Newsletter n. 66 Janeiro/2015



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Transcrição:

Newsletter n. 66 Janeiro/2015 Destaques desta edição SOCIETÁRIO Project Management Office em Projetos da Área Jurídica das Organizações... 1 PREVIDENCIÁRIO Regimes Próprios de Previdência Social RPPS Alteração na regra prudencial de investimentos... 3 Câmara de Recursos da Previdência Complementar: decisões relevantes ocorridas na 48 Reunião Ordinária relativas a investimentos de EFPCs... 4 JURISPRUDÊNCIA Acórdão do TJSP - Apelação Cível nº. 0002163-90.2013.8.26.0100. Arbitragem Vício na composição do Colégio Arbitral... 5 NOTÍCIAS STJ uniformiza entendimento sobre a desconsideração da personalidade jurídica das empresas... CVM altera regras de divulgação de informações do Fundo Garantidor de Parcerias Público-Privadas... 7 9 Pablo Waldemar Renteria é nomeado novo diretor da CVM... PREVIC edita Portaria nº 697/2014: atualização dos valores de multas pecuniárias no âmbito dos processos administrativos previstos no Decreto nº 4.942/2003... 9 10 PREVIC edita Portaria nº 698/2014: atualização dos valores da penalidade pecuniária por descumprimento total ou parcial de Termo de Ajustamento de Conduta TAC... Revista de Previdência Volume 12... 11 12 Flavio Martins Rodrigues, sócio-sênior BCCS, recebe Troféu Benchmark da Revista Investidor Institucional na categoria melhor advogado de fundos de pensão... 13

Societário Project Management Office em Projetos da Área Jurídica das Organizações José Luiz Braga * De uns tempos para cá, virou rotina nas empresas e entidades jurídicas de todos os portes a utilização de gerenciamento externo para projetos que tenham um pouco mais de complexidade ou que requeiram um acompanhamento mais estreito e detalhado de seu desenvolvimento. Para esse gerenciamento, as entidades envolvidas em determinado projeto têmse valido do concurso de empresas especializadas nessa atividade conhecidas como Project Management Office [ou Organizer] ou, simplesmente, pela sigla PMO, as quais alocam ao projeto um grupo de profissionais que têm por missão monitorar o andamento dos trabalhos, organizando as equipes multidisciplinares na condução de suas respectivas tarefas, de maneira a que haja sincronismo e coordenação dos grupos de trabalho encarregados de dar curso ao projeto. O PMO é descrito pelo Project Management Institute (PMI) como um direcionador estratégico para a excelência organizacional, que busca o aprimoramento das práticas de execução gerencial e a melhor governança dos projetos. 1 Esse enfoque dado pelo PMI sugere que o PMO tanto pode ser uma peça da estrutura organizacional, quanto pode ser um reforço externo para uma tarefa episódica, determinada. Existindo, pois, uma clara definição de papéis e responsabilidades dos profissionais e um adequado sistema de reporte aos níveis hierárquicos das sociedades envolvidas, o PMO é um facilitador para a boa execução das tarefas relacionadas aos diversos estágios dos processos em curso, permitindo às estruturas de governança um controle preciso do desenvolvimento dos trabalhos. 1 www.pmi.org. 1

