Prof. Eli Vagner. Unidade I TÓPICOS DE ATUAÇÃO



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Transcrição:

Prof. Eli Vagner Unidade I TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL

: compreensão de conceitos como profissão e profissionalismo, de forma a instrumentá-lo para exercer sua função em diversos níveis de possíveis atuações; compreensão das condições atuais, os efeitos da globalização e as tendências nos diversos ambientes de ensino e aprendizagem; compreensão do papel que a matemática desempenha nos âmbitos da sociedade e da ciência e como prática social.

O culto dos dons e dos méritos individuais (o meritocratismo individual) na atividade docente sofreu um deslocamento na década de 1970 em direção ao meritocratismo sindical. Vianna (2001) alerta para a possibilidade do afastamento proporcionado pelo tempo denunciar situações ocultas (às vezes intencionais, às vezes resultado da influência da verdade assumida por uma determinada época) em determinados textos.

O termo profissão estaria associado a uma valoração moralmente positiva, como uma atividade que atingiu um estágio superior e que deveria servir de modelo às demais. O conceito de profissão pode ser visto como um símbolo honorífico, estudando as características deste símbolo.

O símbolo incluiria o monopólio de um conhecimento esotérico, importante para a sociedade, adquirido em um processo longo e difícil; sua atividade poderia ser controlada apenas pelos integrantes do grupo profissional (autonomia); este grupo teria motivações altruísticas e seguiria um código de ética com ênfase no bem do cliente, desfrutando de uma posição social elevada.

Hughes destacou os conceitos de autorização (license) e de mandato como importantes para o estudo das ocupações, incluindo-se também as profissões (HUGHES, 1994c, p. 25). A autorização seria a permissão para realizar atividades específicas, desviando-se do modo comum de proceder. O mandato seria a definição das condutas adequadas em relação aos temas que são objeto do trabalho da ocupação.

As profissões, talvez mais do que os outros tipos de ocupações, também reclamam um amplo mandato legal, moral e intelectual. Não apenas os praticantes, através da admissão ao círculo encantado da profissão, individualmente exercem uma autorização para fazer coisas que outros não fazem, mas coletivamente presumem dizer à sociedade o que é bom e correto para ela em um amplo e importante aspecto da vida.

Na verdade, eles definem os próprios termos do pensamento sobre tema. Quando uma tal presunção é garantida como legítima, surge uma profissão em seu sentido completo.

Os profissionais professam. Eles professam conhecer melhor do que os outros a natureza de alguns assuntos e saber melhor do que seus clientes o que os aflige ou a seus negócios. Esta é a essência da ideia profissional e da reivindicação profissional. Disto decorrem muitas consequências. Os profissionais reclamam o direito exclusivo de praticar, como uma vocação, as artes que professam saber, e dar o tipo de conselho derivado de suas linhas especiais de conhecimento.

A profissionalização traduz os recursos raros de uma ordem (competência advinda de uma formação e exames padronizados no nível mais alto do sistema de ensino oficial) em outra ordem (emprego no mercado de trabalho, privilégios profissionais, posição social ou cargo elevado na hierarquia burocrática).

A profissão torna-se, assim, uma denominação que se dá às formas historicamente específicas que estabelecem os laços estruturais entre um nível de instrução formal relativamente elevado e os cargos ou recompensas relativamente desejáveis na divisão social do trabalho. Qual seria a definição do conceito de profissão?

Requisitos: 1) um conjunto generalizado de conhecimentos, teorias e técnicas intelectuais; 2) um período extenso de educação e treinamento, normalmente realizado em um estabelecimento acadêmico; 3) relevância do trabalho para os valores sociais básicos; 4) autonomia; 5) motivação que envolve um sentido de missão; 6) um compromisso superior de dever da ocupação em benefício do cliente; 7) um sentimento de comunidade entre os que a praticam; 8) um código de ética institucionalmente imposto para assegurar submissão a ele.

