Programa de Revitalização dos Setores Centrais

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Transcrição:

Programa de Revitalização dos Setores Centrais

SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO...3 2. JUSTIFICATIVA...3 3. MARCO LEGAL DO PROGRAMA...4 4. PROGRAMA DE REVITALIZAÇÃO DOS SETORES CENTRAIS DE BRASÍLIA...4 4.1. Setor de atuação - Setor Comercial Sul...7 4.2. Setor de atuação - Setores Comercial, Hoteleiro, Médico-Hospitalar e Rádio e Televisão Norte (Anexo 1)...10 4.3. Setor de atuação -Praças de articulação entre os Setores Comercial e Setor de Rádio e TV, norte e sul...10 4.4. Articulação norte-sul: Passeio Central e a Ligação N2/S2...13 4.5. Setor de atuação - Setores de Autarquias e Bancário Norte e Sul...18 5. AÇÕES A SEREM EMPREENDIDAS...23 6. REFERÊNCIAS...24 7. EQUIPE TÉCNICA SEDUMA...24 2

1. INTRODUÇÃO O Programa de Revitalização dos Setores Centrais de Brasília atende às definições da Lei Complementar 803, de 25 de abril de 2009 Plano Diretor de Ordenamento Territorial, que cria a estratégia de revitalização de conjunto urbanos, voltada à preservação do patrimônio cultural e ao fomento de investimentos para a sustentabilidade de sítios urbanos de interesse patrimonial, com vistas à adequação da dinâmica urbana à estrutura físico-espacial do objeto de preservação, com ênfase no combate às causas da degradação crônica do patrimônio ambiental urbano. 2. JUSTIFICATIVA Os setores centrais do Plano Piloto estão inseridos no perímetro de proteção do Conjunto Urbanístico de Brasília, tombado como Patrimônio Histórico Nacional e reconhecido como Patrimônio Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO). Integram os setores centrais a Plataforma Rodoviária, os Setores Bancários, de Autarquias, Comerciais, de Diversões, Hoteleiros, Médicos-Hospitalares e de Rádio e Televisão, localizados na parte sul e norte do Plano Piloto. Esses setores fazem parte da denominada escala gregária, que se caracteriza por espaços mais densamente utilizados, propícios ao encontro, nos quais são permitidos usos diversificados e onde foi prevista a verticalização da paisagem. A área central do Plano Piloto desempenha importante papel na concentração dos empregos do Distrito Federal, sendo sede de empresas privadas e órgãos públicos. De acordo com a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PEDDF), o ramo de serviços agrega 58,23% dos trabalhadores, seguido pela administração pública (16,43%) e pelo comércio (15,23%). A Região Administrativa de Brasília, segundo a mais recente pesquisa RAIS (Relatório Anual de Informações Sociais) do Ministério do Trabalho de 2005 concentra 67,81% dos empregos do DF e 33,11% dos estabelecimentos formais. Por um lado, o fluxo de pessoas bens e serviços durante os dias úteis da semana nos setores centrais reflete a vitalidade das áreas onde, entretanto, a mobilidade encontra-se bastante prejudicada. Para os pedestres, o espaço livre público carece da manutenção e implantação de calçadas adequadas à circulação dos diferentes tipos de freqüentadores dessas áreas. Além disso, a arborização e a iluminação pública são insuficientes para garantir adequada qualidade ambiental urbana. A atração de enorme quantidade de veículos para esta área implica a presença de grandes bolsões de estacionamento e a utilização de áreas improvisadas, promovendo a degradação progressiva do espaço livre público e a obstrução sistemática do sistema viário de acesso aos setores e às edificações, para os pedestres e para os veículos de serviços públicos (bombeiros, ambulâncias, veículos de manutenção de redes de infraestrutura), implicando situações de perigo e insegurança a muitas áreas. Por outro lado, os setores centrais caracterizam-se pelo esvaziamento à noite e nos finais de semana, como resultado da setorização de funções e da proibição do uso residencial nas normas de uso do solo dos setores. Como conseqüência, a 3