Analisando o papel do PMO num espectro mais amplo, podemos vê-lo, por exemplo, atuando como um relevante recurso externo em projetos de fusões e aquisições de empresas ( M&A ), tornando-se uma excepcional ferramenta de controle de todas as fases do projeto, para muito além de sua governança e execução. Se numa operação de M&A o PMO é um importante auxiliar das áreas administrativa e financeira, surge a indagação se também não poderia sê-lo quanto aos trabalhos e responsabilidades das áreas jurídicas das sociedades envolvidas. De fato, em operações de maior porte e que requeiram o concurso de assessoria jurídica externa e, não raro, com a contratação de mais de um escritório de advocacia -, é de todo conveniente que o gerente ou diretor jurídico valha-se de um recurso externo para o gerenciamento coordenado das atividades da(s) consultoria(s) envolvidas, liberando-se, desse modo, para pensar nas questões da estratégia jurídica que o projeto recomende. Tendo as atividades administrativas e financeiras um PMO especializado nessas áreas, assim também é recomendável que o gerenciamento dos projetos jurídicos fique sob o controle de um consultor jurídico externo que, tendo visão holística dos vários ramos do direito, auxilie na coordenação dos trabalhos dos escritórios de advocacia contratados, além de funcionar como uma espécie de liaison entre aqueles e o gerente ou diretor jurídico das sociedades que sejam partes dessas operações de M&A. Para esse trabalho de PMO jurídico, o escritório de advocacia precisa ter autonomia, especialmente para efetuar análise de propostas, de contratos e projetos, bem como para gerenciar recursos e processos, com o fim de possibilitar maior eficiência e integração da área jurídica interna com os consultores externos envolvidos nos projetos. * José Luiz Braga é sócio de BCCS (jbraga@bocater.com.br). 2

Previdenciário Regimes Próprios de Previdência Social RPPS Alteração na regra prudencial de investimentos Matheus Corredato Rossi* Rebecca Molina Ferreto** O Banco Central do Brasil publicou, em 19/12/2014, a Resolução CMN n 4.392/2014 que alterou a Resolução 3.922/2010, relativa às aplicações dos recursos dos regimes próprios de previdência social-rpps, instituídos pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Dentre as alterações, destacam-se, primeiramente, as mudanças ocorridas nos ativos do segmento de aplicação de renda fixa, quais sejam: a) inclusão das cotas de fundos de índices de renda fixa no limite de até 80% (art. 7º, III). b) inclusão das cotas de fundos de índices de renda fixa ou como referenciados em indicadores de desempenho de renda fixa no limite de até 30% (art. 7º, IV). c) inclusão das Letras Imobiliárias Garantidas no limite de até 20% (art. 7º V). d) determinação que os RPPS só poderão adquirir cotas de classe sênior dos fundos de investimento em direitos creditórios - FIDC, sejam estes constituídos sob a forma de condomínio aberto ou condomínio fechado (art. 7º VI e VII). Ainda, foi determinado que as aplicações em cotas de um mesmo fundo de índice não podem exceder a 20% das aplicações dos recursos do regime próprio de previdência social. Foi inserido, ainda, que para as aplicações em FIDC efetuadas a partir de 1º de janeiro de 2015, a observância do limite de concentração de 25% deve ser calculado em proporção do total de cotas de classe sênior e não do total de cotas do FIDC. Alteração relevante foi trazida ao art. 22 da Resolução 3.922/2010, relativo às hipóteses de desenquadramentos passivos. Tendo em vista a valorização ou desvalorização de ativos financeiros da carteira, alguns RPPS corriam o risco de não obter a renovação do CRP- Certificado de Regularidade Previdenciária por força de tais oscilações. 3

De acordo com a nova regra, não serão consideradas hipóteses de infringência (i) investimentos que não excedam 25% do limite definido nos incisos VI e VII e 5º do art. 7º e nos incisos IV, V e VI do art. 8 ; e (ii) pelo prazo máximo de 180 dias, no caso dos demais limites. Enquanto perdurar os excessos em relação aos limites estabelecidos nos arts. 7º e 8º, o RPPS ficará impedido de efetuar novas aplicações que onerem os excessos verificados, relativamente aos limites excedidos. Por fim, foi inserida como hipótese de vedação ao RPPS a negociação de cotas de fundos de índice em mercado de balcão. Vale observar que as alterações aqui apresentadas entraram em vigor em 19/12/2014, data de publicação da Resolução CMN n 4.392/2014. * Matheus Corredato Rossi é sócio de BCCS (mrossi@bocater.com.br). ** Rebecca Molina Ferreto é advogada de BCCS (rferreto@bocater.com.br). Câmara de Recursos da Previdência Complementar: decisões relevantes ocorridas na 48 a Reunião Ordinária relativas a investimentos de EFPCs Flavio Martins Rodrigues * Armando Adurens ** O escritório Bocater Camargo Costa e Silva Advogados, regularmente, está presente às reuniões da Câmara de Recursos da Previdência Complementar ( CRPC ) com o objetivo de acompanhar o desenvolvimento da jurisprudência administrativa desse colegiado superior ou participar de julgamentos nos quais representa dirigentes de fundos de pensão. 4

