DETERMINAÇÃO DA VISCOSIDADE DE MISTURAS LÍQUIDAS BINÁRIAS ATRAVÉS DO VISCOSÍMETRO CAPILAR DE CANNON-FENSKE



Documentos relacionados
LÍQUIDOS: DETERMINAÇÃO DA VISCOSIDADE I. 1. Introdução

PRÁTICA 12: VISCOSIDADE DE LÍQUIDOS

Determinação de Massas Moleculares de Polímeros

Universidade Federal do Paraná

Aspectos da Reometria

O FORNO A VÁCUO TIPOS E TENDÊNCIA 1

Escoamentos Internos

Critérios de Resistência

INTRODUÇÃO. ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.6, N.11; 2010 Pág. 1

ESTUDO DO COMPORTAMENTO REOLÓGICO DE POLIETILENO DE ALTA MASSA MOLAR PROCESSADO COM PERÓXIDO DE DICUMILA

7.0 PERMEABILIDADE DOS SOLOS

Características de um fluido

Determinação da viscosidade. Método de Stokes e viscosímetro de Hoppler

TÍTULO: CARACTERIZAÇÃO REOLÓGICA DE FLUIDOS NÃO NEWTONIANOS ATRAVÉS DO VISCOSÍMETRO DE STORMER

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Aula 4 PROPRIEDADES COLIGATIVAS. Glauber Silva Godoi

Técnicas adotas para seu estudo: soluções numéricas (CFD); experimentação (análise dimensional); teoria da camada-limite.


PROMOÇÃO E REALIZAÇÃO

ESTUDO VISCOSIMÉTRICO DE COPOLÍMEROS EM BLOCOS À BASE DE POLI (GLICOL PROPILÊNICO) E POLI (GLICOL ETILÊNICO)

Instituto Superior de Engenharia do Porto

Paulo Eduardo Silva Martins¹, Marília Moura de Salles Pupo², Nailson Lima Santos¹, Elcides Rodrigues da Silva¹, Marco Antônio Franco Lemos Filho¹

Notas de Aula - Ensaio de Dureza

Perda de carga. Manuel F. Barral

EXPERIÊNCIA Nº 4 ESTUDO DE UM TROCADOR DE CALOR DE FLUXO CRUZADO

SP 04/92 NT 141/92. Velocidade Média: Considerações sobre seu Cálculo. Engº Luiz Henrique Piovesan. 1. Introdução

A VISCOSIDADE DE ÓLEO CRU

Densímetro de posto de gasolina

1.º PERÍODO. n.º de aulas previstas DOMÍNIOS SUBDOMÍNIOS/CONTEÚDOS OBJETIVOS. De 36 a 41

LIGAÇÕES INTERMOLECULARES

Construção de um Medidor de Potência Elétrica de Lâmpadas Incandescentes Através de Métodos Calorimétricos

Método analítico para o traçado da polar de arrasto de aeronaves leves subsônicas aplicações para a competição Sae-Aerodesign

CARACTERIZAÇÃO GEOMÉTRICA E ESTIMATIVA DO RENDIMENTO HIDRÁULICO DE UM VENTILADOR AXIAL

MECÂNICA DOS FLUIDOS 2 ME262

Projeto rumo ao ita. Química. Exercícios de Fixação. Exercícios Propostos. Termodinâmica. ITA/IME Pré-Universitário Um gás ideal, com C p

1300 Condutividade térmica

TIJOLOS DO TIPO SOLO-CIMENTO INCORPORADOS COM RESIDUOS DE BORRA DE TINTA PROVENIENTE DO POLO MOVELEIRO DE UBA

O que é um sólido particulado? Importância

Trabalho Computacional. A(h) = V h + 2 V π h, (1)

Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais IMPLANTAÇÃO DO LABORATÓRIO DE VAZÃO DE GÁS DA FUNDAÇÃO CENTRO TECNOLÓGICO DE MINAS GERAIS

