EXPERIÊNCIA ACADÊMICA COM O USO DE PACIENTE-PADRÃO EM SIMULAÇÃO NO ENSINO EM ENFERMAGEM: UMA REFLEXÃO ÉTICA



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Transcrição:

EXPERIÊNCIA ACADÊMICA COM O USO DE PACIENTE-PADRÃO EM SIMULAÇÃO NO ENSINO EM ENFERMAGEM: UMA REFLEXÃO ÉTICA Wanda Barbosa de Assis Vieira 1 Raphael Raniere de Oliveira Costa 2 Soraya Maria de Medeiros 3 Erika Simone Galvão Pinto 4 Ana Paula Gomes de Araújo 5 A simulação é uma metodologia de ensino que pode permitir, através de cenários simulados, que o discente tenha aproximação prévia com as diversas interfaces dos serviços de saúde. Como ferramenta de construção e execução destes cenários, o docente pode dispor de atores/atrizes, também chamados de pacientes-padrão, principalmente quando a habilidade que se deseja trabalhar relaciona-se a habilidade de comunicação. Nesse contexto, o trabalho tem por objetivo relatar a experiência vivenciada a partir do uso de pacientes-padrão no âmbito da construção e execução de cenários de simulação em Enfermagem. Trata-se de um relato de experiência em simulações na disciplina de Atenção Integral a Saúde II, da graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. O uso da ferramenta pacientepadrão permitiu a execução dos cenários planejados, por ser um recurso que dispensa tecnologias dispendiosas em simulação. A possibilidade de construção da comunicação terapêutica, o enaltecimento da percepção dos aspectos mais subjetivos dessa relação e a averiguação de comportamentos que puderam ser trabalhados, antes do contato direto com o paciente real, são aspectos que podem ser destacados a partir dessa vivência. Por ser uma estratégia de ensino que permite o erro, em situações que não são toleradas na prática clínica real, pontua de forma direta os diversos aspectos éticos da dinâmica de ensino e aprendizagem. Descritores: Simulação. Educação em Enfermagem. Ética. 1 Discente da Graduação em Enfermagem da Universidade Potiguar UnP. Membro do Grupo de Pesquisa Caleidoscópio da Educação em Enfermagem UFRN. E-mail: wanda_vieira@hotmail.com 2 - Enfermeiro. Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte UFRN. Membro do Grupo de Pesquisa Caleidoscópio da Educação em Enfermagem UFRN. E-mail: raphaelraniere@hotmail.com 3 - Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte UFRN. Líder do Grupo de Pesquisa Caleidoscópio da Educação em Enfermagem UFRN. E-mail: sorayamaria_ufrn@hotmail.com 4 - Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte UFRN. E-mail: erikasgp@gmail.com 5 - Discente da Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN. Bolsista de Iniciação Científica. Membro do Grupo de Pesquisa Caleidoscópio da Educação em Enfermagem UFRN. E-mail: anapaulagomes-paulinha@hotmail.com

INTRODUÇÃO A segurança do paciente é um problema social considerado importante e que está sendo mais reconhecido por diversas instituições, especialmente relacionadas à saúde. Um fato que chama a atenção é o problema na comunicação entre profissionais da saúde, que pode causar diversos transtornos, acidentes e até mesmo o óbito (DECKS, 2007). Vários fatores que contribuem para o agravamento dessa situação: o aumento da demanda profissional, o avanço da tecnologia, a necessidade de tomada rápida de decisão, etc. Todos esses fatores desafiam os educadores da área da saúde no sentido de preparar os alunos para obter uma prática segura e eficaz no ambiente em que estão inseridos (DECKS, 2007). Neste sentido, o ensino de enfermagem vem passando por diversas mudanças ao longo dos anos, principalmente a partir da introdução de tecnologias inovadoras, como é o caso da simulação. A simulação consiste em um método educacional no qual os estudantes adquirem mais habilidade e segurança para realizar os procedimentos de enfermagem (TEIXEIRA; FELIX, 2011). Uma estratégia para ajudar os educadores no manejo das habilidades adquiridas pelos alunos é a simulação baseada em cenários, ferramenta utilizada para ajudar a resolver a questão da segurança do paciente, ao mesmo tempo em que promove a aprendizagem dos alunos (DECKS, 2007). Como ferramenta de construção e execução destes cenários, o docente pode dispor de atores/atrizes, também chamados de pacientes-padrão, principalmente quando a habilidade que se deseja trabalhar relaciona-se a habilidade de comunicação (PAZIN FILHO; SCARPELINI, 2007). Através da simulação, o cuidado torna-se humanizado e ético, em virtude de não realizar um determinado procedimento diretamente no paciente, sem treinamento prévio. Além disso, os professores podem utilizar a simulação como método de ensino, onde corrigem e reforçam os pontos em que o aluno

precisa melhorar para que na prática clínica diminuam as chances de grandes erros (TEIXEIRA; FELIX, 2011). Nesse sentido, o trabalho tem por objetivo relatar a experiência vivenciada a partir do uso de pacientes-padrão no âmbito da construção e execução de cenários de simulação em Enfermagem. Para tanto, relata-se a experiência desenvolvida em uma disciplina da Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Brasil. METODOLOGIA Trata-se de um relato de experiência realizado a partir das reflexões da implantação da simulação realística na Disciplina de Atenção Integral a Saúde II, do Curso de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Campus Natal, Rio Grande do Norte, Brasil. O relato é parte de um projeto de pesquisa desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UFRN, intitulado A simulação realística como estratégia de ensino aprendizagem em Enfermagem. O processo de implantação deu-se entre janeiro e março de 2014. RESULTADO E DISCUSSÃO A disciplina de Atenção Integral a Saúde II, do Curso de Enfermagem da UFRN tem por objetivo discutir e oportunizar a atuação pratica dos discentes nas ações de promoção à saúde, prevenção de riscos e agravos, proteção específica e da recuperação da saúde.

