Investigação no campo da formação em Arquitetura e Urbanismo: O ensino do projeto no final do curso 1



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Transcrição:

- SEPesq Investigação no campo da formação em Arquitetura e Urbanismo: O ensino do projeto no final do curso 1 Sergio Moacir Marques 2 1 Introdução A investigação tem como objetivo abordar universo de certa complexidade e subjetividade no campo do ensino/aprendizagem. O ensino da arquitetura tem sido objeto de discussões e formulações praticamente desde o nascimento da arquitetura propriamente dita - como área de conhecimento com corpo disciplinar próprio, distinta de outras áreas como engenharia ou belas artes - e a formação da profissão do arquiteto. Neste processo histórico que envolve a estruturação do conhecimento no campo da arquitetura, regulamentação da profissão, consolidação da formação e da carreira do arquiteto e urbanista e, nas últimas décadas, da pesquisa no universo da arquitetura e urbanismo, o ensino em particular ainda expõe bases conceituais e teóricas significativamente heterogêneas entre experiências diversas praticadas em vários países e instituições. Há grande pluralidade nas experiências no ensino do projeto assim como nos estudos à respeito, em particular na maneira de realizar os trabalhos de conclusão da graduação e da demonstração das habilidades mínimas necessárias para o exercício profissional. Desde este ponto de vista a proposta tem visa examinar as experiências de ensino/aprendizagem realizadas contemporaneamente nos trabalhos finais de Graduação, em particular nas escolas referenciais, cujo intercâmbio e relações históricas tem importância para o contexto brasileiro e sul americano, as diferentes categorias de Trabalhos Finais de Graduação e seus atributos arquitetônicos nos certames públicos realizados neste campo nas últimas décadas como o Archiprix, internacionalmente, o Ópera Prima, nacionalmente e o prêmio IAB/RS regionalmente e sistematizar análise crítica comparativa destas experiências contemporizando com a tradição do ensino do projeto no final do curso regional, objetivando a formulação de fundamentos como contribuição aos cursos de arquitetura e estudantes. 1 Artigo focando investigação a ser iniciada no PPGARQ do UniRitter sobre o ensino do projeto de arquitetura e urbanismo no Trabalho Final de Graduação dos cursos de arquitetura e urbanismo brasileiros e latino americanos, visando reflexão e preposição sobre diretrizes que possam contribuir tanto para a organização acadêmica da atividade, por parte do corpo docente e instituições, quanto com a realização do trabalho, por parte dos discentes, tendo em vista a excelência. 2 Arquiteto Doutor, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo UniRitter - Faculdade de Arquitetura UFRGS, sermar@uniritter.edu.br

- SEPesq Igualmente a investigação visa Mapear qualitativamente os regulamentos, organização, critérios e objetivos dos Trabalhos Finais de Graduação contemporizando com resultados exemplares, tendo em vista a identificação de tendências ou linhas de atuação acadêmica, como por exemplo abordagens mais investigativas ou profissionalizantes, teóricas ou práticas, conceituais ou tectônicas; sistematizar referencia de organização para o Trabalho Final de Graduação, definindo princípios, fundamentos e objetivos, sugerindo alternativas de estrutura para a realização deste trabalho, procedimentos, critérios de discussão e avaliação e meios de disseminação dos resultados como contribuição as escolas de arquitetura que, dentro de suas particularidades e condições, possam eventualmente aproveitar as experiências realizadas e elaborar uma sequencia de passos comentada e ilustrada que favoreçam a clara compreensão do processo de realização de um projeto de conclusão do curso de arquitetura, em todas as suas etapas, objetivando oferecer aos estudantes além de uma visão clara e objetiva da natureza desta atividade, um conjunto de recomendações que podem eventualmente ajuda-lo a ganhar tempo e qualidade em seu projeto. 2 O Trabalho de Conclusão do Curso de Arquitetura e Urbanismo O Trabalho Final de Graduação, como síntese e ponto de convergência do curso de arquitetura - onde o estudante demonstra, além de suas capacidades e habilidades para seguir a carreira de arquiteto, seja no exercício da prática, seja no meio acadêmico - apresenta a identidade arquitetônica do autor, onde o entendimento do projeto como ferramenta de investigação de um determinado problema arquitetônico é fundamental. Ou seja, o projeto de arquitetura para fins acadêmicos não é apenas uma simulação da realidade ou do que o estudante vivenciará na prática profissional, para a qual ele está sendo treinado, mas indo além, o projeto arquitetônico como ferramenta de análise crítica e reflexão propositiva desta realidade, desde um ponto de vista investigativo favorecido pela condição acadêmica da realização deste trabalho, pode ser ferramenta poderosa de produção de novos conhecimentos sobre determinados problemas onde a visão arquitetônica e urbanística é determinante. O estudante de arquitetura ao formular seu problema arquitetônico a ser enfrentado no TFG e desenvolver o projeto de arquitetura correspondente a este problema, não está apenas dando uma resposta arquitetônica a um problema corrente, mas está, com a própria formulação do problema e do projeto, investigando com certa profundidade e especificidade de análise que o projeto oferece, um certo saber especifico para aquele caso e potencialmente genérico para outros, que devidamente organizado e sistematizado poderá ser contribuição significativa para o conhecimento e prática da arquitetura. Neste sentido, o Núcleo de Projetos da FAU Ritter dos Reis Laboratório da Área de Conhecimento de Projetos da Escola, onde são realizadas atividades acadêmicas de Ensino, Pesquisa e Extensão, relacionadas à prática e a reflexão do projeto arquitetônico e seus processos de concepção, vem colocando em marcha desde que foi