ENERGIA DO HIDROGÊNIO - Célula de Combustível Alcalina

EXPERIMENTO 2 MEDIDAS DE VISCOSIDADE DE FLUIDOS NEWTONIANOS E NÃO-NEWTONIANOS

Estimação de Parâmetros em Modelos de Energia Livre de Gibbs em Excesso

IX Olimpíada Catarinense de Química Etapa I - Colégios

Água e Soluções Biológicas

1 CONCEITUAÇÃO DAS GRANDEZAS USADAS NOS BALANÇOS DE MASSA E ENERGIA

Motivação para o trabalho no contexto dos processos empresariais

Ensaio de impacto. Os veículos brasileiros têm, em geral, suspensão

PROCESSO DE FERMENTAÇÃO CONTÍNUA ENGENHO NOVO - FERCEN

Estudo da Viabilidade Técnica e Econômica do Calcário Britado na Substituição Parcial do Agregado Miúdo para Produção de Argamassas de Cimento

PROVA DESAFIO EM QUÍMICA 04/10/14

SEPARAÇÃO DE MISTURAS. Pr ofª Tatiana Lima

Eng Civil Washington Peres Núñez Dr. em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Rugosidade. O supervisor de uma empresa verificou que. Um problema. Rugosidade das superfícies

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

Medidas de Pontos Isoelétricos sem o Uso de Analisador de Potencial Zeta

Mecânica dos Fluidos. Unidade 1- Propriedades Básicas dos Fluidos

1.1.2 PROPRIEDADES FUNDAMENTAIS DOS FLUIDOS

Além do Modelo de Bohr

Departamento de Química Inorgânica 2. SOLUÇÕES

PROPOSTA EXPERIMENTAL PARA SEPARAÇÃO MECÂNICA E ANÁLISE GRANULOMÉTRICA DE MATERIAIS PARTICULADOS

= F cp. mv 2. G M m G M. b) A velocidade escalar V também é dada por: V = = 4π 2 R 2 = R T 2 =. R 3. Sendo T 2 = K R 3, vem: K = G M V = R.

RESUMOS TEÓRICOS de QUÍMICA GERAL e EXPERIMENTAL

EME405 Resistência dos Materiais I Laboratório Prof. José Célio

Formas farmacêuticas líquidas - Soluções

ME-38 MÉTODOS DE ENSAIO ENSAIO DE COMPRESSÃO DE CORPOS-DE-PROVA CILÍNDRICOS DE CONCRETO

Resolução de Curso Básico de Física de H. Moysés Nussenzveig Capítulo 08 - Vol. 2

HIDRÁULICA BÁSICA RESUMO

CONCEITOS BÁSICOS DA TERMODINÂMICA

Dosagem de Concreto INTRODUÇÃO OBJETIVO. Materiais Naturais e Artificiais

Resolução da Questão 1 Item I Texto definitivo

INTRODUÇÃO À ROBÓTICA

Controle II. Estudo e sintonia de controladores industriais

Análise operacional do terminal público do porto do Rio Grande usando teoria de filas

PROJETO DE UM TROCADOR DE CALOR PARA RESFRIAMENTO DE FLUIDO EM UM CIRCUITO HIDRÁULICO UTILIZADO NA AGRICULTURA DE PRECISÃO

CINÉTICA QUÍMICA CINÉTICA QUÍMICA EQUAÇÃO DE ARRHENIUS

INSTRUMENTAÇÃO E CONTROLE DE PROCESSOS MEDIÇÃO DE TEMPERATURA TERMÔMETROS DE RESISTÊNCIA

Assinale a alternativa que contém o gráfico que representa a aceleração em função do tempo correspondente ao movimento do ponto material.

Universidade de São Paulo. Escola Politécnica

Módulo 06 - VISCOSÍMETRO DE STOKES

Eixo Temático ET Gestão de Resíduos Sólidos

PREPRAÇÃO DE SORO CASEIRO: UMA SITUAÇÃO PROBLEMA NA CONTEXTUALIZAÇÃO DO ENSINO DE SOLUÇÕES QUÍMICAS

Os mecanismos da circulação oceânica: acção do vento força de Coriolis e camada de Ekman. Correntes de inércia.

Vibrações Mecânicas. Vibração Livre Sistemas com 1 GL. Ramiro Brito Willmersdorf ramiro@willmersdorf.net

Reconhecimento e explicação da importância da evolução tecnológica no nosso conhecimento atual sobre o Universo.

RELAÇÕES ENTRE O DESEMPENHO NO VESTIBULAR E O RENDIMENTO ACADÊMICO DOS ESTUDANTES NO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE MATERIAIS DA UFSCAR

Associe corretamente a coluna da direita à da esquerda.

QUIMICA ORGÂNICA BÁSICA

x d z θ i Figura 2.1: Geometria das placas paralelas (Vista Superior).

