NOTAS SOBRE A PROCURA DE EMPREGO DOS DIPLOMADOS EM SOCIOLOGIA EM PORTUGAL



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Transcrição:

NOTAS SOBRE A PROCURA DE EMPREGO DOS DIPLOMADOS EM SOCIOLOGIA EM PORTUGAL Os dados disponibilizados pelo Gabinete de Planeamento, Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional, I.P. do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, permitem caracterizar a procura de emprego por parte dos diplomados em Sociologia 1. Essa caracterização pode surgir pelo reconhecimento do número de desempregados e diplomados em Sociologia (Bacharelato, Licenciatura, Mestrado ou Doutoramento), em Dezembro de 2008: encontravam-se então registados 586 indivíduos identificados pelo par estabelecimento/curso para todos os subsistemas de ensino. Poderão existir, eventualmente, alguns mais diplomados inscritos mas que não aparecem identificados por esta chave estabelecimento/curso. Outros, igualmente desempregados, poderão não estar, tão-pouco, inscritos. Finalmente, diplomados que se encontrem a desempenhar actividades não directamente ligadas à sua habilitação académica, não integram esta estatística do desemprego dos diplomados em Sociologia. As cerca de 6 centenas de sociólogos desempregados serão sempre, e por força do sistema estatístico existente, um universo aproximativo. Sabemos, todavia, que a esmagadora maioria dos 586 diplomados em Sociologia que se encontravam em situação de desemprego registado pelo MCTES e MTSS (97,8%) tinha como habilitação superior atingida a Licenciatura. A variação observada de Dezembro de 2007 para Dezembro de 2008 foi negativa: +23,9%, ou seja, de 473 para 586 indivíduos desempregados. Há que enquadrar este número de sociólogos desempregados e a variação observada no último ano, considerando três ópticas de análise: a) O enquadramento na área das Ciências Sociais e do Comportamento (na qual a Sociologia se integra) 2 ; b) O enquadramento em face do número anual de diplomados em Sociologia, procurando uma medida de intensidade do desemprego; c) O enquadramento dos desempregados diplomados em Sociologia em face da situação de procura ( 1º emprego ou novo emprego ) e do tempo de inscrição ( <12 ou 12 ). A) O DESEMPREGO NA ÁREA DAS CIÊNCIAS SOCIAIS E DO COMPORTAMENTO 1 2 Os dados estatísticos apresentados neste relatório têm por base duas fontes principais: - Inscritos nos centros de emprego: Instituto do Emprego e Formação Profissional, I. P. (IEFP/MSST) que, através do Sistema de Gestão e Informação da Área de Emprego (SIGAE), regista as inscrições dos candidatos a emprego; - Diplomados: Gabinete de Planeamento, Avaliação, Estratégia e Relações Internacionais (GPEARI/MCTES), responsável pela recolha de informação fornecida anualmente pelas instituições de ensino superior. Nos termos da Portaria n.º 256/2005, de 16 de Março, que aprovou a Classificação Nacional das Áreas de Educação e Formação (CNAEF), a Sociologia integra a Área de Estudo denominada Ciências Sociais e do Comportamento, a par da Psicologia, da Ciência Política, da Economia, e de outras Ciências Sociais. P á g i n a 1 d e 1 4