A 48 a Reunião Ordinária da CRPC, ocorrida em 28.01.2015, foi marcada por duas decisões importantes relativas a autos de infração, que versavam sobre investimentos, ambos capitulados no art. 64 do Decreto 4.942/2003. Confira-se o dispositivo: Art. 64. Aplicar os recursos garantidores das reservas técnicas, provisões e fundos dos planos de benefícios em desacordo com as diretrizes estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional. No primeiro julgamento, o entendimento da Primeira Instância (Diretoria Colegiada da PREVIC) havia sido de que CDBs adquiridos por EFPC possuíam características inadequadas, ainda que aderentes à Resolução CMN 3.792/2009, e que não teriam sido tomados os cuidados necessários prévios à operação. A decisão do Colegiado da CRPC foi de julgar o auto de infração improcedente, entendendo que os investimentos não eram vedados pela norma do CMN e que haviam sido tomadas todas as medidas prévias possíveis, sobretudo a partir de análises de ALM, financeiras e jurídicas de consultores externos especializados. O segundo caso estava relacionado a um possível ágio excessivo na estruturação de uma CCCB. O Colegiado da CRPC entendeu que esse excesso não restava esclarecido (como apontado em pedido de prova pericial dos recorrentes) e determinou o retorno dos autos para PREVIC para diligências. Essas decisões mostram que o complexo ambiente de decisões de investimento dos fundos de pensão vem sendo compreendido pela CRPC e que o ato regular de gestão não pode ser objeto de punição. * Flavio Martins Rodrigues é sócio de BCCS (frodrigues@bocater.com.br). ** Armando Adurens é advogado de BCCS (aadurens@bocater.com.br). Jurisprudência Tribunal de Justiça de São Paulo O Tribunal de Justiça de São Paulo publicou acórdão, a seguir ementado, do julgamento da Apelação Cível nº. 0002163-90.2013.8.26.0100, relativa a um caso em que BCCS foi consultado pela Paranapanema S.A. após decisão adversa na Arbitragem. 5

A manifestação do escritório foi no sentido de que a formação do tribunal arbitral foi viciada e que, em decorrência, a sentença arbitral deveria ser anulada, tese esta que foi acolhida por aquela Corte, em decisão que reputou imodificável o julgado de primeira instância. ARBITRAGEM. Conflito decorrente de contratos de Swap coligados a Contrato de Abertura de Crédito com cláusula compromissória. Negócios jurídicos acessórios que tiveram sua causa eficiente bem sedimentada no Contrato de Abertura de Crédito que lhes traçou as cláusulas nucleares. Inocorrência da alegada autonomia e independência dos ditos contratos derivativos utilizados para proteção ou possível alavancagem dos ativos da empresa devedora. Submissão da matéria ao tribunal arbitral. Cabimento. Recurso da autora não provido nessa parte. Se o contrato principal de empréstimo reflete verdadeira condição sine qua non da existência daqueles de swap, que lhe são meros anexos ou acessórios, a cláusula compromissória do contrato principal se estende ao acessório coligado. Assim, se o que se discute é o dever, ou não, de honrar esses instrumentos de pagamento do contrato principal, não se verifica conflito nenhum da arbitragem com a autonomia de vontade das partes expressada na cláusula de eleição de foro judicial pertencente aos Contratos de Swap, permanecendo esta preservada e em estado latente, no aguardo de situações específicas que lhe permitam invocação. ARBITRAGEM. Caso envolvendo litisconsórcio de partes com interesses distintos no mesmo pólo. Omissão do Regulamento da Câmara de Arbitragem quanto à indicação de árbitros em casos de multipartes com interesses distintos no mesmo pólo. Integração do regulamento pelo Presidente daquele órgão que não se deu com melhor técnica jurídica por fazer prevalecer a indicação de árbitro de apenas uma das partes, suprimindo o direito de indicação das outras. Inobservância de princípios basilares da isonomia e imparcialidade que viciaram a formação do painel arbitral. Parte prejudicada que invoca a reserva legal de apreciação de tal questão pelo judiciário. Inocorrência de preclusão nos termos do art. 19, 2º, da Lei nº 9307/96. Sentença arbitral anulada. Recursos dos réus não providos. 6

