A RELEVÂNCIA DO CUIDADO DA ENFERMAGEM PARA SAÚDE MENTAL DO IDOSO



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Transcrição:

A RELEVÂNCIA DO CUIDADO DA ENFERMAGEM PARA SAÚDE MENTAL DO IDOSO Ianine Alves da Rocha¹, Aralinda Nogueira Pinto¹, L enilma Bento de Araújo Meneses¹, Lucineide Alves Vieira Braga¹, Ana Neri A lves da Rocha¹, Livândio Chagas de Morais¹, Maria de Oliveira Ferreira Filha ¹ Universidade Federal da Paraíba/Departamento de Enfermagem Saúde Pública e Psiquiatria, http//www.ufpb.br, João Pessoa, ian_ine@yahoo.com.br, arallinda@yahoo.com.br, lenilmabento@yahoo.com.br, lucineide.avb@gmail.com, enfercat@hotmail.com, livandiomorais@gmail.com, marfilha@yahoo.com.br n Resumo- O envelhecimento é um processo irreversível e deve ser melhor discutido principalmente numa época em que o crescimento do número de idoso é fato. Nesse sentido, objetiva-se desvendar estratégias utilizadas pela enfermagem para melhoria da saúde mental do idoso. Para tanto, pauta-se numa abordagem exploratória, utilizando como instrumento de coleta de dados um roteiro estruturado de entrevista, da qual participou estudantes concluintes de enfermagem e que haviam cursado a disciplina Saúde do Idoso. Os dados foram analisados quantiqualitativamente, através da técnica do discurso do sujeito coletivo e discutido a luz da literatura pertinente. Os resultados evidenciaram que os participantes sentiam interesse em desenvolver cuidados individuais, ajustando-os aos limites impostos pela idade cronológica ou física, considerando que esses cuidados potencializam o papel social e humano da enfermagem. Palavras-chave: Saúde dos Idosos, Saúde Mental, Enfermagem Geriátrica. Área do Conhecimento: Ciências da Saúde. Introdução O envelhecimento, como um processo irreversível e universal, que não afeta só o ser humano, mas a família, a comunidade e a sociedade, deve ser melhor discutido principalmente numa época em que o crescimento do número de idosos já é uma realidade. Junto a isso inquieta o fato de que a sociedade não tem preparos para encarar com responsabilidade essa mudança no semblante populacional do Brasil, pois o envelhecimento deve vir com respeito, participação e contribuição na comunidade, além do bom estado de saúde físico e mental (HOAFFMANN, 2003). Conforme divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população idosa brasileira, está em torno de 18 milhões (8,6% da população brasileira), destas 11,4 mil pessoas estão com 100 anos ou mais de idade, refletindo o aumento da expectativa de vida da população. O Brasil, que na década de 70 se definia como um país jovem, hoje começa a assimilar a mudança na sua estrutura etária. Projeções indicam que seremos o sexto pais do mundo em número de idosos no ano de 2020, com aproximadamente 31,8 milhões de idosos (PESSINI, 2003). Contudo, não houve uma elaboração de cuidados voltados para o envelhecimento da população, em termos conjunturais e prestação de serviços destinados à terceira idade. Papaléo (2002) pontuou que será preciso urgente, a criação e implementação de profundas transformações sociais, econômicas e políticas, que visem assegurar os direitos dos idosos e promover a melhoria na qualidade de vida. Diante desse cenário é valido lembrar que o crescimento explosivo do numero da população idosa provoca um aumento de pessoas com risco de adquirir doenças neurológicas e psiquiátricas (ALMEIDA, 1999). Convém, no entanto, salientar que não existem padrões específicos de comportamento dos idosos, e que a família continua sendo a melhor garantia do bem estar material, espiritual e emocional desses indivíduos (CNBB, 2003). Envelhecer de forma bem sucedida é incrementar a vida com hábitos saudáveis, ter atividades que motivem os laços afetivos e que aperfeiçoem habilidades pessoais produtivas, cumprindo as leis que garantam o direito do idoso. Sendo assim, o envelhecimento bem sucedido depende de várias esferas: da sociedade, da família, além das características pessoais e de personalidade. A partir das necessidades inerentes ao idoso e das prerrogativas legais que norteiam as ações que necessitam serem implementadas, e por ter em mente que é respeitando os aspectos culturais 1