De acordo com a informação oficialmente disponibilizada, o número de desempregados inscritos e provenientes desta Área de Estudo era, em Dezembro de 2008, de 4594 indivíduos 3. Em Dezembro do ano anterior esse número havia sido de 4976. Significa que no último ano de análise se registou uma diminuição absoluta de 382 indivíduos, o que equivale a uma variação de -7,7%. Contudo, a análise a partir do par estabelecimento/curso, só permite identificar 3321 e 4245 indivíduos, respectivamente em Dezembro de 2007 e Dezembro de 2008, facto que se explica por insuficiências do próprio sistema de notação, revelando um falso aumento (cfr. Tabela 1). Não existe, porém, alternativa à utilização destes dados obtidos pelo par estabelecimento/curso, ainda que incompletos. Com efeito, está-lhe associado um conjunto de atributos de caracterização do universo de diplomados inscritos nos Centros de Emprego do IEFP que não são dispensáveis. Tabela 1 - Desempregados com habilitação superior (diplomados), na área de estudo das Ciências Sociais e do Comportamento (situação em Dezembro de 2007 e 2008) Cursos Dezembro de 2008 Dezembro de 2007 variação (em %) 'sociologias' 586 473 23,9 'economias' 997 660 51,1 'geografias' 103 94 9,6 'ciência política, estudos comparados e relações internacionais' 513 379 35,4 'antropologias' 146 111 31,5 'psicologias' 1830 1556 17,6 'outras ciências sociais' 70 48 45,8 Totais 4245 3321 Fonte: Instituto do Emprego e Formação Profissional, I.P. do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social De acordo com estes dados, o comportamento dos diferentes Cursos aqui organizados por disciplinas, e expressas no plural para salvaguardar a sua diversidade interna não foi homogéneo no período em análise. As economias, as antropologias e as outras ciências sociais sofreram um aumento superior em termos do número de diplomados desempregados inscritos. Todavia, o aumento verificado nas 3 No conjunto de todas as áreas de estudo, em Dezembro de 2008 o número de pessoas com habilitação superior inscritas nos centros de emprego à procura de um primeiro emprego ou de um novo emprego em Portugal, representava cerca de 9,1% do total da população inscrita nos centros de emprego, e equivalia a 4,1% da população com habilitação superior entre os 15-64 anos residente em Portugal. Ainda em termos globais, a população com habilitação superior inscrita nos centros de emprego do Continente em Dezembro de 2008 (37 176) caracterizava-se, genericamente, por: Ser maioritariamente feminina (69%); Estar particularmente representada na região Norte (40%); Estar maioritariamente inscrita há menos de um ano (76%); Ser predominantemente jovem (72% têm menos de 35 anos). P á g i n a 2 d e 1 4

sociologias não é negligenciável (+23,9%), a que acresce o aparecimento (ainda que com valores quase residuais), em Dezembro de 2008, de desempregados com o grau de Mestre ou Doutor (facto que não se verificava em Dezembro de 2007, como anteriormente sinalizado). Da comparação entre Dezembro de 2007 e Dezembro de 2008 no que respeita à distribuição do peso percentual de cada grupo disciplinar no conjunto da Área de Estudos das Ciências Sociais e do Comportamento (ver Gráficos 1 e 2), resulta a verificação de que nesses doze a posição relativa de cada um dos grupos disciplinares não se alterou, tendo sido as psicologias as que mais contribuíram para o total de desempregados diplomados na Área 31, seguidas a uma distância percentual considerável das economias 4. As sociologias mantiveram a quota dos 14% do total nesta Área. Gráfico 1 - Desempregados com habilitação superior (Dezembro de 2008) - Área 31: Ciências sociais e do comportamento 'psicologias' 44% 'antropologias' 3% 'outras ciências sociais' 2% 'ciência política, estudos comparados e relações internacionais' 12% 'sociologias' 14% 'geografias' 2% 'economias' 23% Fonte: Instituto do Emprego e Formação Profissional, I.P. do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social Nota: Classificações, cálculos e representação gráfica são da responsabilidade da APS. Complementarmente ao (re)conhecimento do stock de diplomados das Ciências Sociais e do Comportamento, cabe perceber o tipo de desemprego e a situação do ponto de vista da duração (ver Gráfico 3). Gráfico 2 - Desempregados com habilitação superior (Dezembro de 2007) - Área 31: Ciências sociais e do comportamento 4 Importa reter que alguns estabelecimentos de ensino têm contestado os dados divulgados nestes Relatórios, alegando que a contagem dos diplomados não está correcta. No caso das sociologias, a APS teve conhecimento (e divulgou atempadamente), a reacção da Universidade do Minha e da Universidade de Coimbra. Os respectivos documentos podem ser consultados no vortal da APS. P á g i n a 3 d e 1 4

