Fontes de informação na área de preservação de bens culturais



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Transcrição:

Revista de Biblioteconomia de Brasília, v. 20, n.1, p. 3-14, 1996 Fontes de informação na área de preservação de bens culturais Maria Christina Barbosa de Almeida Trata das fontes de informação disponíveis na área de preservação de bens culturais, abrangendo esta área, processos, materiais e instrumentos relativos à conservação e ao restauro de bens culturais sob os mais variados suportes. Partindo de dados de observação de que são poucos os profissionais e pesquisadores, bem como os bibliotecários, que conhecem e utilizam sistematicamente fontes de informação nessa área, tem por objetivo estimular o uso desses recursos e colaborar para o desenvolvimento tanto das atividades práticas quanto de pesquisa na área. Palavras-chave: Patrimônio Cultural; Serviços de Informação; Fontes de Informação; Banco de Dados; Conservação e Restauração. A área de Preservação de Bens Culturais entendida aqui como o campo de estudo das questões do patrimônio, desde a proteção e o inventário até a conservação e o restauro, é bastante complexa. Seu objeto de estudo é diversificado e, em conseqüência, seus materiais, processos e instrumentos são os mais diversos. Por essa razão, envolve uma série de conhecimentos tomados de outras disciplinas, tanto das áreas de ciências humanas e artes, quanto das áreas científicas e técnicas, o que a torna interdisciplinar por natureza. Essa abrangência dificulta o acompanhamento da literatura e a atualização do profissional atuante na área que, a partir da definição de sua especialidade e de seus interesses, precisaria construir sua trajetória de pesquisa, utilizando-se das mais diversas fontes de informação, entendendo-se como tal, desde especialistas até dados registrados nos mais diversos meios eletrônicos. No entanto, observa-se que, em nosso meio, são poucos os profissionais e pesquisadores que utilizam sistematicamente fontes de informação em sua área, ou por não conhecê-las, ou por falta de acesso às mesmas. O objetivo deste trabalho é justamente levantar as principais fontes de informação disponíveis, a fim de estimular o uso desses recursos e colaborar para o desenvolvimento da área. INSTITUIÇÕES As instituições nem sempre são lembradas como fontes de informação. No entanto, são elas que muitas vezes definem políticas, elaboram normas e padrões, promovem cursos, estágios e eventos e congregam especialistas. São, ao mesmo tempo, articuladoras da área e produtoras de informações. Dentre as instituições com essas características, podem-se destacar, a nível internacional, o ICCROM (International Centre for the Study of the Preservation and Restoration of Cultural Property), na Itália, o ICOMOS (International Council on Monuments and Sites), na França, o Getty Conservation Institute, nos Estados Unidos, o IIC (International Institute for Conservation), na Inglaterra, e outras, isto sem mencionar as instituições com trabalhos dirigidos a áreas específicas, como o Institute of Paper Conservation e o Textile Conservation Center, na Inglaterra, ou instituições detentoras de acervos, tais como bibliotecas, arquivos e museus.

