A decisão de financiamento empresarial: Aspectos a ponderar



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C O N T A B I L I D A D E

Transcrição:

Roseli de Anunciação Oliveira Rocha A decisão de financiamento empresarial: Aspectos a ponderar Universidade Jean Piaget de Cabo Verde Campus Universitário da Cidade da Praia Caixa Postal 775, Palmarejo Grande Cidade da Praia, Santiago Cabo Verde 12.8.yy2008

Roseli de Anunciação Oliveira Rocha A decisão de financiamento empresarial: Aspectos a ponderar Universidade Jean Piaget de Cabo Verde Campus Universitário da Cidade da Praia Caixa Postal 775, Palmarejo Grande Cidade da Praia, Santiago Cabo Verde 12.8.yy2008

Roseli de Anunciação Oliveira Rocha, autor da monografia intitulada A decisão de financiamento empresarial: Aspectos a ponderar, declaro que, salvo fontes devidamente citadas e referidas, o presente documento é fruto do meu trabalho pessoal, individual e original. Cidade da Praia, aos 20 de Setembro de 2007 Roseli de Anunciação Oliveira Rocha Memória Monográfica apresentada à Universidade Jean Piaget de Cabo Verde como parte dos requisitos para a obtenção do grau de Licenciatura em Economia e Gestão, variante Banca e Seguros.

Sumário O trabalho de memória ora apresentado teve como objectivo estudar os aspectos mais relevantes que condicionam as decisões de financiamento nas empresas que operam no ramo da Construção Civil. Tendo em conta os constrangimentos encontrados na recolha dos dados, o estudo refere-se á apenas as empresas que responderam o questionário, tratando-se de um estudo de caso múltiplo. Este trabalho foi feito com base na aplicação de um questionário á sete empresas construtoras, sediadas na Cidade da Praia, e que estão no mercado á pelo menos dois anos. A fundamentação teórica consistiu essencialmente na descrição e análise dos pontos de vista de vários autores sobre a decisão de financiamento e a composição da estrutura de capital que é considerado muito importante no contexto da gestão financeira das empresas e estão principalmente relacionadas ao estabelecimento da política ideal de endividamento, ou seja aquela que tende a maximizar o valor da empresa, e também dos vários métodos utilizados na avaliação das decisões de financiamento. As interpretações feitas foram estruturadas a partir de um estudo qualitativo sobre os aspectos financeiros mais relevantes nas empresas como sejam, a caracterização da estratégia de investimento e a definição de uma política de financiamento, e dos significados mais relevantes de certos autores sobre a temática em estudo. Os resultados demonstram que as fontes de financiamento são escolhidos de acordo com o custo das fontes e a oportunidade do capital. Os mesmos evidenciaram a prática sistemática da avaliação das fontes de financiamento com predominância para a utilização do método do valor actual líquido da decisão de financiamento. Pensámos com a realização deste trabalho, poder contribuir modestamente para um melhor entendimento das decisões de financiamento nas empresas.

Agradecimentos Gostaria de agradecer ao Mestre José Manuel Mendes meu professor e orientador, pelo apoio e atenção. A minha gratidão é extensiva aos meus colegas pelo carinho, aos meus professores por todo o conhecimento que me transmitiram durante todos esses anos, aos meus amigos e todas as pessoas que trabalham nesta instituição e que de uma forma ou outra ajudaram na elaboração deste trabalho. Gostaria de agradecer em especial aos Directores Financeiros das várias empresas de Construção Civil sediadas na Cidade da Praia que abdicaram do seu tempo de trabalho para preencher o meu questionário. A todos os meus mais sinceros agradecimentos.

Dedicatória À minha família por acreditar e confiar em mim. Em especial à minha mãe, e aos meus tios, Olavo e Daluz por sempre me terem apoiado e incentivado na minha caminhada académica.