Profissionalização, neste caso, era equivalente a atingir os padrões tidos como profissionais: altos padrões para o ingresso, um corpo específico de conhecimento e teoria, altruísmo e dedicação a um ideal de serviço, longo período de treinamento, código de ética, diplomação dos membros, controle autônomo, orgulho pela profissão e prestígio e status publicamente reconhecidos.

Uma grande divisão do campo ocorre entre duas posições assimétricas dinamicamente relacionadas: de um lado, os teóricos, os professores e outros pensadores do direito, e, de outro lado, aqueles ligados a uma aplicação prática.

Começando a falar sobre a profissão docente: O culto dos dons e dos méritos individuais (o meritocratismo individual) na atividade docente sofreu um deslocamento na década de 1970 em direção ao meritocratismo sindical.

Vianna (2001) alerta para a possibilidade do afastamento proporcionado pelo tempo denunciar situações ocultas (às vezes intencionais, às vezes resultado da influência da verdade assumida por uma determinada época) em determinados textos. Existem concepções diferentes de profissão e profissionalismo, dependendo da visão: sindical ou institucional, governamental.

A organização docente não é uma estrutura em que as posições sociais estão baseadas na profissão como especial princípio de divisão e hierarquização. A profissão pode representar apenas um dos fatores que respaldam a posição social. Os princípios e critérios de hierarquização presentes na vida docente podem vir a ser muito semelhantes aos de outras ocupações. Mas quem define estas posições e importância das profissões. Depende da cultura do país.

As origens geográficas (tanto referentes à formação como à região na qual exerce a profissão), a origem familiar, militância político-partidária, ocupação de cargos nas burocracias públicas (acadêmicas ou não) e nas organizações de representação corporativa da categoria podem mudar o status da profissão de professor. Isto ainda passa pelas disciplinas da área de formação. Professor não é uma profissão unitária, de mesma valorização em todos os níveis.

O que muda de uma modalidade para outra? Atuação como docentes e pesquisadores em instituições de Ensino Superior: são parcelas das relações referentes ao poder/saber que propiciam não apenas fracionamento da categoria, mas também a posição social à qual seus membros estão relacionados.

Interatividade Como podemos definir profissão? a) Uma atividade que atingiu um estágio superior e que deveria servir de modelo às demais. b) Não associada a uma competência, apenas uma habilidade. c) Valor de trabalho não especializado, mas remunerado no mercado de trabalho. d) Designação de ocupação ligada ao aprendizado baseado no senso comum. e) Não se caracteriza pela necessidade de formação educacional ou técnica.

Tópicos da atuação profissional Uma característica que tem sido atribuída historicamente às diversas profissões é a capacidade de autoorganização. No entanto, por tudo que foi analisado nos tópicos anteriores (em particular a atividade docente), uma avaliação adequada do potencial autoorganizador das ocupações evidencia a necessidade de dialética entre a hermenêutica da vida dos indivíduos, relacionados a uma ocupação, e a narrativa explicativa de um quadro de referência teórico.

Tópicos da atuação profissional Na própria ideia do profissionalismo docente, alerta Contreras (2002), é necessário reapresentar os diferentes significados ocultos pela referência comum, dando-se conta das consequências de diferentes acepções e explicitando projeções na prática profissional e nas políticas educativas.

Tópicos da atuação profissional De acordo com Contreras (2002), acontece uma proletarização docente, isto é, uma denominação dada ao processo que explicaria a paulatina perda, por parte dos professores, das qualidades que fazem deles profissionais, ou ainda a deterioração das condições de trabalho nas quais depositavam suas esperanças de alcançar tal status.

Tópicos da atuação profissional Alguns autores, conforme observa Contreras (2002), defendem a possibilidade dos docentes pleitearem a condição de profissionais não só por traduzirem uma preocupação com as condições de trabalho, mas também com a consequente composição social dos aspirantes a essa condição. Em contrapartida, outros autores veem essa aspiração com maior positividade.