prostituição, o comércio de drogras ilícitas transformam estes espaços em ambiente marginalizado e evitado pela população (SEDUMA. Projeto básico do Plano de Reabilitação da Área Central de Brasília Setor Comercial Sul. Brasília: SEDUMA/DIPLU/GEAPU, agosto de 2009). Diante desta dupla realidade grande movimento de pessoas e situações inadequadas à circulação e ao estar a intervenção nestas áreas, seja de caráter físico (reabilitação urbana), seja no uso e conteúdo dos espaços construídos (revitalização urbana), torna-se fundamental para atender aos compromissos governamentais com a preservação e valorização do Conjunto Urbanístico de Brasília. 3. MARCO LEGAL DO PROGRAMA De acordo com o art.110 do PDOT, a revitalização deverá ser promovida por meio de intervenções nas Áreas de Revitalização indicadas no Anexo II, Mapa 3 e Tabela 3D da Lei Complementar, entre as quais encontra-se a Área de Revitalização dos Setores Centrais, compreendendo os setores Comercial, Bancário, de Autarquias, Hoteleiro, incluindo a Quadra 901 do Setor de Grandes Áreas Norte, de Diversões, de Rádio e Televisão Sul e Norte e de Recreação Pública Norte, na Região Administrativa do Plano Piloto. O PDOT define que as Áreas de Revitalização comportam ações de: I revitalização, regularização e renovação de edifícios; II intervenções e melhorias na circulação de veículos e pedestres; III recuperação de áreas degradadas, por meio de intervenções integradas no espaço público e privado; IV incentivo às atividades tradicionais das áreas; V introdução de novas atividades compatíveis com as tradicionais da área; VI estímulo à permanência da população residente, no caso de áreas residenciais; VII incentivo à parceria entre o Governo, a comunidade e a iniciativa privada para o desenvolvimento urbano; VIII incentivos fiscais e tributários. Especificamente para os Setores Centrais de Brasília, o Documento Técnico do PDOT (SEDUMA, 2009) aponta os problemas da degradação crescente do espaço livre público, da não consolidação do projeto urbanístico de alguns setores e da saturação de veículos e áreas de estacionamento, distanciando este espaço do preconizado no Plano Piloto como área de materialização da escala gregária. O PDOT orienta a estratégia de revitalização nesta área à intervenção sobre o espaço livre público, bem como a realização de melhorias no mobiliário urbano e pavimentação; elaboração de projeto de sinalização urbana; revisão da áreas de estacionamento em superfície e no subsolo; revitalização ou renovação das edificações degradadas. 4. PROGRAMA DE REVITALIZAÇÃO DOS SETORES CENTRAIS DE BRASÍLIA O Programa de revitalização dos Setores Centrais de Brasília pretende sistematizar a intervenção sobre diferentes áreas urbanas, com características e 4

problemas comuns. Nos últimos anos, os setores centrais têm sido objeto de intervenções pontuais e setoriais, por vezes desarticuladas, sem um planejamento maior que agregue as ações relacionadas aos diversos temas envolvidos: transporte, circulação, planejamento urbano e obras. O Programa compreende cinco setores de atuação: 1. Setor Comercial Sul; 2. Setores Comercial, Hoteleiro, Médico-Hospitalar e Rádio e Televisão Norte; 3. Praças de articulação entre os Setores Comercial e Setor de Rádio e TV, norte e sul; 4. Articulação norte-sul, para pedestres e veículos; 5. Setores de Autarquias e Bancário Norte e Sul. Fig. 1 Setores de atuação do programa O Programa de revitalização dos Setores Centrais de Brasília abarca um conjunto de projetos de intervenção, programação de obras, revisão de normas, intervenções viárias e criação de unidades imobiliárias, agregando as ações em desenvolvimento. Apresenta 4 linhas de atuação: 1. Intervenções sobre o espaço público: Recuperação ou implantação de calçadas, com implantação de rota acessível com auxílio de piso podotátil; Plantio de espécies arbóreas e recuperação da cobertura gramínea; Remanejamento e adequação da iluminação urbana; 5