Influência dos carregamentos dos estágios na forma do canal axial de um compressor axial de vários estágios

Viscosimetria de soluções diluídas. Ricardo Cunha Michel sala J-210 e J-126 (LAFIQ) rmichel@ima.ufrj.br

FUVEST a Fase - Física - 06/01/2000 ATENÇÃO

Questão 2 Uma esfera de cobre de raio R0 é abandonada em repouso sobre um plano inclinado de forma a rolar ladeira abaixo. No entanto, a esfera

Mecânica 2007/ ª Série

Laboratório de Física I - EAD- UESC 2011

Determinação de Massas e Raios Estelares

Mecânica dos Fluidos. Unidade 1- Propriedades Básicas dos Fluidos

2º Workshop Alternativas Energéticas

3.4 O Princípio da Equipartição de Energia e a Capacidade Calorífica Molar

Associação Catarinense das Fundações Educacionais ACAFE PARECER RECURSO DISCIPLINA QUÍMICA

Transcrição:

REVISTA DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA DETERMINAÇÃO DA VISCOSIDADE DE MISTURAS LÍQUIDAS BINÁRIAS ATRAVÉS DO VISCOSÍMETRO CAPILAR DE CANNON-FENSKE Daniel Tostes Oliveira Universidade Federal de Uberlândia RESUMO: A viscosidade dos líquidos vem do atrito interno, isto é, das forças de coesão entre moléculas relativamente juntas. O conhecimento da viscosidade é indispensável no desenvolvimento de projeto de equipamentos importantes em várias Operações Unitárias da Indústria Química e Alimentícia.Neste trabalho foi determinada a viscosidade de misturas líquidas binárias utilizando o viscosímetro capilar de Cannon Fenske. Os valores experimentais obtidos foram comparados com aos resultados provenientes de correlações de ampla aceitação na literatura, particularmente aquelas que levam em conta a contribuição de grupos. Os desvios encontrados e a rapidez da determinação experimental demonstram a boa eficácia do viscosímetro capilar e a validade das correlações. PALAVRAS-CHAVE: viscosidade; misturas líquidas; viscosímetro capilar. KEYWORDS: Quality, Process Mapping and Study Case. ABSTRACT: The viscosity of the liquid comes from the internal friction, this is, the cohesive forces between molecules on together. The knowledge of viscosity is essential in developing the design of equipment important in various Unit Operations of Chemical and Food Industry. In this work we determined the viscosity of binary liquid mixtures using the viscometer capillary Cannon-Fenske. The experimental values obtained were compared with results from the widely accepted correlations in the literature, particularly those that take into account the contribution of groups. The deviations found and the speed of the experimental determination demonstrates the good effectiveness of the capillary viscometer and the validity of the correlations. Artigo Original Recebido em: 03/11/2011 Avaliado em: 14/02/2012 Publicado em: 23/05/2014 Publicação Anhanguera Educacional Ltda. Coordenação Instituto de Pesquisas Aplicadas e Desenvolvimento Educacional - IPADE Correspondência Sistema Anhanguera de Revistas Eletrônicas - SARE rc.ipade@anhanguera.com v.7 n.7 2012 p. 85-96

