III-020 - USINAS DE RECICLAGEM DE LIXO : PORQUE NÃO FUNCIONAM?



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Transcrição:

III-020 - USINAS DE RECICLAGEM DE LIXO : PORQUE NÃO FUNCIONAM? Marcelo de Paula Neves Lelis (1) Engenheiro Civil pela UFV; Mestre em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos (1998) pela UFMG; Assessor do Centro Mineiro para Conservação da Natureza (CMCN); Coordenador Técnico do Laboratório de Engenharia Sanitária e Ambiental (LESA) da Universidade Federal de Viçosa. João Tinôco Pereira Neto Engenheiro Civil pela UFMA; Mestre em Eng. Sanitária pela UFPB; Ph.D em Eng. Sanitária e Ambiental (1987) pela Universidade de Leeds; Professor Titular da Universidade Federal de Viçosa (UFV); Consultor em Resíduos Sólidos de vários Órgãos Nacionais e Internacionais; Profissional agraciado com a Comenda do Meio Ambiente pela OAB. Endereço (1) : Laboratório de Eng. Sanitária e Ambiental / Departamento de Eng. Civil - Universidade Federal de Viçosa - Cep: 36571-000 - Viçosa (MG). Tel (31) 899 2747; Fax (31) 899 1737; E-mail: lesa@mail.ufv.br. RESUMO Uma das principais alternativas para o tratamento dos resíduos sólidos urbanos, as usinas de reciclagem e compostagem se apresentam, hoje, com uma imagem bastante desgastada. O descrédito com relação a esse eficiente sistema se deve a diversos fatores. Este trabalho buscou identificar os principais entraves que tem inviabilizado a adoção desse sistema pelas municipalidades, bem como ocasionado a paralisação ou desativação de diversas usinas implantadas pelo país. Mostra, ainda, que esta concepção, bastante difundida no país, apresenta diversas vantagens comparadas com outras soluções em uso corrente, principalmente quando destinadas ao tratamento dos resíduos gerados em municípios de pequeno porte. Entretanto, sua adoção só deve ser feita quando embasada em critérios técnicos, e fundamentada na avaliação do diagnóstico e levantamento de dados que indiquem ser esta uma solução viável. PALAVRAS-CHAVE: Tratamento de lixo, Usinas, Reciclagem. 1. INTRODUÇÃO A disposição inadequada dos resíduos sólidos urbanos (lixo) no meio ambiente, constituindo as lixeiras ou lixões, vêm contribuindo, cada vez mais, para o agravamento das condições sanitárias dos municípios que não dispõe de sistema de tratamento ou destinação final. Soma-se a esse fato, os inúmeros problemas de ordem ambiental, social e econômico associados a esta perversa prática. Como boa parte dos administradores públicos estão cientes desta situação, tem sido crescente a busca por soluções que se proponham a resolver ou, pelo menos, minimizar este grave quadro. Dentre as soluções atualmente aplicadas no saneamento dos resíduos sólidos urbanos (RSU), têm-se os sistemas de destinação final (aterros sanitários, aterros controlados, incineração, pirólise, etc.) e os sistemas de tratamento, com destaque aos processos que buscam promover a reciclagem dos resíduos. Com relação a estes últimos existem, implantados no país, um significativo número de sistemas comumente designados Usinas de Reciclagem de Lixo. Na concepção original destas usinas, os resíduos provenientes da coleta são triados e selecionados por tipologia. Após a separação, os materiais potencialmente recicláveis, a exemplo dos papéis, papelão, plásticos, vidros e metais, são comercializados ou doados, os resíduos orgânicos encaminhados para o processo de compostagem, e os rejeitos encaminhados para o sistema de disposição final. Entretanto, a aplicação deste processo de tratamento ainda enfrenta resistência no país, devido a uma série de restrições associadas à sua implantação e operação. Diversos fatores, que serão comentados ao longo deste trabalho, têm contribuído para gerar descrédito quanto à utilização desta alternativa para o tratamento dos RSU, formando uma imagem desgastada e que, por muitas vezes, não condiz com a realidade ABES Trabalhos Técnicos 1