Tópicos da atuação profissional Eles não atribuem aos docentes uma recusa em serem equiparados às classes trabalhadoras e, portanto, uma recusa em realizar trabalhos que o degradam como pessoa, porque isso é equiparado a um mecanismo sem raciocínio, sem vontade e sem desejos ou, ainda, a seus interesses na transformação do modo capitalista de produção.

Tópicos da atuação profissional A busca do reconhecimento profissional, assim como ocorre em outras categorias, é encarada como uma expressão do serviço à comunidade, [...] uma tentativa social de construir uma qualificação (CONTRERAS, 2002, p. 41).

Tópicos da atuação profissional Muitos professores se comprometem com as políticas de legitimação do Estado, por meio de seus sistemas educativos, convencidos do seu valor, cujos efeitos reais, no entanto, é torná- los vítimas dos processos de proletarização que essas políticas colocam em andamento. Nesse caso, a proletarização é a deterioração das condições de trabalho que são interpretadas não como perda da capacidade técnica, mas como perda do sentido ideológico e moral do trabalho.

Tópicos da atuação profissional A intensificação do trabalho, resultado das respostas dadas aos controles e à burocratização, resulta cada vez mais em um trabalho completamente regulado e cheio de tarefas, alimentando um círculo vicioso no qual os professores buscam respostas às necessidades que lhes são impostas, mas estão sempre insatisfeitos com seu próprio desempenho.

Tópicos da atuação profissional Muitos mestres se comprometerão com elas [as metas de políticas reformistas], acreditando que vale a pena alcançá-las, e investirão quantidades excepcionais de tempo necessárias, tratando de assumi-las com seriedade. Estes mestres explorarão a si mesmos trabalhando inclusive mais duramente, com baixa remuneração e em condições intensificadas, fazendo tudo para vencer as contraditórias pressões às quais estarão submetidos. Ao mesmo tempo, porém, a carga adicional de trabalho criará uma situação na qual será impossível alcançar plenamente essas metas. (CONTRERAS, 2002, p. 43, grifo do autor).

Tópicos da atuação profissional Outros criticarão estas reformas e impedirão, com o próprio trabalho e ação sindical, o progresso determinado nos planos.

Tópicos da atuação profissional Os professores, ao naturalizarem essas técnicas e práticas de dominação, são também seus mantenedores, seus operadores materiais; porém, é fato que não só o controle externo implica sobrecarga de trabalho também a responsabilidade, o compromisso dos docentes com seus próprios valores pedagógicos e sociais.

Tópicos da atuação profissional O futuro professor vai se deparar com duas importantes perspectivas em seu fazer docente. A primeira é a de uma sociedade com altas exigências em relação ao profissional emergente das escolas (força de trabalho para diferentes posições), e a segunda são as condições da escola.

Tópicos da atuação profissional Em uma sociedade que almeja a globalização, paradoxalmente, as regras básicas na prática docente parecem permanecer intactas. Essa suspeita é alimentada por dogmas que ainda atualmente permeiam o ensino, em particular o de matemática, como a crença na infalibilidade, na possibilidade de detenção do saber absoluto.

Interatividade Quais são as características com as quais o futuro professor vai se deparar na sociedade globalizada? a) Competência e empreendedorismo das escolas particulares. b) Sociedade com altas exigências em relação ao profissional e condições da escola. c) Conservadorismo e repressão por parte do Estado. d) Participação menor dos pais no processo de aprendizado. e) Maior conhecimento dos alunos das disciplinas básicas.

Pelo que foi visto até o momento, é possível antever que qualquer caminho a ser adotado para o entendimento do que trata o profissionalismo docente irá atravessar um conjunto heterogêneo que engloba discursos, instituições, decisões regulamentares, leis, medidas administrativas, enunciados científicos, proposições filosóficas, morais etc.

Barbosa (1992), ao apresentar a trajetória do ensino da matemática na escola brasileira, do Brasil colônia até o início da década de 1990, fez uma incursão pelo quadro institucional escolar brasileiro, investigando as variações da legislação que o rege e o seu reflexo nas grades curriculares.