No juízo comum (estatal), o julgador é investido diretamente pelo próprio Estado; no juízo arbitral, diferentemente, o julgador é investido diretamente pelas próprias partes. Portanto, se há algum momento em que não pode haver qualquer espécie de dúvida, incerteza ou mácula este reside no ato dessa verdadeira investidura manifestada pelas partes. Afinal, o poder de dizer o direito sobre um caso concreto outorgado ao juiz arbitral só goza de tal predicado de impor decisão com eficácia vinculante para as partes porque estas assim o quiseram. ARBITRAGEM. Ação anulatória de sentença arbitral. Honorários de advogado. Sucumbência recíproca. Autora que deduz dois pedidos declaratórios, restando acolhido apenas um deles. Aplicação da regra do art. 21 do CPC. Divisão que não precisa se ater exatamente ao percentual de sucumbência de cada parte, mormente quando a lide não envolve, imediatamente, discussão de valores, mas apenas declaração de direitos. Recurso da autora não provido nessa parte. A norma contida no art. 21 do CPC estabelece a divisão dos ônus de sucumbência de forma recíproca e proporcional entre vencido e vencedor, não significando, contudo, que essa divisão tenha de se ater exatamente ao percentual de sucumbência de cada parte. (TJ-SP - APL: 00021639020138260100 SP 0002163-90.2013.8.26.0100, Relator: Des. Gilberto dos Santos, Data de Julgamento: 03/07/2014, 11ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 17/07/2014). Notícias STJ uniformiza entendimento sobre a desconsideração da personalidade jurídica das empresas A Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça ( STJ ), ao julgar os Embargos de Divergência em Recurso Especial n 1.306.553 SC, entendeu que a dissolução da sociedade ou o encerramento de suas atividades, ainda que irregulares, não são, por si só, causas suficientes para a desconsideração da personalidade jurídica, nos termos do Código Civil. 7

Na ação de execução originária, o Tribunal de Justiça de Santa Catarina deu provimento a agravo de instrumento interposto pela sociedade executada, e respectivos sócios, para afastar o decreto de desconsideração da personalidade jurídica da empresa, sob o argumento de que o encerramento irregular de suas atividades pela sociedade empresária, não caracteriza, por si só, uma das hipóteses previstas no artigo 50 do Código Civil como autorizadoras da medida. O acórdão proferido pelo Tribunal Estadual foi objeto de Recurso Especial interposto por credor da sociedade empresária, tendo sido distribuído à Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça, que entendeu por bem reformar o julgado emanado da Corte local e manter o decreto da desconsideração da personalidade jurídica da empresa executada. Segundo orientação da Terceira Turma, a desconsideração da personalidade jurídica, enquanto medida excepcional, teria cabimento quando verificado o abuso de sua personificação jurídica, consubstanciado em excesso de mandato, desvio de finalidade da empresa, confusão patrimonial entre a sociedade ou os sócios ou, ainda, nas hipóteses de dissolução irregular da empresa. A sociedade e seus sócios, com base em acórdão proferido no âmbito da Quarta Turma do STJ, cujo entendimento segue a linha da decisão do Tribunal de Santa Catarina, ingressaram, então, com Embargos de Divergência. No julgamento dos Embargos de Divergência pela Segunda Seção do STJ, prevaleceu o entendimento de que a melhor interpretação para o artigo 50 do Código Civil restringe sua aplicação a situações extremas, nas quais se demonstre ter a pessoa jurídica servido de anteparo para fins ilícitos levados a efeito por seus sócios e administradores. Uma vez que o acórdão do Tribunal Estadual não reconheceu que a dissolução da sociedade tinha por fim fraudar credores ou enganar terceiros, o STJ acolheu os Embargos de Divergência e manteve o posicionamento do acórdão estadual, unificando o entendimento da Corte no sentido de que o encerramento irregular das atividades empresariais, de maneira isolada, não enseja a desconsideração da sua personalidade jurídica, no âmbito do Código Civil. 8

