PERFIL EMPREENDEDOR DOS APICULTORES DO MUNICIPIO DE PRUDENTÓPOLIS Elvis Fabio Roman (Bolsista programa universidade sem fronteiras/projeto associativismo apícola no município de Prudentópolis), e-mail: ef.roman@hotmail.com, orientador: Edson Roberto Macohon, e-mail: ermacohon@unicentro.br. Universidade Estadual do Centro-Oeste/Setor de Ciências Sociais Aplicadas. Palavras-chave: apicultura, perfil empreendedor, desenvolvimento local. Resumo: esta pesquisa tem por objetivo definir o perfil empreendedor dos apicultores para avaliar qual a sua influência no desenvolvimento da apicultura. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, Quanto aos objetivos é exploratória e descritiva, Quanto aos procedimentos é de levantamento (survey) e pesquisa bibliográfica, abordagem do problema classifica-se como quantitativa com amostra intencional. Os resultados apontam que trata-se de um perfil motivado pela sobrevivência. Introdução As últimas décadas foram marcadas por transformações que criaram novos paradigmas na economia. Estas transformações têm exigido inovações no âmbito dos avanços tecnológicos, produtos e serviços oferecidos, nos processos de produção e também em seu modelo de negócio, segundo Dornelas (2003, p. 05) a era dos negócios baseada no conhecimento tem trazido surpresas para grandes conglomerados, acostumados a agir sempre da mesma forma, tratando os clientes da mesma maneira, achando que o sucesso do passado garantirá o sucesso no presente, pior ainda, no futuro. Em um ambiente competitivo, o consumidor tem se mostrado mais exigente, procurando produtos que atendam suas necessidades, aceitando com mais facilidade novos serviços e marcas de qualidade e que atendam graus de auto-sustentabilidade. Tendo em vista essa perspectiva de exigência nos processos de produção e comercialização, o setor agrícola, mais especificamente a apicultura, está passando por um momento de adaptações, tanto no âmbito de produção como também na tecnologia aplicada nos meios de beneficiamento do produto. Um dos problemas para a apicultura brasileira é a falta de assistência técnica e extensão rural para os apicultores. Os serviços existentes, além de não serem acessíveis, também não são adequados, servindo geralmente como instrumentos de difusão de pacotes
tecnológicos intensivos no uso de implementos e insumos que estão fora do alcance dos pequenos produtores. Nesse cenário de inovação constante, o desenvolvimento do perfil empreendedor por parte dos produtores de mel torna-se uma necessidade, pois a atividade apícola para ser competitiva exige a adoção de boas práticas de manejo, equipamentos adequados, conhecimento específico e tecnologia em produção. Por muitos anos o Brasil teve um tímido desenvolvimento no setor apícola se comparado com outras culturas até o ano 2000, o Brasil ocupava apenas a 27ª posição no ranking mundial de exportação de mel, com mais de 20 mil toneladas/ano (FILHO 2007, p. 07). Isso revela que o Brasil pode incrementar o volume de produção tanto no mercado interno com no mercado externo. Segundo Filho (2007, p. 45) o comércio internacional de mel tem crescido, segundo a FAO, a uma taxa média anual de 2,8%, no período de 1994/2004. Nos anos de 2002 e 2003 o comércio internacional de mel ultrapassou a marca de mais de 400 mil toneladas, ou seja, aproximadamente 30% da produção mundial. De acordo com Medeiros (2005) o cenário internacional estava se mostrando bastante promissor para o Brasil até 2006. No dia 17 de março deste ano, a União Européia estabeleceu embargo comercial proibindo a exportação de mel brasileiro para o mercado europeu, sob a alegação de descumprimentos dos prazos de implantação do Programa Nacional de Controle de Resíduos-PNCR. O mercado europeu representava, até então, o destino de 80% das exportações do mel brasileiro. Tendo em vista esses entraves para a apicultura brasileira há a necessidade do desenvolvimento do perfil empreendedor dos apicultores para sua sobrevivência no mercado e no desenvolvimento econômico regional. O artigo pretende responder a seguinte questão de pesquisa: Quais as principais características do perfil empreendedor dos apicultores do município de Prudentópolis? O objetivo geral deste artigo é definir o perfil empreendedor dos apicultores do município de Prudentópolis. Por meio do objetivo geral estabelecem os seguintes objetivos específicos: a) Distinguir os aspectos sociais e culturais que podem interferir na ação empreendedora dos apicultores do município de Prudentópolis; b) Compreender possíveis relações de interdependência entre as pessoas com suas necessidades empreendedoras e o desenvolvimento da apicultura no município de Prudentópolis; c) Entender de que forma os empreendedores, em ação ou em potencial, buscam adequar suas idéias ao desenvolvimento da apicultura no município de Prudentópolis. A relevância do estudo apresentado está na ausência de pesquisas relacionadas ao tema empreendedorismo rural. A realidade social apresenta-se com a estagnação dos meios de produção n que deixa estagnada a busca de novos meios de produção. Desta forma, por meio da disseminação dos fundamentos de empreendedorismo pretende-se instigar
