Subtema: 1- Participação Juvenil, movimentos sociais e ações coletivas. PROJETO VOZ ATIVA



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Transcrição:

Modalidade Relato de Experiência Subtema: 1- Participação Juvenil, movimentos sociais e ações coletivas. PROJETO VOZ ATIVA Daniela Alexandre Izidório Felisberto, Centro Social Marista Ir. Walmir Grupo Marista Palavras-chaves: Participação, infanto juvenil, protagonismo A Rede Marista de Solidariedade (RMS) atua na promoção e defesa dos direitos das infâncias e juventudes. Prioriza em seus projetos sociais o desenvolvimento integral, a participação infantil e juvenil, a criação de vínculos e a emancipação dos sujeitos. Nos estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal, a atuação acontece por meio das mantenedoras: Associação Brasileira de Educação e Cutura (ABEC), União Catarinense de Educação e Associação Parananense de Cultura (APC). São 23 Centros Sociais Maristas e 4 unidades do ProAção (Programa de Ação Comunitária e Ambiental) onde são oferecidos educação infantil, ensino fundamental, apoio socioeducativo, qualificação profissional, projetos de promoção da cidadania voltados para as famílias e bibliotecas interativas, além dos programas de bolsas de estudo na educação básica e no ensino superior. Cabe destacar que entre os Centros Sociais está o Centro Social Marista Ir. Walmir, o qual desenvolveu o Projeto Voz Ativa. Salienta-se que o mesmo foi inaugurado no dia 19 de março de 2010, entretanto, as atividades tiveram início no dia 25 de janeiro do mesmo ano. Está localizado na zona leste do município de Criciúma (SC), em uma região denominada Mina Quatro, mais especificamente no Bairro Renascer, resultado de uma parceria realizada em 2008 com a Prefeitura Municipal de Criciúma por meio da cessão do terreno pelo tempo que servir a finalidade, ou seja, um programa de educação complementar na comunidade do Bairro Renascer, em Criciúma, Santa Catarina. O atendimento se faz em meio a uma das comunidades de maior vulnerabilidade do município e pelas características de degradação ambiental, em razão da extração de

carvão mineral executadas na década de 80, nas minas que ali se encontravam instaladas. O Centro Social Marista Ir. Walmir viabiliza por meio de Serviços, Programas e Projetos, o atendimento a crianças e adolescentes na faixa etária de 6 a 14 anos por meio do Serviço de Apoio Socioeducativo. Sua dinâmica cotidiana de atendimento compreende a realização das oficinas de jogos cooperativos, comunicação, informática, meio ambiente e cidadania, expressão corporal, expressão musical e artes. Cabe destacar também que para as famílias e comunidade em geral viabiliza-se, por meio de projetos e do Serviço de Orientação Sociofamiliar e Socioeconomia Solidária, um atendimento sistemático e contínuo. Desta forma, os serviços oferecidos visam garantir a educação integral, o desenvolvimento do potencial enquanto sujeitos de direitos, capazes de construir conhecimentos de forma participativa, entender e interferir positivamente na realidade em que estão inseridos, considerando a cultura da comunidade. Diante disto, cabe destacar que a criança e o adolescente são sujeitos sociais de direitos, sendo que esta condição garante a eles o direito à cidadania e a participação na democracia. O direito à participação de crianças e adolescentes está legitimado, dentro do Sistema Global de Proteção aos Direitos Humanos, na Convenção sobre os Direitos da Criança, que surgiu para ao fortalecimento da proteção dos direitos humanos de crianças e adolescentes pela concepção de que tais pessoas encontravam-se em condição de vulnerabilidade e discriminação, independente dos limites geográficos, culturais ou econômicos, sendo imperiosa a adoção de medidas protetivas em âmbito internacional. Para que esta condição de sujeitos seja efetivada, seus direitos devem ser garantidos, em especial dos quatros princípios gerais da Convenção, o superior interesse da criança, sua sobrevivência e desenvolvimento, a não discriminação e a participação. O direito à participação surge como um dos elementos centrais do texto da Convenção, em especial nos artigos 12, 13, 14,15, 17, 30 e 31 onde estabelecem os direitos das crianças e adolescentes a expressarem suas opiniões livremente, a ter suas considerações, bem como a liberdade de crença e o direito a acessar informações e a participar da vida cultural. Desta forma percebe-se que o artigo 12 da Convenção afirma que toda criança e adolescente tem o direito de expressar sua opinião sobre todo assunto de seu interesse. Isso implica no reconhecimento de que crianças e adolescentes devem escutar e ser escutados, opinar, intervir, inclusive na vida pública.

