ANAIS GREEN SUPPLY CHAIN MANAGEMENT: PROTAGONISTA OU COADJUVANTE NO CENÁRIO BRASILEIRO?



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GREEN SUPPLY CHAIN MANAGEMENT: PROTAGONISTA OU COADJUVANTE NO CENÁRIO BRASILEIRO? ANA PAULA FERREIRA ALVES ( anapfalves@gmail.com ) UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL LUIS FELIPE MACHADO DO NASCIMENTO ( nascimentolf@gmail.com ) UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL Resumo: Questões ambientais passaram a ser introduzidas com maior frequência na economia, representando importantes papéis nas organizações. Quanto à cadeia de suprimentos, a Green Supply Chain Management (GSCM) surge como novo enfoque à responsabilidade das empresas com o meio ambiente. Este artigo objetiva analisar a pequena difusão do conceito e das práticas de GSCM no cenário brasileiro. Para tanto, realizou-se uma pesquisa com especialistas. Os resultados indicam que as razões para o lento desenvolvimento desses conceitos e práticas podem estar relacionadas com características do mercado nacional, foco em aspectos internos, falta de legislação rígida e baixa pressão dos consumidores. Palavras-chave: Green Supply Chain Management; sustentabilidade; cenário brasileiro. 1. INTRODUÇÃO O modelo de consumo utilizado nas últimas décadas nos países desenvolvidos, agravou a degradação do planeta, desencadeando um comportamento social marcado por desperdício de recursos. A capacidade de produção mundial precisa ser mais eficiente na utilização dos recursos, com o propósito de contribuir para o desenvolvimento sustentável (DALÉ; HANSEN; ROLDAN, 2010), o que tem pressionado as organizações a incorporarem aspectos ambientais e sociais em suas atividades. Nesse sentido, preocupações mais amplas com pessoas e com o meio ambiente passaram a representar variáveis relevantes no processo operacional e na tomada de decisão (KLEINDORFER; SINGHAL; VAN WASSENHOVE, 2005). A partir do momento em que perspectivas sociais e questões ambientais passaram a ser introduzidas com maior frequência no debate econômico, surgiram diversos conceitos e definições para serem aplicadas, sendo evidente a falta de consenso. Ainda assim, persiste o interesse em apurar possíveis convergências do tema sustentabilidade nas atividades gerenciais, suas influências e seus impactos nas estratégias organizacionais (BRITO; BERARDI, 2010). No que diz respeito à dimensão ambiental na cadeia de suprimentos, a adoção da Green Supply Chain Management (GSCM) pode ser considerada uma das alternativas para a conservação do meio ambiente (RHA, 2010; LEAL; SHIBAO; MOORI, 2009). A GSCM amplia a base conceitual da Supply Chain Management ao contemplar aspectos relacionados à estratégia de gestão ambiental (ZUCATTO; VEIGA; EVANGELISTA, 2008). Contudo, mais do que simplesmente agregar o aspecto ambiental, a GSCM oferece um novo enfoque à 1/16

responsabilidade das empresas com o meio ambiente. Para tanto, a responsabilidade da organização se estende para além de suas fronteiras, no que diz respeito a seus processos e produtos, e envolve um relacionamento compartilhado com fornecedores, comunidade e consumidores (ANDRADE; PAIVA, 2012). A GSCM pode ser considerada um pré-requisito ao desenvolvimento sustentável (GREEN; MORTON; NEW, 1998). Crescentes pressões, a partir de várias de direções, têm levado os gestores da cadeia de suprimentos a estudar e iniciar a implementação das práticas de GSCM para melhorar seu desempenho econômico e ambiental (KUMAR; CHANDRAKAR, 2012). O número de organizações que integram práticas ambientais em suas estratégias e operações diárias está aumentando de forma contínua (SARKIS, 2002). Desse modo, o conceito vem se desenvolvendo em diversos países, motivado pela necessidade do descarte ecologicamente correto de resíduos sólidos, do uso consciente dos recursos naturais e da redução da poluição da água e do ar, bem como pela pressão da sociedade e pelas legislações pró-ambientais. No Brasil, a GSCM aparece como tema pouco explorado nos estudos em Administração, aparecendo em pesquisas de logística reversa e sobre impactos ambientais, na tentativa de enfatizar o verde (MINATTI; ALBERTON; MARINHO, 2011). As pesquisas a serem desenvolvidas no país ainda terão que traçar um caminho de construção conceitual, embasada em dois conceitos que, por sua vez, também não estão totalmente consolidados na literatura da Administração: sustentabilidade e cadeia de suprimentos. Essa nova área de estudo comporta um espaço amplo para o desenvolvimento de uma grande variedade de pesquisas tanto teóricas como empíricas (LEAL; SHIBAO; MOORI, 2009). Mesmo se mostrando como grande oportunidade para agregar valor ao produto, minimizar os impactos no processo de produção, gerar inovações de produto e processo e aumentar a competitividade da cadeia, a gestão sustentável da cadeia de suprimentos ainda é um tema pouco explorado no Brasil (NASCIMENTO; LEMOS; MELLO, 2008). Nesse contexto, questiona-se o papel da GSCM no país: coadjuvante ou protagonista no cenário nacional? Este artigo apresenta como objetivo analisar a pequena difusão do conceito e das práticas de GSCM no cenário brasileiro. Para atingir o objetivo, optou-se por realizar entrevistas com especialistas do tema Supply Chain Management na área de Administração no Brasil. Esta pesquisa permitiu identificar possíveis razões para a GSCM não ter se difundido no Brasil como em países da Europa, Canadá ou países asiáticos. O trabalho está dividido em quatro partes, além desta introdução. Na primeira, foi realizada uma revisão acerca da Green Supply Chain Management, chegando às suas práticas em organizações e à discussão da sua diferença com a Sustainable Supply Chain Management. Na segunda, está descrita a metodologia utilizada neste estudo. A etapa seguinte apresenta a análise dos dados levantados, estruturada em categorias. Por fim, na quinta parte, estão mencionadas as considerações finais, limitações do estudo e possibilidades de novas pesquisas. 2. ENTENDENDO A GREEN SUPPLY CHAIN MANAGEMENT A Supply Chain é geralmente definida como um caminho linear de único sentido, que integra todas as atividades associadas ao fluxo e transformação de produtos, desde a extração de sua matéria-prima, passando pelo usuário final e seu descarte (BEAMON, 1999; SEURING; MÜLLER, 2008). Além disso, inclui as atividades associadas ao fluxo de informação ao longo da cadeia. O gerenciamento da cadeia logística visa gerar vantagens competitivas e estratégias com foco na relação de cooperação das empresas, bem como 2/16