O ICCROM foi fundado em 1959, pela UNESCO, como uma organização científica intergovernamental autônoma. Tem como área de abrangência os mais diversos tipos de bens culturais - monumentos, edifícios históricos, sítios arqueológicos, coleções de museus, documentação bibliográfica e arquivística - e sua atuação se dá basicamente em três campos: documentação, pesquisa, consultoria e treinamento. É ligado à UNESCO, de quem recebe regularmente recursos financeiros, e possui membros associados, integrados em três grupos de trabalho: conservação arquitetônica, ciência e tecnologia, e administração de museus. Esses grupos procuram estabelecer um sistema eficiente de intercâmbio de informações, promover a pesquisa e a documentação técnica, além de dar apoio às atividades do ICCROM. Vários projetos cooperativos têm sido desenvolvidos com os membros associados, envolvendo desde encontros e cursos até projetos práticos de preservação. Possui um corpo técnico de especialistas que se preocupa com a pesquisa de materiais, das causas de deterioração, dos métodos científicos aplicados à conservação e com atividades pertinentes à preservação - inspeção, análise e metodologia, e legislação. Possui uma biblioteca especializada em conservação de bens culturais que é uma das mais importantes do mundo na área. Seu acervo consiste hoje de cerca de 20.000 livros e folhetos, e de 650 títulos de periódicos e pode ser consultada também por especialistas que não pertencem à Instituição. O ICCROM possui um programa de publicações muito dinâmico, sendo algumas publicações comercializadas e outras distribuídas gratuitamente. O ICCROM mantém, em sua sede, cursos de especialização regulares sobre conservação, voltados a profissionais da área e organiza, pelo menos uma vez por ano, um encontro que tem por tema assuntos que julga merecerem aprofundamento, além de colaborar em eventos promovidos por outras instituições. Além disso, organiza cursos em colaboração com outras instituições, inclusive de outros países. Organiza, ainda, a pedido, programas de estudo em instituições especializadas de âmbito nacional. O ICCROM presta assessoria aos membros e, desde 1982, mantém um projeto conhecido como Programa de Cooperação Técnica que sistematicamente fornece publicações básicas, materiais e instrumentos para a conservação, para cerca de 88 instituições em todo o mundo. O ICOMOS - International Council on Monuments and Sites - é um conselho internacional sediado em Paris, que atua na área de conservação de monumentos e sítios, e tem como objetivos servir como fórum internacional dedicado à troca de informações entre os profissionais da área, recolher e divulgar informações sobre princípios, técnicas e políticas de conservação, colaborar para a criação de centros de documentação especializados, estimular a adoção e a aplicação de convenções e recomendações internacionais relativas à área, participar da elaboração de programas para a formação de especialistas em conservação e colocar a serviço da comunidade internacional sua cadeia de especialistas altamente qualificados e selecionados. Suas atividades envolvem publicações, dentre as quais destaca-se o boletim trimestral ICOMOS NEWS, pesquisas, promoção de eventos e serviços de documentação. O ICOMOS possui um comitê no Brasil, com sede atualmente em Petrópolis. Esse Comitê coordena os trabalhos no Brasil e publica o Boletim C.B.Icomos. O IIC - International Institute for Conservation of Historic and Artistic Works - é uma associação fundada em 1950, em Londres. Atua na área de conservação de bens culturais, tendo por objetivo congregar profissionais e associações relacionadas às diversas áreas da preservação para troca de informações e experiências. Suas principais atividades envolvem a elaboração de publicações - Studies in Conservation, Art and Archaeology Technical Abstracts (em colaboração com The Getty Conservation Institute), a organização de eventos e a manutenção de grupos de estudo regionais. 2