Determinação da viscosidade de misturas líquidas binárias através do viscosímetro capilar de Cannon-Fenske 1. REVISÃO DA LITERATURA A viscosidade representa uma variável de transporte que relaciona a resistência que sofre uma camada do líquido para mover-se em relação a uma outra camada vizinha. Podemos imaginar uma coluna de líquido, num tubo circular, como sendo constituída de camadas concêntricas cilíndricas. Ao se mover ao longo do tubo, a camada mais próxima das paredes permanece estacionária, enquanto as camadas seguintes movem-se a uma velocidade que aumenta a medida que ficam mais próximas do eixo do cilindro. No tratamento teórico desse tipo de fluxo, admite-se que o líquido tenha um atrito interno, que se opõe ao movimento das camadas cilíndricas. Esse atrito é a viscosidade do líquido. A viscosidade de líquidos puros e/ou de misturas líquidas é uma propriedade química freqüentemente encontrada nas correlações de uso em engenharia química, particularmente nas operações unitárias da Indústria Química e Alimentícia. Seu valor pode influenciar de forma decisiva o projeto de equipamentos que envolvem fluxo de fluidos ou escoamento através de meios porosos.. A descrição teórica da viscosidade em fase líquida é dificultada pelo fato da transferência de momentum ser dominada por campos de forças de colisão e de interação entre moléculas densamente empacotadas. Devido a isto e ainda em função da ação das forças intermoleculares não existe um método teórico largamente aceito no cálculo da viscosidade de líquidos puros.. Numerosos métodos empíricos têm sido propostos para calcular a viscosidade de líquidos com uma base intuitiva, devido a complexidade das teorias. No caso de misturas líquidas, é necessário o conhecimento da dependência da viscosidade destas com a composição para a solução de muitos problemas da engenharia. Os modelos existentes para estimar a viscosidade de misturas podem ser classificados dentro de duas categorias: modelos semiteóricos e modelos empíricos. McAllister (1960) utilizando teoria do buraco de Eyring desenvolveu uma equação cúbica para a viscosidade cinemática de misturas líquidas binárias. A equação verificada por McAllister ([6]) é considerada por muitos pesquisadores como a melhor técnica disponível para a análise de sistemas binários e ternários ρhn ( ) exp( F * M RT ) η = (1) onde F* representa a energia livre de ativação de fluxo. Outra possibilidade é obter o volume molar V e a viscosidade η a partir das expressões: 86 Revista de Ciências Exatas e Tecnologia

Daniel Tostes Oliveira V ( xm + xm ) 1 1 2 2 = (2) e ( at ) ρ η = ρ bt (3) t onde M 1 e M 2 representam os pesos moleculares dos componentes 1 e 2 e x 1 e x 2 são suas frações molares respectivamente., t é o tempo do fluxo, a e b são as constantes do viscosímetro e ρ é a densidade da mistura. Outro modelo empírico ([6]) utilizado para determinação da viscosidade de misturas líquidas binárias é proposta pela fórmula abaixo: η = η. x + η. x + 1 1 2 2 ( ) ( ) 2 x1. x 2 a+ b x1 x2 + c x1 x2 +... (4) onde a, b e c são coeficientes que devem ser analisados de acordo com a mistura proposta. Em temperaturas moderadas Lobe ([9]), propôs : νm = φ 1. ν 1. e(φ 2.α 2 ) + φ 2. ν 2. e(φ 1.α 1 ) (5) α 1 = - 1,7. n (ν 2 / ν 1 ) (6) α 2 = 0,027. n ( ν 2 / ν 1 ) + (1,3. n( ν 2 / ν 1 )) 0,5 (7) φi= xi. νi / (x 1. ν 1 + x 2. ν 2 ) (8) onde φ é a fração volumétrica Kendall e Monroe ([11]) propuseram a seguinte relação para a viscosidade de uma mistura: 1 3 m 1 1 1 2 1 3 2 3 η = x. η + x. η (9) Onde x 1 e x 2 são as frações molares dos componentes 1 e 2. Arrhenius ([10]) sugeriu e seguinte correlação para a obtenção da viscosidade de uma mistura binária: A medida da viscosidade de líquidos em geral é bastante simples, e os métodos mais comuns são: (i) medidas baseadas na resistência à fluência através de um capilar, (ii) medidas baseadas na rotação de um cilindro concêntrico imerso no líquido e (iii) medidas baseadas na retenção do tempo de queda de uma esfera através de um líquido viscoso. v.7 n.7 2012 p. 85-96 87