proporcionar benefícios para todos os seus integrantes. Durante as últimas décadas, a gestão da cadeia de suprimentos passou a desempenhar um papel-chave no desempenho das empresas, como resultado de pressões de globalização, avanços na tecnologia da informação e aumento do nível de competitividade nos mercados (RAO; HOLT, 2005). No entanto, as atividades desenvolvidas ao longo da cadeia de suprimentos ocasionam em sérios impactos ao ambiente. O desperdício dos recursos naturais e as emissões de gases causados pelas atividades nos diversos elos da cadeia têm provocado graves problemas ambientais, como por exemplo o aquecimento global e a chuva ácida (ZUCATTO; VEIGA; EVANGELISTA, 2008; KUMAR; CHANDRAKAR, 2012). A partir da crescente preocupação ambiental associada aos questionamentos sobre impactos de produção e consumo, cada vez mais atenções são direcionadas para o desenvolvimento de estratégias de gestão ambiental para as cadeias de suprimentos, o que acaba influenciando práticas e estratégias empresariais, critérios de desempenho organizacional, estágios do ciclo de vida dos produtos, processos logísticos etc. (BRITO; BERARDI, 2010; BEAMON, 1999; SARKIS, 2002). Como a cadeia de suprimentos representa uma das atividades mais visíveis da empresa, inúmeros esforços estão sendo voltados para incorporar práticas ambientalmente corretas em sua gestão (WU; DUNN; FORMAN, 2012), emergindo, então, o conceito de Green Supply Chain Management (GSCM) ou Gestão da Cadeia de Suprimentos Verde. Adicionar o componente verde à gestão da cadeia de suprimentos envolve abordar a influência e as relações entre o gerenciamento da cadeia e do meio ambiente, visando equilibrar o desempenho empresarial com as preocupações ambientais (SRIVASTAVA, 2007; KUMAR; CHANDRAKAR, 2012). Ainda, esverdear os diferentes elos da cadeia exigiria uma forte integração da cadeia, que teria como consequência um aumento da sua competitividade (RAO; HOLT, 2005). A GSCM pode ser conceituada como a integração ambiental na cadeia de suprimentos, incluindo a concepção do produto, a procura e a seleção de material, os processos de fabricação, a entrega do produto final aos consumidores, bem como na gestão do produto após o término do seu ciclo de vida. A GSCM visa à redução do impacto ecológico da atividade operacional logística sem sacrificar a qualidade, o custo, a confiabilidade, o desempenho ou a eficiência no consumo de energia (SRIVASTAVA, 2007). Dessa forma, a GSCM se refere ao modo pelo qual o contexto ambiental é considerado efetivamente nos processos de decisão da cadeia (RHA, 2010; SARKIS, 2002). Além disso, a GSCM promove eficiência e sinergia entre os parceiros da cadeia e contribui para o aumento do desempenho ambiental, minimizando desperdícios e auxiliando a economia de custos (RAO; HOLT, 2005), a partir de três focos principais ambiente, estratégia e logística (ANDRADE; PAIVA, 2012). A GSCM favorece a adoção de práticas ambientalmente corretas, buscando reduzir os impactos negativos das operações da empresa, através da inclusão de aspectos em três níveis: (a) demandas normativas; (b) detecção precoce de impactos negativos das atividades sobre o meio ambiente; e, (c) cooperação por meio do desenvolvimento e monitoramento de fornecedores e outros parceiros (ZUCATTO; VEIGA; EVANGELISTA, 2008). Assim, percebe-se, como benefícios significativos da GSCM, redução de custos, maior facilidade de entrada no mercado global, redução do uso dos recursos, da mão de obra e do consumo de energia, substituição de materiais e matérias-primas, redução de resíduos, publicidade favorável, a integração de fornecedores no processo de tomada de decisão, estratégias diferenciadas de compras, geração de vantagem competitiva, melhora no nível de satisfação do cliente, reforço da imagem da marca, desenvolvimento mais eficiente de novos produtos, 3/16