O Getty Conservation Institute, localizado em Marina del Rey, na Califórnia, atua nas áreas de conservação de obras de arte, de arquitetura e de arqueologia, oferecendo cursos, promovendo e- ventos e produzindo publicações, dentre as quais o boletim quadrimestral Conservación, além de trabalhos técnicos na área. No Brasil, são poucas as instituições voltadas para a área da preservação de bens culturais. Os aspectos da proteção e inventário dos bens estão aos cuidados dos órgãos de defesa do patrimônio, tanto a nível federal - os IPHANs - quanto a nível estadual e municipal. Nas Coordenações Regionais do IPHAN pode-se encontrar informações sobre os bens tombados ou em processo de tombamento em determinada região, bem como sobre alguns museus e arquivos que se encontram sob sua jurisdição. Nos arquivos dos conselhos estaduais e municipais de defesa do patrimônio também podem ser encontrados documentos e informações sobre esses bens. A atuação das associações de profissionais no Brasil tem sido muito importante no estímulo à troca de informações e à educação continuada, e, por essa razão, devem ser lembradas como fontes de informação relevantes. Dentre as associações profissionais na área de Conservação, duas devem merecer destaque especial: a ABER e a ABRACOR. A ABER - Associação Brasileira de Encadernação e Restauro - está localizada em São Paulo e foi criada em 1988. Voltada para a preservação de documentos gráficos, a ABER desenvolve, em convênio com o SENAI, um importante curso de conservação e restauração de documentação gráfica, além de outros que têm o papel como suporte. A ABER tem tido também uma importante atuação ao promover palestras e seminários com especialistas de outros países, possibilitando a troca de experiências e informações. A ABRACOR - Associação Brasileira de Conservadores e Restauradores - está sediada no Rio de Janeiro e congrega profissionais de todas as áreas da conservação e restauração de bens culturais. Organiza cursos e eventos periódicos e procura disseminar informações por meio de suas publicações - Anais do Seminário, guias e boletins. O CECOR - Curso de Especialização em Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis - mantido pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais, não pode deixar de ser citado como fonte de informação institucional no Brasil, dada a sua repercussão a nível nacional e internacional. Essa importância lhe é conferida, em primeiro lugar, pela qualidade dos cursos regulares que oferece e pelos trabalhos que produz, tanto práticos quanto de pesquisa, mas também pelos eventos especiais que promove, com o apoio de instituições internacionais, como o Getty e o ICCROM, que congregam especialistas dos vários Estados do Brasil, bem como de outros países da América Latina. Por outro lado, a Biblioteca da Escola de Belas Artes é uma das melhores do Brasil na área de conservação, possuindo cerca de 500 volumes de obras sobre o assunto, além dos trabalhos dos alunos do curso de especialização, que se constituem em importante fonte de pesquisa. Na Bahia, merecem destaque como pólo disseminador de informações o Núcleo de Tecnologia da Preservação e da Conservação e o CECRE - Curso de Especialização em Conservação e Restauração - ambos da Universidade Federal da Bahia. O Núcleo, ligado à Escola Politécnica da Universidade e ao IPHAN, desenvolve pesquisas e presta assessoria a instituições públicas e a particulares na sua área específica - tecnologias da conservação e da restauração - além de dar apoio aos trabalhos acadêmicos desenvolvidos na Universidade sobre esse assunto. O CECRE - Curso de Especialização em Conservação e Restauração - funciona no Centro de Estudos de Arquitetura da Bahia (CEAB), da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. É um curso que, com o apoio da Unesco e da CAPES, é oferecido a cada dois anos a arquitetos e engenheiros da 3

América Latina. Dá apoio ao curso e à Biblioteca do Centro, especializada em conservação e restauração de arquitetura, história da Bahia e evolução urbana, aberta ao público em geral. São depositados na Biblioteca todos os projetos produzidos pelos alunos do CECRE. Outros pólos de atividades na área também merecem ser lembrados, como a Biblioteca Nacional, a Fundação Casa de Rui Barbosa, a Fundação das Artes de Ouro Preto, o Instituto Paulista de Restauro, dentre outros, cada um desenvolvendo, dentro de seus objetivos, prestação de serviços, pesquisas, atividades de preservação, eventos, cursos ou publicações. PUBLICAÇÕES (IMPRESSAS OU EM MEIOS ELETRÔNICOS) Como fontes bibliográficas secundárias na área, merecem destaque algumas bibliografias, índices e abstracts, que são indispensáveis aos especialistas, tanto para o desenvolvimento