Em Cunha(1981), vemos que, embora a análise da educação tenha sido desenvolvida com ênfase apenas de acordo com o viés de uma possível discriminação social, o levantamento da legislação é mais detalhado, por ser focado apenas no período entre o Estado Novo (1937 1945) e a década de 1970.

A leitura desses levantamentos permite identificar a preocupação histórica com a formação e a educação de membros das classes privilegiadas, na própria legislação, nos próprios termos fixados pelo Estado, e não em textos cujos autores possam ser contestados.

Exemplo histórico: Durante duzentos e cinquenta anos, a partir da descoberta, a educação no Brasil coube predominantemente aos jesuítas. Em 1750, em decorrência da subida do Marquês de Pombal ao poder, em Portugal, os jesuítas foram expulsos, e o controle da educação escolar passou para o Estado português.

Embora essa tenha sido efetivamente a primeira reforma educacional brasileira, o foco permaneceu nas classes privilegiadas. Foram criadas aulas régias de latim, grego e retórica, apesar do Manifesto Republicano de 1870 ter clamado por uma transformação política por meio da educação.

Foi somente no final do século XIX que a educação popular passou a ter alguma importância, com a criação do primeiro grupo escolar. De acordo com Barbosa (1992), foram as influências internas e externas decorrentes da Primeira Guerra Mundial a razão da existência de uma época de grandes debates no parlamento e na imprensa, marcada, em 1922, pelo Congresso Brasileiro de Instrução Secundária e Superior e, em 1924, pela fundação da Associação Brasileira de Educação.

Com o surto industrial, à medida que o trabalho fabril tornava-se mais complexo, surgiu a necessidade de trabalhadores alfabetizados e que dominassem as operações aritméticas mais elementares. Não por acaso, a universalização da educação escolar e a possibilidade de acesso à escola, para a maioria da população, iniciou-se com a Constituição de 1946, que determinava que o ensino primário, de quatro anos de duração, era obrigatório a todos.

O Ensino Médio era, até então, delegado principalmente às instituições de iniciativa privada, caracterizando seu aspecto altamente seletivo. Também nessa época, montou-se um tipo especial de escola secundária, com o objetivo de qualificação para os quadros médios no trabalho industrial. No entanto, as escolas secundárias (frequentadas por jovens da classe dominante e das camadas médias) continuavam com currículos centrados nos estudos literários, base para o ingresso nos cursos superiores.

O Golpe Militar de 1964 determinou profundas mudanças no cenário da educação nacional. A Constituição de 1969 delimitou a obrigatoriedade do ensino primário para a população de sete a quatorze anos, embora o ensino primário continuasse a ter quatro anos de duração. Posteriormente, a Lei nº 5.692/71 estendeu para oito anos o período de obrigatoriedade e gratuidade escolar garantida pelo governo.

É possível observar, a partir do que foi exposto, como os acontecimentos da história (e os desdobramentos aos quais a educação e o processo de ensino estiveram e permanecem sujeitos) sempre estiveram relacionados a alguma circunstância: houve necessidades estratégicas, e não necessariamente interesses. Concluímos que as diretrizes educacionais estão além da influência da atuação ideológica do professor como proletariado.

Interatividade O Golpe Militar de 1964 determinou profundas mudanças no cenário da educação nacional. Qual mudança foi apontada no texto da aula? a) A obrigatoriedade do ensino militar. b) obrigatoriedade do ensino primário para a população de sete a quatorze anos c) A obrigatoriedade do Ensino Superior. d) A divisão de gêneros nas salas de aula. e) O ensino de matemática passou a ser obrigatório.

A formação e qualificação dos professores têm sido continuamente apontadas como pré-requisitos para a implantação de mudanças nas escolas. Como já foi dito anteriormente, uma das inquietações que norteiam essa pesquisa é o histórico das reformas educacionais no Brasil, que tendem a estar atreladas ao pressuposto de que reformar a educação é reformar o professor.