melhora no relacionamento com agentes reguladores (ROUNTROY, 2009; ANDRADE; PAIVA, 2012; RAO; HOLT, 2005). Ainda, o uso de certificações ISO na cadeia de suprimentos favorece a incorporação da filosofia verde (ROUNTROY, 2009). O conceito de GSCM inclui iniciativas ambientais na logística de entrada, produção, logística de saída e na logística reversa, incluindo e envolvendo fornecedores de matériaprima, contratantes de serviços, distribuidores e usuários finais, que trabalham em conjunto para minimizar os impactos ambientais de suas operações (RAO; HOLT, 2005). As ferramentas da GSCM abrangem o Design Verde, Operações Verdes, Manufatura Verde, Remanufatura, Logística Reversa, Redução de Resíduos, entre outros (SRIVASTAVA, 2007). De tal modo, a GSCM engloba atividades de redução de perdas, reciclagem, desenvolvimento de fornecedores, desempenho dos compradores, compartilhamento de recompensas e riscos, adoção de tecnologias mais limpas, adequações a normas e legislação, reutilização de materiais, economia no consumo de água e de energia, utilização de insumos ecologicamente corretos, processos de produção mais enxutos e flexíveis, responsabilidades para todos participantes da cadeia (BOWEN et al., 2001). É possível perceber que tais práticas isoladas não promovem os mesmos ganhos do que se forem adotadas em conjunto. O uso das ferramentas do GSCM conduz à melhoria do desempenho, oportunizado a partir da capacitação de toda a cadeia de suprimento, por meio de acompanhamentos, medições, programas de melhoria e redução de custos em virtude do desenvolvimento de todos os envolvidos na cadeia. Os esforços voltados para a GSCM têm incentivado empresas a adotar em sua cadeia um circuito fechado, com mais de um sentido (BEAMON, 1999), onde o controle e operação de um sistema para maximizar a criação de valor ao longo de todo ciclo de vida de um produto ocorre com a recuperação de valor, a partir de diversos tipos e volumes de retornos ao longo do tempo. A gestão da cadeia verde de suprimentos visa promover ganhos econômicos e ambientais nos processos intrínsecos ao gerenciamento da cadeia de suprimentos, contribuindo, ao mesmo tempo, com os interesses da sociedade e com os objetivos das organizações (SRIVASTAVA, 2007; GREEN; MORTON; NEW, 1998). Para tanto, é preciso que exista comprometimento de toda organização para minimizar continuamente seus impactos ambientais e monitorar a otimização da alocação dos recursos produtivos (MINATTI; ALBERTON; MARINHO, 2011). Além disso, para que a excelência possa ser alcançada ao longo da cadeia de suprimentos, a organização deve estabelecer uma relação de longo prazo de cooperação e parceria com seus fornecedores e compradores (VANCHON; KLASSEN, 2006; KUMAR; CHANDRAKAR, 2012). 2.1 A GSCM e a Gestão da Cadeia de Suprimentos Sustentável Na discussão da inserção da sustentabilidade na gestão da cadeia de suprimentos, aspectos sociais são considerados menos desenvolvidos do que aspectos ambientais. O desenvolvimento sustentável é muitas vezes reduzido a melhorias ambientais (SEURING; MÜLLER, 2008). Alguns trabalhos argumentam que as questões sociais ainda são pouco exploradas na gestão da cadeia de suprimentos (SEURING; MÜLLER, 2008; CARVALHO et al., 2011; BRITO; BERARDI, 2010; GOLD; SEURING; BESKE, 2009; WU; DUNN; FORMAN, 2012; CARVALHO, 2011; ADAIME; CARVALHO; MONZONI, 2011; DALÉ; HANSEN; ROLDÃO, 2010) e apontam para a necessidade de um conceito mais amplo, envolvendo as três dimensões da sustentabilidade econômica, ambiental e social. Há uma necessidade muito maior de cooperação entre as empresas parceiras na gestão da cadeia de suprimentos sustentável (SEURING; MÜLLER, 2008). Com a crescente demanda para 4/16

integrar conceitos do tema sustentabilidade na gestão da cadeia de suprimentos, percebe-se uma aproximação de aspectos ambientais e sociais na gestão operacional da cadeia (BRITO; BERARDI, 2010). Surge, assim, o conceito de Sustainable Supply Chain Management (SSCM), ou gestão da cadeia de suprimentos sustentável. A SSCM pode ser conceituada como a gestão dos fluxos de informação, material e capital, bem como a cooperação entre empresas ao longo da cadeia de suprimentos, tendo objetivos das três dimensões do desenvolvimento sustentável (econômica, ambiental e social), levando em consideração que são derivados das necessidades dos clientes e das partes interessadas. Na SSCM, critérios ambientais e sociais precisam ser cumpridos por todos os elos da cadeia para que os mesmos se mantenham como integrantes da mesma. Desse modo, a gestão sustentável da cadeia de suprimentos leva em conta uma ampla gama de questões e, portanto, olha para uma parte mais longa da cadeia de suprimentos (SEURING; MÜLLER, 2008). O estudo da SSCM parece seguir a linha do debate da agenda socioambiental na formulação da estratégia empresarial. Nesse sentido, são identificados como principais motivadores para sua adoção a necessidade de adequação às pressões ambientais e a busca da ecoeficiência, ou menores custos (BRITO; BERARDI, 2010). Assim, verifica-se que a SSCM aproximou a visão tradicional das operações da gestão da cadeia de suprimentos lucro e eficiência com aspectos mais amplos de impactos aos públicos de interesse e ao meio ambiente (KLEINDORFER; SINGHAL; VAN WASSENHOVE, 2005). As atividades da SSCM são importantes não apenas por preservar o meio ambiente e minimizar suas perdas, mas também conseguem integrar a questão fatores sociais e econômicos (CARVALHO et al., 2011). Todavia, o conceito da gestão da cadeia de suprimentos sustentável é ainda mais recente e carente de robustez no campo teórico. Existem ainda uma série de barreiras que dificultam a implantação de boas práticas socioambientais na cadeia. É preciso haver controles internos, monitoramento, integração, conscientização, engajamento, e, principalmente, comunicação transparente. Logo, a cadeia garantirá não somente sua licença para operar, mas também sua vantagem competitiva (ADAIME; CARVALHO; MONZONI, 2011). 2.2 A GSCM e a SSCM em publicações Embora a GSCM esteja em evidência, sua implementação ainda é uma questão em aberto dentro das empresas (BOWEN et al., 2001). A política ambiental, assim como outros aspectos da estratégia empresarial, deve ser baseada nos fundamentos econômicos da organização: a estrutura da indústria na qual a empresa opera; sua posição dentro dessa estrutura; e, suas capacidades organizacionais. Desse modo, apesar de investimentos realizados para reduzir os impactos ambientais sejam bem vistos pela sociedade, os gestores precisam identificar as circunstâncias que levarão tais investimentos a favorecer não somente a geração de benefícios públicos, mas também os lucros corporativos (ORSATO, 2006). Inúmeros são os aspectos que podem influenciar a organização para a adoção de práticas verdes em suas operações, fazendo com que a empresa desperte sua consciência ambiental e coloque em prática atividades ambientais em suas cadeias de suprimentos (KUMAR; CHANDRAKAR, 2012). A motivação para adoção da GSCM pode ser originada por variáveis externas aos processos internos da gestão da empresa. É possível perceber, dessa maneira, que os estudos iniciais sobre o tema começam a ser desenvolvidos em países onde a questão ambiental já representa uma preocupação latente. No estudo realizado por Wu, Dunn e Forman (2012), foi evidenciada a situação das práticas de GSCM entre as maiores 5/16