Determinação da viscosidade de misturas líquidas binárias através do viscosímetro capilar de Cannon-Fenske Com relação às medidas baseadas na resistência à fluência através de um capilar, a equação de Hagen-Poiseuille ([1])permite estabelecer uma relação entre o tempo de fluência e a viscosidade de um líquido através de um capilar: π η = = 8.L.Q 4 4.R. P π.r. P.t 8.L.V (11) Onde R é o raio do capilar, P é a diferença de pressão entre as extremidades do capilar, L é o comprimento do capilar, Q (Q = V/t) é a vazão volumétrica, V é o volume do líquido e t é o tempo de fluência. Normalmente a diferença de pressão nas extremidades do capilar é dada pela diferença de alturas dos níveis das mesmas extremidades quando a fluência é induzida pela força da gravidade, portanto depende da densidade da solução. As principais fontes de erro de medidas de viscosidade capilar são: A. fatores cinéticos B. comportamento não-newtoniano do fluido. Na equação acima, as variáveis R, L e V são relativas ao viscosímetro, e P depende da densidade do líquido. Em medidas de viscosidade relativa, os termos se cancelam se as soluções forem bem diluídas, quando a variação da concentração com a densidade das soluções é desprezível. No entanto, medidas únicas de viscosidade necessitam do conhecimento acurado de tais variáveis. Estes termos podem ser englobados pôr uma única constante, necessitando apenas a calibração do viscosímetro com um líquido de viscosidade definida. 2. TERMOS VISCOSIMÉTRICOS Como a viscosimetria pode fornecer informações importantes a respeito da morfologia da partícula hidrodinâmica, os termos viscosimétricos concernem principalmente à contribuição do soluto no incremento de viscosidade do solvente. Viscosidade Cinemática: ν = K( t-b) (12) onde B é um termo de correção cinemática. η = ν. ρ (13) onde ρ é a densidade da solução. 3. MEDIDAS DE VISCOSIDADE DE LÍQUIDOS PUROS E DE MISTURAS LÍQUIDAS- VISCOSÍMETRO DE CANNON - FENSKE. Nesse viscosímetro, mede-se o tempo de escoamento de um volume pré-determinado de líquido ou mistura líquida (com características newtonianas) através de um capilar. 88 Revista de Ciências Exatas e Tecnologia

Daniel Tostes Oliveira Medindo-se esse tempo para um líquido com viscosidade conhecida (líquido padrão) podese calibrar o aparelho e a seguir realizar a medida da viscosidade dinâmica para outros líquidos e suas misturas. Figura 1 Viscosímetro de Cannon - Fenske 4. OBJETIVOS DO TRABALHO E JUSTIFICATIVAS São objetivos desse trabalho: Medir a viscosidade de vários líquidos puros e de misturas líquidas binárias, em concentrações diversas, utilizando o Viscosímetro Capilar de Cannon Fenske. Bbter o valor dessas viscosidades por correlações existentes na literatura. Analisar o desvio obtido entre o valor experimental e o valor calculado visando discriminar qual correlação melhor ajusta os valores obtidos. Justifica-se o trabalho a ser realizado uma vez que, dados experimentais para viscosidades apesar de existirem em quantidade na literatura, não suprem a necessidade de informações requeridas na Engenharia Química. Por outro lado, engenheiros frequentemente preferem usar valores medidos de viscosidades que usar valores obtidos de correlações próprias, como aquelas que se baseiam nas estruturas moleculares das substâncias 5. MATERIAIS E MÉTODOS 5.1. MATERIAIS Viscosímetro de Cannon-Fenske Picnômetros Amostras de líquidos puros e de suas misturas 5.2. PROCEDIMENTO Inicialmente eram preparadas as diversas misturas de dois líquidos com concentrações ( V/V ) variando de 10% a 100 %. Utilizando-se do viscosímetro capilar de Cannon-Fenske determina-se a viscosidade v.7 n.7 2012 p. 85-96 89

Determinação da viscosidade de misturas líquidas binárias através do viscosímetro capilar de Cannon-Fenske dinâmica das misturas assim preparadas. Posteriormente eram medidas, via picnometria, as densidades das misturas utilizadas. 6. RESULTADOS OBTIDOS Temos abaixo e nos Anexos I e II uma análise dos resultados obtidos. Tabela 1 Comparação entre os valores experimentais e teóricos (eq. Lobe) hteor (cp) xa xe hexp (cp) Desvio (%) Eq. Lobe 1,00 0,00 0.3184 0,3100 2,50 0,90 0,10 0,3546 0,3383 4,60 0,80 0,20 0,3777 0,3689 2,27 0,70 0,30 0,4144 0,4761 1,27 0,50 0,50 0,5452 0,5714 2,62 0,40 0,60 0,6510 0,6383 14,8 0,30 0,70 0,7260 0,7425 2,32 0,10 0,90 0,9867 0,9712 4,60 0,00 1,00 1,1350 1,0562 6,90 Viscosidade (cp) 1,20 1,00 0,80 0,60 0,40 0,20 valores experimentais valores teóricos 0,00 0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 Fração Volumétrica de Acetona Fig 2 Viscosidade da mistura etanol acetona Tabela 2 Comparação entre os valores experimentais e teóricos ( eq. Lobe) hteor (cp) xac xc hexp (cp) Desvio (%) Eq. Lobe 1,00 0,00 0.4450 0,4368 1,84% 0,90 0,10 0,4521 0,4504 0,36% 0,80 0,20 0,4682 0,4689 0,19% 0,70 0,30 0,5000 0,4904 1,92% 0,50 0,50 0,5442 0,5418 0,40% 0,40 0,60 0,5491 0,5751 4,75% 0,30 0,70 0,6110 0,6208 1,60% 0,10 0,90 0,7323 0,7883 7,76% 0,00 1,00 1,0340 0,9400 9,09% 90 Revista de Ciências Exatas e Tecnologia