de cada indivíduo e levando em consideração suas experiências prévias, que minimizaremos a questão do estigma social para com o idoso. Cabe assim analisar como a enfermagem vem atuando junto a este contingente populacional na perspectiva de identificar e minimizar seus problemas. Neste sentido, interessou-nos desvendar estratégias utilizadas pela enfermagem para melhoria da saúde mental do idoso. Metodologia O presente estudo pauta-se numa abordagem quantiqualitativa. Tem como locus o município de João Pessoa/PB e como sujeitos os acadêmicos de enfermagem. A amostra foi composta por 28 acadêmicos que eram concluintes da graduação em enfermagem no segundo semestre do ano de 2008 e os que haviam cursado a disciplina de Saúde do Idoso, disciplina esta optativa na proposta curricular do mesmo curso. A escolha por tal amostra se deu pelo reconhecimento que os mesmos serão os cuidadores do futuro. A coleta de dados ocorreu entre outubro e novembro 2008, utilizando como instrumento um roteiro estruturado de entrevista. Aqueles que se dispuseram a participar da pesquisa, leram e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido preconizado pelo Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde, através da Resolução nº 196 de 10 de outubro de 1996, após a aprovação do projeto pelo Comitê de Ética da Universidade Federal da Paraíba. Para análise de dados, lançou-se mão da técnica do Discurso do Sujeito Coletivo e discussão à luz da literatura pertinente. Resultados Para que fosse atingido o objetivo proposto nesse trabalho, desvendar estratégias utilizadas pela enfermagem para melhoria da saúde mental do idoso, foi necessário a investigação inicial do olhar dos entrevistados sobre as condições da assistência prestada ao idoso. A partir desta visão é que se conseguiu chegar ao objetivo e perceber de que forma a enfermagem vem contribuindo para a melhoria da assistência a esse grupo, que é sempre vitima de muito estigma. No primeiro momento mostraremos os dados sobre a assistência prestada ao idoso pela equipe de enfermagem e a ocorrência ou não de maus tratos da equipe de enfermagem para com o idoso presenciados pelos acadêmicos durante as atividades de estágio. No segundo momento, faremos uma análise das falas dos participantes a cerca de estratégias que estão sendo utilizadas à luz da Técnica do Sujeito Coletivo fazendo um paralelo com a literatura pertinente. A partir do questionamento de como se classificaria a assistência prestada pela enfermagem ao idoso, presenciada por você? Os resultados demonstraram que 1 (3,57%) dos acadêmicos respondeu que, de modo geral, a assistência de enfermagem ao idoso era ótima; 8 (28,57%) responderam que o atendimento era bom; 15 (53,57%) era razoável; 3 (10,71%) era ruim; e 1 (3,57%) referiu péssima à assistência. Diante desse fato é valido ressaltar que se precisa investir em cursos de capacitação para que os profissionais se preparem para assistir o idoso dentro das prerrogativas legais que norteiam as ações que necessitam ser implementadas. Quanto questionados sobre o descaso para com os idosos pela equipe de Enfermagem, presenciado pelos entrevistados durante atividades acadêmicas, 16 (57,14%) responderam que nunca presenciaram descaso; 12 (42,85%) indicaram, de forma unânime, que presenciaram descaso mais de duas vezes, um deles alegou ter presenciado cinco vezes e outro, várias vezes. Embora a maioria não refira ter presenciado descaso, é de suma relevância o percentual encontrado, uma vez, que isso representa não só o descompromisso e o desrespeito com a clientela assistida, mas também a ausência de postura ética. Os questionamentos acima fizeram os participantes relembrar práticas de enfermagem para com o idoso, vivenciadas em campo de estágio, que mereciam ser implementadas com humanização. Sendo assim foi perguntado que práticas alternativas você adotaria para humanizar o cuidado com o paciente idoso ou para contribuir com a saúde mental do mesmo? A primeira idéia central foi: Grupos de idosos onde houvesse troca de experiência; com atividades que os fizessem sentir úteis, trabalhando a imaginação, aperfeiçoando habilidades e realizando sonhos antes impossíveis. Incentivaria à leitura, musica, artesanato [...]