corporações do mundo, listadas pela revista Fortune. De acordo com a pesquisa, 38% das matrizes das maiores empresas mundiais estão localizadas na Europa; 32%, estão localizadas na América do Norte; e, 27%, na Ásia. Dessa maneira, é possível compreender porque certas regiões, como a Europa, são líderes na inserção de práticas verdes na cadeia de suprimentos (WU; DUNN; FORMAN, 2012). Portanto, existem diversos trabalhos publicados acerca do processo de implementação dos conceitos da GSCM e também da SSCM em empresas, cadeias e setores de vários países, destacando-se Europa, Canadá e países da Ásia. Srivastava (2007) realizou um estudo, nomeado estado da arte da literatura em GSCM, com o objetivo de identificar obras importantes sobre a pesquisa da gestão da cadeia de suprimentos verde. Foram analisados 227 artigos, publicados a partir de 1990. O autor identificou que os assuntos estudados pelos pesquisadores da área são, em sua maioria, compartimentados e voltados para um assunto específico da GSCM, bem como voltados para área interna da empresa. Seuring e Müller (2008), por sua vez, desenvolveram um quadro conceitual acerca da SSCM, a partir da análise de 191 artigos publicados entre 1994 e 2007 sobre o tema. Os autores perceberam que os estudos referentes às questões ambientais ainda predominam as pesquisas de sustentabilidade na cadeia de suprimentos. No Brasil, muito se tem publicado em relação à logística reversa, mas poucos estudos procuram analisar as práticas ambientais e sociais na cadeia de suprimentos. Ao longo última década, é possível verificar um crescimento do tema, entretanto alguns casos ainda são derivados de trabalhos internacionais (ANDRADE; PAIVA, 2012; DALÉ; HANSEN; ROLDAN, 2010; CARVALHO, 2011; GAVRONSKI, 2009; LEAL; SHIBAO; MOORI, 2009; ADAIME; CARVALHO; MONZONI, 2011; CARVALHO et al., 2011; BRITO; BERARDI; 2010; KOBAL; SANTOS; SOARES, 2012; ZUCATTO; VEIGA; EVANGELISTA, 2008; MINATTI; ALBERTON; MARINHO, 2011; KOBAL; ABREU; SANTOS, 2012). Machado Júnior, Souza e Ribeiro (2012) realizaram um estudo bibliométrico com intuito de analisar os trabalhos que abordavam a temática da sustentabilidade ambiental, publicados Simpósio de Administração da Produção, Logística e Operações Internacionais (SIMPOI). Em um período de 15 anos, os autores identificaram 230 artigos, dos quais 41 englobavam cadeias de suprimento verdes tema predominante entre o total dos artigos. Ainda assim, as pesquisas a serem desenvolvidas no Brasil devem traçar um caminho de construção conceitual, embasada em dois conceitos que, por sua vez, também não estão totalmente consolidados na literatura de administração: sustentabilidade e cadeia de suprimentos. Considerado uma temática relativamente nova, a GSCM comporta um espaço amplo para o desenvolvimento de uma grande variedade de pesquisas, tanto teóricas como empíricas (LEAL; SHIBAO; MOORI, 2009). Por sua vez, o conceito de SSCM é ainda mais recente e carente de robustez no campo teórico (ADAIME; CARVALHO; MONZONI, 2011). O desenvolvimento de pesquisas e suas publicações posteriormente no exterior podem contribuir para aumentar a representatividade do país acerca da GSCM (LEAL; SHIBAO; MOORI, 2009). 3. MÉTODO A pesquisa procura compreender os motivos da pequena difusão do conceito e das práticas de GSCM, a partir visão de pesquisadores em Supply Chain Management (SCM) sobre a Green Supply Chain Management (GSCM), no Brasil. Desta forma, é classificada 6/16

como qualitativa, visto que visa oportunizar melhor visão e compreensão (MALHOTRA, 2006, p. 155) acerca da aplicação dos conceitos da GSCM no país. Ainda, o trabalho é caracterizado como um estudo exploratório, uma vez que examina um fenômeno presente dentro de seu contexto, estimulando novas descobertas (ROESCH, 1999). Como técnica de coleta de dados, foi utilizada a entrevista com especialistas, desenvolvida com auxílio de um roteiro semiestruturado. A finalidade dessas entrevistas é auxiliar a levantar soluções e não desenvolver um resultado conclusivo (MALHOTRA, 2006). As entrevistas foram registradas por meio de gravação em áudio e, posteriormente, transcritas. No estudo, foi empregado o método de amostragem não probabilística por julgamento, composta por especialistas do tema SCM da área Administração. Os estudiosos foram escolhidos em virtude de sua formação e experiência profissional acadêmica ou técnica e de suas contribuições relevantes para a área, bem como por indicação de outros especialistas. O contato inicial com os especialistas ocorreu por meio eletrônico, onde um e-mail foi encaminhado com uma breve explicação dos objetivos da pesquisa juntamente com um convite para participação no estudo. No intuito de possibilitar maior conveniência aos participantes do estudo, as entrevistas se configuraram de diferentes formas: três foram realizadas por meio telefônico, cinco se deram por meio da utilização do programa Skype e uma das entrevistas foi realizada pessoalmente. Além disso, a participação de um respondente ocorreu a partir do envio do roteiro de entrevista via correio eletrônico, em virtude de sua agenda de compromissos. Foram realizados 20 (vinte) contatos, onde a taxa de retorno foi 50%. Dentre os dez respondentes, sete possuem o título de Doutor, atuando em Programas de Pós-Graduação em áreas e linhas de pesquisas associadas à SCM. Por sua vez, os outros três estudiosos possuem o título de Mestre, com experiência de atuação profissional e acadêmica na área. As entrevistas ocorreram durante o mês de julho, em 2012, com tempo médio de duração de 15 minutos. A Tabela 01 apresenta a instituição a qual cada entrevistado está vinculado, bem como sua respectiva titulação. Com o intuito de preservar suas identidades, os entrevistados foram classificados por letras do alfabeto, conforme a ordem de realização das entrevistas. Tabela 01. Características dos Entrevistados Entrevistado Instituição Titulação A Fundação Getúlio Vargas (FGV) Doutor B Fundação Getúlio Vargas (FGV) Doutor C Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) Doutor D Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Mestre E Universidade Nove de Julho (UNINOVE) Doutor F Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Mestre G Fundação Getúlio Vargas (FGV) Doutor H Fundação Getúlio Vargas (FGV) Doutor I Universidade de Caxias do Sul (UCS) Doutor J Fundação Instituto de Administração (FIA) Mestre Para o tratamento dos dados, utilizou-se a técnica da análise temática de conteúdo, proposta por Bardin (2009), a qual se baseia em realizar um desmembramento do texto em unidades, a partir dos diferentes núcleos de sentido, e, em seguida, o reagrupamento dessas unidades em classes ou categorias. Enquanto método, a análise de conteúdo compreende um conjunto de técnicas de análise das comunicações que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens. A autora aponta a necessidade de três etapas para a análise: (a) pré-análise do material coletado nas entrevistas; (b) análise e 7/16