2. OBJETIVO Este trabalho buscou, de forma técnica e objetiva, discutir os principais entraves que têm inviabilizado a implantação das Usinas de Reciclagem de Lixo como sistema de tratamento para os resíduos sólidos urbanos em municípios considerados de pequeno porte, que apresentem geração de RSU da ordem de 2 a 15t/d. Não se trata de estudo comparativo com outros sistemas existentes, mas sim da discussão sobre os critérios que devem ser levados em conta quando se objetiva avaliar a viabilidade deste processo como solução (ou parte) dos problemas advindos da disposição inadequada do lixo. Constata-se haver muito questionamento e críticas com relação a estes sistemas, entretanto, pouca discussão técnica (e realista) sobre o assunto. 3. USINAS DE RECICLAGEM DE LIXO : Porque não Funcionam? As razões que inviabilizam a adoção das Usinas de Reciclagem de Lixo como alternativa para o tratamento dos RSU, bem como causam sua desativação (ver FIGURA 1, que ilustra a situação no Estado de MG), são várias. Ressalta-se que o principal motivo está relacionado à falta de conhecimento e domínio sobre a tecnologia envolvida no processo. Assim, discutiremos, a seguir, os principais entraves que tem inviabilizado a implantação e o funcionamento destes sistemas, detectados a partir da coleta remota de informações e avaliações de campo. 48 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 30 13 05 Em operação Em implantação Desativada TOTAL FIGURA 1: Usinas de Reciclagem de Lixo no Estado de Minas Gerais Fonte: LESA/UFV 3.1 TERMINOLOGIA O termo geralmente utilizado para designar esses sistemas de tratamento, Usinas de Reciclagem de Lixo, pode ser considerado o primeiro empecilho para o seu sucesso. Usina, segundo o Aurélio, é qualquer estabelecimento industrial equipado com máquina; fábrica. Como não se trata de uma indústria, pois nestes sistemas não há fabricação de qualquer tipo de substância ou produto, depreende-se que o termo usina não é adequado para esta finalidade. Ressalta-se que o conceito usina tem conotação de sistema complexo, com muitas máquinas, e que necessita de muito capital para sua implantação e operação. Entretanto, a concepção difundida pela Universidade Federal de Viçosa, para comunidades de pequeno porte, é de sistemas simplificados e de baixo custo, o que por si só justifica a substituição do termo usina para outro mais apropriado. Considera-se, ainda, que o termo Reciclagem também não é adequado, pois nestes sistemas é feita a triagem dos materiais potencialmente recicláveis, os quais são encaminhados para as indústrias para, aí sim, serem reciclados. 2 ABES Trabalhos Técnicos

Sugere-se, portanto, que seja adotada a terminologia Unidade de Triagem e Compostagem (UTC) para designar esses sistemas, por ser considerada uma forma mais coerente com a concepção e o objetivo a que se propõe. 3.2 CONCEPÇÃO DOS PROJETOS Muitos projetos de usinas são concebidos e até executados sem o mínimo de conhecimento e critério técnico, o que, além de onerar os custos de implantação, geram inevitáveis problemas de funcionamento. Neste item serão discutidas as principais falhas observadas em diversos projetos e sistemas avaliados, constatando-se que a concepção inadequada do projeto tem sido uma das principais causas do fechamento de algumas usinas implantadas no país. 3.2.1 DIAGNÓSTICO E PLANEJAMENTO Todo e qualquer projeto de engenharia destinado ao tratamento e/ou destinação final dos RSU deve, necessariamente, passar pelas etapas de diagnóstico e planejamento. É inconcebível a implantação desses sistemas sem o conhecimento prévio da realidade do município com o qual se pretende trabalhar. Etapa de fundamental importância, é no diagnóstico que serão identificadas as principais características e peculiaridades do município, seu perfil socioeconômico, bem como todas as informações referentes à geração de resíduos, tais como taxa per capita, composição gravimétrica, balanço de massa, etc. A indicação da solução mais adequada para a realidade encontrada deverá passar, necessariamente, pela avaliação do diagnóstico, que norteará a tomada de decisão. Concluído o diagnóstico, torna-se necessário o planejamento de todas as etapas posteriores que viabilizarão a implantação da solução indicada no diagnóstico. A implantação de usinas sem o criterioso levantamento dos dados que constituirão o diagnóstico, e falta de rigor técnico no planejamento, podem levar à adoção de soluções equivocadas, que não condizem com a realidade e, conseqüentemente, estarão fadadas ao fracasso. 