Daniel Tostes Oliveira Viscosidade (cp) 1,20 1,00 0,80 0,60 0,40 0,20 Valores experimentais Valores teóricos 0,00 0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 Fração Volumétrica de Acetato de Etila Fig 3 Viscosidade da mistura acetato de etila - ciclohexano As comparações dos valores experimentais com valores teóricos, obtidos a partir da equação de Arrhenius e da equação de Kendall e Monroe se encontram nos Anexos I e II. 7. CONCLUSÕES Os dados experimentais foram bem ajustados pelas correlações de Lobe, de Kendall e Monroe e de Arrhenius. O viscosímetro de Cannon-Fenske se mostrou adequado e prático na determinação da viscosidade de misturas líquidas que tenham comportamento de fluido newtoniano. REFERÊNCIAS [1] Bird R. B., Stewart W. E. and Lightfoot E. N. Fenômenos de Transporte, Editorial Reverté S.A 1982 [2] Monnery W. D. et alii Viscosity : a critical review of practical predictive and correlative methods, Canadian J. Chem.Eng., 73, 3-50, 1995. [3] Thomas L. H. The dependence of the viscosities of liquids on reduced temperature, and a relation between viscosity, density and chemical constitution, J.Chem.Soc., (1946) 573-579 [4] Suzuki T. et alii Computer-assisted approach to develop a new prediction method of liquid viscosity of organic compounds, Computers Chem, Eng., 20, 161-173, 1996 [6] Viswanath, D.S., et al. - Viscosity of Liquids Theory, Estimation, Experiment and Data, Springer, 2007 [5] Huggins,M. L., J. Am. Chem. Soc., 64, pp.2716, 1942. [6] Kraemer, E. O., Ind. Eng. Chem., 30, pp.1200, 1938. [7] Schulz, G. V. & Blaschke, F., J. Praktt. Chem., 158, pp. 130, 1941 [8] R. C. Reid, J. M. Prausnitz, and T. K. Sherwood, The Properties of Gases and Liquids, McGraw- Hill, New York, 3rd Ed. (1977) [9] B. E. Poling, J. M. Prausnitz and J. P. O Connell, The Properties of Gases and Liquids, 6th Ed., Mc Graw Hill, New York (2001). [10] J. Kendall and K. P. Monroe, Viscosity of liquids. III. Ideal solutions of solids in v.7 n.7 2012 p. 85-96 91

Determinação da viscosidade de misturas líquidas binárias através do viscosímetro capilar de Cannon-Fenske liquids, J. Am. Chem. Soc. 39, 1802-1806 (1917) [11] S. A. Arrhenius, Uber die Dissociation der in Wasser gelosten Stoffe, Z. Phys. Chem. 1,631-648 (1887) [12] W. Hayduk, V. Malik, J.Chem.Eng.Data 16 (1971) 143-146 [13] P. Gonzalez-Tello, F. Camacho, G. Blázquez, J.Chem.Eng.Data 39 (1994) ANEXO I Tabela 3 Comparação entre os valores experimentais e teóricos ( eq. Arrhenius) com os desvios respectivos hteor xa xe hexp (cp) (cp) Eq. Desvio (%) Arrhenius 1,00 0,00 0.3184 0,3012 5,71 0,90 0,10 0,3546 0,3421 3,52 0,80 0,20 0,3777 0,3885 2,86 0,70 0,30 0,4144 0,4412 6,47 0,50 0,50 0,5452 0,5690 4,36 0,40 0,60 0,6510 0,6462 0,70 0,30 0,70 0,7260 0,7339 1,08 0,10 0,90 0,9867 0,9468 2,09 0,00 1,00 1,1350 1,0750 5,58 92 Revista de Ciências Exatas e Tecnologia