exploração do material propriamente dito; e, (c) tratamento dos resultados para constituição da análise reflexiva. Nessa pesquisa, as categorias de análise foram identificadas a partir de grade aberta, por meio de procedimentos interpretativos dos relatos obtidos nas entrevistas (BARDIN, 2009). 4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS Dada a utilização da técnica de análise temática de conteúdo, foram identificadas categorias a partir dos comentários dos especialistas considerados mais relevantes e mais frequentes para o contexto estudado. Ao analisar os motivos pelos quais os conceitos da Green Supply Chain Management (GSCM) não terem se desenvolvido no Brasil em comparação com outros países, quatro tópicos se destacaram e foram elencados nas seguintes categorias: (a) características do mercado nacional; (b) foco empresarial em aspectos internos; (c) falta de legislação rígida; e, (d) falta de pressão do mercado consumidor. As questões de preocupação ambiental inseridas na cadeia de suprimentos representam um assunto relativamente novo. Conforme relatado nas entrevistas, o mercado brasileiro, comparativamente a outros países, apresenta uma característica de atraso na implementação de práticas organizacionais. Nesse sentido observa-se que as características do mercado nacional podem se configurar como aspectos determinantes para o desenvolvimento da GSCM no Brasil. O entrevistado G acrescenta ao argumentar que tem uma diferença em termos do nível de maturidade do tema sustentabilidade nas empresas brasileiras quando comparadas com empresas principalmente europeias, onde esse assunto avançou. Para o entrevistado A, a Alemanha é um dos países que mais avançou nesse tema, e nos países chamados em desenvolvimento ou economias emergentes usualmente as exigências vêm após esses primeiros movimentos. Seguindo a mesma perspectiva, o entrevistado B afirma que: Os próprios conceitos da Supply Chain Management se estabeleceram mais claramente na Europa e nos Estados Unidos, para então serem introduzidos no país. Na Europa, a Alemanha é um país que se destaca ao apresentar grandes preocupações com o meio ambiente. Na América do Norte, o Canadá figura como destaque em práticas verdes. Os Estados Unidos, por sua vez, por questões de redução de custos, passaram a ter maiores cuidados com a cadeia de suprimentos. No entanto, alguns entrevistados ressaltaram que é preciso ter cautela na comparação do Brasil com outros países. Para o pesquisador H, há uma visão distorcida sobre o assunto e fica parecendo que a Green Supply Chain Management não se desenvolveu no Brasil como em outros países. É preciso verificar quais são estes países, pois em relação a uns estamos melhores do que outros. Ainda, o entrevistado J alegou que a academia não acompanha o desenvolvimento de práticas realizadas pelas organizações, nem todos os estudos conseguem refletir o que está acontecendo aqui. Por sua vez, o especialista C acredita que tirando poucos países (Alemanha, por exemplo), a GSCM não é prática comum em lugar algum, e no Brasil não é diferente do outros. Bowen et al (2001) argumenta que organizações irão adotar práticas verdes na gestão da cadeia de suprimentos a partir do momento em que identificarem que isso resultará em benefícios financeiros e operacionais o que pode ser relacionado ao movimento de algumas empresas brasileiras que estão buscando integrar suas cadeias de suprimentos, bem como introduzir aspectos de gestão ambiental. 8/16

Nesse contexto, foi possível identificar que as empresas brasileiras ainda estão mais intensamente focadas em aspectos internos. O entrevistado I afirma que as empresas terceirizaram muito dos seus serviços, muitas de suas tarefas, para diminuir custos internos e não para formar parcerias. Ainda tem muito dessa visão de pegar o melhor preço, a melhor oferta do mercado, (...) salvando o seu lucro. O entrevistado G percebe que: As empresas no Brasil vêm vivendo um ciclo onde mais intensamente o foco é fazer o que eu chamo de dever de casa, a melhoria dos processos, práticas, estratégias políticas e dentro do âmbito da organização, sem ainda ter condição ou capacidade de levar essas práticas para suas cadeias tanto do lado de fornecimento quanto do lado de distribuição e consumo (...) é esse estágio de olhar pra dentro inicialmente e depois para a cadeia. Além disso, o pesquisador I argumenta que as empresas ainda estão engatinhando no sistema em que o fornecedor seja um parceiro comercial dela. Poucas empresas chegam a pensar nessa situação de cadeia produtiva mesmo. Em uma pesquisa realizada com quatro empresas brasileiras, Dalé, Hansen e Roldan (2010) identificaram que empresas focais das cadeias pesquisadas já desenvolviam diversas iniciativas sustentáveis, porém, o repasse de exigências ligadas a estas questões estão sendo incorporadas lentamente em suas cadeias de suprimentos. Outro estudo, feito por Andrade e Paiva (2012), que procurou analisar a SCM de uma empresa do setor sucroalcooleiro, à luz dos conceitos de GSCM, constatou poucos processos de cooperação ao longo da cadeia, o que seria importante para a sustentabilidade das operações no longo prazo. Desse modo, pode-se perceber que ainda falta a noção de uma cadeia integrada, trabalhando em cooperação, como um todo. O entrevistado F julga que ainda é difícil para nossa realidade [realidade brasileira] falar em Green Supply Chain, visto a dificuldade em encontrar uma cadeia que atenda realmente a essa proposta. Em relação à legislação nacional, percebe-se que existe falta de uma pressão do governo, por meio de uma forte regulamentação, que incentive a inserção de práticas ambientais no contexto empresarial. O entrevistado E alega que, de maneira geral, as empresas nacionais são reativas. O desempenho ambiental está atrelado ao cumprimento das leis, que devem reforçar a ideia de iniciativas verdes. Empresas pró-ativas buscam as melhores alternativas para reduzir seu impacto ambiental, onde as questões ambientais são vistas como questões de negócios (ORSATO, 2006), enquanto as empresas reativas buscam somente o cumprimento das leis (KUMAR; CHANDRAKAR, 2012). Os entrevistados argumentam que poucas empresas realizam ações em prol do ambiente, além do que é legalmente exigido. Logo, a instituição de uma legislação rígida se caracteriza como um fator relevante ao desenvolvimento e consolidação da GSCM no Brasil. Conforme Brito e Berardi (2010), a pressão legal e normativa leva empresas a adotarem práticas socioambientais para a solução de problemas sociais e ambientais. De acordo com o entrevistado A, as legislações que protegem o meio ambiente primeiro acontecem nos países industrializados e depois vem para os países mais periféricos. De fato, os avanços da GSCM nos países da União Europeia ocorreram significativamente em virtude da intensa regulação pública. Por exemplo, a Diretiva 442 do Conselho da Comunidade Europeia (1975), que é relacionada ao gerenciamento de resíduos sólidos; a Diretiva 62 (1994), que estabelece a responsabilidade expandida dos produtores de embalagens e embaladores, com a finalidade de minimizar o volume de embalagens descartadas nos resíduos (RAO; HOLT, 2005); e, a Diretiva 95 (2002), que determina 9/16

