Protocolo de manejo de úlceras por pressão (UP)



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Transcrição:

Protocolo de manejo de úlceras por pressão (UP) Autores Grupo de Cuidados a Pacientes com Lesões de pele do GHC: *Anaelí Brandelli Peruzzo Enfª estomaterapeuta coordenadora do Grupo de Prevenção e Cuidados com a Pele/Comissão de Gerenciamento de Risco do HNSC Christian Negeliskii Comissão de Gerenciamento de Risco do HNSC Maria Cristina Antunes Enfª estomaterapeuta UTI HNSC N2 Rosane Pignones Coelho PAD HNSC Silvia Justo Tramontini - SSC - Barão de Bagé Serviço de Controle de Infecção Hospitalar SCIH do HNSC Patrícia Reis Pereira Médica do SCIH do HNSC/HCC Porto Alegre, 2014

Protocolo de manejo de úlceras por pressão (UP) Introdução: Úlceras de pressão são lesões causadas por pressão contínua e prolongada, resultando em dano aos tecidos subjacentes, geralmente em locais de proeminência óssea. As lesões variam de simples eritema a osteomielite. As úlceras de pressão estão entre as condições mais comuns em pacientes que necessitam cuidados de saúde aguda ou cronicamente. Fatores de risco a exemplo de idade avançada e restrição ao leito são condições que aumentam a incidência (ANVISA 2013). Manifestações clínicas e estadiamento: Utiliza-se como sistema de estadiamento para classificar a extensão das úlceras de pressão o NPUAP/EPUAP (National Pressure Ulcer Advisory Panel) / (European Pressure Ulcer Advisory Panel), descritas na tabela 1. Tabela 1: Sistema NPUAP/EPUAP Classificação Categoria I: eritema não branqueável Categoria II: perda parcial da espessura da pele Categoria III: perda total da espessura da pele Categoria IV: perda total da espessura dos tecidos Descrição Pele intacta, porém com eritema não branqueável que dura mais de uma hora após alívio da pressão. Na pele escura o branqueamento pode não ser visível; a área pode estar dolorosa, dura, mole, mais quente ou mais fria comparativamente ao tecido adjacente. Ferida superficial com leito vermelho rosa sem esfacelo ou flictena aberto ou fechado. Apresenta-se como uma úlcera brilhante ou seca, sem crosta ou equimose. Perda total da espessura tecidular. O tecido adiposo subcutâneo pode estar visível, mas não estão expostos os ossos, tendões ou músculos. Tuneilização e tecido desvitalizado podem estar presentes. Perda total da espessura da pele, com exposição de ossos, tendões ou músculos, geralmente inclui tuneilização. Pode estar presente tecido desvitalizado (fibrina úmida) ou tecido necrótico. Pode atingir também fácia, tendão ou cápsula articular tornado a osteomielite e osteíte prováveis de acontecer. 2

Não estadiável Suspeita de lesão tissular profunda Perda total da espessura do tecido, com a base da úlcera coberta por necrose de liquefação (amarelo, acastanhado, cinzento, verde ou castanho) e ou/ ou coagulação - escara (tecido amarelo escuro, castanho ou preto). Uma escara estável (seca, aderente, intacta e sem eritema ou flutuação) nos calcâneos serve de proteção natural e não deve ser removida. Área localizada púrpura ou marrom na pele descolorida intacta ou bolha preenchida com sangue, devido a dano no tecido subjacente por pressão ou esmagamento. A evolução pode ser rápida expondo outras camadas de tecido adicionais mesmo com tratamento adequado. Manejo e tratamento das úlceras por pressão (UP): 1. Solicitar consultoria de curativos (enfermeiros do grupo de pele) identificando o escore de risco do paciente desenvolver UP através da aplicação da escala de Braden. Variáveis Percepção sensorial Escala de Braden Escores 1 2 3 4 Total Muito limitado Levemente limitado Nenhuma limitação Totalmente limitado Umidade Completamente Muito molhada Ocasionalmente molhada Raramente molhada molhada Atividade Acamado Confinado à cadeira Anda ocasionalmente Anda freqüentemente Totalmente imóvel Bastante limitado Levemente limitado Não apresenta limitações Mobilidade Nutrição Muito pobre Provavelmente inadequado Adequado Excelente Fricção e Cisalhamento Total Problema Problema em potencial Nenhum problema Escore de 19 a 23 pontos indica sem risco para ocorrência de úlcera por pressão (UP) Escore de 15 a 18 pontos indica risco leve para a ocorrência de UP Escore de 13 a 14 pontos indica risco moderado para ocorrência de UP Escore de 10 a 12 pontos indica risco elevado para ocorrência de UP Escore < a 9 pontos indica risco muito elevado para ocorrência de UP Adaptação de Paranhos & Santos, 1999 3