Daniel Tostes Oliveira -- = Valores experimentais -- = Eq. Arrhenius 1.2 1.1 1 0.9 Viscosidade da mistura ( cp ) 0.8 0.7 0.6 0.5 0.4 0.3 0.2 0.1 0.3 0.5 0.7 0.9 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 Fração molar da acetona Fig 3 - Comparação entre os valores experimentais e teóricos ( eq. Arrhenius ) para o sistema acetona - etanol Tabela 4 Comparação entre os valores experimentais e teóricos (Kendall e Monroe) com os desvios respectivos xa xe hexp (cp) hteor (cp) Eq. Kendall-Monroe Desvio (%) 1,00 0,00 0.3184 0,3012 5,71 0,90 0,10 0,3546 0,3515 0,87 0,80 0,20 0,3777 0,4071 7,78 0,70 0,30 0,4144 0,4683 13,0 0,50 0,50 0,5452 0,6084 10,4 0,40 0,60 0,6510 0,6879 5,36 0,30 0,70 0,7260 0,7741 6,62 0,10 0,90 0,9867 0,9673 1,97 0,00 1,00 1,1350 1,0750 5,58 v.7 n.7 2012 p. 85-96 93

Determinação da viscosidade de misturas líquidas binárias através do viscosímetro capilar de Cannon-Fenske -- = Valores experimentais -- = Valores teóricos ( eq. Kendall - Monroe ) 1.2 1.1 1 Viscosidade da mistura ( cp ) 0.9 0.8 0.7 0.6 0.5 0.4 0.3 0.2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 Fração molar da acetona Fig 4 - Comparação entre os valores experimentais e teóricos ( eq. de Kendall - Monroe ) para o sistema acetona - etanol ANEXO II Tabela 5 Comparação entre os valores experimentais e teóricos (eq. Arrhenius) com os respectivos desvios hteor (cp) xac xc hexp (cp) Desvio (%) Eq. Arrh 1,00 0,00 0.4450 0,4230 4,94 0,90 0,10 0,4521 0,4543 0,49 0,80 0,20 0,4682 0,4879 4,21 0,70 0,30 0,5000 0,5240 4,80 0,50 0,50 0,5442 0,6043 11,0 0,40 0,60 0,5691 0,6490 14,0 0,30 0,70 0,6410 0,6970 8,70 0,10 0,90 0,7323 0,8079 10,3 0,00 1,00 0,9340 0,8634 7,56 94 Revista de Ciências Exatas e Tecnologia

Daniel Tostes Oliveira -- = Valores experimentais -- = Valores teóricos ( eq. Arrhenius ) 0.91 0.95 0.9 0.8 0.85 Viscosidade da mistura ( cp ) 0.8 0.7 0.75 0.7 0.65 0.6 0.6 0.55 0.5 0.5 0.45 0.4 0.1 0.3 0.5 0.7 0.9 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 Fração molar do acetaldeído Fig 5 - Comparação entre os valores experimentais e teóricos (eq. Arrhenius ) com os respectivos desvios Tabela 6 Comparação entre os valores experimentais e teóricos ( eq. Kendall e Monroe ) com os respectivos desvios hteor (cp) xac xc hexp (cp) Desvio (%) Eq. Arrh 1,00 0,00 0.4450 0,4230 4,94 0,90 0,10 0,4521 0,4580 1,31 0,80 0,20 0,4682 0,4949 5,70 0,70 0,30 0,5000 0,5337 6,74 0,50 0,50 0,5442 0,6173 13,4 0,40 0,60 0,5691 0,6621 16,3 0,30 0,70 0,6410 0,7091 10,6 0,10 0,90 0,7323 0,8097 10,6 0,00 1,00 0,9340 0,8634 7,56 v.7 n.7 2012 p. 85-96 95

Determinação da viscosidade de misturas líquidas binárias através do viscosímetro capilar de Cannon-Fenske -- = Valores experimentais -- = Valores teóricos ( eq. Kendall - Monroe ) 0.9 1 0.95 0.9 0.8 0.85 Viscosidade da mistura ( cp ) 0.8 0.7 0.75 0.7 0.65 0.6 0.6 0.55 0.5 0.5 0.45 0.4 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1 Fração molar do acetaldeído Fig 6 - Comparação entre os valores experimentais e teóricos ( eq. de Kendall e Monroe ) para o sistema acetaldeído - ciclohexano 96 Revista de Ciências Exatas e Tecnologia