. ; [...] alfabetização, grupos de dança. ; [...] pintura e trabalhos manuais para geração de renda. ; Encontros onde eles pudessem compartilhar seus sentimentos com outros idosos [...]. ; Estimulação da equipe para este trabalho, onde se pudessem identificar nesses encontros as principais necessidades do idoso [...]. ; [...] conduzir a formação de grupos de idosos, levantando sua auto-estima. Esses momentos em grupos promovem laços de amizade e sentimentos afetivos espantando a dor da angústia e depressão, resultante do 2

isolamento, da desvalorização, da solidão física e afetiva e de todas as mudanças fruto do avanço da idade. A segunda idéia central foi: Adoção de hábitos saudáveis, usando um modelo voltado para a individualidade/limitações do idoso; escuta e respeito às necessidades psicossocio-espritual, incentivo ao apoio familiar como fator importante na inserção do idoso na sociedade. Prestando atendimento individualizado de acordo com as necessidades especificas do idoso [...]. ; [...] atuar mais com a escuta. ; [...] estimulando hábitos como atividades físicas, intelectuais. ; A enfermagem assumindo seu papel de cuidador humanizado [...]. ; O psicossocio-espiritual também deve ser atentado [..]. ; Conscientização dos familiares, agindo sem preconceitos [...]. Nesse sentido vale pontuar que a família é considerada por muitos uma instituição cultural onde as representações sociais são atualizadas. Ela precisa ser alvo de intervenções educativas, para que ela assuma o papel de protetora na velhice (MAFFIOLETTI, 2005). Diante dos resultados acima, pode-se perceber a abundância de atividades que podem ser desenvolvidas com os idosos sem grandes custos, e que a iserção deles no contexto social é relevante para a manutencao da saúde mental. Discussão A pesquisa nos revela nos primeiros dados que a enfermagem precisa melhorar a humanização na assistência; que é necessário ser feito um trabalho de capacitação dos profissionais de modo que eles entendam que a assistência integral e qualificada facilita o cuidado prestado e a adaptação do idoso ás mudanças do processo de envelhecimento. Nesse contexto, a forma como o profissional de enfermagem cuida do idoso está intrinsecamente relacionada à sua percepção do envelhecimento (MANCIA, 2008). Isso nos faz refletir sobre os valores humanos, e o que levou a cada um desses profissionais optarem por uma profissão que tem como essência o cuidar e a atenção pelo próximo. Os especialistas afirmam está havendo atualmente uma conscientização por parte de alguns profissionais de que as ações voltadas para o idoso precisam ter foco exclusivo, a fim de reconhecer e satisfazer as necessidades e promoção de bem-estar; dessa forma fazendo cumprir o estatuto do idoso. Diante dos fatos acima sinalizados, a primeira idéia central através do discurso do sujeito coletivo dos participantes questionados, já mostra esta mudança, pois ressalta a importância dada pela amostra aos grupos de idosos na construção de vínculos e inserção na sociedade. Esses momentos de encontro são de estimada relevância para a promoção da saúde mental e prevenção do sofrimento psíquico. A formação de grupos fermenta a capacidade de socialização do idoso, pois na velhice se precisa de apoio emocional para que se aceite e se adapte da melhor maneira às perdas e às limitações que possam aparecer com o passar do tempo (MANCIA, 2008). Nesse sentido, a interação social reflete no fator psicológico e na motivação, resgatando a cidadania que muitos pensavam ter perdido ao serem vistos como inválidos. Na segunda idéia central os participantes mostram a presença de novas teorias do