2. Identificar a categoria de desenvolvimento da UP Investigar: - ressecamento da pele e transpiração excessiva; - edema; - obesidade e pouca espessura da pele; - anemia; - distúrbios vasculares periféricos; - arteriosclerose; - distúrbios cardiopulmonares; - radiação; - incontinência; - gesso, tala, colete; - espasmos; - déficit de proteínas, vitaminas, minerais; desidratação - infecção; - diabete mélito; - câncer; - distúrbios renais e hepáticos; - neuropatia; conclusão; lesão cefálica; lesão na medula; - imobilidade. 3. Reduzir ou eliminar os fatores que contribuem para o agravamento das úlceras por pressão. 4. Prevenir a deterioração da úlcera - Integridade da pele prejudicada (enfermeiros do grupo de pele respondem a consultoria). - Lavar a área avermelhada delicadamente com sabão neutro, enxaguar e secar sem esfregar; - Evitar a massagem sobre o local afetado podendo ser aplicado protetor cutâneo sem álcool em spray, curativo transparente, placa de hidrocolóide, e curativos de espuma aderentes. 5. Aumentar a ingesta dietética. 6. Elaborar plano para o controle das úlceras em estado de Integridade tissular prejudicada (grupo de pele) - Investigar o estado da úlcera; - Investigar o tamanho; - Investigar a profundidade sem rompimento da pele, abrasão ou cratera rasa, cratera profunda, necrose, envolvimento do tendão ou cápsula óssea; - Investigar as bordas juntas, separadas, fibróticas; - Investigar a escavação medidas, tunelizadas; - Investigar o tipo de tecido necrótico e quantidade; - Investigar o tipo e quantidade do exsudato; 4

- Investigar a cor da pele circundante; - Verificar edema periférico e endurecimento; - Investigar o tecido granulatório; - Investigar a epitelização; - Desbridar o tecido necrótico (solicitar avaliação da equipe médica); - Lavar a base com SF 0,9% em jato morno; - Proteger área de granulação; - Cobrir o leito da lesão com curativo que mantenha a umidade sobre a base; - Monitorar os sinais clínicos de infecção; - Medir a cada úlcera semanalmente para determinar o progresso da cicatrização; 7. Consultar o enfermeiro especializado ou médico para o tratamento de úlceras necróticas, infectadas ou profundas. 8. Iniciar as orientações de saúde e os encaminhamentos conforme indicado. - Instruir a pessoa e a família sobre o manejo das úlceras; - Ensinar a importância da boa higiene da pele e da nutrição ideal; Medidas gerais: Avaliação do grupo de curativos (Tabela 2) e estabelecimento dos curativos conforme protocolo de cuidados a pacientes com lesões de pele institucional. Debridamento com biópsia óssea e RNM com contraste devem ser realizados na suspeita de osteomielite. Debridamento cirúrgico deve ser realizado na presença de celulite avançada, crepitação, flutuação e/ou sepse secundária à infecção de úlcera. Fístulas: realizar fistulografia. Abscessos: realizar tomografia com contraste para avaliação 5

Tabela 2: tipos de curativos e indicações Curativos - Curativo antimicrobiano com prata para úlceras infectadas; - Curativo tranparente manter a umidade e proteger área de risco lesional (fricção) - Protetor cutâneo sem álcool para proteção de lesão por umidade; - Hidrogel: para manter a umidade ou desbridamento autolítico da úlcera, feridas com pouco exsudato e com necrose; - Hidrocolóides para úlceras limpas e não infectadas, com pouco ou médio exsudato, categoria I, II e III - Hidrocolóides com prata: para úlceras infectadas com retardo na cicatrização não padronizado na instituição; - Ácidos graxos essenciais: todos os tipos de feridas e hidratação da pele - Curativo de alginato para úlceras sangrantes, exsudação importante com ou sem infecção; - Carvão ativado com prata: feridas altamente exsudativas, fétidas e infectadas não padronizado na instituição; - Terapia com pressão negativa: estágio III e IV - não padronizado na instituição; - Metronidazol em comprimido VO para minimizar o odor da úlcera (prescrição médica); - Papaína 2% creme para manter a umidade; - Papaína 6% creme para úlceras infectadas; - Papaína 10% creme para remoção do tecido necrótico - Desbridamento instrumental sem dor e sangramento por enfermeiro do grupo de curativos habilitado. Tratamento das complicações infeciosas: Infecção: A presença de infecção em úlceras de pressão deve ser suspeitada quando não há sinal de melhora do aspecto da úlcera em duas semanas. O diagnóstico de infecção é feito quando a contagem de bactérias em cultura de úlcera (tecido) é 10 5 e ou presença de estreptococos beta hemolíticos. Somente úlceras com evidência clínica de infecção devem ter culturais coletados e tratadas com antibiótico. Bacteremia e sepse podem complicar estas infecções, levando a aumento na mortalidade. Os principais micro-organismos envolvidos nas infecções são estafilococos, incluindo, MRSA, MSSA e anaeróbios. O diagnóstico microbiológico inclui aspirado por agulha e biópsia óssea ou de tecido. Cultura por swab reflete colonização e não é clinicamente útil. A cultura, para aeróbios e anaeróbios, de tecido da úlcera debridada ou limpa cirurgicamente é o padrão ouro para o diagnóstico. 6