Considerando a necessidade de pensar em estratégias de ensino e aprendizagem que desemboquem em uma aprendizagem mais significativa, foi adotada a simulação para contemplar alguns conteúdos ofertados na disciplina. Nas simulações, utilizou-se a ferramenta paciente-padrão, são atores na função de pacientes, para treinamento de obtenção de história clínica, exame físico e habilidades de comunicação (PAZIN FILHO; SCARPELINI, 2007). Nas simulações realizadas, o ator/atriz é treinado para assumir o papel de um usuário e os objetivos a ser alcançados são dependentes das competências e habilidades da matriz curricular a ser trabalhada. Na disciplina, foram planejadas situações que contemplaram os seguintes de conhecimento, a saber: imunização, Hiperdia e Idoso Institucionalizado. A possibilidade de construção da comunicação terapêutica, o enaltecimento da percepção dos aspectos mais subjetivos dessa relação e a averiguação de comportamentos que puderam ser trabalhados, antes do contato direto com o paciente real, são aspectos que podem ser destacados a partir dessa vivência. O uso da ferramenta paciente-padrão permitiu a execução dos cenários planejados, por ser um recurso que dispensa tecnologias específicas, em simulação realística, o uso desta possibilita os espaços de formação em saúde e Enfermagem à utilização desse método. Mesmo em Instituições que não dispõem de estrutura física específica para a execução de simulações, a utilização desse recurso pode ser apresentado como uma alternativa para execução de cenários simulados. Uma das limitações na disseminação do uso dos simuladores de alta fidelidade é o alto custo, variando entre 28 mil e 150 mil dólares, sendo que até o momento nenhuma empresa brasileira fornece estes produtos (TEIXEIRA et al, 2011). A possibilidade de construção da comunicação terapêutica, o enaltecimento da percepção dos aspectos mais subjetivos dessa relação e a

averiguação de comportamentos que podem ser trabalhados, antes do contato direto com o paciente real, são aspectos que podem ser destacados a partir dessa vivência. A simulação realística é uma metodologia de ensino que vem sendo bastante utilizada no contexto da formação em saúde e Enfermagem. A possibilidade de vivenciar situações aproximadas da realidade, em ambiente controlado, permite ao discente uma aproximação com os diversos cenários habituais dos serviços de saúde. De acordo com a definição do Conselho Nacional de Conselhos de Enfermagem do Estado (NCSBN), de 2005, simulação é um processo educativo que imita o ambiente de trabalho e exige que o aluno demonstre técnicas de procedimento, tomada de decisão e pensamento crítico (DECKS, 2007). Ao realizar procedimentos respeitando a ética, com o uso da simulação é reconhecida a importância de uma formação voltada para atender aos princípios e diretrizes do SUS. universalidade, equidade, integralidade e controle social. (COSTA et al, 2012). Essa necessidade surge a partir da própria sociedade, que ao mesmo tempo em que condena e repudia as práticas experimentais em pessoas e animais, exige destes profissionais habilidades e competências que ultrapassem a esfera prática (COSTA et al, 2012). CONSIDERAÇÕES FINAIS A experiência vivenciada pelos autores contribuiu para o aguçamento de reflexões acerca das diversas interfaces das dinâmicas de ensino e aprendizagem em enfermagem. Buscas estratégias que possibilitem vivência em situações que possivelmente os discentes irão se deparar na prática real, em ambiente controlado, além da possibilidade de praticar técnicas e

procedimentos em simuladores, pontua diretamente um ensino comprometido com a ética. Por ser uma estratégia de ensino que permite o erro, em situações que não são toleradas na prática clínica real, pontua de forma direta os diversos aspectos éticos da dinâmica de ensino e aprendizagem. REFERÊNCIAS COSTA, Raphael Raniere de Oliveira et al. O uso da simulação realística na graduação em enfermagem: reflexões sobre ética e formação profissional. In: Anais do 15º Congresso Brasileiro dos Conselhos de Enfermagem; 2012 Ago; Fortaleza, Brasil [Internet]. Fortaleza: COFEN; 2012. Disponível em: http://189.59.9.179/cbcenf/sistemainscricoes/arquivostrabalhos/i37712.e10.t7 992.D6AP.pdf.htm>. Acesso em: 17 maio de 2014. DECKER, Sharon. Simulation and Ethics. In: Simulation in Nursing Education. New York: National League for Nursing, 2007. PAZIN FILHO, A; SCARPELINI, S. Simulação: definição. Rev. Medicina v. 40, n.2, p. 162-166, 2007. Disponível em: <http://revista.fmrp.usp.br/2007/vol40n2/2_simulacao_definicao.pdf>. Acesso em: 15 abr. 2014. TEIXEIRA, I.N.A.O; FELIX, J.V.C. Simulação como estratégia de ensino em enfermagem: revisão de literatura. Interface Comunicação, Saúde e Educação. v. 15, n. 39, p. 1173-83, 2011. Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id:180121094020.htm.acesso em: 18 maio 2014.

TEIXEIRA, Carla Regina de Souza et al. O uso de simulador no ensino de avaliação clínica em enfermagem. Texto contexto enferm. vol.20, p. 187-193, 2011. Disponível em: <http:// http://www.scielo.br/pdf/tce/v20nspe/v20nspea24.pdf.htm>. Acesso em: 18 maio de 2014.