Implantação de mobiliário urbano conforme locações previstas no projeto; Plantio de espécies arbóreas nos estacionamentos e substituição do piso por blocos de concreto intertravados vazados, onde for possível; Intervenções viárias destinadas a melhorar a orientação espacial, a reduzir conflitos de tráfego; Implantação do sistema viário projetado; Implantação de passarelas de conexão entre edificações. 2. Aplicação dos instrumentos de jurídicos, financeiros e tributários Aplicação dos instrumentos voltados à indução da ocupação urbana em áreas já dotadas de infraestrutura e equipamentos, onde alguns imóveis são mantidos vazios, estão subutilizados como áreas de estacionamento, depósito de veículos ou estão edificados abaixo de 20% do permitido pela norma. A aplicação do Parcelamento, Edificação ou Utilização Compulsórios, do IPTU Progressivo no Tempo e da Desapropriação com pagamento de títulos pressionam os empreendedores a dispor no mercado suas propriedades. 3. Revisão da legislação de uso e ocupação do solo, buscando uma atualização das normas às dinâmicas verificadas atualmente nos setores centrais, voltada á induzir novas dinâmicas nos horários de maior esvaziamento e abandono dos setores. 4. Programas sociais voltados à inclusão social da população de baixa renda que trabalhe na região do programa, por meio da melhoria das condições de acesso ao trabalho e aos serviços públicos existentes. 6

4.1. Setor de atuação - Setor Comercial Sul Compreende as ações elencadas no Projeto de revitalização do Setor Comercial Sul e Plano de Reabilitação da Área Central de Brasília, que propõe um conjunto de propostas de âmbito social e de intervenções físicas, de forma a instrumentalizar o Governo do Distrito Federal no processo de qualificação e valorização urbana da área central de Brasília. O Projeto de revitalização do Setor Comercial Sul abrange o SCS e o SRTV, criando um percurso acessível no sentido leste-oeste. Abrange algumas das ações já em desenvolvimento tais como a via fácil, via central e o projeto Brasília Cartão Postal, que compreende a recuperação e implantação da pavimentação, da arborização, da iluminação pública e o estabelecimento de ciclovias na área, de modo a garantir plenas condições de acessibilidade. Já o Plano de Reabilitação da Área Central de Brasília abarca o Setor Comercial Sul-SCS, setores A e B, envolvendo as quadras 1 a 9. É composto por diferentes etapas de atuação, desde (1) levantamento de dados socioeconômicos, da legislação, de planos, projetos e obras na área; (2) trabalho social, voltado à identificação dos atores sociais, do perfil organizacional da comunidade envolvida com a área; (3) sistematização dos dados e informações técnicas relacionadas com as potencialidades físico-ambientais, mapeamento do espaço urbano, avaliação da infraestrutura urbana, estudo de potencial para parcerias público-privadas; (4) proposições de intervenção, compatíveis com as diretrizes do PDOT/2009 e destinadas à valorização do patrimônio ambiental urbano. Fig. 2- Proposta de intervenção na Praças dos Artistas - SCS 7

Fig. 4 Proposta para Praça dos Artistas Fig. 3 Proposta para a Qd. 05 8

Fig. 5 - Proposta de Intervenção sobre o SCS 9

4.2. Setor de atuação - Setores Comercial, Hoteleiro, Médico-Hospitalar e Rádio e Televisão Norte (Anexo 1) A Proposta de Intervenção no Setor de atuação - Setores Comercial, Hoteleiro, Médico-Hospitalar e Rádio e Televisão Norte tem como objetivo reforçar o caráter gregário desses setores, por meio: da estruturação e valorização dos caminhos de pedestres, promovendo tratamento paisagístico adequado e introduzindo atrativos ao longo dos percursos; da melhoria as condições de acessibilidade aos setores centrais norte; da articulação dos espaços de uso público entre os diversos setores centrais norte, bem como com o Setor de Recreação Pública Norte; do incentivo dos usos tradicionais dos setores; da promoção a introdução de novas atividades compatíveis com as tradicionais, que atendam às necessidades contemporâneas, reforçando a diversificação de usos; da reavaliação do sistema viário e a circulação de veículos no sentido de solucionar conflitos e retenções, bem como disciplinar as áreas de estacionamento; do incentivo à construção de estacionamentos subterrâneos; da implementação de obras de melhoria urbana nos setores objeto de intervenção; do melhor aproveitamento dos imóveis, em particular dos não construídos ou subutilizados. 4.3. Setor de atuação -Praças de articulação entre os Setores Comercial e Setor de Rádio e TV, norte e sul A implantação do traçado do Veículo Leve sobre Trilhos VLT na Avenida W3 exigiu um estudo detalhado para eliminar as interferências com o sistema viário, na extremidade sul da via W3 e na região central, junto aos Setores Comercial Sul e Norte, de modo a suprimir o conflito do intenso fluxo de pedestres e veículos. Fig. 6 - Situação atual da circulação em frente ao Pátio Brasil Shopping Nos Setores Centrais, foram previstas duas obras de arte, uma no Setor Comercial Sul e outra no Norte, cada uma delas contemplando de um túnel que abrigará as duas pistas da Via W3 e, também, as vias do novo sistema, além das 10