'psicologias' 48% 'antropologias' 3% 'outras ciências sociais' 1% 'ciência política, estudos comparados e relações internacionais' 11% 'geografias' 3% 'economias' 20% 'sociologias' 14% Fonte: Instituto do Emprego e Formação Profissional, I.P. do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social Nota: Classificações, cálculos e representação gráfica são da responsabilidade da APS. Gráfico 3 - Desempregados com habilitação superior na Área de Estudo das Ciências Sociais e do Comportamento, situação de procura de emprego e tempo de inscrição (Continente) 67,2% Dezembro de 2007 Dezembro de 2008 61,4% 38,6% 43,1% 46,9% 30,8% 32,8% 24,1% 18,3% 20,3% 7,8% 8,7% < 12 Meses >= 12 Meses Total < 12 Meses >= 12 Meses Total 1.º Emprego Novo emprego Fonte: Instituto do Emprego e Formação Profissional, I.P. do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social Nota: Classificações, cálculos e representação gráfica são da responsabilidade da APS. Verificou-se um agravamento pelo aumento de 2007 para 2008 da percentagem de diplomados à procura de novo emprego (que passou de 61,4% para 67,2%), e um desagravamento pela diminuição da percentagem de jovens diplomados à procura do 1º emprego há menos de 12 (de 30,8% para P á g i n a 4 d e 1 4

24,1%). Aparentemente, dir-se-ia que o desemprego ganhou uma maior duração e atingia, em Dezembro de 2008, comparativamente com Dezembro de 2007, mais quem já estava empregado. De notar que a estrutura obtida no Gráfico 3 para Dezembro de 2008 nesta Área das Ciências Sociais e do Comportamento é semelhante à que caracteriza todas as Áreas de Estudo (globalmente consideradas), mas existem diferenças estatisticamente significativas no que respeita ao 1º emprego: nas Ciências Sociais e do Comportamento a percentagem de desempregados há pelo menos 12 (8,7%) é superior à verificada para o conjunto (5,8%), invertendo-se essa tendência na duração inferior a 12 (χ 2 = 72.65; p < 0.001). Esta diferença não se revela, por conseguinte, favorável às Ciências Sociais. B) O DESEMPREGO DOS SOCIÓLOGOS PORTUGUESES: STOCK E INCIDÊNCIA Feito o enquadramento respeitante à Área de Estudo das Ciências Sociais e do Comportamento, cabe recorrer à segunda óptica de análise atrás mencionada, pondo agora em evidência o número anual de diplomados em Sociologia, e procurando uma medida de intensidade do seu desemprego. Podemos considerar para este objectivo, dois quadros de referência temporal: 1. Os desempregados (com ano de conclusão do curso de 2005 a 2007) por par estabelecimento/curso, situação de procura de emprego e tempo de inscrição (Dezembro de 2008) e número médio de diplomados igual ou superior a 20 de 2004-2005 a 2006-2007; 2. Os desempregados por par estabelecimento/curso, situação de procura de emprego e tempo de inscrição (Dezembro de 2008) e diplomados de 1997-1998 a 2006-2007. O primeiro quadro de referência parece mais ajustado para conhecer o desemprego dos recém diplomados em Sociologia, ou seja, o desemprego dos diplomados à saída da Universidade, procurando limitar o efeito aleatório dos pequenos números (ao impor um número médio de diplomados igual ou superior a 20 indivíduos por curso. O segundo permite englobar outras coortes escolares na análise do desemprego e torna a análise temporalmente mais extensiva, ou seja, acolhe critérios de maior abrangência do universo de diplomados. Optou-se, neste breve documento, por considerar os dois quadros de referência, com um objectivo claramente exploratório. As Tabelas 2 e 3 resumem os resultados obtidos. B1 Os resultados obtidos ao abrigo do critério mais restritivo No que respeita ao desemprego dos recém-diplomados, a situação em Dezembro de 2008 era claramente desfavorável: apenas 53,3% dos diplomados em Sociologia entre 2005 e 2007 estaria a exercer uma actividade profissional, e ainda assim desconhecia-se se essa empregabilidade estaria directamente relacionada com a Sociologia. Este valor era (cfr. ainda Tabela 2), bastante inferior ao observado para o conjunto dos diplomados (i.e., de todas as Áreas) no mesmo período. Relativamente às características do desemprego registado (tipo e duração), verificava-se em Dezembro de 2008 (ver Gráfico 4) a prevalência da procura de novo emprego com uma duração inferior a 12 (45,5%), seguido da procura de um novo emprego, igualmente há menos de 1 ano (24,8%). Por P á g i n a 5 d e 1 4