3.2.2 ADOÇÃO DE TECNOLOGIAS IMPORTADAS Houve e ainda há, no país, a cultura de que tecnologias estrangeiras, que alcançaram êxito em países considerados desenvolvidos, devem ser importadas e aplicadas à nossa realidade. Este é mais um equívoco que persiste em alguns segmentos da engenharia. Sabe-se que o perfil socioeconômico de nosso país difere totalmente da região de onde provém a maior parte dessas tecnologias, notadamente Estados Unidos e países da Europa. A massa de RSU gerada nestes países difere, em muito, do lixo que geramos em nosso país, em razão do padrão de consumo, hábitos e costumes da população, leis ambientais, estrutura do sistema de limpeza urbana e uma série de outros fatores. Atualmente, diversas dessas usinas que utilizam tecnologia importada encontram-se desativadas no país, comprovando a falta de critério técnico e o descaso com o dinheiro público. A importação de tecnologia ou de sistemas de tratamento para RSU só deve ser feita após estudo prévio, que indique sua viabilidade técnica e econômica, considerando-se as demais alternativas disponíveis no mercado. 3.2.3 DIMENSIONAMENTO O dimensionamento de sistemas destinados ao tratamento dos RSU deve atender aos preceitos básicos de engenharia, e somente deve ser feito após a criteriosa avaliação dos dados obtidos mediante o diagnóstico técnico e socioeconômico. O estudo realizado para o desenvolvimento deste trabalho permitiu observar que diversas Usinas foram implantadas, inacreditavelmente, sem o prévio levantamento sobre a quantidade de lixo a ser processada, o que invariavelmente leva à situação de sub ou superdimensionamento destes sistemas. 3.2.4 IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS INCOMPLETOS Uma usina deve prever, em sua concepção original, toda a infra-estrutura necessária para o desenvolvimento das principais atividades. Entretanto, há casos de Usinas, implantadas, em que não foi considerada a área para ABES Trabalhos Técnicos 3

o tratamento da matéria orgânica (pátio de compostagem), o local destinado a receber os rejeitos dos processos de triagem e compostagem (aterro de rejeitos), os quais sempre existirão neste tipo de sistema, e, até mesmo, a falta de estrutura de apoio para os funcionários (banheiros/vestiários, refeitório, etc.). Situações desse tipo, geralmente associadas a falhas conceituais e/ou falta de conhecimento técnico no desenvolvimento do projeto, causam diversos inconvenientes, podendo inviabilizar o funcionamento do sistema. 3.2.5 EQUIPAMENTOS ELETRO-MECÂNICOS Boa parte das usinas implantadas no país são dotadas de equipamentos eletro-mecânicos. Entretanto, nem sempre estes equipamentos são necessários, e quando o são, geralmente carecem de especificação adequada. Há, no país, diversos fabricantes de maquinários (para outras finalidades) que enxergaram no lixo um filão, e passaram a produzir equipamentos adaptados para as usinas. Tal prática, considerada no mínimo amadora, tem-se constituído em grave problema para as Prefeituras que adquirem equipamentos sem acompanhamento técnico. Administradores públicos, muitas vezes bem intencionados mas sem o devido esclarecimento técnico, acabam por adquirir, destes fabricantes aventureiros, as famosas usinas, que geralmente são comercializadas dentro de uma visão de que o tratamento do lixo possibilita retorno financeiro, o que nem sempre condiz com a realidade. Alguns destes fabricantes fornecem, inclusive, o que chamam de projeto da usina, que invariavelmente são padronizados e incompletos. Outro grande problema associado a esses fabricantes inescrupulosos é o total descomprometimento com o pós-venda, o que pode inviabilizar o funcionamento do sistema em razão da falta de assistência técnica, peças de reposição, etc. Como todo e qualquer mercado em expansão, há uma grande concorrência no mercado de equipamentos voltados