sendo que 21% foram satisfatórias e 79% insatisfatórias. Já na resposta final, 79% dos alunos conseguiram responder corretamente e 21% não chegaram a uma resposta plausível. Vale destacar que a pequena parcela de alunos que não conseguiu chegar a uma resposta satisfatória pode ser explicada pelas ausências durante as apresentações e explicações dos experimentos. Tabela 6: Comparação do desenvolvimento das questões iniciais e finais QUESTÕES PRÉVIAS: 1- Qual a função da vegetação para o solo, principalmente Respostas satisfatórias: 29% quando chove? Respostas insatisfatórias: 71% 2- O que seria a erosão e o assoreamento dos rios? Respostas satisfatórias: 21% Respostas insatisfatórias: 79% QUESTÕES FINAIS: 1- Qual a função da vegetação para o solo principalmente, quando chove? Respostas satisfatórias: 86% Respostas insatisfatórias: 14% 2- O que seria a erosão e o assoreamento dos rios? Respostas satisfatórias: 79% Respostas insatisfatórias: 21% Assim, há indícios, através dos dados apresentados, que os experimentos, aliados às outras metodologias utilizadas, contribuíram para aprendizagem dos alunos. As respostas finais foram elaboradas com mais detalhes, contendo argumentos concretos e corretos sobre o tema. Houve, por exemplo, uma melhor compreensão da importância de se manter a mata ciliar na encosta do rio, quando visualizaram no experimento a ação da chuva com o solo. De acordo com Oliveira (2010), as contribuições atribuídas às aulas experimentais estão ligadas diretamente ao aprendizado de conceitos científicos, aprimoramento da capacidade de observação, registros de informações, capacidade de analisar dados, refletirem, propor hipóteses. O envolvimento dos alunos é decisivo para o processo de ensino aprendizagem. A motivação nas aulas experimentais é, sim, um fator que favorece a aprendizagem. Os fatores 5338

que fazem com que os alunos gostem e sejam atraídos pelas atividades experimentais (OLIVEIRA, 2010, p. 36). Fato que também foi verificado ao longo da aplicação da SD. Não há como negar o grande envolvimento dos alunos nas atividades, principalmente nas experimentais, contribuindo para os resultados obtidos. CONCLUSÃO Este trabalho possibilitou um novo olhar para os processos de elaboração de conceitos científicos no âmbito da sala de aula para os sujeitos envolvidos no processo, a professora e os alunos da turma em questão. Os resultados obtidos através do desenvolvimento da SD demonstraram que a utilização da experimentação, aliado às demais atividades e discussões, contribuiu para a compreensão do tema desenvolvido em sala de aula e para complementar e facilitar o entendimento de termos e conceitos abstratos, sendo uma metodologia com muitos aspectos positivos. Mas é preciso compreender e estabelecer os limites do papel da experimentação, pois esta é uma atividade mediada e está inserida em um contexto, no qual o direcionamento das questões, discussões e demais atividades influenciam no modo como o conhecimento é construído. Nesse sentido, complementam Francisco, Ferreira e Hartwig (2008). Para os autores, a experimentação tem como uma de suas funções enquanto recurso didático mediatizar os educandos e o objeto cognoscitivo. Como estratégia de ensino, a experimentação deve ser problematizadora do conhecimento. É no diálogo da realidade observada, na problematização e reflexão crítica de professores e estudantes, que se faz o conhecimento (p. 40). Sem essa visão de processo e de mediação, a experimentação pode reforçar um ensino pautado na memorização, tendo um papel meramente ilustrativo, focado em resultados (na confirmação de resultados). Com isso, corre-se o risco de construir (e reforçar) uma visão de Ciência dogmática (SILVA e ZANON, 2000). A participação dos alunos na investigação, demonstração e explicação dos experimentos favoreceu a aprendizagem, além de ser uma metodologia motivadora. Esse tipo de metodologia desenvolve no aluno a cooperação, a divisão de tarefas, trabalho em equipe, enriquecendo as teorias desenvolvidas em sala de aula (OLIVEIRA, 2010). Com o auxílio dessa metodologia, os alunos conseguiram compreender melhor um problema local: a degradação do leito do rio Piracicaba pela retirada da mata ciliar. 5339

Grande parte dos alunos relacionou, através da investigação, a principal causa das enchentes no rio de sua cidade, ao compreenderem a relação entre chuva-vegetação-solo, identificando o problema da erosão do solo, do assoreamento dos rios relacionados com o ciclo hidrológico, causado principalmente pela à ação do homem sobre o ambiente. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAÚJO, M. S. T.; ABIB, M. L. V. S. Atividades experimentais no ensino de física: diferentes enfoques, diferentes finalidades. Revista Brasileira de Ensino de Física, Porto Alegre, v.25, n.2, p.176-194, jun. 2003. BEVILACQUA, Gabriela D.; SILVA, Robson C. O ensino de Ciências na 5ª série através da experimentação. Ciências & Cognição, vol.10, p. 84-92, mar, 2007. Disponível em: <http://www.cienciasecognicao.org/pdf/v10/m317138.pdf> Acesso em: 02 de maio de 2014. FRANCISCO, Wilmo E. Jr.; FERREIRA, Luiz Henrique; HARTWIG, Dácio R. Experimentação problematizadora: fundamentos teóricos e práticos para a aplicação em salas de aula de ciências. Química Nova na Escola, n. 30, 2008. Disponível em: <http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc30/07-peq-4708.pdf> Acesso em: 30 de julho de 2014. GIORDAN, Marcelo. O papel da experimentação no ensino de ciências. Química Nova na Escola, São Paulo, n.10, p.43-49, nov. 1999. Disponível em: <http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc10/pesquisa.pdf> Acesso em: 30 de abril de 2014. HAGY Renato D. e VILLANOVA Gil L. Ciclo da água e a urbanização: um estudo do meio (micro bacia de drenagem do córrego de campos) com alunos da Terceira série do ensino médio. In: I SIMPÓSIO DE PESQUISA EM ENSINO DE HISTÓRIA DE CIÊNCIAS DA TERRA, Campinas, SP 2007. Atas... Campinas: Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP, p.119-124, 2007. OLIVEIRA, Jane R. S. A Perspectiva Sócio-histórica de Vygotsky e suas relações com a Prática da Experimentação no Ensino de Química. Alexandria - Revista de Educação em Ciências e Tecnologia, v. 3, n. 3, p.25-45, 2010. Disponível em: <http://alexandria.ppgect.ufsc.br/files/2012/03/jane.pdf> Acesso em: 02 de maio de 2014. SILVA, Lenice H. S.; ZANON, Lenir B. A experimentação no ensino de ciências. In: SCHNETZLER, Roseli P.; ARAGÃO, Rosália M. R. (Orgs). Ensino de ciências: fundamentos e abordagens, 1ª ed. Campinas: R. Vieira, 2000. YOSHIOKA, Maria H.; LIMA Marcelo R.; Experimentos de Solos. Projeto solo na escola. Departamento de Solos e Engenharia Agrícola da UFPR, 2005. Disponível em: <http://www.escola.agrarias.ufpr.br/arquivospdf/experimentotecasolos5.pdf> Acesso em: 02 de maio de 2014. 5340