de seus trabalhos práticos, quanto para suas pesquisas. A fonte mais importante, com cobertura internacional, é o AATA - Art and Archaeology Technical Abstracts - publicado semestralmente sob a responsabilidade do Getty Conservation Institute, nos Estados Unidos, com a colaboração de um corpo de resumidores voluntários que garantem a ampla abrangência do trabalho. O AATA traz referências bibliográficas e resumos de artigos, relatórios, livros, bem como de publicações eletrônicas e audiovisuais que tratem dos aspectos técnicos, análise, pesquisa, restauração, preservação e documentação de obras de arte e monumentos que tenham importância histórica ou artística. Também inclui trabalhos que, embora não se refiram a objetos históricos ou artísticos, contenham informações que possam ser aplicadas ao estudo e ao tratamento de obras de arte e materiais arqueológicos. Repertoria, também, a literatura técnica que trata das propriedades físicas e químicas das substâncias e dos materiais que desempenham um papel importante na estrutura das obras artísticas e históricas, assim como na sua conservação e preservação. Mais de 1200 periódicos são analisados para a seleção dos artigos a serem indexados e cerca de 300 a 500 monografias são repertoriadas em cada número do AATA. Ainda quanto aos índices e abstracts, vale mencionar que parte da área de conservação é coberta por publicações em grandes áreas relacionadas às diversas categorias de bens culturais. Assim, para ilustrar, destacamos como fonte bibliográfica o Art Index, que cobre uma parte representativa dos periódicos de arte internacionais e que, eventualmente, traz artigos sobre as questões da conservação e do restauro. Merece destaque também o LISA - Library and Information Science Abstracts - que cobre a área de Ciência da Informação e disciplinas correlatas, apresentando, com freqüência, artigos sobre preservação de materiais em bibliotecas e arquivos. Tanto o Art Index quanto o LISA estão disponíveis em papel e em CD-ROM. Os assuntos referentes aos aspectos técnicos e científicos da conservação poderão também ser encontrados em índices e abstracts das áreas específicas, como Física, Química, ou Engenharia, dependendo do periódico em que for publicado. Outras fontes de informação relevantes são as listagens de novas aquisições da Biblioteca do ICCROM, uma das mais completas do mundo na área. Essas listas estão hoje disponíveis para venda sob a forma de disquetes. Apresentam as referências bibliográficas de monografias e artigos de periódicos, bem como seus descritores e abstracts. No Brasil, merece destaque a Bibliografia sobre Conservação e Restauração de Bens Culturais, publicada pelo Banco de Dados sobre Patrimônio Cultural da Universidade de São Paulo. Esta Bibliografia, cuja segunda edição foi publicada em fevereiro de 1996, repertoria monografias, relatórios técnicos, teses e artigos de periódicos na área de conservação e restauração de bens culturais localizados nas bibliotecas da Cidade de São Paulo. Inclui os vários aspectos do assunto - conceitos, 4

aspectos históricos, teóricos, éticos, técnicos e científicos - bem como algumas áreas correlatas, de interesse de pesquisadores e professores que militam nesse campo. Quanto aos diretórios, merece destaque o International Directory of Training in Conservation of Cultural Heritage, publicado pelo ICCROM, que apresenta informações sobre cursos e estágios em conservação e restauração de bens culturais nos mais diversos países. Em âmbito nacional, encontramos dois diretórios de especialistas: o da ABRACOR, limitado a seus associados, e o da Coordenadoria de Referência Cultural do IPHAN, publicado em 1993. Ambos são importantes fontes de informação pois permitem localizar quem é quem nas várias atividades e estimulam o contato entre esses especialistas. BANCOS DE DADOS Em âmbito internacional, o mais importante banco de dados na área está vinculado à Canadian Information Network (CHIN), em Ottawa, no Canadá. Trata-se da CIN - Conservation Information Network - uma rede de informações on line que resulta de um esforço conjunto de importantes instituições da área: Getty Conservation Institute (GCI), International Centre for the Study of the Preservation and the Restoration of Cultural Property (ICCROM), Canadian Conservation Institute (CCI), International Council on Monuments and