para o processamento do lixo. Dentre os principais equipamentos utilizados nesses sistemas e que são atualmente comercializados, temos: correias transportadoras (para a triagem das diversas frações que compõe a massa dos RSU); moinhos trituradores (destinados à fragmentação dos resíduos orgânicos); prensas hidráulicas (utilizadas no enfardamento dos recicláveis) e peneiras rotativas (empregadas no peneiramento e refino do composto maturado). Ressalta-se que sistemas simplificados destinados ao processamento de até 4t/dia de RSU (considerando-se turno único de trabalho), podem ser concebidos para operar com apenas um equipamento eletro-mecânico, a prensa hidráulica, destinada ao enfardamento dos recicláveis. A aquisição de equipamentos, quando necessária, deve ser feita com rigoroso critério técnico, sob pena de se investir significativa quantia em maquinário que não atingirá os objetivos esperados. Um bom projeto deverá contemplar, em seu memorial descritivo, as especificações técnicas (mínimas) que estes equipamentos deverão atender, de forma, também, a orientar os administradores públicos para que não se prendam apenas pelo item preço, parâmetro muito relativo e que pode levar a uma tomada de decisão equivocada. Além da instalação de equipamentos de má qualidade, que não atendem as especificações técnicas, outro fator que tem inviabilizado o funcionamento de algumas usinas é a excessiva mecanização, responsável por elevado consumo energético e complexidade no fluxo de materiais. 3.2.6 MOBILIZAÇÃO SOCIAL Quando a administração pública se propõe a implantar um sistema de tratamento de RSU sem a efetiva participação da população, a possibilidade de fracasso é maior. De acordo com as informações obtidas, na maioria dos municípios em que se encontram usinas desativadas ou paralisadas não foi realizado um trabalho de conscientização da população, objetivando a melhoria da limpeza urbana e sua adesão às campanhas de coleta seletiva, sendo esta última considerada de suma importância para o bom funcionamento dos sistemas destinados à triagem e compostagem dos resíduos. Uma boa estratégia adotada nos projetos desenvolvidos pela UFV tem sido a criação e orientação de uma equipe de voluntários, formado por membros da comunidade atendida que se identifiquem com a questão ambiental e tenham interesse em acompanhar o processo, desde a elaboração do projeto do sistema de tratamento até sua implantação e operação. Esta equipe poderá ser composta por representantes da Prefeitura, Emater, do Codema, de ONGs, e da sociedade em geral, e terá como principais atribuições: 4 ABES Trabalhos Técnicos

divulgar, na comunidade, conceitos fundamentais sobre ecologia, tais como desenvolvimento sustentável, coleta seletiva e reciclagem de materiais; acompanhar a execução das obras do sistema de tratamento; acompanhar e assessorar a operação do sistema implantado; desenvolver programas de educação ambiental e estimular a participação da comunidade. Essa estratégia tem garantido a sustentabilidade dos projetos desenvolvidos pela UFV, inclusive quanto à possibilidade de descontinuidade política, prática ainda muito comum em prefeituras do interior. 3.3 LOCAL DE IMPLANTAÇÃO Um sistema de tratamento ou destinação final de lixo não deve ser implantado em local que não tenha sido objeto de ampla investigação, objetivando identificar sua aptidão para esta finalidade. Entretanto, não é incomum se encontrar usinas instaladas no perímetro urbano, às margens de cursos d água, em locais de difícil acesso, ou em regiões que não disponham de energia elétrica e/ou abastecimento de água. Isoladamente ou em conjunto, esses fatores podem inviabilizar o funcionamento do sistema. Uma vez instalada em local inadequado, a usina não deverá receber a licença de operação por parte do órgão ambiental, e caso venha a funcionar sem este aval, acarretará sérios riscos ambientais. 