comparação com os outros diplomados, a procura de longa duração do 1º emprego (22,3%) era, nos sociólogos, mais elevada do que nos restantes diplomados (13,8%) [χ 2 = 6.36; p< 0,01). Tabela 2 - Desempregados por par estabelecimento/curso, situação de procura de emprego e tempo de inscrição (Dezembro de 2008), diplomados de 1997-1998 a 2006-2007, e índice de empregabilidade (IE) CRITÉRIO RESTRITIVO Totais diplomados em Sociologia Todas os diplomados N.º de Registos (com ano de conclusão do curso de 2005 a 2007) 1.º emprego Novo emprego < 12 12 < 12 12 Total 2004-2005 Diplomados (últimos 3 anos) (3) 2005-2006 2006-2007 Total Média (1) 50 45 92 15 202 404 452 442 1298 433 53,3 1784 952 3545 614 6895 34928 36014 41963 112905 37635 81,7 IE (2) Fontes: Instituto do Emprego e Formação Profissional, I.P. do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social; Gabinete de Planeamento, Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. Notas: (1) A média corresponde ao número médio de diplomados no intervalo lectivo considerado. (2) O índice de empregabilidade [IE] é calculado com recurso à seguinte fórmula: IE =100 ( registos/ diplomados *100) (3) A nota 3 deverá ser lida na página 8 deste documento da APS. Gráfico 4 - Desemprego dos sociólogos e dos outros recém-diplomados (há menos de três anos), segundo o tipo e duração (Continente). Valores em percentagem. 51,4 sociólogos 45,5 outros diplomados 24,8 25,9 22,3 13,8 7,4 8,9 < 12 12 < 12 12 1º emprego Novo emprego Fontes: Instituto do Emprego e Formação Profissional, I.P. do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social; Gabinete de Planeamento, Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. Os cálculos e a representação gráfica são da responsabilidade da APS. P á g i n a 6 d e 1 4

B2 Os resultados obtidos ao abrigo do critério mais abrangente Recorrendo ao segundo quadro de referência, que alarga o critério temporal de recrutamento dos diplomados a uma década, os valores observados são bastante diferentes, ainda que a estrutura de distribuição do desemprego se mantenha idêntica. Com efeito, prevalece a procura de primeiro emprego há menos de um ano e uma redução dos valores para os períodos de espera superiores a um ano. Porém, neste segundo critério de análise os valores do desemprego primordial (1º emprego) e de longa duração sobem para percentagens que atingem os 22,3% do total no caso dos sociólogos, e 13,8% do total nos demais diplomados. A Tabela 3 (na página seguinte) e o Gráfico 5 permitem retirar estas conclusões. O índice de empregabilidade melhora bastante com este critério, sendo a taxa de desemprego dos sociólogos de aproximadamente 13,4%, ainda assim acima da taxa calculada para todos os diplomados, que se aproximaria dos 8,1%. Gráfico 5 - Desemprego dos sociólogos e dos outros diplomados (na última década), segundo o tipo e duração (Continente). Valores em percentagem. sociólogos 51,8 50,3 outros diplomados 31,5 21,5 17,6 13,4 9,1 4,7 < 12 12 < 12 12 1º emprego Novo emprego Fontes: Instituto do Emprego e Formação Profissional, I.P. do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social; Gabinete de Planeamento, Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. Os cálculos e a representação gráfica são da responsabilidade da APS. Poderá concluir-se pela existência de um processo de absorção lenta dos diplomados (também dos sociólogos), muito embora com dificuldades crescentes, ficando a dúvida sobre que tipo de empregos esses diplomados acabam por obter. P á g i n a 7 d e 1 4