Portanto, o artigo 12 da Convenção deve ser interpretado com foco nos seus princípios fundadores e de forma integrada à totalidade de seus dispositivos, frente ao conjunto normativo internacional de proteção aos direitos humanos. Devemos interpretá-lo de forma mais ampliada que sua literalidade, entendendo junto com o direito da criança a ser ouvido, o simétrico dever do (a) adulto (a) em escutá-la e aprender com ela, ou seja, devemos ter uma escuta qualificada. Portanto é direito de todos os jovens e adolescentes, enquanto cidadãs e cidadãos, participarem da definição dos modelos de atendimento aos seus direitos como a escola, a saúde, o lazer... E é dever do Estado, da família, do adulto, abrir espaços para a escuta, a expressão o aprendizado. Só assim podem desenvolver- se, agregar valores e atuar em prol de uma coletividade. Apesar de todo o conjunto de garantias legais que a normativa nacional e internacional apresenta referente à participação infantil, podemos perceber ainda que a participação de crianças e adolescentes não é sistemática, sobretudo ainda predominam práticas em que prevalece a visão adulta no concernente a forma e o momento em que ocorrer a dita participação e, ainda, quando se manifestam, não há observância do artigo, no qual está disposto que suas opiniões sejam levadas em conta. Entretanto, temos clareza que este processo não é simples, mas enfatizamos que é urgente pensar em uma nova abordagem frente às concepções e padrões histórico-social e culturalmente constituídos, onde o adulto possui um poder hierárquico diante da criança, o pai, mãe ou outro cuidador detém autoridade e poder de decisão frente às situações que afetam a vida da criança, sem que esta possa expressar seu ponto de vista e/ou sua proposta, sua idéia sobre o fato. Além disso, traz à tona a importância, de fato, da criança e do adolescente exercerem seus papéis enquanto sujeitos plenos de direitos em igualdade a todas as outras pessoas integrantes da sociedade, respaldando o exercício desses atores frente ao plano político e, consequentemente, provocando impacto na ação dos poderes públicos no que diz respeito à proteção, promoção e defesa dos direitos humanos desses cidadãos em condição peculiar de desenvolvimento. Haja vista, que o protagonismo de crianças e adolescentes e a construção de atitudes cidadãs são objetivos fundamentais do Serviço de Apoio Socioeducativo e, consequentemente, parte importante da Missão Institucional Marista. Nesse sentido, é de suma importância que, nos atendimentos, sejam proporcionados espaços para

participação das crianças e adolescentes na busca conjunta de alternativas de melhoria do atendimento, contribuindo, assim, para que sejam sujeitos ativos nesse processo. Diante disto, o Centro Social Marista Ir. Walmir desenvolveu o projeto Voz Ativa que ofereceu um instrumento direto de exercício de protagonismo e de cidadania para os educandos (as), por meio de discussão e criação de espaços onde possam expor e expressar sua as ideias e pensamentos. Ou seja, o projeto visou promover o protagonismo dos educandos, a fim de propiciar aos mesmos uma visão crítica e analítica das ações realizadas no Centro Social e na comunidade. O projeto Voz Ativa foi desenvolvido durante o ano de 2010 e 2011, envolvendo os educandos de 06 a 14 anos, visando potencializar o protagonismo dos mesmos por meio de espaços que promovam sua expressão/interação a partir de suas vivências, e o compartilhar do conhecimento, através da escuta e da valorização das falas, dos anseios, estimulando a criticidade e a criatividade. Cabe registrar que este projeto é contínuo. Através do projeto procuramos estimular a participação ativa dos educandos com as ações, que contribuam na formação de cidadãos críticos com desejo de mudança, sendo atuantes no Centro Social e na sua comunidade/sociedade. Uma participação inclusiva promovendo o diálogo, a solidariedade, o respeito mútuo, a tolerância, e, sobretudo, a autonomia e a emancipação dos sujeitos envolvidos. Com relação à metodologia utilizada para mediar esse processo de participação e escuta, esta perpassou os recursos lúdicos, com construção de vídeos, desenvolvimento de assembléias com os educandos, eleição de representantes dos grupos, a confecção da caixa da escuta, a participação dos educandos na Conferência Municipal da Criança e Adolescente em Criciúma, confecção de materiais informativos, como por exemplo, o jornal do Centro Social. Na busca pela construção do protagonismo e autonomia, ressaltamos o processo de eleição dos representantes de grupo. Sendo que o processo de eleição acontecia a cada dois meses, com espaços de discussão antes das eleições sobre a importância de eleger bons representantes. Os representantes participavam de reuniões com a coordenação pedagógica e educadores levando reivindicações dos grupos, sendo que durante a reunião também realizavam conversas sobre os encaminhamentos/agenda do Centro Social. Ressalta-se ainda, a grande participação do grupo e interesse no debate das questões que envolvem a melhoria do Centro Social e da comunidade.