Índice Introdução...11 Problemática do estudo...12 Pergunta de partida...13 Hipóteses...13 Objectivo Geral...13 Objectivos específicos...13 Justificação da escolha do tema...14 Metodologia...14 Limitações de estudo...15 Capítulo 1: Referencial Teórico...16 1.1 Conceitos...16 1.2 Tipos de Financiamento...21 1.2.1 Fontes de financiamento a curto prazo...22 1.2.2 Fontes de financiamento a médio e longo prazo:...25 1.3 Métodos de Avaliação da Decisão de Financiamento...38 1.3.1 A teoria do custo do capital...38 1.3.2 O custo marginal do capital...41 1.3.3 O custo actual das fontes de financiamento...42 1.3.4 O Valor actual líquido da decisão de financiamento...43 Capítulo 2: Aspectos importantes na análise da decisão de financiamento...44 2.1 O Investimento...44 2.1.1 Principais Técnicas de Análise de Investimentos...45 2.2 A Política de Dividendos...51 2.2.1 Teorias Sobre As Políticas De Dividendos...53 Capítulo 3: A decisão de financiamento empresarial: aspectos a ponderar. O caso das empresas de construção civil...58 3.1 Apresentação e análise dos resultados da pesquisa sobre decisão de financiamento..59 3.1.1 Caracterização geral das empresas...59 3.1.2 Caracterização da estratégia de investimentos...62 3.1.3 Caracterização da Política de Financiamento...64 Conclusão......69 7/76

Figuras Figura 1 - Static Trade off Theory...19 Figura 2 - Representação de uma Operação de Factoring...23 8/76

Tabela Tabela 1 - Forma jurídica...59 Tabela 2 Taxa de autonomia financeira...63 Tabela 3 - Que o tipo de investimento que prevê realizar...63 Tabela 4 - Factores que determinam a decisão de recorrer a Bolsa de valores...64 Tabela 5 - Com esses investimentos a empresa pretende?...64 Tabela 6 - Métodos utilizados na avaliação da Decisão de Financiamento...66 9/76

Gráficos Gráfico 1 - Distribuição de Resultados...60 Gráfico 2 - Dispersão do capital social...61 Gráfico 3 - Inscrição na Bolsa de Valores...62 Gráfico 4 - Critério utilizado na escolha das fontes de financiamento... 65 10/76

Introdução A decisão de financiamento fundamentalmente visa determinar a melhor forma de financiar as operações e os investimentos em activos de longo prazo da empresa, determinar a estrutura de capital mais adequada, ou seja, qual o percentual de capital próprio e de terceiros que a empresa deve ter e quais os custos do capital. Geralmente, as decisões de investir são tomadas pelos proprietários ou pela direcção da empresa. Cabe ao gestor financeiro encontrar formas de captar recursos de curto ou longo prazo, de acordo com o tipo de investimento activo permanente ou em capital de giro, de tal forma que as taxas sejam as mais adequadas ao plano de negócio, considerando a moeda referência, o prazo de carência, o prazo de amortização, datas de pagamentos, garantias exigidas, contra- parte da empresa e da entidade financiadora A decisão de financiamento tem despertado, um interesse cada vez maior a nível científico, que deu origem a um grande número de teorias, que se foram progressivamente aproximando da realidade relativa às práticas de decisão de financiamento das empresas. À parte a polémica em torno da existência de uma estrutura de capital óptima, teorias sugerem que as empresas seleccionam sua estrutura de capital de acordo com determinados atributos teóricos relevantes, tais como tamanho da empresa, grau de crescimento do negócio, 11/76