restrições ao uso de certas substâncias perigosas em equipamentos eletroeletrônicos, são exemplos de políticas públicas vigorosas. Em seu estudo, Rha (2010) constatou que preocupações sociais e questões sobre o meio ambiente começaram a surgir no início da década de 1990 na Coreia do Sul, quando o governo estabeleceu novas leis e regulamentos, para incentivar a prática da gestão ambiental. Em 2003, o governo coreano delineou normas para estratégias de GSCM para organizações. É consenso entre os entrevistados que o governo estabeleça regulamentações rigorosas juntamente com uma forte fiscalização, por parte dos órgãos responsáveis, para que as empresas passem a introduzir práticas ambientais em suas rotinas organizacionais. O entrevistado H ratifica esse argumento ao relatar que sem uma política pública vigorosa, as coisas não acontecem. Não dá para esperar grandes avanços por meio de iniciativas voluntárias de empresas e seus clientes. Nesse contexto, o entrevistado G alega que empresas nacionais sofrem menos pressão dos agentes externos em relação às práticas na cadeia de suprimentos, o que é diferente de empresas europeias. No que tange às pressões do mercado consumidor, verifica-se que, em média, o consumidor brasileiro não cumpre um papel ativo na cobrança de práticas ambientais das empresas. Para o pesquisador D, é cultura do consumidor brasileiro, que não exige isso [práticas ambientais] das empresas, e acaba tendo esse efeito dominó: esse consumidor não exige então por que as pessoas que estão envolvidas na cadeia vão se preocupar com isso?. Os relatos apontam que consumidores ainda acreditam que as ações ambientais refletirão no aumento do preço do produto ou serviço, como argumenta o entrevistado A, que ao final, a grande dificuldade das empresas é não conseguir um preço no mercado brasileiro que esteja dentro dos padrões esperados por ele para poder cobrir esses custos adicionais [custos ambientais]. Todavia, para Sarkis (2002), os benefícios das decisões relativas às questões ambientais não afetarão somente a organização que toma a decisão, mas também seus fornecedores, distribuidores e, especialmente, em seus clientes. Percebe-se, portanto, que o mercado de consumo parece influenciar a não-conscientização das empresas para uma gestão mais focada nos conceitos da GSCM no país. A partir dessas visões apresentadas pelos respondentes, foram evidenciadas perspectivas para o desenvolvimento da GSCM no Brasil. Segundo o entrevistado J, parece que o processo de conscientização está acontecendo, o processo legal está em um bom caminho. Por sua vez, o especialista G alega que as empresas que estão em uma posição de mais liderança no tema sustentabilidade acordaram para esse tema, e estão procurando (...) implementar processos e práticas. Porém, o entrevistado F ressalta que apesar de seu desenvolvimento, o processo de disseminação dos conceitos da GSCM não ocorrerá tão rapidamente quanto se deseja. O pesquisador D acredita que isso [a implantação] é algo que vai demorar um pouquinho para alcançar o nível de outros países. O pesquisador B crê no desenvolvimento, mas talvez não na velocidade que deveria, porque aí entra nossa cultura de baixa velocidade. Ainda, o entrevistado H pondera que algumas cadeias irão responder mais rapidamente do que outras, principalmente em função dos setores que atuam. Desse modo, ao serem analisadas as perspectivas para o desenvolvimento da GSCM no Brasil, foram apontadas as três categorias: (a) Política Nacional dos Resíduos Sólidos; (b) pressão do mercado internacional; e, (c) a busca por certificação ambiental. A adoção de práticas ambientalmente corretas é motivada pelas pressões institucionais, pressões por padrões mínimos de competitividade e pressões da cadeia, já que tais variáveis fazem parte da realidade empresarial (BRITO; BERARDI, 2010). 10/16