- SEPesq criado, em 1996, experiências amplas no campo do ensino/aprendizagem no final do curso, em particular como o Trabalho Final de Graduação, principal usuário do Núcleo. O Núcleo de Projetos coordena, através de sua comissão permanente de professores, a Atividade Trabalho Final de Graduação T.F.G, onde os alunos, a partir de um tema, um contexto de trabalho, conceitos e estratégias de sua própria escolha, realizam o trabalho de conclusão do curso de Arquitetura e Urbanismo. Este trabalho, desenvolvido ao longo de um ou dois semestres (opcional), pretende oportunizar ao aluno a demonstração da síntese de seus conhecimentos através de um projeto arquitetônico desenvolvido com a orientação de professor orientador de sua escolha, o apoio dos professores dos diversos departamentos da escola e da comissão permanente do Núcleo de Projetos, que prestam assessoramentos durante o período letivo e realizam painéis intermediários de discussão e avaliação conjunta. O trabalho final é defendido mediante uma banca constituída pela comissão permanente e por arquitetos externos a instituição, sendo a avaliação final realizada pela Comissão Permanente, considerando o processo e o produto. O desenvolvimento deste processo tem oportunizado a experimentação de conceitos, objetivos e procedimentos bem como a organização sistemática dos resultados dos trabalhos Finais de Graduação dos últimos vinte anos, onde se descortina um campo rico para determinadas análises e proposições referentes ao ensino da arquitetura em geral e o final do curso em particular. Dentro deste quadro, preliminarmente é possível delimitar cinco segmentos na realização do projeto de arquitetura para o T.F.G, onde estudos mais aprofundados podem definir com clareza a natureza destas ações dialéticas no processo de projeto e a pertinência na forma de abordá-las a partir de determinados procedimentos didáticos: 3 Conclusão A produção projetual investigativa, que objetiva além de resolver um problema especifico, trazer novos conhecimentos no campo da arquitetura, não tem recebido o devido reconhecimento como instrumento de pesquisa, análise e como meio de reflexão do saber arquitetônico. O falso dilema, gerado pelo distanciamento da prática de projetos de arquitetura em relação à pesquisa acadêmica, persistente em separações nas quais forças divergem na direção do exercício do ofício, em oposição ao conhecimento científico e viceversa, além de preconceitos mútuos entre estes mundos, revela relação de exclusão simplificadora de atividades indissociáveis para a qualidade da disciplina. O projeto pode ser um agente de investigação no campo da arquitetura - sem excluir outras modalidades indispensáveis de pesquisa - cujo produto, na forma de proposta espacial e equacionamento dos problemas próprios do conhecimento da arquitetura e do urbanismo, apresenta resultados igualmente indispensáveis ao saber específico do meio arquitetônico, tanto quanto a produção textual acadêmica e outras técnicas de investigação. A distinção entre arquitetos práticos, por se dedicarem à prática profissional, e teóricos, por se dedicarem à carreira acadêmica, só pode servir como parâmetro de opção pessoal ou