Historicamente, o fracasso desses sucessivos planos é atribuído à resistência dos professores à mudança o que tem justificado as sucessivas mudanças de teoria, mas não necessariamente aos especialistas e burocratas. A responsabilidade é sistematicamente atribuída aos profissionais que fazem o dia a dia das escolas, das salas de aula, mas que jamais são chamados a opinar, a colocar sua experiência, seus conhecimentos e habilidades a serviço das mudanças pretendidas.

Salvo pela participação pontual, mais que tudo, legitimadora, de uns poucos escolhidos, os milhões de trabalhadores da educação brasileira foram sistematicamente alijados da colaboração, implementação, acompanhamento e avaliação dessas reformas (PNE, 1997). É uma história de recorrentes fracassos, decorrente do esquema básico no qual a preparação anterior à prática é tida como qualificação.

O que de fato decorre dessa concepção de educação precedente é a ênfase ao a priori, incitando o docente a proceder da mesma forma, polarizando a teoria e a prática, o pensar e o fazer, o trabalho intelectual e o manual, ou seja, a exigência feita ao professor de uma permanente formação, que seja precedente à prática. Teoria e prática.

Como foi visto na história da educação, é possível relacionar muitas variações ocorridas no sistema educacional com a existência de movimentos externos ao sistema de ensino, decorrentes de necessidades sociais, econômicas e políticas. A educação de massas, por exemplo, em suas sucessivas expansões que ampliaram sucessivamente o tempo escolar para todos, sempre esteve ligada às necessidades do capital.

Em que medida a cultura interfere no entendimento e seleção dos saberes caros à educação, saberes ditos clássicos, em diferentes regiões do Brasil ou para os diferentes grupos sociais, consequentemente interferindo na formação de professores? O sistema educacional vigente, com os valores e saberes que a escola dissemina, foi projetado para um ensino massificado ou para um ensino de elite?

A pedagogia, a didática e a pesquisa científica na área da educação, sem dúvida, buscam um processo ensinoaprendizagem mais eficaz, mas em que medida esse conhecimento é estendido à formação de toda a população?

Há, na sociedade, uma visão arraigada e inúmeros trabalhos acadêmicos comprovam isso de que a imensa maioria dos professores de matemática defende (conscientemente ou não) uma abordagem internalista, que privilegia somente o conhecimento (do ponto de vista interno) da própria matemática.

No entanto, os professores, mesmo defendendo à exaustão alguns pontos de vista (inclusive o internalista), têm uma vida que transcende a defesa de seus pontos de vista sobre a matemática. Ao comentar sobre suas vidas em família, sobre a relação com seus companheiros e filhos, com colegas de profissão, com amigos e parentes, essas pessoas acrescentam fatos novos ao que se sabe das relações individuais com a categoria docente e com a sociedade.

O foco desta unidade está nas relações que se tecem entre magistério e profissionalização, por meio da busca de como, na história de atuação do professor, articulam-se as relações saber/poder e como elas são exercidas. Enfoca também, como vimos no slide anterior, o problema do internalismo em matemática.

No caso do professor, o saber/poder é, talvez mais do que em outras profissões, seu modo de interferir no mundo. Por isso, diversas metáforas têm sido introduzidas e legitimadas no ambiente escolar, apoiadas nessas relações. Para procurar entender as regras e os mecanismos utilizados nas relações de poder para produzir esses discursos de verdade.

Para auxiliar o futuro professor na aplicação desses conceitos, vários momentos de reflexão foram sugeridos. A aposta é que esses momentos se transformem em salas de aulas em debates que descrevam, neles e fora deles, os jogos de relações. É nesse momento que o arsenal teórico elencado, ao ser aplicado às condições locais, deverá ser testado em sua universalidade.

Interatividade As reformas educacionais no Brasil tendem a estar atreladas ao pressuposto de que: a) Reformar a educação é reformar o professor. b) Não é o professor que deve ser reformado, e sim o sistema. c) O sistema deve impor ao professor o modo de educar. d) O governo não investe em programas de capacitação. e) O problema está na reforma do Estado.

ATÉ A PRÓXIMA!