a inovação tecnológica para o aprimoramento da produção apícola no município. Materiais e Métodos O artigo procura identificar o perfil empreendedor dos apicultores do município de prudentópolis, iniciou-se com uma pesquisa bibliográfica sobre o perfil empreendedor e sobre a avaliação de atributos que caracterizam um empreendedor. Realizou-se também uma pesquisa qualitativa através de entrevistas em profundidade. A escolha dos participantes foi feita seguindo alguns critérios de julgamento, os parâmetros para definir essas amostras são o seguinte: a) possuir no mínimo dez colméias; b) ter um ano ou mais de experiência no setor apícola; c) ter uma parcela de sua produção destinada à comercialização. Tendo como ferramenta a utilização de um roteiro de perguntas vinculadas direta ou indiretamente na influência de formação do perfil empreendedor. Quanto aos objetivos essa pesquisa caracteriza-se como exploratória e descritiva. Segundo Gil (1999), a pesquisa exploratória da-se por fornecer um conhecimento com poucas particularidades sobre o caso devido tal assunto ser pouco explorado. Esse tipo de pesquisa traz grandes contribuições cientificas e mais informações devido ser pouco pesquisado. Quanto aos procedimentos o artigo classifica-se como pesquisa de levantamento (survey) e pesquisa bibliográfica. Gil (1999) ressalta que, o levantamento de survey caracteriza-se por uma interrogação direta às pessoas auferindo os dados que se pretende conhecer mediante uma analise qualitativa e obter conclusões. A amostra formada considerando a população de apicultores do município de Prudentópolis, sendo homens e mulheres acima dos dezoito anos. Ela é classificada como não-probalistica e caracteriza-se por uma amostragem por tipicidade ou intencional na qual a seleção das unidades amostrais fica a cargo dos entrevistadores e, ou pesquisadores. Quanto à abordagem do problema a pesquisa classifica-se como quantitativa com amostra intencional. Resultados e Discussão Nesta seção são apresentados os resultados propostos nos objetivos, procurando respaldar os rumos que a apicultura do município tem tomado pelo grau empreendedor dos apicultores. Neste primeiro momento são descritos uma abordagem geral dos entrevistados, os apicultores estudados não têm seus nomes citados por questão de sigilo, sabe-se que estão inseridos nas comunidades onde serão implantadas as quatro unidades de extração de mel. Os apicultores entrevistados em quase sua totalidade têm traços de cultivo apícola herdados de seus pais. Também se constatou que a formação escolar limita-se ao ensino médio, nota-se que a maioria dos
apicultores tem ensino fundamental, isso detecta o baixo grau de desenvolvimento intelectual, e que 80% dos apicultores tem seu nível de escolaridade entre o primário e ensino fundamental. Quanto aos aspectos socioculturais contatou-se que os conhecimentos que usam para subsistência foram adquiridos com seus familiares e aperfeiçoados com alguns cursos ofertados por instituições de apoio a agricultura. Detectou-se que o apicultor tem dificuldades em se unirem por interesses coletivos e apesar de todas as comunidades possuírem associações estas trazem poucos resultados. A produção apícola está atrelada a ocupação familiar sem contratação de mão-de-obra que ocasiona em baixas taxas de produção tendo dificuldades em aumentar a produtividade, também constatou-se que a apicultura esta ligada a uma fonte secundária de geração de renda. Como em qualquer empreendimento, ao se iniciarem no setor apícola os produtores envolvidos esperavam que a apicultura gerasse melhores desempenho na propriedade, abrisse novas portas para o comércio e afetasse positivamente a renda familiar. O perfil empreendedor constatado é o do tipo motivado pela sobrevivência, ou seja, as pessoas constituem empreendimentos por necessidade de renda, afuniladas pela insuficiência de uma renda fixa, nesse sentido a maioria dos agricultores tiveram a iniciativa de implantação da apicultura na propriedade para melhorar a renda familiar. Conclusões Pode-se concluir então que o desenvolvimento mais intenso do perfil empreendedor é a chave para um grande avanço na produção apícola tanto em produtividade como nas formas de produção, ocasionando maior renda familiar gerando melhor qualidade de vida. O objetivo desse estudo foi contribuir para analise do ambiente em que a apicultura está inserida. Sugere-se que em novas pesquisas sejam abordados temas como, formas de empreender para gerar desenvolvimento local, e fatos que culminam na mudança de atitudes empreendedoras. Referências BEUREN, I. M. Como elaborar trabalhos monográficos em contabilidade: teoria e prática. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2008. DORNELAS, José Carlos Assis (2001). Empreendedorismo: transformando idéias em negócios, Campus, Rio de Janeiro. FILHO, A. Freitas et al. Capacitação em prospecção tecnológica de P&D: Brasil e América Latina. Parque Estação Biológica PqEB Final Av. W3 Norte 70770-901 Brasília-DF Brasil GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999.
NEVES, J. LUIZ. Pesquisa Qualitativa Características Usos e Probabilidades. Caderno de pesquisa em administração, São Paulo, V.1, Nº3, 2º SEM./ 1996. Disponível em: http://www.ead.fea.usp.br/cad-pesq/arquivos/c03-art06.pdf. Acesso em: 20 mai 2009.