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Transcrição:

Intervenção do Director Regional dos Assuntos Europeus e Cooperação Externa na Mesa Redonda sobre Inserção Regional e Política de Grande Vizinhança das RUP XIV CONFERÊNCIA DOS PRESIDENTES das Regiões Ultraperiféricas da União Europeia Caiena, 29 de Outubro de 2008 ( saudação protocolar ) Como tivemos oportunidade de referir, ontem, é com muito agrado que o Governo dos Açores regista a atenção que é dada, nesta Conferência, ao tema da inserção regional e da política de vizinhança da União Europeia. Digo isso porque, efectivamente, somos a Região Ultraperiférica mais isolada geograficamente, mas sem que isto signifique alheamento ou um menor interesse pela política de inserção regional, pela política de grande vizinhança ou, mesmo, sobre o papel da Europa no mundo. Pelo contrário É, assim, com maior satisfação ainda, que nos encontramos em Cayenne, na Guiana, a discutir o tema, na presença dos seus estados brasileiros vizinhos, Pará e Amapá, a cujos representantes aproveito para enviar uma saudação fraterna. Dizemos isto porque foi precisamente para aqui, para a costa norte da américa do sul, que os Açorianos, partiram, pela primeira vez, do seu arquipélago ilhas desertas descobertas no século XV e povoadas, principalmente, por portugueses do continente, mas também por flamengos e bretões para, de uma forma sistematica, estabelecerem-se em novos mundos... Na verdade, já em 1618, os primeiros cerca de 200 casais, vindos da ilha Terceira, nos Açores, desembarcam e fixaram-se na cidade de Belém, no Pará. E, em 1751, chegaram mais de 400 açorianos a estas paragens, para povoarem

terras do cabo norte, a saber, para fundarem a actual capital do Amapá, Macapá. Para além de uma língua comum, os açorianos deixaram a sua marca na cultura dos estados do Maranhão, Pará e Amapá, trazendo costumes e tradições que desapareceram do continente europeu, mas ainda hoje perduram nos dois lados do atlântico, norte e sul, como o Culto e Festividades em honra do Espírito Santo, com toda a sua simbologia, ou produtos artesanais, como a renda de bilro do Maranhão. Assim, se os Açores são em termos geográficos, a região mais isolada das RUP, mesmo aqui, na costa norte da américa do sul, podemos constatar que a sua História e sucessivas vagas de imigração transportaram e fixaram a sua cultura e tradições em vários pontos do globo. Na verdade, à semelhança do que aconteceu com outras RUP, foram vários os fenómenos migratórios que os Açores conheceram e, ao longo dos séculos. O início sistemático das migrações açorianas deu-se, como já referimos, no século XVII, com a emigração para o estado do Maranhão, Pará ou Amapá, logo seguido, no século XVIII, para o sul do território brasileiro, para os actuais estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul e, ainda, Uruguai Já nos séculos XVIII e XIX os Estados Unidos da América foram eleitos por muitos açorianos como o principal destino de emigração, quer para a costa Oeste, quer para a costa Leste e para o Havai -, sendo certo que a emigração para os EUA continuou durante todo o século XX, bem como para o Canadá, Bermudas e, em menos escala, nomeadamente, para o Brasil ( desta vez, Baía, Rio de Janeiro e São Paulo ). Felizmente, os Açorianos não precisam mais de sair do seu arquipélago por motivos económicos, facto que se deve, não só ao regime autonómico mas também, em larga medida, graças ao apoio da UE no seu desenvolvimento. Tudo isto para dizer que os Açores de hoje, assim, não são só compostos por nove pedaços de terra no atlântico, mas identificam-se, acima de tudo, pelas suas gentes, língua, cultura e tradições, espalhados por várias partes do globo. A este

sentir e viver muito próprio da Lusofonia, chamamos, apropriadamente, açorianidade. Ora, a integração e cooperação das RUP com territórios com os quais têm, não só proximidade geográfica, mas também fortes ligações históricas e culturais deve constituir, na verdade, um importante eixo de desenvolvimento e afirmação das nossas regiões na Europa e no mundo Se os açorianos residentes no arquipélago são apenas cerca de 240 mil num universo de quase 500 milhões de habitantes, são as nossas comunidades, a nossa cultura, língua e tradições, enfim, a pertença ao universo da Lusofonia, com as particularidades decorrentes da Açorianidade, que nos dão a real dimensão da nossa vivência e dão um contributo essencial na preservação e valorização da cultura europeia. Acima de tudo, não somos nem nunca poderemos ser ultraperiféricos em relação à cultura. E, por isso, a açorianidade e a lusofonia são uma dimensão indissociável da participação e integração dos Açores na União Europeia, que quebra e ultrapassa as barreiras da ultraperificidade geográfica. Senhora Comissária, De um novo paradigma da ultraperificidade na União Europeia urge, assim, não apenas reivindicar a compensação pelos nossos condicionalismos e o justo aproveitamento das nossas mais valias, territoriais, ambientais e cientificas das RUP, mas, cada vez mais, importa valorizar a grande dimensão humana na vivência, cultura e identidade europeias. Podemos e devemos incluir, então, a questão da politica de vizinhança com uma reflexão prévia em relação a que papel queremos nós que a União Europeia desempenhe no mundo.