Tabela 3 - Desempregados por par estabelecimento/curso, situação de procura de emprego e tempo de inscrição (Dezembro de 2008), diplomados de 1997-1998 a 2006-2007, e índice de empregabilidade (IE) N.º de Registos CRITÉRIO ALARGADO 1.º emprego Novo emprego Habilitação < 12 12 < 12 12 Total 1997-1998 a 2001-2002 2002-2003 2003-2004 Diplomados (últimos 10 anos) [3] 2004-2005 2005-2006 2006-2007 Total "Média" [1] Índice [2] Totais da Licenciatura em Sociologia 123 52 297 101 573 1898 431 418 475 522 534 4278 428 86,6 Todas as Licenciaturas 9041 1356 14431 3849 28677 170319 45042 44447 45168 45748 55457 406181 40618 92,9 Fontes: Instituto do Emprego e Formação Profissional, I.P. do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social; Gabinete de Planeamento, Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. Notas: (1) A média corresponde ao número médio de diplomados no intervalo lectivo considerado. [2] O índice de empregabilidade [IE] é calculado com recurso à seguinte fórmula: IE =100 ( registos/ diplomados *100) [3] O MCTES chama a atenção para o seguinte: Os dados sobre os desempregados com habilitação superior apresentados no presente relatório, recolhidos pelo IEFP/MSST reportamse a 31 de Dezembro de 2008 e os últimos dados sobre os diplomados nas instituições de ensino superior, recolhidos pelo GPEARI/MCTES, referem-se a 31 de Dezembro de 2007 visto que o inquérito estatístico aos diplomados em 2007-2008 encontra-se, nesta data, em fase de recolha. Existe, assim, um período de 12 de 2008 para o qual existem dados sobre os inscritos diplomados nos centros de emprego e não existem dados sobre os diplomados pelas instituições de ensino superior (página 35). P á g i n a 8 d e 1 4

