ST. James s University Hospital; Leeds; England. Radiology Agosto de 2001



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Transcrição:

TÍTULO ESTENOSES DO CÓLON SIGMOIDE: AVALIAÇÃO EM CLÍSTER DUPLO COTRASTE. AUTORES F Anthony Blakeborough; F Anthony H. Chapman; F Sarah Swift; F Gary Culpan. INSTITUIÇÃO ST. James s University Hospital; Leeds; England. Radiology Agosto de 2001 REVISTA RESUMO As estenoses do cólon sigmoide são frequentemente causadas por carcinoma ou diverticulite. Apesar de abordagem multidisciplinar (clínica, endoscopia, CDC, TAC), persistem alguns problemas no diagnóstico de certas estenoses, particularmete quando carcinoma e doença diverticular coexistem ou quando um tumor causa perfuração, desencadeando um processo inflamatório envolvente. O objectivo do estudo foi determinar a exactidão da interpretação radiológica na distinção entre estenose benignas e malignas do cólon sigmoide, na ausência de informação clínica. MATERIAL E MÉTODOS Foram seleccionados 78 casos, com estenoses documentadas a nível do cólon sigmoide, de 8.000 CDC realizados entre 1991 1996, no ST. James s University Hospital. Nestes casos, houve confirmação histológica do diagnóstico ou seguimento clínico e radiológico posterior dos pacientes. 35 estenoses malignas; 43 estenoses benignas. Todas as lesões malignas tinham confirmação histológica (ressecção cirúrgica = 32, biópsia endoscópica = 1, ex. postmortem = 2). O diagnóstico de estenose benigna foi estabelecido após ressecção cirúrgica (n = 10), ou seguimento

durante pelo menos 6 meses, o qual incluía tanto biópsia endoscópica (n = 7) ou repetição de CDC (n = 26). - carcinoma colon (n = 26) Estenoses Malignas - recidiva anastomotica ca. colon (n = 3) (F: 23, M: 12; 49 89 Anos; Média = 74 Anos) - metástases de t. pâncreas (n = 2), estômago (n = 1), ovário (n = 1), mama (n = 1), bexiga (n = 1); - doença diverticular (n = 34), - DII (n= 3), Estenoses Benignas - enterite rádica (n = 1), (F: 30, M: 13; 24 85 Anos; - isquémia (n = 1), Média = 65 Anos) - inflamação de apêndicite adjacente (n = 1), - condições desconhecidas (n = 3). Para a realização do exame a todos os doentes foi administrado um antiespasmódico (Buscopam, 20 mg, ev.). Foi usado ar para insuflar o cólon. Sem qualquer informação clínica, 4 radiologistas independentes, analisaram retrospectivamente e de forma aleatória as imagens. A presença de uma transição abrupta no local da obstrução, destruição da mucosa e configuração em caroço de maçã foram considerados aspectos de malignidade pelos observadores, enquanto uma zona de transição progressiva, relevo mucoso preservado e a presença de divertículos foram considerados aspectos benignos. Aos observadores foi pedido para classificarem a estenose usando uma das 5 categorias seguintes: 1. Definitivamente maligna; 2. Provavelmente maligna; 3. Indeterminada; 4. Provavelmente benigna; 5. Definitivamente benigna. Todo o processo foi repetido 3 meses depois; de novo, nenhuma informação clínica foi cedida, e os casos foram revistos de forma aleatória. Os resultados de ambas as leituras foram analisados. Os graus 1 e 2 foram agrupados como estenoses malignas e os graus 4 e 5 como benignas. Foi definido que havia consenso quando pelo menos 3 dos 4 observadores tinham a mesma interpretação. Este parâmetro foi usado para identificar os casos nos quais a maioria dos observadores tomaram a mesma decisão e para salientar aqueles que, de forma unânime, foram mal interpretados.