estações Comercial Sul e Norte, também do VLT. O mergulho das pistas e do canteiro central, que abrigará as vias e as estações, propiciará a implantação de duas praças sobre esses túneis, que devidamente urbanizadas, servirão para dar uma nova feição à região, melhorando não apenas o aspecto visual, mas também a qualidade de vida da população que por lá transita. A primeira praça está localizada em frente ao Pátio Brasil Shopping e a segunda em frente ao Brasília Shopping. Neste Trecho, a via W3 deverá passar sob as praças, através de um túnel, onde serão implantadas as estações do sistema Metrô Leve. Fig. 7 Praça de ligação Setor de Rádio e TV Sul Setor Comercial Sul Fig. 8 - Túnel sob as praças com as estações subterrâneas 11

Na Asa Sul estará localizada a Estação Comercial Sul, com fluxo regular de embarque e desembarque e, na Asa Norte, a Estação Comercial Norte, com características construtivas semelhantes às da Estação Comercial Sul - porém com características operacionais próprias, já que funcionará temporariamente como estação Terminal, até a construção do trecho 03 do sistema Metrô Leve. As estações inseridas no túnel compartilharão o ambiente com o fluxo da via W3, o que fará com que seja necessária a sua vedação e a sua climatização. Nas praças foram previstas coberturas, garantindo abrigo para os acessos ao sistema Metrô Leve e aos pontos de ônibus, que se darão de forma plenamente acessível, através de escadas rolantes, fixas e elevadores. Fig. 10 - Vista da praça de ligação Setor de Rádio e TV Sul Setor Comercial Sul Fig. 9 - Vista da praça de ligação Setor de Rádio e TV Sul Setor Comercial Sul Fig. 11 - Praça de ligação Setor de Rádio e TV Sul Setor Comercial Sul A intervenção encontra-se em desenvolvimento como parte do projeto executivo de implantação do VLT. 12

4.4. Articulação norte-sul: Passeio Central e a Ligação N2/S2 4.4.1. Passeio Central A proposta do Passeio Central foi desenvolvida no âmbito do Contrato 02/2007, firmado entre a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente e o Instituto Jaime Lerner, com a finalidade de contratação de serviços de consultoria em desenvolvimento urbano para o Distrito Federal. O Passeio Central interliga os Setores Hoteleiros Norte e Sul cria uma passagem para pedestres sob o Eixo Monumental. Tanto no Setor Hoteleiro Sul como no Setor Hoteleiro Norte, o Passeio Central interliga as praças situadas junto à W3 e os shoppings com a galeria subterrânea proposta sob o Eixo Monumental. Fig. 12 - Ligação subterrânea entre os Setores Hoteleiros Sul e Norte, fonte JLAA. Nos trechos do caminho situados nos setores hoteleiros propõe-se o alargamento das calçadas existentes e a manutenção das características que conferem identidade ao Passeio Central, de forma a permitir a fácil identificação, pelos usuários, do itinerário proposto. Na proposta de Lerner e associados, é proposta galeria sob o Eixo Monumental, com áreas comerciais, atividades culturais. É proposta uma grande praça central a partir da qual se terá acesso à fonte de água e à Torre de Televisão. Fig. 13 - Interior da galeria subterrânea, fonte JLAA. 13

Fig. 14 - Praça central, fonte JLAA. Entretanto, diante da decisão pela relocação dos feirantes da Torre de TV, criando uma praça de convivência atrás da Torre, e da decisão por não se instalar a estação do VLT que daria acesso à praça proposta por Lerner e associados, optou-se por nova formatação do Passeio Central, em superfície, associado com a relocação dos semáforos. Na proposta a ser implantada, propõe-se um passeio contínuo que cruza o Eixo Monumental e une as quadras 04 dos setores hoteleiros sul e norte, ressaltando o eixo visual existente entre os dois setores como elemento de orientação para os usuários. Fig. 15 Proposta do Passeio Central em superfície 14