No Brasil, a Política Nacional de Resíduos Sólidos foi instituída somente em 2010, com a Lei nº 12.305/10, reunindo o conjunto de princípios, objetivos, instrumentos, diretrizes, metas e ações adotado pelo governo em relação à gestão integrada e ao gerenciamento ambientalmente correto dos resíduos sólidos (BRASIL, 2010). As empresas passaram a se mobilizar para atender às exigências da lei, elaborando seus planos de gestão de resíduos sólidos, em virtude do prazo estipulado para sua implementação a partir de agosto de 2014. Conforme o entrevistado A, as empresas não querem correr o risco de não fazê-lo [o plano de gestão], porque o custo é mais alto (...). Conforme Kumar e Chandrakar (2012), programas governamentais, que incentivam a adoção voluntária de ações ambientais, acabam incentivando indiretamente a adoção de práticas de GSCM. Muitas empresas estão começando a exigir que seus fornecedores atendam a uma longa lista de requisitos no que diz respeito ao meio ambiente, em função da responsabilidade compartilhada, determinada pela lei. Quando a empresa focal é pressionada, ela geralmente passa esta pressão para os fornecedores (SEURING; MÜLLER, 2008). Assim, os dados sugerem que a Política Nacional dos Resíduos Sólidos pode ser um incentivo para que os conceitos da GSCM sejam disseminados entre as empresas. Em relação à pressão do mercado externo, nota-se que existe proximidade entre as pressões de mercados externos e a adoção de práticas verdes ao longo da cadeia. A maior exposição de empresas brasileiras a mercados globalizados obrigam-nas a se adequar às legislações de outros países e a apresentar práticas ambientalmente desejadas e certificadas, como afirma o pesquisador H, as empresas sofrem mais pressões quando estão atuando no mercado externo e as questões ambientais envolvidas podem ser motivos para levantar barreiras ao comércio. Essa exposição, ainda, exige que as empresas estejam em busca de maior competitividade. Um estudo realizado por Rao e Holt (2005), em empresas asiáticas, afirmou que as organizações que aplicam práticas de GSCM são aquelas que possuem maior competitividade: melhoria da eficiência, melhoria da qualidade, melhoria da produtividade e redução de custos. Além disso, o entrevistado A relata que, de alguma forma, as empresas multinacionais têm uma busca constante de disseminação de práticas entre diferentes unidades no mundo. Tal estratégia se reflete na disseminação de conceitos como os da GSCM no Brasil. Logo, as questões institucionais de outros países acabam afetando as cadeias das filiais localizadas no país e, num segundo momento, as cadeias das empresas nacionais. As certificações ambientais e os sistemas de gestão ambiental cumprem um importante papel na resposta às pressões internacionais, visto que atribuem maior credibilidade às ações e práticas organizacionais. A ISO 14.000 é uma norma gerencial, que focaliza o processo de gerenciamento das atividades empresariais que possuem impacto no ambiente, bem como evidencia o impacto ambiental que o produto pode representar ao longo do seu ciclo de vida (OLIVEIRA; PINTO; LIMA, 2008). Conforme o especialista A, aqueles setores que são mais expostos à competição internacional ou estão mais inseridos no mercado global consequentemente têm mais pressões externas para se adequar a esses padrões ambientais. Para o entrevistado H, as certificações ambientais cumprem um importante papel nesse processo, não é por outra razão que empresas brasileiras que exportam (...) buscam esses certificados. Esse relato pode ser relacionado com fato de que a relação entre sistemas de gestão ambiental e as práticas da GSCM tem implicações significativas para a sustentabilidade ambiental de uma organização, uma vez que as atividades desenvolvidas são potencialmente complementares (MINATTI; ALBERTON; MARINHO, 2011). Os entrevistados acreditam que processo para a obtenção de certificações de uma empresa pode contribuir para a certificação da cadeia como um todo. O entrevistado E, o qual 11/16

garante que empresas que já tem um sistema de gestão ambiental implantado, são aquelas que começam a cobrar práticas de gestão ambiental, desempenho ambiental de seus fornecedores. Adicionalmente, o pesquisador H alega que: Para a obtenção das certificações, a empresa deve realizar ajustes em seus produtos e processos produtivos para atender à norma, o que muitas vezes torna-se necessário repassar para seus fornecedores e estes para os seus, de modo que os requisitos desejados acabam sendo implantados ao longo da cadeia de suprimentos a partir da estratégia interna de uma empresa. Tais argumentos podem ser corroborados com o estudo de Rao e Holt (2005) em firmas asiáticas, o qual evidenciou que algumas estão trabalhando juntamente de fornecedores para reduzir as emissões, monitorar os fluxos de resíduos, configurar seus programas ambientais e, até mesmo, estender o apoio técnico para ajudá-los com a conservação dos recursos naturais. Ademais, Rha (2010) aponta que, para implantar práticas GSCM, as empresas exigem melhorias na gestão ambiental de seus parceiros da cadeia de suprimento ao fornecer programas de treinamento e compartilhar seu sistema de gestão ambiental. Entretanto, salienta-se que a inserção da questão da sustentabilidade como um todo com suas dimensões econômica, social e ambiental além de permear todos os processos internos, passa também a ter relevância nos relacionamentos externos da empresa, englobando, assim, toda a cadeia de suprimentos da empresa (LEAL; SHIBAO; MOORI, 2009). Segundo os entrevistados, as práticas atuais da GSCM ainda se concentram na redução de custos e prevenção da poluição. Entretanto, mudanças positivas podem começar a ser percebidas, uma vez que as organizações passam a incorporar de medidas sustentáveis em suas estratégias e práticas cotidianas (WU; DUNN; FORMAN, 2012). A partir de iniciativas voltadas à cadeia de suprimentos, os esforços direcionados para a inserção do tema sustentabilidade irá formar uma base de práticas sustentáveis em todas as organizações envolvidas (ORSATO, 2006). Nessa perspectiva, de acordo com o entrevistado G, eu percebo que o tema [GSCM] está amadurecendo no Brasil, e acho que, pela complexidade da nossa realidade, a gente não deve olhar para esse assunto apenas sob a perspectiva do Green, mas sob a perspectiva do Sustainable. O entrevistado F alega que a sustentabilidade pode ser comparada a um guardachuva, uma vez que existem inúmeras definições e interpretações de seus conceitos, o que dificulta o entendimento.... Perspectivas sociais e questões ambientais passaram a ser introduzidas mais frequentemente no debate econômico, o que conferiu diversas correntes, conceitos e definições, sendo notória a falta de consenso entre eles (BRITO; BERARDI, 2010). Assim sendo, foi questionada a opinião dos entrevistados em relação a Green Supply Chain Management e a Sustainable Supply Chain Management (SSCM). A GSCM é a introdução de preocupações com os aspectos ambientais, ou seja, com tudo aquilo interage ou pode interagir com o meio ambiente, como conceitua o entrevistado H. A GSCM surge em um contexto onde as questões referentes à degradação ao meio ambiente, bem como à exploração dos recursos naturais, começaram a ser abordadas de maneira mais crítica e evidente. Tal fato é comprovado pelo trabalho de Srivastava (2007), que realizou um levantamento teórico sobre a literatura publicada sobre GSCM, de modo a facilitar o estudo, a prática e a pesquisa sobre o tema. Para o autor, GSCM pode ser conceituada como a integração ambiental na cadeia de suprimentos, o que inclui o design de produto, a procura e a seleção de material, os processos de fabricação, a entrega do produto final aos consumidores, bem como a gestão do produto após sua vida útil, envolvendo práticas 12/16