CVM altera regras de divulgação de informações do Fundo Garantidor de Parcerias Público-Privadas A Comissão de Valores Mobiliários editou, no último dia 27, a Instrução CVM nº 557/15, que alterou a Instrução CVM nº 426/05, que dispõe sobre a administração de carteira de valores mobiliários do Fundo Garantidor de Parcerias Público-Privadas (FGP). O FGP, que tem a União como cotista exclusivo e é administrado pelo Banco do Brasil S.A., tem por finalidade a prestação de garantia de pagamento de obrigações pecuniárias assumidas pelos parceiros públicos federais em virtude das parcerias público-privadas previstas na Lei nº 11.079/2004. Em decorrência das alterações promovidas que têm por objetivo a redução de custos na manutenção do fundo e o alinhamento de sua regulação com as dos demais fundos de investimento a divulgação das informações periódicas do FGP, bem como de ato ou fato relevante relativo à carteira do fundo, passa a ser feita na página do administrador na internet, e não mais por meio da publicação em jornal de grande circulação. Pablo Waldemar Renteria é nomeado novo diretor da CVM A presidente Dilma Rousseff nomeou, em janeiro deste ano, Pablo Waldemar Renteria para o cargo de diretor da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) com mandato até o fim de 2018. A indicação de Renteria para compor a diretoria da CVM foi aprovada em dezembro do ano passado pelo Senado, três meses após ter sido apresentada pela Presidente da República. 9

O novo diretor já havia atuado, em 2008, como Assessor de Assuntos Regulatórios da CVM, assumindo, posteriormente, o cargo de Superintendente de Processos Sancionadores até 2013. PREVIC edita Portaria nº 697/2014: atualização dos valores de multas pecuniárias no âmbito dos processos administrativos previstos no Decreto nº 4.942/2003 A Diretoria Colegiada da Superintendência Nacional de Previdência Complementar-PREVIC aprovou a Portaria nº 697, de 24 de dezembro de 2014, que dispõe sobre a atualização dos valores das penalidades administrativas de multas pecuniárias. Conforme previsto no referido diploma, os novos valores serão aplicados consoante tabela de atualização prevista em seu anexo único, que são os seguintes: Dispositivo Legal Arts. 65, 66, 69, 72, 76, 77, 84, 90, 92, 93, 97, 98, 104, 105, 106, 107, 108 e Arts. 67, 70, 75, 79, 80, 81, 82, 83, 87, 88 e 109 Arts. 63, 64, 71, 73, 74, 78, 85, 86, 89, 91, 94, 95, 96, 99, 100 e 103 Valor atualizado (em reais) 23.993,43 35.990,14 47.986,86 Arts. 68 e 101 59.983,57 Art. 102 4.798,69 a 2.399.342,79 Art. 22, IV, c/c Art. 26, 2º 4.798,69 a 2.399.342,79 10