Sites (ICOMOS), Conservation Analytical Laboratory da Smithsonian Institution (CAL) e International Council of Museums (ICOM). Essa rede de informações compreende bases bibliográficas, uma base de materiais, uma base de fornecedores e uma base de conservação fotográfica, dentre outras. O acesso às informações é possível a assinantes e já está disponível pela Internet. Para disseminar informações sobre a rede, publica o boletim Network News. Em âmbito nacional, várias instituições mantêm pequenos bancos de dados voltados às suas necessidades internas ou ao cadastramento de profissionais ou de bens tombados. Destaca-se o trabalho da Coordenadoria de Referência Cultural do IPHAN que mantém bases de técnicos, cursos, eventos e instituições na área. A base de técnicos, com 702 registros atualizados anualmente, e a base de cursos, com 831 registros, estão em computador, o que ainda não ocorre com os cadastros de encontros, com 341 registros, e com o de instituições, que conta hoje com 311 instituições nacionais e internacionais na área de cultura, número muito pouco representativo considerando-se a a- brangência da área. O Banco de Dados do IPHAN não se limita ao atendimento interno - atende consultas de quaisquer interessados, por telefone, fax ou carta. Seus maiores problemas dizem respeito à informatização incompleta, o que dificulta a atualização dos dados e a pesquisa. O Banco de Dados sobre Patrimônio Cultural, programa da Comissão de Patrimônio Cultural, ligada à Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da Universidade de São Paulo, parece ser hoje o que oferece, no Brasil, o serviço mais abrangente. Abriga seis bases de dados informatizadas - a de especialistas, a de instituições, a de cursos, a de bens imóveis tombados e as bases bibliográficas de monografias e de periódicos - que são constantemente ampliadas e atualizadas. A base de especialistas contém cerca de 250 registros, formados por dados curriculares detalhados de pessoas que desenvolvem atividades práticas, docentes e de pesquisa na área. A base de instituições apresenta mais de 500 registros com informações sobre os responsáveis, os objetivos, as atividades, os projetos, os horários de funcionamento, as publicações e o acervo de instituições. Inclui instituições detentoras de acervos, associações na área ou em áreas correlatas, órgãos de preservação do patrimônio, instituições de pesquisa na área ou em áreas correlatas, laboratórios de conservação e restauro e escolas. Inclui também informações relativas a empresas que atuam na área, como escritórios de arquitetura, ateliês, encadernadores, antiquários, sebos e lojas que comercializam produtos e materiais para a conservação e o restauro. 5

A base de cursos possibilita o acesso direto a informações sobre cerca de 150 cursos existentes na área, no Brasil e no exterior, incluindo programa e duração desses cursos, carga horária, data e requisitos para a inscrição, custos e outros itens. Além das informações da base, o Banco de Dados mantém folhetos e publicações sobre os cursos, bem como fichas de inscrição e informações que possam interessar aos candidatos. A base de dados bibliográfica apresenta mais de 2000 registros incluindo livros, teses, artigos de periódicos nacionais e trabalhos publicados em eventos especializados, abrangendo material sobre os mais variados aspectos da conservação e restauração de bens culturais - conceitos, aspectos históricos, teóricos, éticos, técnicos e científicos - além de áreas correlatas como a Museologia e a Arquivologia. A base de periódicos, que se encontra com mais de 100 títulos, foi estruturada separadamente e consiste de informações sobre os títulos existentes nas diversas áreas, além de dados de localização dos mesmos nas bibliotecas brasileiras. A base de dados dos bens tombados da USP resulta da análise e tratamento dos dados coletados junto ao CONDEPHAAT, ao CONPRESP e ao IBPC, relativos aos bens da USP tombados ou em processo de tombamento por aqueles órgãos. Serve de apoio à pesquisa, bem como ao desenvolvimento de atividades e projetos da Comissão de Patrimônio Cultural e dos demais órgãos desta Universidade. Além de publicar periodicamente suas bibliografias, o Banco de Dados elabora mensalmente o CPC Informa, com informações relativas a cursos, eventos e publicações e outras notícias da área que julgue de