3.4 QUALIFICAÇÃO DE MÃO-DE-OBRA Item de fundamental importância para o sucesso dos sistemas de tratamento de lixo, o treinamento e a qualificação de mão de obra tem sido relegado a segundo plano. Não obstante o fato da triagem e da compostagem serem consideradas operações simples, torna-se indispensável a preparação dos funcionários que atuarão no sistema. O treinamento e a qualificação da mão de obra deve passar por uma etapa teórica, preparada em linguagem acessível e adaptada ao público alvo, e pela prática, onde os funcionários deverão ter a oportunidade de vivenciar todo o funcionamento do sistema, utilizando os conhecimentos adquiridos. A este treinamento devese seguir a pré-operação, oportunidade em que os funcionários irão atuar em condições reais de trabalho, adaptando-se gradativamente ao processo. Atenção especial deve ser dada ao gerenciamento do sistema, cuja pessoa responsável deverá ser devidamente capacitada. 3.5 CONTROLE OPERACIONAL DO PROCESSO DE COMPOSTAGEM Geração de odores desagradáveis, presença de vetores e chorume evidenciam falhas decorrentes da ineficiência no tratamento dos resíduos orgânicos. Estes problemas nunca deveriam ocorrer num sistema de tratamento por compostagem, e estão associados à falta de conhecimento mínimo sobre o controle operacional do processo. Ressalta-se que a compostagem é um processo natural, biológico, e como tal, requer o controle de fatores básicos, tais como temperatura, oxigenação e umidade. Além disso, a carência de uma higienização diária das instalações também contribui para criar uma imagem negativa. PEREIRA NETO (1995) relata que a compostagem feita no país não segue, na maioria dos casos, critérios técnicos bem definidos. Segundo o autor, dentre os principais problemas encontrados, têm-se: a) ineficiência no processo de pré-tratamento (triagem e trituração) da matéria orgânica, o que ocasiona a contaminação da massa de compostagem; b) pátios de compostagem mal dimensionados, os quais não comportam a produção mensal de matéria orgânica, causando a venda de produtos não estabilizados (falha na concepção/dimensionamento do projeto); c) processos anaeróbicos de fermentação, quando se sabe que a compostagem é necessariamente um processo aeróbio; d) processos desenvolvidos sem controle de umidade, temperatura e oxigenação, fatores que governam a eficiência do sistema; ABES Trabalhos Técnicos 5

e) processos desenvolvidos sem nenhuma definição técnica do ciclo de reviramento, que basicamente oxigena e controla a temperatura da massa de compostagem; f) processos desenvolvidos em pilhas ou leiras sem configuração geométrica definida, fator de grande importância na compostagem; g) processos que não incluem a fase de maturação e, portanto, não produzem composto orgânico; h) total falta de controle dos impactos ambientais associados aos processos emissão de odores, chorume e atração de vetores (os quais são perfeitamente controláveis), etc. Como comentado no item 3.4 o treinamento e qualificação de mão-de-obra é de suma importância para se evitar que ocorram problemas desta natureza, em sai maior associados à deficiência no controle operacional do processo de compostagem. Ressalta-se que, além dos aspectos técnicos relacionados ao controle operacional, a compostagem é também vítima de interesses totalmente alheios à consolidação do processo no país, como o lobismo e o clientelismo, muito presentes no setor. 3.6 MONITORAMENTO DA QUALIDADE DO COMPOSTO ORGÂNICO A qualidade do composto orgânico produzido nas usinas tem sido outro questionamento freqüente. Somente por meio do monitoramento do processo e da realização periódica de análises laboratoriais no composto orgânico é que se poderá inferir sobre sua qualidade. Devem ser feitas avaliações físicas, físico-químicas, químicas e bacteriológicas no composto orgânico, visando avaliar, entre outros parâmetros, a umidade, o ph, o percentual de matéria orgânica, o teor de macro e micro-nutrientes, a relação C/N e a presença de metais pesados. O valor agrícola e comercial de um composto orgânico só poderá ser estimado após a determinação desses parâmetros, que deverão vir acompanhados de laudo técnico, que restringirá ou não a utilização do produto. A venda e a utilização de composto orgânico de má qualidade, contribui significativamente para a criação de uma imagem negativa do processo de compostagem. Ressalta-se que o controle operacional durante os processos de triagem e compostagem é de fundamental importância para garantir a qualidade do composto orgânico proveniente de sistemas de tratamento de RSU. Contaminação do composto pela presença de materiais inertes, tais como plásticos, pedras, vidros, etc., podem ser facilmente evitados. 