estrutura dos activos (tangíveis versus intangíveis), singularidade dos produtos oferecidos, lucratividade, volatilidade dos resultados operacionais, entre outros. A relevância desses atributos sobre a decisão de financiamento deriva do impacto que eles seriam capazes de exercer sobre os custos e benefícios associados à emissão de acções ou de dívida. Dessa forma, não haveria uma estrutura de capital óptima, mas uma estrutura de capital mais apropriada ao perfil de cada empresa. Historicamente, a despeito da importância da decisão de financiamento para a Teoria de Finanças, o consenso acerca da existência de uma estrutura de capital óptima para as empresas nunca foi atingido. Pioneiro nesta questão, Durand (1952, 1959) defendia a existência de tal estrutura, enquanto que Modigliani e Miller (1958, 1959, 1963) defendiam que, observadas certas premissas simplificadoras, a forma como as empresas se financiam seria irrelevante. As decisões da estrutura de capital 1 são consideradas muito importantes no contexto da gestão financeira das empresas e estão principalmente relacionadas ao estabelecimento da política ideal de endividamento, ou seja, aquela que tende a maximizar o valor da empresa e, em consequência, a riqueza dos accionistas. Problemática do estudo Considerando que, para a realidade Cabo-verdiana, o contexto que envolve o acesso ao financiamento pelas empresas se pode resumir, nomeadamente, pela existência de uma estrutura empresarial caracterizada predominantemente, por empresas de tipo familiar; um mercado de capitais ainda em fase embrionária; custos elevados para o acesso ao financiamento bancário, e a forte pressão fiscal exercida sobre os rendimentos das empresas e dos particulares, pretende-se estudar o processo da decisão de financiamento utilizado por algumas empresas industriais, mais precisamente empresas do ramo da construção civil que operam na Cidade da Praia. 1 A forma como se encontra definida o passivo da empresa (capitais próprios versus capitais alheios) 12/76

O estudo inclui a análise do processo de decisão de financiamento, desde a escolha do modelo utilizado para apoio à decisão, até a selecção e avaliação das fontes de financiamento. Pergunta de partida Para a realização deste trabalho optamos pela seguinte pergunta de partida: A criação de valor para a empresa é condição essencial na escolha da estrutura de capital a adoptar? Hipóteses H1: Os gestores das citadas empresas preferem financiar os seus investimentos com capital alheio. H2: A decisão dos gestores adequa-se à teoria de hierarquização de fontes (também chamada de pecking order). Objectivo Geral O objectivo geral do estudo consiste em identificar os aspectos que determinam a escolha de uma determinada fonte de financiamento e como esta pode condicionar o respectivo valor das empresas. Objectivos específicos Analisar os aspectos que as empresas de construção civil consideram ao definir a sua política de financiamento; Apresentar as fontes de financiamento existentes em Cabo Verde, sua respectiva caracterização, vantagens e desvantagens; 13/76

Identificar os modelos que as mesmas utilizam na avaliação das decisões financiamento; Justificação da escolha do tema As motivações que nos encaminharam para a escolha deste tema prendem-se primeiramente com a vontade de conhecer, quais os critérios utilizados pelas empresas ao decidirem que fontes de financiamento adoptar e, sobre os factores determinantes da estrutura de capitais. Assim, o presente estudo, ao abordar todo o processo de financiamento, visa contribuir para a determinação dos factores críticos inerentes a essas decisões e, por essa via, para o aumento do conhecimento sobre as melhores soluções de financiamento. Simultaneamente, este trabalho também contribui para incentivar a elaboração de estudos complementares e alternativos sobre esta área de conhecimento. Metodologia Para a realização deste estudo utilizamos dois métodos: o método descritivo utilizado para descrever os conceitos sobre a decisão de financiamento e os aspectos mais importantes na tomada de decisão. O referencial teórico foi feito com base numa revisão e análise bibliográfica sobre o tema em estudo, pesquisas na internet, trabalhos realizados e publicados, revistas e artigos. A parte prática foi feito com base no método analítico, partindo de duas hipóteses e alguns objectivos traçados no início deste estudo, e com base num questionário sobre a decisão de financiamento dirigido á algumas empresas industriais operando no ramo da construção civil, sediadas na Cidade da Praia e com pelo menos dois anos no mercado. Esta abordagem é baseada nos resultados do inquérito, feito junto dos Directores Financeiros dessas empresas, e a análise consiste numa confrontação teórico-prática. 14/76

A realização deste estudo começou com a definição de uma amostra, mas, dada a impossibilidade de cooperação por parte de alguns dirigentes das empresas inquiridas em responder as questões colocadas e, tendo a amostra ficado muito pequena para caracterizar a população em estudo, optou-se por fazer um estudo de caso múltiplo, constituído por sete empresas. Para a realização deste trabalho elaboramos um questionário com perguntas fechadas, o tratamento dos dados foi feito com base na utilização de um programa informático- o SPSS. Limitações do estudo Como em qualquer trabalho monográfico deparámos com algumas dificuldades, mais concretamente, em termos de bibliografia específica e outros documentos para o tema em estudo. Para além das dificuldades encontradas na recolha dos dados, outras limitações se nos impuseram, como a pouca disponibilidade e colaboração de certos serviços competentes na prestação de esclarecimentos e informações pertinentes, o que condicionou desfavoravelmente o trabalho deixando este de representar o mercado para ser apenas um estudo de caso, múltiplo neste caso, mas restringindo as conclusões á apenas as empresas estudadas. 15/76