Fig. 16 Proposta do Passeio Central em superfície O Setor Hoteleiro Sul, ao longo do trecho da intervenção, apresenta áreas de bolsões de estacionamentos públicos e privados, que invadem área pública ou ocupam os lotes ainda desocupados do Setor. Sendo assim, propõe-se a alteração da via de acesso a quadra 04 do Setor Hoteleiro Sul de mão dupla para mão única, assim como a criação de uma via interna a quadra para a acesso as edificações, reordenando o fluxo de veículos e pedestres no setor, além de possibilitar calçadas mais generosas e contínuas. Fig. 17 - Proposta de alteração viária no SHS No trecho do Eixo Monumental, com cerca de 300 metros de comprimento, a intervenção propõe a implantação de um passeio de 6 m de largura, para superar a falta de sinalização para os pontos de travessia e melhorar as condições de acessibilidade. Fig. 18 - Passeio atravessando o canteiro do Eixo Monumental 15

No Setor Hoteleiro Norte, a proposta será a recuperação e ampliação das calçadas existentes. 4.4.2. Ligação norte-sul (N2/S2) A ligação N2/S2 busca aumentar a capilaridade viária no sentido norte-sul, de modo a reduzir a pressão do fluxo de veículos ao longo do Eixo Monumental, que necessitam utilizar os retornos existentes para realizar esta travessia. É proposta uma via de ligação com início no Setor Hoteleiro Sul e fim no Setor Hoteleiro Norte, atravessando o Eixo Monumental em desnível. Este trecho será recoberto, mantendo a continuidade do gramado do Eixo Monumental. Busca-se, com isso, evitar obstáculos à circulação de pedestres na área, especialmente em função de sua proximidade com a Torre de TV, local de afluxo turístico, e sua feira, muito freqüentada pelos habitantes da cidade. Fig. 19 - Ligação N2-S2 16

Fig. 20- Corte transversal ligação subterrânea N2/S2 Esta ligação está integrada à Proposta de Revitalização da Torre de TV, que compreende a transferência da feira liberando a plataforma sob a Torre que passa a funcionar como um mirante com vista para o anfiteatro e para a Esplanada dos Ministérios a recuperação e implantação de calçadas e a instalação de fonte luminosa no anfiteatro. Na proposta, a feira passa a ocupar nova área, com infraestrutura adequada e tratamento paisagístico. Sobre a passagem subterrânea da ligação N2-S2, instala-se área de estacionamento, que atenderá ao Complexo Funarte e à feira. Fig. 21- Proposta da Feira da Torre de TV 17

4.5. Setor de atuação - Setores de Autarquias e Bancário Norte e Sul A grande problemática verificada nos Setores bancário Norte e Sul diz respeito às numerosas descontinuidades entre os edifícios. O projeto urbanístico desses Setores previa a separação do fluxo motorizado do fluxo de pedestres, deixando o sistema viário em subsolo e criando uma esplanada de pedestres no nível térreo, que corresponde ao nível do sistema viário de acesso ao Setores Bancários. O projeto urbanístico cria lotes com maior dimensão no subsolo e, a partir do térreo, menor dimensão e maior altura, configurando torres. Esta solução urbanística não foi implementada até o presente, por requerer a construção de todas as edificações previstas. Sendo assim, constatam-se inúmeros obstáculos e grande dificuldade para a circulação de pedestres. Além disso, as construções em subsolo ocupam quase a totalidade do lote, mas não são geminadas. Em geral, foi feita a opção por criar os acessos motorizados e garagens nas divisas entre lotes (fig. 19), criando falhas entre as bases do nível térreo. Fig. 22- Acessos motorizados na divisa do lote Fig. 23 Falhas nas bases do nível térreo A implantação da esplanada enfrenta grande dificuldade construtiva relacionada com a união entre as bases, já que as edificações não foram construídas simultaneamente, gerando a descontinuidade do térreo. Além disso, muitas edificações atribuem usos aos pavimentos em subsolo que requerem boas condições de ventilação e iluminação. O recobrimento do térreo conflitará com as exigências de segurança e salubridade. Assim, a proposta de intervenção nos Setores Bancários Norte e Sul parte, portanto, da criação de elementos provisórios de articulação entre os edifícios construídos passarelas associada à aplicação do instrumento de edificação compulsória e IPTU progressivo no tempo, de modo a induzir a construção nos lotes desocupados. 18