4. VIABILIDADE DO SISTEMA Pelo sucesso alcançado por diversos sistemas em funcionamento, não obstante o fracasso de alguns outros, percebe-se ser altamente viável a adoção de processos de triagem e compostagem como alternativa para o tratamento dos resíduos sólidos urbanos. A seguir, comenta-se alguns motivos que atestam a viabilidade destes sistemas: a produção, na maioria dos municípios brasileiros, de um lixo urbano que apresenta grande potencial para reciclagem, tanto de materiais inertes quanto de resíduos orgânicos (ver FIGURA 1, que ilustra a situação no Estado de MG.); o elevado teor de matéria orgânica presente na massa desses RSU, o que reforça a necessidade de adoção de sistemas de tratamento que contemplem essa fração; a real possibilidade de reintrodução, no processo produtivo, dos materiais recicláveis, proporcionando melhorias para a economia; o fato desta solução ter sido pesquisada por mais de 12 anos pela Universidade Federal de Viçosa, cuja tecnologia, de baixo custo, é consolidada (do ponto de vista científico e prático), apresenta simplicidade e grande flexibilidade operacional; a geração de empregos diretos (no sistema de tratamento) e indiretos, em face, principalmente, da comercialização dos materiais recicláveis e do uso do composto e; pelo fato de tratar-se de uma concepção de projeto que estimula a participação da sociedade, no exercício de sua cidadania na busca de solução para o problema da disposição inadequada do lixo; 6 ABES Trabalhos Técnicos

PET 1,3% Plástico rígido 2,2% Alumínio 0,5% Rejeitos 9,3% Vidro 2,3% Metais 3,3% Papel 3,6% Plástico filme 5,0% Papelão 5,7% Resíduos orgânicos 66,8% FIGURA 2: Composição Gravimétrica dos RSU Gerados em Municípios de Pequeno Porte do Estado de Minas Gerais (média obtida a partir da caracterização dos resíduos em 300 municípios) FONTE: Pereira Neto e Lelis, 1999 Outra característica favorável das Unidades de Triagem e Compostagem - UTCs (ver FIGURA 3, Fluxograma Padrão ) reside no fato de se tratar de sistemas modulares, o que permite a ampliação ou eventuais ajustes para se adaptar ao aumento na geração de resíduos. O sistema denominado de baixo custo ou simplificado, desenvolvido pela Universidade Federal de Viçosa (MG), idealizado para comunidades de pequeno porte e já implantado em alguns municípios, é constituído de módulos simples, de fácil construção. Segundo LELIS et al (1997), considerados os critérios técnicos, ambientais, sociais e de saúde pública (e até mesmo o aspecto político), essa é uma excelente alternativa para o tratamento de lixo nesses municípios. Os autores relatam que a simplicidade de operação desses sistemas é outra vantagem apresentada, justificando, assim, o tratamento do lixo a um custo acessível. Entretanto, é importante salientar que esses sistemas não devem ser implantados tendo-se como objetivo o lucro financeiro advindo da venda dos materiais recicláveis e do composto orgânico, sob pena de se incorrer em grave erro. Em geral, o máximo que se obtém é a auto-sustentação financeira. Concluindo, os autores ressaltam que, quando bem operados, esses sistemas apresentam consideráveis benefícios no que diz respeito à proteção do meio ambiente e à saúde pública, com reflexos diretos na melhoria da qualidade de vida da população. Entretanto, a viabilidade desta solução deve ser atestada após a avaliação de todos os critérios pertinentes. Devido a algumas peculiaridades, tais como à inexistência de áreas adequadas para a implantação do projeto, pequena produção de lixo (inferior a 2 t/dia) e falta de mercado para recicláveis e composto orgânico, pode-se concluir não ser esta uma solução adequada. ABES Trabalhos Técnicos 7