C) O DESEMPREGO DOS DIPLOMADOS NUMA LEITURA REGIONAL Uma das limitações evidentes dos dados que aqui se apresentam refere-se ao facto de boa parte dos apuramentos não contarem com dados das Regiões Autónomas. A abordagem regionalizada do desemprego fica limitada às NUT II do Continente (cfr. Tabela 4). Tabela 4 - Desempregados com habilitação superior por áreas de estudo e NUTS II, Dezembro de 2007 e Dezembro de 2008 (Continente) ÁREA DE ESTUDO ANO Norte Centro Lisboa Alentejo Algarve N.º % N.º % N.º % N.º % N.º % Total Ciências Sociais e do Comportamento TOTAL DOS DIPLOMADOS ano de 2007 ano de 2008 ano de 2007 ano de 2008 2 033 40,9% 978 19,7% 1 566 31,5% 224 4,5% 175 3,5% 4 976 1 827 39,8% 817 17,8% 1 577 34,3% 225 4,9% 148 3,2% 4 594 16 005 41,3% 10 134 26,1% 9 580 24,7% 2 069 5,3% 1 007 2,6% 38 795 14 752 39,7% 9 436 25,4% 9 781 26,3% 2 169 5,8% 1 038 2,8% 37 176 Fonte: Instituto do Emprego e Formação Profissional, I.P. do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social Os dados revelam que as Regiões Norte e de Lisboa, em conformidade com o seu perfil demográfico (volume populacional) são também as que concentram um maior número de desempregados. As percentagens não variam significativamente entre a Área de Estudo das Ciências Sociais e do Comportamento e as demais, tomadas conjuntamente. Apenas no caso da Região de Lisboa parece existir uma tendência para que a Área 31 apresente uma expressão percentual um pouco mais elevada, a que não será alheia a oferta concentrada de cursos nesta Região. Aparentemente, a variação observada neste período de Dezembro de 2007 a Dezembro de 2008 terá sido globalmente favorável, com uma variação negativa do número de desempregados em todas as Áreas (-4,2%), até ligeiramente maior na Área das Ciências Sociais e do Comportamento (-7,7% 5 ). Porém, esta diminuição do número de desempregados esteve longe de ter sido homogénea em todo o território nacional, e nalgumas das Regiões (Lisboa, Alentejo, no caso das Ciências Sociais e do Comportamento; Lisboa, Alentejo e Algarve no caso do total de diplomados) registou-se mesmo um acréscimo. O Gráfico 6, na página seguinte, põe em evidência estas dissemelhanças regionais. Com recurso a um polígono circular que definiria a invariabilidade do número de desempregados, verifica-se que o polígono de contracção do desemprego das Ciências Sociais e do Comportamento é mais expressivo do que daquele que define a contracção no conjunto das Áreas de Estudo. No entanto, ele ultrapassa o perímetro da invariabilidade nas Regiões de Lisboa e Alentejo (respectivamente +0,7% e +0,4%), e mais do que isso no conjunto das Áreas de Estudo nas Regiões de Lisboa, Alentejo e Algarve (respectivamente +2,1%, +4,8% e mais 3,1%). 5 Como já havíamos mencionado no primeiro parágrafo da página 2. P á g i n a 9 d e 1 4

Gráfico 6 - Polígonos do desemprego dos diplomados com habilitação superior, por áreas de estudo e NUTS II, Dezembro de 2007 e Dezembro de 2008 (Continente). Valores em percentagem. Total (no Continente) -4,2 Norte -7,7 Centro -7,8-10,1-6,9-16,5-15,4 Algarve 3,1 0,7 2,1 Lisboa TOTAL DOS DIPLOMADOS Ciências sociais e do comportamento 0,4 4,8 Alentejo Fonte: Instituto do Emprego e Formação Profissional, I.P. do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social. Os cálculos e a representação gráfica são da responsabilidade da APS. D) CONSIDERAÇÕES FINAIS Deliberadamente, a análise agora efectuada procurou escapar à tentação de criar rankings de estabelecimentos de ensino, por subsistema (ensino superior público universitário; ensino superior público politécnico; ensino superior privado universitário; ensino superior privado politécnico), no que respeita ao número de diplomados em situação de desemprego provenientes de cada um dos subsistemas e dos respectivos estabelecimentos. Se estes se encontram a funcionar dentro da legalidade, tais disputas só alimentam as (falsas) evidências sobre os méritos de uns e os deméritos de outros. À APS cabe-lhe reflectir sobre a situação actual que a TODOS diz respeito, fugindo às discussões estéreis, e procurando, na medida das suas possibilidades, contribuir para o aumento dos índices de empregabilidade dos sociólogos Portugueses, sejam provenientes de onde forem, residam onde residirem. Como se tem vindo a afirmar, reconhece-se a existência de dificuldades para encontrar emprego e para o manter, em face das transformações sociais, nomeadamente económicas, que se vêm verificando e intensificando, percebendo-se agora melhor que essas dificuldades não terão feito aumentar o número de desempregados neste último ano (de Dezembro de 2007 a Dezembro de 2008), mas revelando situações diferentes de Região para Região. P á g i n a 1 0 d e 1 4