São propostas passarelas como elementos de articulação. Sua localização responde a linhas de desejo, considerando a futura ligação com estação do metrô. As passarelas propostas procuram orientar o fluxo de pedestres e garantir melhor acesso aos estacionamentos existentes. As passarelas instaladas, além de estreitas, não apresentam os requisitos de segurança necessários (fig. 20) Devem apresentar uma largura mínima de 4 m, com proteção lateral, e deve atender aos requisitos de acessibilidade. A seqüência de passarelas garantirá a possibilidade de percurso no setor, em diferentes direções. Fig. 24- Elementos de articulação propostos e falhas a serem recobertas Fig. 25 Proposta de alteração do sistema viário 19

Fig. 26 Área de intervenção no SBN - antes Fig. 27 Área de intervenção no SBN - proposta 20

Fig. 28 - Calçadas a serem construídas Outra proposta diz respeito ao recobrimentos das falhas com materiais vazados, que garantam, porém, condições de segurança. Fig. 29 Falha e passarela atual Fig. 30 - Aumento da passarela proposto 21

Além disso, propõe-se a revisão do sistema viário nos Setores mediante fechamento de acessos existentes e nova orientação do fluxo motorizado (fig. 22). Também se propõe a intervenção sobre estacionamentos existentes, que integram o projeto de urbanismo e que hoje encontram-se organizados de modo improvisado, assim como a supressão de áreas irregularmente destinadas a estacionamentos. Fig. 31 Sistema viário de acesso ao SBN pelo Eixo Leste - atual Fig. 32 Sistema viário de acesso ao SBN pelo Eixo Leste - proposta No Setor Bancário Norte, a aparente falta de estacionamentos no Setor diz respeito, também, às dificuldade de utilização de estacionamentos no nível do terceiro subsolo e o acesso às edificações, muitas vezes restritas ao nível térreo ou a locais apenas acessíveis ao nível térreo. Como exemplo, os estacionamentos no acesso do 22

SBN a partir do Eixo Leste encontram-se bastante sobrecarregados, enquanto o estacionamento público previsto no projeto de urbanismo, acessível a partir da via N3, encontra-se pouco utilizado ou é utilizado indevidamente. 5. AÇÕES A SEREM EMPREENDIDAS Contratação de serviços técnicos para desenvolvimento de projeto executivo de urbanização de iintervenções viárias, pavimentação, arborização, iluminação, sinalização, mobiliário e detalhamento de projetos complementares da intervenções propostas, compreendendo levantamento geotécnico, projeto de pavimentação, projeto de drenagem pluvial, projeto de sinalização, projeto de paisagismo, elaboração de caderno de encargos e orçamento das intervenções. Contratação de serviços técnicos de profissionais especializados para execução de obras: Intervenções viárias, de pavimentação, arborização, iluminação, sinalização, mobiliário urbano, detalhadas nos projetos executivos de urbanização constantes do item 5.1. Elaboração de legislação: elaboração de Projeto de Lei complementar que estabelece o Programa de Revitalização dos Setores Centrais Norte, indicando as áreas de aplicação dos instrumentos do parcelamento, edificação e utilização compulsória, e IPTU progressivo no tempo para os lotes vazios ou subutilizados. Fig. 33 Mapa de lotes desocupados ou subutilizados 23

6. REFERÊNCIAS COSTA, Lúcio. Relatório do Plano Piloto. Brasília, cidade que inventei. Brasília: ArPDF: Codeplan: DePHA, 1991. ------. Brasília Revisitada. Brasília: GDF, 1987. Mimeografado. SEDUMA. Documento Técnico do PDOT. Brasília: SEDUMA, 2009, em: <http://www.seduma.df.gov.br> SEDUMA. Projeto básico do Plano de Reabilitação da Área Central de Brasília Setor Comercial Sul. Brasília: SEDUMA/DIPLU/GEAPU, agosto de 2009. TERRACAP. Subsídios à revitalização dos Setores Comercial, Hoteiro, Médico- Hospitalar e Rádio e Televisão Norte. Brasília, mimeo, 2009. 7. EQUIPE TÉCNICA SEDUMA GT Projetos Estratégicos: Anamaria de Aragão Clécio Rezende Alice de Carvalho Vasconcelos Paula Anderson de Matos Vicente Correia Lima Neto 24