cuidado, conceitos inovadores onde se inclui ao cuidado de enfermagem à participação familiar, saindo do modelo tradicional de promoção à saúde, sendo esta uma maneira promissora para um tratamento holístico. As alterações naturais advindas do envelhecimento vão aos poucos restringindo a autonomia do idoso para as mais diversas atividades. Todavia, a rede de apoio familiar mostra-se mais significativa quando é capaz de oferecer seu suporte afetivo (DUARTE; SANTOS, 2004). Dessa forma, a idéia transmite o interesse em desenvolver cuidados individuais, ressaltando a importância da escuta para aumentar o índice de satisfação ao tratamento do cliente, e a parceria junto à família para que unidos possam está envolvidos na promoção da saúde mental, melhorando a qualidade de vida. Conclusão Em meio a esta breve discussão do presente estudo, constata-se um recorte da realidade abordada na literatura pertinente, a qual refere o índice ainda alto de descaso mesmo com toda política em combate ao abandono, e também a qualidade razoável da assistência dada pelos profissionais a esses clientes, revelando talvez falta de motivação e/ou reflexo de uma pequena afinidade. Por outro lado os futuros profissionais, participantes dessa pesquisa, revelaram ''cara nova'' e idéias promissoras para mudança da postura assistencial com uma tendência em perceber o suporte familiar e da comunidade como fator decisivo na qualidade de vida do idoso. Essa mudança reflete em atitudes de socialização, que segundo dados conseguidos nessa pesquisa, essa inserção ocorre através da adoção de novas tecnologias do cuidado que 3

proporcionam a motivação, a auto-estima e a cidadania, valorizando o ser pelo o que é. Nesse sentido, desvendou-se como estratégias utilizadas a formação de grupos socializadores; momentos de leitura, música, artesanato, pintura; atividades fisicas e intelectuais; projetos de alfabetização para idosos; grupos de dança e pintura. E oportuno evidenciar que o profissional de enfermagem deve estar inserido nessas atividades. Para tanto, se necessita de uma maior inserção de enfermeiros que lutem e priorizem pela construção de espaços alternativos para atuação profissional, considerando que esses espaços oportunizam o cuidar de forma holística e potencializam o papel social e humano da Enfermagem. v.61 n.2 mar./abr. 2008. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script. Acesso em: 01 set 2008. - PAPALÉO, N. M. Gerontologia: a velhice e o envelhecimento em visão globalizada. São Paulo: Atheneu, 2002. - PESSINI, L. Envelhecer com saúde/ Ecos da II Assembléia Mundial Sobre o Envelhecimento. Revista Vida Pastoral, Ed. Paulinas, mar/abr, 2003. Referências - ALMEIDA, O. P. Idosos atendidos em serviços de emergência de saúde mental: características demográficas e clinicas. Revista Brasileira de Psiquiatria, v. 21, p. 12-18, 1999. - CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS BISPOS DO BARSIL. Fraternidade e pessoas idosas: texto-base: 2003. São Paulo: salesiana, 2003. - DUARTE, C. V. & SANTOS, M. A. E agora... de quem, cuidarei? : o cuidar na percepção de idosas institucionalizadas e não institucionalizadas. Psicol. cienc. prof. Brasília, DF, v.24 n.1, mar. 2004. Disponível em: http://scielo.bvspsi.org.br/scielo.php. Acesso em 01 set 2008. - HOFFMANN, M. E. Bases biológica do envelhecimento. Revista Idade Ativa, Campinas, SP, 2003. Disponível em: <http://www.techway.com.br>. Acesso em: 21 abr 2007. - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA. Censo demográfico 2007. Características da população e dos domicílios, resultados do universo. Rio de Janeiro: IBGE, 2007. - MAFFIOLETTI, V. L. R. Velhice e família: reflexões clínicas. Psicol. cienc. prof. Brasília, DF, v.25 n.3, set. 2005. Disponível em: http://bases.bireme.br/cgibin/wxislind.exe/iah/online/. Acesso em: 20 set 2008. - MANCIA, J. R. A imagem dos acadêmicos de enfermagem acerca do próprio envelhecimento. Rev. bras.enferm. Brasília, DF, 4

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