Capítulo 1: Referencial Teórico 1.1 Conceitos A problemática do financiamento das empresas ganhou grande destaque na investigação financeira a partir dos finais da década de 50 com a publicação de Modigliani e Miller que defenderam a irrelevância da estrutura de capitais, e das decisões de financiamento, na determinação do valor das empresas. Esse primeiro trabalho de Modigliani e Miller, de 1958, considerou as suposições de um mercado perfeito, em que, de entre outras características, não há impostos nem custos de transação e todos os participantes do mercado têm acesso às mesmas informações a custo zero. Num mundo baseado em mercado perfeito todos, empresas e pessoas, podem tomar emprestado e emprestar com base numa única taxa de juros livre de risco definida pelo conjunto de participantes do mercado. Supondo mercado perfeito, Modigliani e Miller desenvolveram um modelo teórico sobre estrutura de capital em que se conclui que a política da estrutura de capital de uma empresa é irrelevante, uma vez que tanto faz a empresa trabalhar com ou sem dívidas, o seu valor se mantém inalterado. 16/76

Além de concluir pela irrelevância das decisões de financiamento, os mesmos autores demonstraram que o custo de capital próprio de uma empresa é directamente proporcional ao nível de endividamento da mesma. Ou seja, quanto mais endividada é uma empresa maior tende a ser o custo de capital próprio, na medida em que os accionistas da empresa passam a suportar um maior nível de risco sobre o investimento que fizeram na própria empresa. Em seu segundo trabalho, de 1963, Modigliani e Miller relaxaram a suposição de inexistência de impostos no mercado, considerando especificamente o imposto de renda incidente sobre o lucro das empresas. Diante desse quadro, os autores concluíram que as empresas deveriam trabalhar com 100% de capital de terceiros (ou algo próximo disso), dada a economia fiscal que é gerada pelo facto de se utilizar dívidas, uma vez que os juros, que remuneram o capital de terceiros, é dedutível para fins de imposto de renda. Embora seja absurda a conclusão de uso de quase 100% de dívidas na estrutura de capital, a ideia das economias fiscais geradas pelo uso de dívidas representou uma importante contribuição para o estudo dos determinantes da estrutura de capital das empresas. A polémica gerada com a publicação deste artigo, despertou na comunidade científica o interesse pela investigação da estrutura de capitais. A estrutura de capital, que tanta discussão tem motivado desde o trabalho original de MM em 1958, tem assumido diferentes definições por vários autores. Para Brealey e Myers (1998, p. 447), (...) é a composição da carteira dos diferentes títulos emitidos pela empresa(...), Menezes (1987), atribui o mesmo significado à estrutura financeira ou estrutura de financiamento, que define como a análise do nível e da composição dos capitais permanentes. Peyrard (1992), tem um entendimento diferente - concebe a estrutura de capitais como o financiamento de médio e longo prazo e a estrutura financeira como correspondente à composição de todo o Passivo. Nestes termos, a questão da estrutura de capital tem a ver com a procura da mais conveniente estruturação das parcelas do capital próprio e do capital alheio de médio e longo prazo que 17/76