FIGURA 3: Fluxograma Padrão de Operação de uma Unidade de Triagem e Compostagem de RSU Recepção dos Rsu (lixo bruto) Retirada de Rejeitos Volumosos Triagem de Materiais Recicláveis e Rejeitos Rejeitos Materiais Inertes Recicláveis Aterro de Rejeitos Resíduos Orgânicos Recicláveis Prensagem / Enfardamento Compostagem Armazenamento Composto Maturado Comercialização Peneiramento Rejeitos Composto Orgânico Armazenamento Comercialização Visando a implantação de um sistema que atenda à realidade do município, a UFV tem adotado a seguinte metodologia no desenvolvimento de projetos de Unidade de Triagem e Compostagem, quando detectada sua viabilidade: a) apresentação da proposta de projeto na comunidade, visando sua participação no processo desde o início; b) levantamento de dados e elaboração do diagnóstico técnico e socioeconômico; c) caracterização dos resíduos sólidos urbanos; d) avaliação de mercado para comércio de recicláveis; e) seleção do local de implantação da UTC; f) elaboração do projeto; g) repasse de tecnologia para operação da UTC após sua implantação; h) treinamento e qualificação de mão de obra; i) pré-operação do sistema; j) operação definitiva; k) mobilização comunitária, buscando resgatar a cidadania da pupulação; 8 ABES Trabalhos Técnicos

l) desenvolvimento de atividades de educação ambiental e implantação da coleta seletiva; m) estímulo à implantação de projetos agregados que tenham conotação ambiental (viveiro para produção de mudas, oficina de reciclagem artesanal, etc) e ampliem o alcance do projeto original; Algumas destas etapas são desenvolvidas concomitantemente. 5. CONCLUSÕES Pode-se inferir que ainda existe, no país, muita desinformação acerca deste sistema como alternativa para o tratamento dos resíduos sólidos urbanos. Este fato, aliado aos erros cometidos no passado e às falhas ainda presentes em projetos atuais, tem contribuído para que haja a formação de um pré-conceito sobre estes sistemas, o qual muitas vezes não reflete a realidade. Ressalta-se que a opção pelos sistemas de triagem e compostagem deve ser precedida de um amplo diagnóstico, onde deverão ser levantadas e avaliadas todas as informações que subsidiarão a tomada de decisão sobre sua viabilidade técnica e econômica. Paralelo à implantação do sistema, sugere-se que seja realizado extenso trabalho de divulgação e mobilização comunitária, fundamental para o sucesso deste empreendimento. Dentre os principais resultados que podem ser obtidos com a implantação das Unidades de Triagem e Compostagem, tem-se; a) melhoria das condições sanitárias; b) melhoria das condições ambientais; c) possibilidade de melhorias nos serviços de limpeza urbana; d) geração de empregos e melhorias para a economia da região; e) mobilização da comunidade e difusão de conhecimentos sobre educação ambiental; f) possibilita o desenvolvimento de projetos agregados como: hortas comunitárias, reflorestamentos, recuperação de mata ciliar e de topo e controle de erosão, através do uso do fertilizante orgânico produzido; g) promove a adoção de medidas efetivas relacionadas à economia de energia e de recursos naturais. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1) INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA IBGE. Contagem da população. Rio de Janeiro, v.1, 1997. 724p. 2) LELIS, M.P.N. et al. Custos de implantação e operação de uma unidade de reciclagem e compostagem de lixo para comunidades de pequeno porte. In: ENCONTRO PARA CONSERVAÇÃO DA NATUREZA, 1, 1997, Viçosa, MG. Resumo...Viçosa, MG: UFV, 1997. p.483. 3) PEREIRA NETO, J. T. Reciclagem de resíduos orgânicos; compostagem. In: ECONTRO NACIONAL DE RECICLAGEM, AGRICULTURA E MEIO AMBIENTE, 1, 1995a, Campinas. Anais... Campinas: [ s.n.], 1995a. p.55-80. 4) PEREIRA NETO, J.T., LELIS, M.P.N. Variação da Composição Gravimétrica e Potencial de Reintegração Ambiental dos Resíduos Sólidos Urbanos por Região Fisiográfica do Estado de Mias Gerais. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL, 20, 1999, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: ABES, 1999. Tema 3, p.1709-1716. ABES Trabalhos Técnicos 9