A própria diminuição no conjunto dos diplomados na Área de Estudos das Ciências Sociais e do Comportamento, que poderá não se ter verificado nas sociologias, pode até revelar uma situação não menos preocupante, e que consistiria em deslocalizar diplomados para áreas de actividade profissional não relacionadas (ou muito pouco) com as suas habilitações escolares e técnico-científicas. Por outro lado, a análise revelou que os índices de retenção do emprego, por força de uma crescente precariedade nos vínculos e nas modalidades de relação laboral existentes, não têm melhorado, reforçando a instabilidade existente e degradando a qualidade do trabalho remunerado por conta de outrém. Em congruência com as transformações que se referenciaram, nomeadamente as que respeitam à expressão crescente da procura de um novo emprego e ao aumento percentual das categorias do desemprego de maior duração (igual ou superior a 12 ), o Gráfico 7 põe em evidência que a percentagem dos desempregados mais jovens diminuiu no período em referência, tendo aumentado a percentagem dos desempregados com idades compreendidas entre os 35 e os 54 anos. Este facto, relativo a todos os desempregados que se encontram na Área de Estudo das Ciências Sociais e do Comportamento, pode não dizer totalmente respeito aos sociólogos, mas há que cuidar da hipótese de que estes também estejam mais envelhecidos. Gráfico 7 - Desempregados com habilitação superior na Área de Estudo das Ciências Sociais e do Comportamento, segundo o grupo etário, a Dezembro de 2007 e Dezembro de 2008 (Continente). 55 anos e mais 3,9% 3,8% 35-54 anos Anos 25-34 anos Anos < 25 Anos 24,2% 19,5% 19,7% 23,5% 52,2% 53,3% ano de 2008 ano de 2007 Fonte: Instituto do Emprego e Formação Profissional, I.P. do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social. Os cálculos e a representação gráfica são da responsabilidade da APS. A análise efectuada pôs ainda em evidência a diversidade regional do ponto de vista das variações observadas, e muito provavelmente reflectirá taxas de empregabilidade distintas, que importa conhecer com mais detalhe. A constituição, já estatutariamente possível, de Núcleos Regionais pode ajudar-nos a compreender estas especificidades, mas seria imperativo que os diplomados em Sociologia que se P á g i n a 1 1 d e 1 4

encontram (ou encontraram) em situação de desemprego nos ajudassem a compreender esses processos, que tipo de ofertas existem, em que sectores económicos, em que tipos de administração pública (central, local), quais as eventuais dificuldades sentidas na adaptação no 1º emprego, que obstáculos se colocam no processo de encontrar um novo emprego, entre tantos outros aspectos que escapam às estatísticas oficiais. Neste breve ensaio sobre a procura de emprego dos diplomados em Sociologia em Portugal não se desconhece que, e citando a principal fonte de informação, o número de inscritos com habilitação superior nos centros de emprego em Portugal, entre Dezembro de 2007 e Dezembro de 2008, diminui 4% (passou de 39 627 para 38 018), apesar do total de inscritos ter aumentado 7%, no mesmo período (passou de 390 280 para 416 005). Por níveis de ensino, também se verifica que foi apenas no caso do ensino superior que o número de inscritos nos centros de emprego diminuiu, comparando os valores de Dezembro de 2007 e de 2008: o aumento do número de inscritos cifrou-se em 5% no caso sem nenhum nível de instrução, em 3% no Básico 1.º ciclo, em 12% no Básico 2.º ciclo, em 14% no Básico 3.º ciclo e em 7% no Secundário (página 12). O Gráfico 8 ajuda a compreender a espessura temporal do desemprego em Portugal nos últimos quatro anos, e o pico de sazonalidade que afecta mais os diplomados com habilitação superior do que os restantes desempregados. Gráfico 8 - Desempregados inscritos nos centros de emprego por e níveis de ensino, Janeiro de 2004 a Dezembro de 2008 (Portugal) Nenhum Nível de Instrução Básico - 1.º Ciclo Básico - 2.º Ciclo Básico - 3.º Ciclo Secundário Superior 170 000 160 000 150 000 140 000 130 000 120 000 110 000 100 000 90 000 80 000 70 000 60 000 50 000 40 000 30 000 20 000 10 000 Janeiro Abril Julho Outubro Janeiro Abril Julho Outubro Janeiro Abril Julho Outubro Janeiro Abril Julho Outubro Janeiro Abril Julho Outubro ano de 2004 ano de 2005 ano de 2006 ano de 2007 ano de 2008 Fonte: Boletim de informação mensal do mercado de emprego do Instituto do Emprego e Formação Profissional, I.P. A representação gráfica é da responsabilidade da APS. P á g i n a 1 2 d e 1 4