permite maximizar o valor da empresa, tendo em vista uma certa rendibilidade e um determinado risco. Tendo em conta o elemento característico principal das diferentes perspectivas, é possível agrupá-las em três linhas de investigação: A corrente que justifica a estrutura de financiamento pela procura do equilíbrio óptimo entre o capital alheio e o capital próprio e que estuda as contingências que determinam os custos e benefícios de cada fonte. São exemplos desta corrente os trabalhos de Modigliani e Miller (1963); Jensen e Meckling (1976) et al. A corrente da selecção hierárquica, para a qual a estrutura de financiamento obedece a uma ordem de preferências dos gestores. Constituem exemplos desta corrente os estudos de Donaldson (1961); Myers e Majluf (1984) et al. A corrente que fundamenta no posicionamento estratégico da empresa a escolha dos recursos financeiros a utilizar. Com destaque para os trabalhos de Bowen et al. (1982); Bradley et al (1984). A primeira abordagem (teoria do trade-off) defende a existência de um nível óptimo de endividamento que as empresas precisam de atingir e manter para maximizarem o seu valor. O aspecto central desta teoria é a confrontação entre os custos e os benefícios do endividamento. Os custos, que são determinados pelo, excesso de dívida e que se reflecte no aumento dos custos de falência (Kraus e Litzenberger, 1973), no nível de endividamento que incrementa os custos de agência provocados pelos conflitos entre os gestores e os accionistas e destes com os financiadores (Jensen e Meckling, 1976) e, os benefícios, gerados pela dedução dos juros no cálculo do imposto sobre o rendimento a pagar (Modigliani e Miller, 1963). Esta abordagem defende que as empresas ao definirem à priori um determinado objectivo para a estrutura de capitais, orientam as decisões de financiamento para o cumprimento desse objectivo. Esse objectivo constitui o nível óptimo de endividamento e, portanto, o ponto em que o valor da empresa é maximizado. 18/76

Figura 1 - Static Trade off Theory Fonte: Shyam-Sunders e Myers, 1999 Segundo esta teoria, com base na sua estrutura de ponto óptimo de alavancagem, determina que as empresas buscariam este ponto de equilíbrio alvo emitindo ou recomprando dívida e/ou capital e revertendo sempre a um ponto determinado, criando assim uma estrutura quase estática. Naturalmente, esse ponto de equilíbrio alvo variaria de empresa para empresa sob o efeito dos diferentes factores de influência da estrutura de capital, tais como: porte da empresa, tipo do activo (volatilidade do sector económico), rentabilidade, ritmo de crescimento, os impostos, dentre outros. A partir do estudo de Modigliani e Miller (1958) e Modigliani e Miller (1963), foram introduzidos vários factores, como o efeito de vários tipos de benefícios e de custos sobre a estrutura de capitais. Factores esses actuando em direcções opostas. O primeiro factor são as economias fiscais já citadas, que induz as empresas a trabalharem com bastante dívida, enquanto que o outro factor são os custos de falência esperados. Tais custos decorrem da perspectiva de uma empresa se tornar inadimplente e ir à falência, na medida em que ela se torna excessivamente endividada. Baixos níveis de endividamento não sugerem nenhum risco de falência para as empresas, mas à medida que elas se tornam muito endividadas, tal risco tende a aumentar 19/76

significativamente de tal forma que os investidores tratam de descontar do valor de mercado da empresa uma parcela que corresponde a esses chamados custos de falência esperados. Os custos de falência são de dois tipos: custos directos e custos indirectos. Entende-se por custos directos os gastos incorridos pela empresa quando efectivamente ela entra num processo de falência. Tais gastos são incorridos junto aos tribunais, advogados, etc. Os custos indirectos, por sua vez, estão relacionados ao enfraquecimento racional de uma empresa que entra num processo operacional decadente, na medida em que os seus clientes, fornecedores, credores e empregados passam a evitar transaccionar com a empresa, diante da grande incerteza quanto à capacidade de sobrevivência da mesma. A segunda abordagem (teoria da pecking-order), que foi desenvolvida por Myers (1984) e Myers e Majluf (1984) e defende que as empresas não procuram uma estrutura óptima de capitais, muito embora considere que as decisões de financiamento não são irrelevantes para o valor das empresas. Segundo os autores desta corrente, devido à existência de assimetrias de informação entre os gestores e os financiadores de capitais externos, que limitam o recurso a este tipo de fontes de financiamento, as empresas tendem a adoptar uma ordem de preferência na escolha das fontes de financiamento. Segundo estes, os gestores preferem financiar as empresas com fundo gerados internamente e, na ausência ou ineficiência destes, preferem a emissão de dívida a aumentos de capital. Esta abordagem, embora de maior sustentação empírica, não reflecte na totalidade as práticas de financiamento utilizadas pelas empresas, o que conduziu a que Myers (1984) preconizasse que o processo de financiamento das empresas assenta numa pecking order modificada que incorpora os contributos revelados pela abordagem do ponto óptimo de endividamento. Por último, as teorias modernas sobre os determinantes do processo de financiamento, também recorreram a factores de natureza não financeira para explicarem a estrutura de capitais das empresas. Surge assim a teoria do posicionamento estratégico que defende que 20/76