Podem ser divididas em superficiais e profundas, diferindo no manejo da infecção. As infecções superficiais devem ser tratadas com curativos locais, com ou sem antibióticos tópicos. Superficiais: curativos locais*, com ou sem antibióticos tópicos (sulfadiazina de prata) e debridamento do tecido necrótico. (tabela 2) *Solicitar consultoria do grupo de curativos. Profundas: incluem celulite, osteomielite, bacteremia e necessitam de antibioticoterapia sistêmica. Algoritmo de manejo das úlceras de pressão de difícil resolução: Úlcera sem resolução apesar de tto local Não Evidência de infecção Sim 2 semanas de atb tópico Infecção local ATB tópicos Debridamento Celulite ATB sistêmicos Debridamento Sepse/bacteremia ATB sistêmico Debridamento Resolução Sem melhora em 2-4 semanas Celulite/sepse persistente BX de tecido para cultura Avaliação de osteomielite: RNM, VSG, PCR Sem osteomielite Debridamento ATB baseado nos culturais Osteomielite BX óssea para AP e cultura ATB sistêmicos Debridamento cirúrgico Avaliação cirurgia plástica** **Avaliação da cirurgia plástica para realização de procedimentos 7

Referências: 1. PROQUALIS, Ministério da Saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Fundação Osvaldo Cruz. Protocolo para prevenção de úlcera por pressão [internet]. 2013. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/hotsite/segurancadopaciente/documentos/julho/protocolo %20UL CERA%20POR%20PRESS%C3%83O.pdf 2. Carpenito-Moyet, Linda Juall. Compreensão do processo de enfermagem. Porto Alegre; Artmed, 2007. p. 374-377. 3. Peruzzo, AB et al. Protocolo de Cuidados a Pacientes com Lesões de Pele do GHC. Porto Alegre, 2006. 4. Association for the Advancement of Wound Care Guideline of Pressure Ulcer Guidelines. Malvern (PA): Association for the Advancement of Wound Care (AAWC); 2010. 14 p. 5. European Pressure Ulcer Advisory Panel and National Pressure Ulcer Advisory Panel. Treatment of pressure ulcers: Quick Reference Guide. Washington DC: National Pressure Ulcer Advisory Panel; 2009. 6. Infectious complications of pressure ulcers. Imad Tleyjeh, MD, MSc. Dan Berlowitz, MD, MPH. Larry M Baddour, MD, FIDSA. 2013, UpToDate. 7. Practice Guidelines for the Diagnosis and Management of Skin and Soft-Tissue Infections Dennis L. Stevens, Alan L. Bisno, Henry F. Chambers, E. Dale Everett, Patchen Dellinger, Ellie J. C. Goldstein, Sherwood L. Gorbach, Jan V. Hirschmann, Edward L. Kaplan, Jose G. Montoya, and James C. Wade. 8. Pressure ulcers: Epidemiology, pathogenesis, clinical manifestations, and staging. Dan Berlowitz, MD, MPH. 2013, UpToDate. 9. The role of imaging tests in the evaluation of anal abscesses and fistulas. David A. Schwartz, MD. Maurits J. Wiersema, MD. 2013, UpToDate. 10. Treatment of pressure ulcers. Dan Berlowitz, MD, MPH. 2013, UpToDate. 8

11.Treatment of Pressure Ulcers. AHCPR Clinical Practice Guidelines, No. 15.Treatment of Pressure Ulcers Guideline Panel. Rockville (MD): Agency for Health Care Policy and Research (AHCPR); 1994 Dec. 9