Deve-se ressaltar que a penalidade mais usualmente aplicada aplicar os recursos garantidores das reservas técnicas, provisões e fundos dos planos de benefícios em desacordo com as diretrizes estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional (art. 64 do Decreto 4.942/2003) passa a ter a pena pecuniária de R$ 47.986,86, podendo ser cumulada com suspensão pelo prazo de até cento e oitenta dias ou com inabilitação pelo prazo de dois a dez anos. PREVIC edita Portaria nº 698/2014: atualização dos valores da penalidade pecuniária por descumprimento total ou parcial de Termo de Ajustamento de Conduta TAC A Diretoria Colegiada da Superintendência Nacional de Previdência Complementar-PREVIC aprovou a Portaria nº 698, de 24 de dezembro de 2014, que dispõe sobre a atualização dos valores, mínimo e máximo, da penalidade pecuniária por descumprimento total ou parcial de Termo de Ajustamento de Conduta - TAC. Conforme previsto no referido diploma, os novos valores serão aplicados consoante tabela de atualização prevista em seu anexo único, que são os seguintes: Dispositivo Legal Instrução MPS/PREVIC nº 03, de 29 de junho de 2010 Valor Atualizado (em reais) Art. 10 25.829,91 a 6.457.477,73 11

Revista de Previdência Volume 12 Flavio Martins Rodrigues * O Escritório patrocina a Revista de Previdência, editada pela Editora Gramma. O Volume nº 12 já está impressa, devendo o seu lançamento dar-se em fevereiro ou março de 2015. Os artigos e autores deste próximo Volume são: - A Proteção Patrimonial dos Planos de Benefícios da Previdência Complementar Fechada, Allan Luiz Oliveira Barros, Procurador Federal da Advocacia-Geral da União junto à Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc); - A Atividade-Meio das Entidades Fechadas de Previdência Complementar e os Investimentos em Capital Produtivo : Luís Gustavo Frantz, advogado da Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ); - Investimentos dos Fundos de Pensão: Aspectos Jurídicos : Flavio Martins Rodrigues, Armando Adurens e Rodrigo Goes de Queiroz, advogados de Bocater, Camargo, Costa e Silva; - Consequências da Aplicação do Código de Defesa do Consumidor às Relações de Previdência Complementar Fechada : Danilo Ribeiro Miranda Martins, Procurador Federal da Advocacia-Geral da União e Coordenador-Geral de Consultoria e Assessoramento Jurídico da Procuradoria Federal junto à Previc; - As Novas Regras para a Retirada de Patrocínio nas EFPC: Aspectos Econômico-financeiros e Atuariais : Christian Aggensteiner Catunda, o atuário especialista da Previc; - O Princípio do Consensualismo e sua Aplicação na Supervisão dos Investimentos de Fundos de Pensão : Rodrigo Góes de Queiroz, advogado de Bocater, Camargo, Costa e Silva; - Aposentadoria Espontânea e os Reflexos sobre os Empregados Públicos : Felipe Epaminondas de Carvalho, o advogado especialista em previdência. * Flavio Martins Rodrigues é sócio de BCCS (frodrigues@bocater.com.br) e editor da Revista de Previdência. 12

Flavio Martins Rodrigues, sócio-sênior BCCS, recebe Troféu Benchmark da Revista Investidor Institucional na categoria melhor advogado de fundos de pensão Flávio Martins Rodrigues, sócio-sênior BCCS, foi agraciado com o Troféu Benchmark, destinado aos melhores profissionais do mercado de investimentos e previdência. O Troféu Benchmark é organizado pela Revista Investidor Institucional, que promoveu uma eleição direta, em dois turnos, para contemplar os profissionais que mais se destacaram em 2014. Flávio Martins Rodrigues foi eleito na categoria melhor advogado de fundos de pensão em votação realizada por 577 instituições, distribuídas entre fundos de pensão, assets, consultorias e entidades de regimes próprios de previdência. Endereços Av. Rio Branco, 110 39º e 40º Andar Centro Rio de Janeiro - RJ CEP: 20040-001 Tel.: (21) 3861-5800 Fax: (21) 3861-5861/62 Rua Joaquim Floriano, 100 16º Andar Itaim Bibi São Paulo - SP CEP: 04534-000 Tel.: (11) 2198-2800 Fax: (11) 2198-2849 SAS Quadra 5 Bl K Sala 509 Ed. Office Tower Setor Autarquias Sul Brasília DF CEP: 70070-050 Tel.: (61) 3226-3035 / 3224-0168 / 3223-4108 / 3223-7701 13