Em uma reunião de representantes de grupo, os mesmos solicitaram a presença de pais e/ ou responsáveis que pudessem ser representantes vindo ao encontro da metodologia do projeto. Assim, em uma reunião de pais e/ ou responsáveis, os educandos representantes de grupo também estiveram presentes para fazer o convite, sendo que os mesmos aceitaram, realizando assim a escolha dos pais e/ ou responsáveis para serem os representantes. Daremos continuidade à metodologia com reunião para os representantes dos pais e/ ou responsáveis, com sugestões de possíveis ações junto aos educandos. Acreditamos que é preciso que as metodologias utilizadas de promoção da participação infantil promovam tanto as formas organizativas, como espaços lúdicocriativos, mas sobremaneira construir também espaços onde os adultos aprendam a tomar decisões junto com as crianças e adolescentes, evitando assim os mundos separados e a exclusão. Outra reivindicação dos educandos é a participação em 2012 nas reuniões da Associação de Moradores da Comunidade e a participação das reuniões do Conselho Municipal da Criança e Adolescente e no Fórum da Juventude. Desta forma, em 2012 estaremos potencializando e ampliando os espaços de participação infanto juvenil. Cabe destacar também, a caixa da escuta onde os educandos têm a oportunidade de colocar suas ideias e sugestões visando a melhoria do ambiente onde convivem. A participação e adesão dos educandos foram perceptíveis, tendo em vista a construção do instrumento, a nomenclatura do mesmo e às sugestões apontadas na caixa de relevância ao âmbito educacional. A caixa de sugestões permanece no ambiente do Centro Social não só para os educandos, bem como é utilizada nas reuniões com os responsáveis pelos mesmos, onde recebemos sugestões e/ou melhorias com participação considerável. A Caixa também é disponibilizada no decorrer das atividades no refeitório, onde os educandos têm acesso e ali encontram mais um meio de expressão. Foram ainda realizadas assembleias, onde dialogavam, questionavam e expressavam suas ideias e pensamentos atendendo a atividade de dinâmicas e debates abertos. Sendo que a avaliação do semestre foi construída com os educandos através da assembleia, onde também foram apontadas sugestões para o próximo semestre. Destaca-se também o Jornal Mural Voz do Renascer, o qual foi criado na Feira Cultural Histórias da Comunidade ação do projeto Nosso Bairro, para tal foram instalados computadores no espaço da Feira que se transformou na Redação Voz do Renascer. Todas as novidades da Feira eram pautadas pela equipe de repórteres que depois de

