PALEOPARASITOLOGIA Fundação Oswaldo Cruz Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca Departamento de Ciências Biológicas Laboratório de Paleoparasitologia Luiz Fernando Ferreira
Paleoepidemiologia da Doença de Chagas Fundação Oswaldo Cruz a Prof. Luiz Fernando FERREIRA Ana JANSEN Ana Carolina P. VICENTE Alena IÑIGUEZ Sheila Mendonça de SOUZA Adauto ARAÚJO The State University of New York Katharina DITTMAR University of Nebraska Karl REINHARD Financiamento: CNPq, FAPERJ e Fulbright Comission
A hipótese clássica
Em outras partes da América do Sul os povos tinham outras estratégias de vida, eram nômades ou semi-nômades, e o tipo de habitação que usavam impedia a presença de barbeiros.
Um programa de cooperação científica entre a Escola Nacional de Saúde Pública e o Museu de Arqueologia de San Pedro de Atacama, Chile, possibilitou uma missão científica no ano de 1992. Nossa equipe trouxe amostras de múmias datadas de 2.000 a 1.000 anos. As amostras constaram de coprólitos, cabelos e fragmentos de tecidos mumificados.
ARQUEÓLOGOS ATACADOS POR BARBEIROS 1984 PEDRA FURADA, PIAUÍ
O SURGIMENTO DA PALEOPARASITOLOGIA MOLECULAR ANTES DE USAR A NOVA TÉCNICA DE DIAGNÓSTICO EM MATERIAL ARQUEOLÓGICO, TESTAMOS PRIMEIRO EM ANIMAIS DE LABORATÓRIO (BASTOS 1995 TESE DE DOUTORADO EM NOSSO LABORATÓRIO).
A Doença de Chagas foi comprovada em povos andinos pelo achado de lesões típicas da doença e pelo emprego de técnicas da biologia molecular. Recuperou-se ADN de Trypanosoma cruzi de múmias bolivianas, chilenas e peruanas: Rothhammer et. Al. Chagas Disease in pre-columbian South America. Am J Phys Anthropol 68: 495-498, 1985. Fornaciari et al. Chagas disease in a Peruvian Inca Mummy. Lancet 339: 128 129, 1992. Bastos et al. Experimental Paleoparasitology: identification of T. cruzi DNA in desiccated mouse tissue. Paleopathol News 94: 5-8, 1996. Guhl et al. - Isolation of Trypanosoma cruzi DNA in 4.000-year-old mummified human tissue from northern Chile. Am J Phys Anthropol 108: 401-407, 1999. Guhl et al. Chagas disease and human migration. Mem Inst Oswaldo Cruz 95: 553-555, 2000. Ferreira et al. Paleoparasitology of Chagas Disease revealed by infected tissues from Chilean mummies. Acta Tropica 75: 79-84, 2000. Madden et al. Hybridization screening of very short PCR products for paleoepidemiological studies of Chagas disease. Biotechniques 30: 102-104, 2001. A antiguidade da Doença de Chagas na região andina foi atestada pelos achados de Aufderheide et al. (2004), em múmias Chinchorro datadas de 9.000 anos, antes da domesticação de animais nas Américas.
A oportunidade de comprovar a infecção chagásica fora da região dos Andes antes do período colonial aconteceu durante uma viagem à região fronteira entre o México e Estados Unidos, em 2002. Visitamos a Caverna da Águia, fronteira do Estados Unidos com México, local onde foi encontrado um corpo mumificado datado de 600 anos do presente.
Reinhard et al. 2003 publicaram o primeiro caso de doença de Chagas em Lower Pecos, região fronteira entre Texas/Mexico Os resultados da técnica de PCR confirmaram a presença de ADN antigo de Trypanosoma cruzi K. Dittmar, A. Jansen, A. Araujo, K. Reinhard. Trypanosoma cruzi in Prehistoric Texas: A phylogeographic study. Brigham Young University, Department of Integrative Biology, 401 WIDB, Provo, Utah, 84602, USA Fundação Oswaldo Cruz, Escola de Saude Publica, Rio de Janeiro, Brazil School of Natural Resource Sciences, University of Nebraska, Lincoln, Nebraska, USA Paleopathology Association Meeting, EUA, 2003
No Brasil, encontramos casos de doença de Chagas em grupos pré-históricos no Sítio Arqueológico Abrigo do Malhador e Lapa do Boquete- Vale do Peruaçu, Minas Gerais cerrado Vale do Peruaçu
Seven thousand years of Trypanosoma cruzi infection in pre-columbian Brazilian Indians, archaeological site of Abrigo do Malhador and Lapa do Boquete, Peruaçu Valley, Minas Gerais. Valdirene Lima et al. Fernandes et al. IOC/FIOCRUZ Rio de Janeiro/Brazil 6th World Congress on Mummy Studies Lanzarote, Canarian Islands 2007 Lima VS, Iniguez AM, Otsuki K, Ferreira LF, Araujo A, Vicente ACP, Jansen AM. Chagas disease in ancient huntergatherer population, Brazil [letter]. Emerging Infectious Diseases 14(6):1001-1002, 2008
A infecção por T. cruzi em populações pré-históricas brasileiras data de, pelo menos, 7.000 anos, muito antes da chegada de europeus e difusão de seu tipo de moradia. Sua ocorrência em grupos indígenas pode ter-se alternado em grupos que ocupavam grutas e abrigos-sob-rocha. Este estilo de vida, baseado na caça e coleta nômade, foi substituído por aldeiamentos e agricultura. Os resultados mostram que a infecção humana por T. cruzi antecede aos hábitos sedentários ou à colonização européia, e sugere que ela possa ter ocorrido logo após a chegada dos humanos às Américas onde existiram condições propícias à sua transmissão.
Agradecimentos Ao Dr. André Prous e equipe - Museu de História Natural e Jardim Botânico da Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil À Dr. Niéde Guidon e equipe Museu do Homem Americano, Piauí, Brasil
Mortui Viventes Docent