- SEPesq ênfase na dedicação profissional, não como separação inerente a dois meios dialéticos, duas áreas dependentes de ação, na verdade partes de um mesmo saber 3. Tal divisão, se levada à separação e exclusão de ferramentas próprias do fazer, acarretam perdas indubitáveis, nos quais as experiências de projeto arquitetônico, evocativas de investigação conceitual, não são devidamente qualificadas, enquanto outras produções acadêmicas, muitas vezes sem aferição de qualidade, adquirem salvo conduto cartorial. Evidentemente nem todo projeto de arquitetura traz investigação relevante, assim como nem toda pesquisa, por ser científica, guarda garantia de qualidade. No entanto, o ensino da arquitetura e o ateliê de projeto, como já observou SCHÖN 4, constituem, através de seus procedimentos típicos - da concepção do projeto aos mecanismos de discussão e análise através de painéis coletivos - ambiente privilegiado para o desenvolvimento de determinadas investigações do conhecimento em geral e, em especial, para as do campo da arquitetura e urbanismo. Algumas investigações teóricas neste sentido, vem sendo desenvolvidas por determinados autores de referencia internacional como PIÑON 5 e MAHFUZ e SILVA no contexto nacional e regional 6. Neste contexto, o projeto, como poderosa ferramenta de análise e prospecção, requer valorização, critérios de realização e aproveitamento dos resultados, novos procedimentos de organização acadêmica e metodologias para documentação do processo e produto, de forma a oferecer material relevante à construção de novos saberes da arquitetura e urbanismo e acúmulo de conhecimentos adquiridos. Outro aspecto relevante para a discussão oportunizada por este trabalho é a definição da especificidade da atividade do arquiteto. A linha de investigação desta pesquisa associa-se com o entendimento sobre o projeto como o ferramental especifico na formação e ação do arquiteto, dentro do qual a forma arquitetônica estabelece a distinção entre o projeto arquitetônico e projetos de outras áreas do conhecimento como engenharia, gestão, etc. O treinamento no projeto e no domínio da forma arquitetônica em particular é o que 3 No Rio Grande do Sul, algumas experiências isoladas neste sentido tem apresentado resultados expressivos, em especial work-shops de projeto organizadas pela FA/UFRGS (principalmente os ministradas por Hélio Piñon nos últimos anos), oficinas de projeto realizadas pela rede de escolas sul americanas S.O.S Ciudades, integrada pela FAU/UniRitter, as disciplinas de Projeto Arquitetônico I e II do Programa de Pós- Graduação e Pesquisa da UFRGS coordenados por Edson Mahfuz, algumas experiências de projeto associado à investigação teórica no Curso de Especialização Latu Sensu Arquitetura de Interiores da FAU UniRitter e o ateliê de Projeto V da FA/UFRGS que investiga o tema do metrô de Porto Alegre através da produção de projetos. No âmbito internacional, importante referência é o Masters in Architecture - DRL design research laboratory, dirigido por Patrick Schumacker (sócio de Zaha Hadid) na London Architectural Association, cujo produto é um projeto. 4 Ver SCHÖN, Donald. Educando o profissional reflexivo: um novo design para o ensino e a aprendizagem. Artmed: Porto Alegre, 2000. 5 Ver PIÑON, Hélio. Curso básico de Proyectos. Barcelona: UPC, 1998. 6 Neste sentido é fundamental a reflexão teórica do Prof. Arq. Cairo Albuquerque da Silva. Ver SILVA, Cairo Albuquerque da; CAMPOS, José Carlos. O projeto como investigação científica: educar pela pesquisa. Portal Vitruvius, Arqtexto 050, texto especial n.240, São Paulo jul. 204. http://www.vitruvius.com.br /arquitextos/ arq000/esp246.asp

- SEPesq constitui a especificidade na formação do arquiteto e que o habilita a excelência de sua atuação profissional em diversos meios, como a construção, a comunicação visual, a docência, a pesquisa, o planejamento, o paisagismo, etc. A Lei de Diretrizes Básicas do ensino superior brasileira, não tem esta clareza e admite diversas modalidades de Trabalhos Finais de Graduação como textos oriundos de pesquisas, cálculos de engenharia, design gráfico, etc., confundindo campo de atuação profissional com formação. Várias escolas adotam este modelo assim como outras mantém o projeto como o foco mas organizam o processo de maneira a dispersão do trabalho do estudantes em ênfases irrelevantes para a arquitetura. A partir desta delimitação geral e especifica do projeto de arquitetura e urbanismo no final do curso, se pretende armar os passos e ações para a realização da pesquisa descritos neste artigo. 4 Referências ARAÚJO, Cláudio Luís Gomes; MARQUES, Moacyr Moojen; MENTZ, Luiz Frederico. Programa de ensino. Ciclo de preparação básica Ciclo de preparação profissional. Porto Alegre: FA-UFRGS, 1966. Cópia datilografada COMAS, Carlos Eduardo Dias (org.). Projeto arquitetônico - disciplina em crise, disciplina em renovação. São Paulo: CNPq - Projeto, 1986. ENCONTRO NACIONAL SOBRE O ENSINO DO PROJETO ARQUITETÔNICO. Tecnologia e Ensino do Projeto (III.: 1987: Porto Alegre), Anais. Porto Alegre: FAUFRGS, 1987 MAHFUZ, Edson. Banalidade ou correção: dois modos de ensinar arquitetura e suas conseqüências. Portal Vitruvius, Arqtexto 159, texto especial n.05, São Paulo ago. 2013. http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/ 14.159/4857 MARTINEZ, Alfonso Corona. Ensayo sobre el proyecto. Buenos Aires: CP 67, 1991 PIÑÓN, Helio. Curso Básico de Proyectos. Barcelona: Ediciones UPC, 1998. SCHÖN, Donald. Educando o profissional reflexivo: um novo design para o ensino e a aprendizagem. Artmed: Porto Alegre, 2000 SILVA, Cairo Albuquerque da; CAMPOS, José Carlos. O projeto como investigação científica: educar pela pesquisa. Portal Vitruvius, Arqtexto 050, texto especial n.240, São Paulo jul. 204. http://www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq000/esp246.asp