apurar as informações voltavam à redação para a elaboração da matéria, sendo que as reportagens eram impressas e fixadas no Jornal Mural Voz do Renascer. O jornal Mural está presente também nos eventos realizados no Centro Social, como aconteceu na Parada Ecológica onde os educandos estiveram coletando informações por meio de entrevistas para a produção de matérias sobre o evento. Outro destaque em 2011 foi a Rádio Voz Ativa, onde a primeira edição da rádio foi gravada e editado um programete de três minutos e após era veiculada para todos ouvirem no espaço de convivência. Em outro momento, a rádio tornou-se semanal por meio de sistema de caixa de som e ao vivo ocorrendo nos momentos de espaço de convivência com programação de música, recados, entre outros assuntos de interesse dos adolescentes. A Rádio Voz Ativa esteve presente em outros espaços, como durante a Parada Ecológica e na reunião de encerramento do ano de pais e/ou representantes, em que a rádio oportunizou um momento de integração entre os familiares por meio da leitura dos recados e da programação específica para a ocasião. O processo de aprendizagem e construção do conhecimento ocorre de forma significativa, e principalmente próxima da realidade dos educandos, dentro de uma proposta educomunicativa, buscando ampliar a visão reflexiva e crítica do que é divulgado nos meios de comunicação de massa. Um dos objetivos é oferecer condições para que, além de aprender a ler textos midiáticos, os educandos aprendam a produzir suas próprias mensagens. Percebe-se a participação do grupo em todo o processo, desde a elaboração da programação, as funções específicas de cada educando. É necessário promover a discussão de conteúdo, momento em que muitas vezes não há a concordância de todos, para se alcançar o resultado. Divertido, informativo ou diversificado, cada programa tem a personalidade do grupo. A proposta é de continuidade desta rádio, e para isso, já ocorrem tentativas para a obtenção de recursos para a sua implementação, por meio de programas junto à iniciativa privada ou na esfera pública. É necessária a instalação de um estúdio, que poderá ser usado futuramente para a instalação de uma rádio Comunitária, já que a intenção, futuramente, é pleitear-se uma concessão para este fim. O jornal impresso do Centro Social teve início no ano de 2010 com continuidade no ano de 2011, sendo um processo contínuo dentre as atividades desenvolvidas no Centro Social. É importante destacar que o jornal na ocasião denominado CSM Ir. Walmir foi desenvolvido e elaborado pelos os educandos, ressalta-se que a pauta é preparada em

conjunto com o grupo de educandos, onde os mesmos apresentam os fatos mais importantes que aconteceram durante um determinado período na unidade, no bairro e atualidades. Sendo que é realizado pesquisas, entrevistas e produção de textos e fotos, assim como, envolvem todas as oficinas de forma integrada. Ressalta-se ainda, que na segunda edição o jornal ganhou identidade própria, com escolha do nome e layout fixo para as próximas edições até que se sinta a necessidade de trocá-lo. Deste modo, o jornal passou a ser chamado de Ir. Walmir em Ação. Cabe destacar que o jornal está na 4 edição. Outra questão que merece destaque é a participação dos educandos nos espaços de Garantia de Direito, pois durante o ano os educandos participaram de Conferências tanto no âmbito municipal como regional. Os educandos participaram da Conferência Regional da Juventude, um importante momento de discussão de políticas públicas para a Juventude que ocorreu na Universidade do Sul de Santa Catarina UNESC. Em meio a conferência os educandos participaram de momentos de discussão em grupo de temas específicos, para após socializarem no grande grupo a discussão presenciada. Os educandos puderam colocar sua opinião e usar sua voz ativa. Contribuíram com propostas sobre o que poderia melhorar nas comunidades, sobre as drogas, sobre os espaços educativos como o Centro Social Marista para as crianças e jovens, sobre espaços para o tratamento de dependentes, entre outros assuntos. Aconteceu também, em âmbito municipal, a Conferência Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente no Auditório da Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina - SATC. Nesta conferência os educandos participaram de palestras relacionadas ao Estatuto da Criança e do Adolescente, onde tiveram a oportunidade de questionar o palestrante sobre suas dúvidas, entendendo mais sobre seus direitos e deveres. Em meio a programação puderam participar de grupos menores de discussão apontando propostas e sugestões para a Conferência regional e estadual. Os educandos também participaram da eleição dos delegados para a próxima conferência regional e estadual, sendo que foi eleita uma educanda como delegada para a Conferência Regional. Neste sentido, acredita-se que através da criação de espaços que potencializam o protagonismo infanto juvenil e possibilitem o envolvimento de crianças e adolescentes atuando como fonte de iniciativa, liberdade e compromisso, é possível o reconhecimento da criança e do adolescente enquanto sujeitos de direitos.

Portanto, através das ações desenvolvidas a partir do projeto, percebe-se o envolvimento e a participação dos educandos em espaços que até então não lhes despertavam o interesse, como nas reuniões pedagógicas, nos encontros de famílias e espaços de Garantia de Direitos. Destaca-se ainda, que os demais projetos do Centro Social estão sendo planejados tendo a participação dos educandos na sua construção. Deste modo, percebe-se que os educandos estão exercendo sua criticidade, apresentando propostas, críticas e sugestões de melhorias para o Centro Social e para a comunidade. Essas propostas tem sido de grande relevância para a Unidade, pois identifica-se que os educandos tem uma participação ativa nos processos, propiciando assim o fortalecimento da autonomia, autoconfiança e autodeterminação.