Mas, note-se, a cooperação com territórios com ligações culturais e históricas traz, também, consigo, uma componente económica ou de cooperação técnica e cientifica, para além da natural valorização da dimensão humana e civilizacional. A presença açoriana é mais forte, certamente, nos destinos mais recentes, nas costas leste e oeste dos EUA e Canadá, onde as comunidades de emigrantes permanecem activas e integram as segunda, terceira e mais gerações, que permanecem fortemente ligados à Região. Para além de se empenharem em manter a língua e a cultura portuguesas, bem como as tradições e os costumes açorianos, estas comunidades constituem, também, por exemplo, um bom mercado para os produtos regionais e tradicionais dos Açores. Mas, em relação a estes mesmo territórios por exemplo os estados norteamericanos de Massachussets e da Califórnia, com os quais temos acordos de amizade e cooperação pela sua inserção geográfica litoral e características geológicas semelhantes, a cooperação coloca-se também, no campo da investigação científica marinha, no âmbito da actividade piscatória, da sismologia e vulcanologia, da prevenção de catástrofes e protecção civil, das energias renováveis, etc. E o mesmo se diz em relação a outros territórios com os quais temos ligações históricas, como no Brasil, Bermudas ou Havai, nos quais há sempre um relacionamento cultural e institucional relevante veja-se, por exemplo, o papel das Casa dos Açores, na América do Norte e do Sul - pelo interesse no estudo das origens e manutenção dos costumes e tradições, podendo levar a uma cooperação económica, por via, por exemplo, da captação de fluxos turísticos e em diversas outras áreas Não poderemos, claro deixar de referir as relações privilegiadas que temos com Cabo Verde, arquipélago irmão da Macaronésia, com o qual compartilhamos, uma história, uma língua e até nomes de lugares e cidades. Mas Cabo Verde, para além das ligações históricas e culturais, é-nos, também, relativamente, próximo, situação que é devidamente aproveitada e potenciada, por exemplo no âmbito do Programa de Cooperação Transnacional Açores-Madeira-Canárias, em

particular através da criação do eixo estratégico Cooperação com os países Terceiros e articulação com a grande Vizinhança, bem como de inúmeros protocolos de cooperação que vão para além dos financiamentos da EU em áreas como a formação profissional, ambiente e ordenamento do território, questões sociais, ensino superior, etc Senhora Comissária, O reforço da integração regional deve ser transversal e aplicável a todas as RUP e a nossa chamada de atenção é precisamente em relação aos territórios que estão longe, onde não temos, por isso, possibilidade de obtermos o apoio da UE em actividades de cooperação. As Regiões Ultraperiféricas são, efectivamente, as pérolas da Europa, mas o valor político e o seu contributo para a União vai muito para além da geografia, características ambientais e actividades económicas...inclui uma dimensão humana e cultural que não pode ser esquecida ou subvalorizada E neste particular, os Açores, apesar do seu isolamento geográfico, pelas fortes ligações culturais e afectivas com outros territórios não europeus, são um caso paradigmático do contributo que, se devidamente aproveitadas e incentivadas, uma pequena Região como a nossa pode trazer para o Diálogo da Europa com o Mundo. E quando refiro o caso especifico do Açores, refiro-o, porque somos efectivamente a região mais isolada geograficamente, mas ligações históricas e culturais decorrentes da imigração são, por exemplo, transversais às RUP da Macaronésia. Minhas Senhoras e Meus Senhores, A Europa que queremos construir para as gerações futuras, não se pode medir apenas pelo seu poder económico, pela sua riqueza...terá que ser, sempre, um espaço de valores, conter em si mesma uma dimensão civilizacional e cultural, no

âmbito da qual as regiões em particular as regiões ultraperiféricas têm uma papel importante a desempenhar E os Açores como território insular, atlântico e ultraperiférico da União Europeia têm, efectivamente, na sua cultura e tradições, uma dimensão imprescidivel da sua afirmação na Europa e um papel relevante no diálogo deste continente com o Mundo...o que é necessário e da maior justiça, é obtermos o apoio da UE para o aproveitamento desta mais-valia Rodrigo Oliveira REGIÃO AUTÓNOMA DOS AÇORES PRESIDÊNCIA DO GOVERNO Gabinete do Secretário Regional da Presidência Direcção Regional dos Assuntos Europeus e Cooperação Externa Palácio da Conceição Rua 16 de Fevereiro, 9504-508 Ponta Delgada Tlf. 296-204700 fax 296-629354 email: draece@azores.gov.pt