interesse. O Banco de Dados é assinante da Conservation Information Network, o que lhe permite o acesso on line a informações existentes no mundo inteiro sobre a conservação e o restauro de todos os tipos de bens culturais, incluindo sítios históricos, monumentos arquitetônicos e objetos de museu. Além disso, a Comissão de Patrimônio Cultural está inscrita como membro de vários organismos internacionais que atuam na área, o que tem facilitado o intercâmbio com entidades no exterior, favorecendo sobretudo a troca de informações. Os serviços de cadastramento e de consulta ao Banco de Dados sobre Patrimônio Cultural são gratuitos e abertos a todos os interessados. As consultas podem ser feitas por carta, fax, telefone, correio eletrônico ou pessoalmente. CONCLUSÕES Neste rápido panorama, certamente muitas fontes deixaram de ser mencionadas, ou porque a autora não as conhece, ou porque não as julgou relevantes em um primeiro mapeamento. O que se nota, no entanto, é, ao mesmo tempo, a grande abrangência e a grande dispersão da área, em razão, principalmente, de suas imbricações com outros campos do conhecimento. Por outro lado, constata-se uma carência de informações disponíveis na área. Faltam obras de referência, faltam bibliotecas especializadas, faltam centros de pesquisa, faltam cursos universitários. Tudo isto é obstáculo para o profissional da área de conservação e restauro se atualizar e se desenvolver. Esta situação é ainda mais grave para profissionais que trabalham isoladamente e, portanto, sem disporem sequer da possibilidade de trocar idéias com seus colegas. As poucas iniciativas de um trabalho direto com a informação na área ainda são incipientes, dadas as dimensões territoriais de nosso país. O desenvolvimento de projetos integrados seria uma oportunidade de somar esforços, evitando, com isso, a duplicação de meios para os mesmos fins e possibilitando maior e melhor cobertura informacional do campo. 6

A ampliação de serviços e produtos voltados à informação nas áreas da preservação de bens culturais, bem como o desenvolvimento de parcerias para tal fim, são necessidades que se impõem e que certamente contribuirão para o desenvolvimento e aprimoramento de recursos humanos especializados, para a afirmação da área como um espaço profissional a ser respeitado e para, last but not least, a preservação de nosso patrimônio cultural e, mais do que isto, para incutir a consciência da necessidade de cada cidadão assumir a sua parte na conservação preventiva de nossos bens culturais. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Art and Archaeology Technical Abstracts. International Institute for Conservation of Historic and Artistic Works. London, GB. Library and Information Science Abstracts. Library Association Publishing Ltda. London, GB: Library Association Publishing, 1969 -. Art Index. The H.W. Wilson Company. 1984. Bronx, NY: Wilsondisc, 1984. Universidade de São Paulo. Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária. Comissão de Patrimônio Cultural. Bibliografia sobre Conservação e Restauração de Bens Culturais. 2. ed. São Paulo: USP/CPC, 1996. 210p. 7

Information sources in conservation and restoration of cultural property Describes the information sources available in the field of Conservation and Restoration of cultural property, including institutions, reference works (including electronic publishing), and information services and databases. Covers the field of Conservation and Restoration and related areas, including sources on historical, theorethical, technical and scientific aspects. Its goal is to provide access to conservation information and thus facilitate the work of conservators, conservation scientists, architects, art historians, archivists, librarians and many others who care for cultural property. Key words: Cultural property; Information services; Information sources; Databases; Conservation and Restoration. Maria Christina Barbosa de Almeida Mestre em Comunicação - Biblioteconomia e Documentação - pela USP. Profa. Assistente do Dep. de Biblioteconomia e Documentação da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Coordenadora do Banco de Dados sobre Patrimônio Cultural da CPC/PRCEU da Universidade de São Paulo. Banco de Dados sobre Patrimônio Rua da Reitoria, 109 Bloco K, conj. 604 05508-900 - São Paulo, SP E-mail: mcbdalme@usp.br 8