de redução, reutilização, reciclagem, remanufatura, remontagem, logística reversa etc. Assim, percebe-se que as ações verdes na cadeia de suprimentos englobam a combinação de duas dimensões da sustentabilidade, a econômica e a ambiental. No entanto, o entrevistado A afirma que hoje talvez já não faça mais sentido pensar o Green sem estar integrado com as questões sociais e econômicas. O pesquisador G complementa essa afirmação, ao abordar o surgimento dos conceitos: O Green surge nesse contexto mais europeu e americano onde a variável social não era tão evidente, tão prioritária, né. Então o conceito surge numa perspectiva de ecoeficiência, de redução do consumo de matéria-prima, de inovações com o foco mais ambiental. Enfim, a realidade é muito mais complexa do que essa, quando você amplia o olhar para os países em desenvolvimento. Assim, a SSCM é considerada uma visão mais ampla em comparação à GSCM, uma vez que inclui questões sociais na cadeia. O entrevistado C percebe a GSCM como uma das dimensões do SSCM, o que é corroborado pelo trabalho de Seuring e Müller (2008), que afirmam que a GSCM é parte de um conceito mais vasto, a SSCM. Brito e Berardi (2010) dizem que a SSCM conduziu a uma expansão das fronteiras e passam a contemplar mais processos que os anteriormente inseridos na GSCM. Nessa mesma visão, o pesquisador E crê que é incorreto usar a cadeia de suprimentos sustentável, se as questões econômica e social não tiverem atreladas, nos trabalhos acadêmicos e até mesmo nos trabalhos desenvolvidos pelas empresas focados em sustentabilidade. Ademais, deve-se atentar para a tradução dos termos para a língua portuguesa, uma vez que o termo Gestão da Cadeia de Suprimentos Sustentável é empregado para abordar questões da GSCM e da SSCM. Todavia, a GSCM deve ser empregada quando abranger preocupações com o meio ambiente na cadeia de suprimentos, enquanto que SSCM deve ser utilizada quando relacionar preocupações ambientais juntamente com questões sociais na cadeia. Logo, nota-se que a GSCM faz parte da SSCM. É equivocado utilizar o termo gestão da cadeia sustentável se as variáveis sociais e econômicas não estiverem atreladas. O entrevistado E esclarece que uma cadeia de suprimentos não pode ser definida como sustentável se não aborda aspectos sociais e econômicos, juntamente com a questão ambiental. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS A pesquisa apresentou como objetivo analisar a pequena difusão do conceito e das práticas de GSCM no Brasil. Dessa maneira, especialistas da área de Supply Chain Management foram questionados acerca das razões para os conceitos da Green Supply Chain Management (GSCM) não terem se desenvolvido no Brasil em comparação com em outros países. Verificou-se, assim, que as características do mercado nacional em virtude de atrasos na implantação de práticas organizacionais, quando se compara o mercado interno com mercados exteriores, foram umas das razões levantadas pelos entrevistados. Os especialistas apontaram, também, que a falta de pressão por parte do governo, através de rigorosa regulamentação e fiscalização pode ser uma explicação para o lento desenvolvimento. Além disso, o foco empresarial para aspectos internos e, consequentemente, operações intraorganizacionais, e a falta de pressão exercida pelos consumidores, aparecem como possíveis explicações pelos respondentes. 13/16

No entanto, a visão dos especialistas é positiva em relação ao desenvolvimento das práticas e conceitos da GSCM no Brasil. Nesse sentido, argumentaram que percebem o crescimento do tema no país, bem como perspectivas para o futuro, a partir da consolidação da Política Nacional dos Resíduos Sólidos, do aumento das pressões do mercado internacional que cada vez mais exige boas práticas ambientais e da busca por certificação ambiental, que se reflete nos elos da cadeia de suprimentos. Ainda, os respondentes relataram suas opiniões sobre as diferenças entre os conceitos da GSCM e da Sustainable Supply Chain Management (SSCM). Em virtude da realidade nacional, ficou evidenciada a ideia de que a dimensão social não pode ser desconsiderada. Portanto, pode-se compreender que os pesquisadores entrevistados consideram que a GSCM está se desenvolvendo, deixando de ser um conceito coadjuvante para se tornar protagonista no cenário brasileiro. Além disso, complementam que a realidade complexa brasileira apresenta a questão ambiental como variável crítica, sugerindo que o papel protagonista deveria caber à SSCM. Cabe ao cenário nacional oferecer condições para que tal papel possa ser atingido. Mais do que adicionar a variável ambiental na cadeia de suprimentos, a GSCM proporciona às empresas brasileiras uma alternativa para se repensar o modo de produção atual. Como limitação do estudo, apresentam-se o tamanho da amostra e a classificação não probabilística por julgamento. Os materiais coletados refletem as opiniões e comentários dos estudiosos acerca do tema, dessa maneira, outros participantes poderiam atribuir diferentes respostas aos questionamentos realizados. De tal modo, indicam-se como pesquisas futuras, analisar opiniões de maior número de especialistas; entrevistar especialistas de outras áreas; entrevistar empresários acerca da temática; e, analisar o nível de publicação em revistas ou eventos nacionais para verificar se há efetivamente um aumento de pesquisas sobre os temas GSCM e SSCM. REFERÊNCIAS ADAIME, P. P.; CARVALHO, A. P.; MONZONI, M. P. Temas Socioambientais e Gestão de Cadeia de Suprimento: Um Estudo de Caso sobre a Cadeia Produtiva de Soja na Amazônia Brasileira. Anais... XIV Simpósio de Administração da Produção, Logística e Operações Internacionais, São Paulo, 2011. ANDRADE, M. C. F.; PAIVA, E. L. Green Supply Chain Management na Agroindústria Canavieira: o Caso Jalles Machado. BASE Revista de Administração e Contabilidade da Unisinos. v. 9, n.1, p. 2-12, 2012. BARDIN, L. Análise de Conteúdo. 4ª ed. Lisboa: Edições 70, 2009. BEAMON, B. M. Designing the green supply chain. Logistics Information Management, v.12, n. 4, p. 332-342, 1999. BOWEN, F. E.; COUSINS, P. D.; LAMMING, R. C.; FARUK, A. C. Horses for Courses: Explaining the Gap Between the Theory and Practice of Green Supply. Greener Management International, v.35, Autumn, 2001. BRASIL. Lei nº 12.305. Política Nacional de Resíduos Sólidos, 2010. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm>. Acesso: 10 jun. 2012. 14/16

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