RESULTADOS Não houve diferença significativa entre as 2 leituras para qualquer dos observadores. O número de estenoses indeterminadas (grau 3) foi de 5 na primeira leitura e de 7 na segunda (média de 6 casos em 78 ± 8 %). A média de decisões correctas foi de 63, resultando numa exactidão diagnostica de 81 %. Em ambas as leituras houve consenso numa proporção semelhante de casos. Na primeira, 68 dos 78 casos, dos quais 60 (77 %) foram correctamente identificados. Na segunda leitura, em 66 dos 78 casos, dos quais 60 (77 %), foram correctamente identificados. O VPP(nº diagnósticos correctos/nº total diagnósticos) no caso de consenso, para estenoses malignas, foi de 96 % em ambas leituras (sensibilidade 63 % e 66 %). Apenas uma estenose benigna foi classificada de maligna. Este caso envolvia um doente de 24 A com d. de Crohn conhecida, com envolvimento do sigmoide pelo processo inflamatório adjacente do ID. Para estenoses benignas o VPP, no caso de consenso, foi de 84 % e 88 % na primeira e segunda leituras respectivamente (sensibilidade, 88 % e 86 %, respectivamente).

Nove estenoses malignas foram classificadas como benignas: 5 Ł Ca. sigmoide (2 associados a perfuração local; 1 tumor mostrando infiltração sub mucosa, 1 tumor pequeno num segmento com diverticulose; 1 tumor grande com invasão local extensa); 4 Ł tumores primários da bexiga, mama, ovário e pâncreas envolvendo colon sigmoide. Num caso de estenose maligna não houve consenso entre os observadores, em ambas as leituras, e este envolvia uma recidiva, no local da anastomose, de um tumor primário do sigmoide. DISCUSSÃO O CDC é frequentemente usado para investigar a suspeita de patologia do tracto GI baixo, porque pode avaliar a mucosa cólica e o lúmen e identificar eventuais trajectos fistulosos. Apesar de vários aspectos, sobejamente conhecidos, caracterizarem as estenoses inflamatórias benignas e as malignas, nos estudos baritados, persistem dificuldades na diferenciação entre ambas, sobretudo nos casos associados a doença diverticular. Os dados clínicos - DII, ressecção cólica prévia, ou d. maligna extra intestinal - são de importância relevante, na medida em que podem influenciar e alterar a interpretação dos achados radiologicos. Contudo, na prática, o diagnostico é feito mesmo quando a informação clínica falha ou é inespecífica. O uso de múltiplos observadores permitiu avaliar a variabilidade inter e intra observador, e ao procurar-se o consenso entre estes, foram sublinhados os casos de difícil diagnóstico. O estudo demonstrou existir um alto grau de exactidão para todos os observadores. Quando houve consenso no diagnóstico de uma estenose maligna, este estava correcto em todos os casos, menos num, o que sugere um elevado grau de confiança. Nesse caso, se a informação clínica fosse fornecida, a interpretação teria sido diferente. Os casos preocupantes, foram as lesões malignas (4 neo. extra cólicas, 5 Ca. sigmoide) que foram interpretadas como benignas, de forma consensual, numa ou em ambas as leituras e o caso da recidiva anastomótica, para o qual não houve unanimidade. a) Recidiva na zona da anastomose ou infiltração maligna extrínseca, podem simular uma estenose benigna, porque nestes casos a mucosa pode permanecer intacta e as margens serem progressivas. A presença de divertículos pode levar a pensar em estenose inflamatória, embora estes

possam coexistir com estenoses malignas; a sua presença foi demonstrada em 28 % dos casos de Ca. sigmoide. b) Tumores com infiltração submucosa podem ter aspectos que geralmente são considerados benignos; a estenose pode ser longa e progressiva e ter mucosa intacta. A inflamação associada a um carcinoma que sofreu perfuração, pode mascarar o tumor subjacente e resultar numa estenose de aspecto benigno. Conclusões: Os aspectos radiologicos usados para diferenciar estenoses benignas e malignas são relativamente inespecíficos e falíveis. Na maioria das vezes, o CDC permite a diferenciação entre ambas. Quando uma estenose parece maligna, o diagnóstico geralmente está correcto, mas o diagnóstico de estenose benigna sugere precaução e a sua avaliação por outros exames complementares (endoscopia, TAC) ou repetição a curto prazo de novo CDC. Olga Vaz, HUC 01/03/02