Também não se desconhece que no primeiro quadrimestre de 2009 a situação do desemprego se agravou consideravelmente, agora oficialmente adjectivada de preocupante. Por conseguinte, o que cabe perceber é se as habilitações superiores se mantêm como factor protector moderado do risco de desemprego, sobretudo dos que já se encontram empregados (ver Tabela 5), e se essa premissa é válida para o emprego dos sociólogos. Com efeito, e de acordo com o Relatório de Fevereiro de 2009, [a] variação do número de inscritos nos centros de emprego com habilitação superior não é exclusiva do mês de Dezembro. Desde o ano de 2007, e por comparação com os homólogos do ano anterior, que esse número de inscritos tem vindo a baixar, apesar da subida do número de pessoas com habilitação superior (15-64 anos) em Portugal: 881,9 em 2007 e 937,8 em 20083 (4.º trimestre) (página 18). Tabela 5 - Desempregados por situação de procura de emprego, Dezembro de 2008 (Continente) Total de desempregados Total de desempregados sem habilitação superior Desempregados com habilitação superior N.º % N.º % N.º % 1.º Emprego 32 262 8,0% 19 892 5,4% 12 370 33,3% Novo emprego 370 283 92,0% 345 477 94,6% 24 806 66,7% TOTAL 402 545 100,0% 365 369 100,0% 37 176 100,0% Fonte: Instituto do Emprego e Formação Profissional, I.P. do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social Cabe ainda compreender se, no caso dos sociólogos, a lógica de transição entre o fim da fase de formação e o início da fase de entrada na vida activa, com a prevalência da procura do novo emprego sob o 1º emprego, se tem mantido, agravado ou diminuído. É que os valores expressos nas Tabelas 2 e 3 (cfr. anteriormente) apontam para a precariedade do 1º emprego (explicando a prevalência da procura do novo emprego), e as componentes dessa precariedade podem não ser todas explicáveis pelo lado do empregador. A hipótese subjacente a estas considerações é a de que a sustentabilidade do emprego dos sociólogos deverá ter que ser construída pelo lado da oferta e da procura, e que alguns dos requisitos dessa empregabilidade não decorrem, directa e exclusivamente, das variáveis macro-económicas, sejam conjunturais ou estruturais, mas também das variáveis contextuais desse específico emprego. De entre as variáveis contextuais poderão considerar-se as que se relacionam com a organização incumbente e as que respeitam aos perfis de competências apresentados pelos diplomados em Sociologia. Daí a importância que se entende dever atribuir a programas de formação complementar, não necessária e exclusivamente ancorados nas Universidades. A APS já fez aprovar, este ano, um Plano de Formação que pretende responder, experimentalmente, a alguns destes problemas. Fica lançado o debate. Lisboa, 20 de Maio de 2009 P á g i n a 1 3 d e 1 4

Fonte documental MCTES (2009) - PROCURA DE EMPREGO DOS DIPLOMADOS COM HABILITAÇÃO SUPERIOR, RELATÓRIO IV - DEZEMBRO 2008, GABINETE DE PLANEAMENTO, ESTRATÉGIA, AVALIAÇÃO E RELAÇÕES INTERNACIONAIS, LISBOA P á g i n a 1 4 d e 1 4