o processo de financiamento como determinante da estrutura de capitais é influenciado pela estratégia empresarial. 1.2 Tipos de Financiamento A Decisão de financiamento baseia-se essencialmente em identificar as possibilidades de financiamento que permitam á empresa aumentar o seu valor em todos os aspectos, isto é criando valor para empresa e para os accionistas. Muitas vezes, o dinheiro gerado pelas vendas não é suficiente para cobrir as necessidades de capital investimento em instalações e equipamentos, constituição de inventário, pagamentos a fornecedores, etc. Como à medida que o negócio cresce, essas necessidades de capital tendem a aumentar, a empresa tem que garantir outras opções de financiamento. Porém, mais do que definir quanto precisa, o empresário tem que definir quais as fontes de financiamento adequadas. Genericamente existem dois tipos de fontes de financiamento ao dispor do empresário: internas e externas: Entre as internas destacamos o autofinanciamento através da retenção dos lucros obtidos, da gestão mais eficiente dos activos (fixos e circulantes) ou do controlo mais rigoroso dos custos. Entre as externas há a distinguir o financiamento através de capitais alheios (créditos de fornecedores, empréstimos bancários, linhas de crédito, leasing e factoring) e através de capitais próprios (aumento de capital, business angels, capital de risco e recurso ao mercado de capitais). As fontes de financiamento sejam elas internas ou externas, podem ainda ser classificadas quanto a sua maturidade, como fontes de financiamentos, a curto médio e longo prazo. 21/76

As fontes de financiamento a curto prazo destinam-se a apoiar as operações de tesouraria das empresas: aquisição e armazenagem de mercadorias e as necessidades de fundo de maneio. Entre elas encontramos o crédito de fornecedores de imobilizações, os empréstimos bancários e os contratos de locação financeira. As fontes de financiamento a médio e longo prazo destinam-se a apoiar as aquisições de equipamentos e a construção de infra-estruturas. Entre elas podemos destacar os empréstimos obrigacionistas e o financiamento através de sócios ou accionistas, como os aumentos de capital social, as prestações suplementares de capital, o autofinanciamento e os suprimentos consolidados. 1.2.1 Fontes de financiamento a curto prazo 1.2.1.1 Crédito de fornecedores Fonte de financiamento com benefícios para a gestão de tesouraria a curto prazo, contudo é fundamental relacionar os prazos médios de pagamentos e os prazos médios de recebimentos, de modo a estabelecer uma situação de tesouraria sem dificuldades imediatas 1.2.1.2 Crédito bancário Desconto de letras e livranças, crédito por antecipação de subsídios e abertura de crédito através de uma conta corrente ou de um empréstimo. Podemos ainda considerar o overdraft 2 e o hot money 3. As linhas de crédito são uma forma de empréstimo bancário flexível, orientado para o curto prazo, em que a instituição credora confere à empresa o direito de, dentro de um plafond previamente acordado, retirar fundos consoante as suas necessidades de tesouraria. As linhas de crédito são especialmente indicadas para fazer face a insuficiências temporárias e 2 São financiamentos bancários de curto prazo, que as empresas podem recorrer para financiar a sua actividade corrente, embora ainda não existam em Cabo Verde 3 São movimentações de grandes quantidades de dinheiro num período de tempo muito curto e com taxas de juro muito altas 22/76

previsíveis de tesouraria (frequentes, por exemplo, em negócios sazonais) ou para prevenir o aparecimento de rupturas inesperadas. 1.2.1.3 Crédito documentário Instrumento de crédito que uma instituição de crédito através da ordem de uma empresa, se responsabiliza por colocar um determinado montante à disposição de um vendedor (beneficiário), normalmente por intermédio de uma instituição bancária correspondente. 1.2.1.4 O factoring Consiste num sistema aperfeiçoado de cobranças de vendas a prazo. Trata-se de uma actividade que assegura o seu financiamento corrente através da tomada de créditos sobre terceiros, substituindo assim o crédito de tesouraria. Através da cessão financeira, o intermediário financeiro (a factor) adquire os créditos a curto prazo que os fornecedores (os aderentes) concedem aos seus clientes (os devedores) e que advém da venda de produtos ou da prestação de serviços. O factoring poderá ainda incluir tarefas complementares, tais como estudos do risco de crédito ou apoio jurídico, comercial e contabilístico à boa gestão dos créditos transaccionados. Como se constata uma operação de Factoring envolve três intervenientes, podendo a relação entre eles ser resumida da seguinte forma: Figura 2 - Representação de uma Operação de Factoring Fonte: IAPMEI Artº-03 em www.iapmei.pt 23/76

Desta forma o Factoring é um mecanismo financeiro que permite às empresas um melhor financiamento do seu ciclo de exploração, uma vez que através da sua utilização é possível obter uma antecipação dos recebimentos dos seus clientes. A relação efectiva entre a Factor e o Aderente é iniciada através da assinatura de um contrato em que os mesmos são signatários e no qual, entre outros aspectos, é regulada a forma e o tipo de operações e riscos aceites, o montante de adiantamento sobre os créditos cedidos, bem como a remuneração e custos adjacentes aos mesmos. A cedência de créditos da Aderente pode ser efectuada com recurso ou sem recurso por parte da Factor. Desta forma, um contrato que preveja o direito de recurso permite à Factor, caso não receba o crédito no prazo de recebimento estipulado, exigir do Aderente a liquidação do mesmo, ou seja, na prática verifica-se uma devolução da factura enviada a desconto por aquele. Caso o contrato estipule que os créditos são cedidos sem recurso, a Factor assume a totalidade do risco de incobrabilidade do mesmo, ou seja, verifica-se a transmissão do risco de crédito da Aderente para a Factor. Vantagens Permite uma redução dos prazos médios de recebimento com a inerente antecipação de recebimentos. Tal permite às empresas uma melhor gestão de tesouraria através da obtenção atempada do fundo de maneio necessário ao financiamento do ciclo de exploração, fundamental a um crescimento económico/financeiro sustentado; No caso de a cedência ser efectuada sem recurso, existe a possibilidade de retirar dos seu balanço o valor correspondente aos créditos cedidos; A transferência do risco e da responsabilidade de cobrança para a Factor, a qual possui métodos adequados para efectuar cobranças de uma forma mais eficiente; A redução da carga administrativa inerente às operações de controle de crédito e cobrança de factura 24/76

Desvantagens A Factor pode, mediante o incumprimento persistente dos clientes da Aderente, efectuar uma suspensão do crédito; Relativamente à totalidade dos créditos que a Aderente possa propor, a Factoring reserva-se o direito de aceitar apenas alguns deles de acordo com o critério de selecção que utiliza para a sua avaliação O custo associado reduz a rentabilidade das vendas. 1.2.1.5 Papel comercial São títulos de dívida emitidos por empresas e instituições não governamentais a prazos curtos. É uma alternativa aos tradicionais títulos de renda fixa, em termos de aplicação de fundos. 1.2.1.6 Sociedades financeiras para a aquisição de crédito São intermediários financeiros que exercem actividade parabancária de financiamento de aquisição a crédito ao consumo de bens e serviços. Têm por objectivo o financiamento da aquisição a crédito de bens e serviços, nomeadamente sob a forma de concessão de crédito directo ao fornecedor, de desconto de títulos e de prestação de garantias. 1.2.2 Fontes de financiamento a médio e longo prazo: 1.2.2.1 Auto financiamento Que se caracteriza pela retenção de parte dos lucros obtidos quer na gestão eficiente dos activos quer no controle dos custos para realização de novos investimentos. O autofinanciamento reforça a imagem da empresa, aumenta o poder de negociação face a terceiros, é uma fonte gratuita de fundos, minimiza o recurso a fundos externos e permite uma maior flexibilidade na tomada de decisões de investimento 25/76