Política de Estágio Curricular Obrigatório e Estágio Curricular não Obrigatório A Supervisão de Estágio é elemento integrante do Projeto de Formação Profissional, portanto deve expressá-lo e comportar suas orientações teóricas e direção social. Nesse sentido, suas finalidades são conhecer e refletir com os alunos a realidade profissional nos campos de estágio, reconhecer os limites e possibilidades das respostas profissionais nas diferentes organizações no enfrentamento às expressões da "questão social", reconhecer e debater os elementos constitutivos do projeto profissional em curso nos espaços sócio-ocupacionais e sua relação com o projeto hegemônico da profissão (LEWGOY, 2007). A supervisão acadêmica é um espaço pedagógico voltado à formação e o estágio se constitui num processo de qualificação para o exercício profissional. Faz-se necessário uma articulação e encadeamento entre as disciplinas, as atividades e os conteúdos cursados, contemplando as dimensões da competência profissional: ético-políticas, teórico-metodológicas e técnico-operativas, bem como, o tripé básico da Universidade: ensino, pesquisa e extensão. A proposta contida no processo de supervisão reconhece a dimensão coletiva como de suma significância para a profissão e como aspecto fundamental para o processo de profissionalização de alunas e alunos. O espaço de supervisão de grupo é uma estratégia de socialização da aprendizagem e de trabalho com a dimensão coletiva das individualidades. Nesse sentido, alguns elementos precisam ser privilegiados no processo de supervisão: - Identificação/explicitação quanto às possibilidades e movimentos efetivados para a gestão dos processos de trabalho onde os estudantes se inserem. - Identificação do contexto, condicionantes e elementos que conformam os processos de trabalho (com ênfase na visibilidade aos produtos e processos de produção/reprodução favorecidos ou condicionados pelos locais onde exercitam sua formação profissional, mas também protagonizados pelos agentes com base em orientações/significados que emanam da própria profissão e das lutas sociais). - Leitura e proposição frente ao real (análise de dados, diagnósticos, planos de intervenção, processos de avaliação). - Mediações teórico-práticas sistemáticas (sistematização de situações concretas e movimentos investigativos/interventivos articulados às teorias que contribuem para sua explicação, dando visibilidade a posturas e procedimentos efetivados na relação com os sujeitos singulares e coletivos). - Desenvolvimento de habilidade de expressão escrita, oral e trabalho em equipe. - O tratamento do objeto - desvendamento e proposições, identificação de expressões particulares em determinados espaços sócioocupacionais (modo de manifestação, produção e reprodução das refrações identificadas/trabalhadas). - Desenvolvimento e explicitação de postura ética, postura investigativa, postura crítica e autocrítica, visibilidade aos processos de superação vivenciados no processo ensino-aprendizagem. - Mediação dos principais documentos que fundamentam a profissão hoje para dar densidade às proposições, posicionamentos, etc. - Mediação historicizada das principais categorias dialéticas para auxiliar nos processos de desvendamento e intervenção nas realidades vivenciadas e junto aos sujeitos demandatários do trabalho profissional. - Explicitação das mediações efetivadas junto aos sujeitos usuários dos serviços com base na garantia de direitos, nas legislações específicas direcionadas a setores e segmentos sociais, para o enfrentamento à questão social (PRATES E KERN, 2008).
NORMATIZAÇÃO DA POLÍTICA DE ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO CONTEXTUALIZAÇÃO DA DISCIPLINA O Estágio Curricular em Serviço Social segue as Diretrizes Curriculares, aprovadas pelo CNE e está alinhado com o Projeto Pedagógico da Faculdade de Serviço Social/PUCRS que coloca a supervisão acadêmica como um espaço pedagógico na formação e o estágio como processo de qualificação para o exercício profissional. Diante disso, não pode dar-se de forma isolada. Assim, faz-se necessária uma articulação entre as disciplinas e os conteúdos cursados, perpassando todos os eixos da formação profissional: ético-político, teórico-metodológico e técnico-operativo, bem como, deve estar articulado ao tripé básico da Universidade: ensino, pesquisa e extensão. O estágio é desenvolvido a partir do IV nível, quando se dá a inserção do aluno no espaço socioinstitucional para realização do trabalho profissional, até o VI nível. Nesse período, os alunos são sistematicamente acompanhados através da supervisão acadêmica. A disciplina de Estágio Curricular em Serviço Social divide-se em três níveis: No Estágio Curricular em Serviço Social I, a ênfase é o estudo e problematização do espaço socioinstitucional, a identificação e compreensão das expressões da questão social, objeto de trabalho do Assistente Social, bem como do reconhecimento dos sujeitos e de suas demandas, atendidos pela instituição, ao mesmo tempo em que se desencadeia o processo de trabalho do estagiário/elaboração do projeto. No Estágio Curricular em Serviço Social II, a ênfase é o técnico-operativo, que deve concretizar-se através da execução do projeto de intervenção do estágio, desenvolvendo as demais dimensões do processo de profissionalização, ou seja, a dimensão teóricometodológica e a dimensão ético-política. Para o desenvolvimento articulado dessas três dimensões, será imprescindível o aprofundamento da leitura crítica da realidade socioinstitucional, bem como o reconhecimento da história e particularidades dos sujeitos e suas demandas. No Estágio Curricular em Serviço Social III, a ênfase é a avaliação do processo de trabalho, tendo como referência as vivências do estágio, articulado com os fundamentos estudados nas demais disciplinas, evidenciando a capacidade do aluno de relacionar os aspectos ético-políticos, teórico-metodológicos e técnico-operativos, na elaboração de uma análise descritiva e reflexiva que se materialize numa síntese de seu processo de aprendizagem, constituindo-se num "balanço crítico". Quanto aos aspectos administrativos, a carga horária do estágio é de 570 horas, divididas em três níveis, perfazendo para cada um 190 horas, sendo 130 horas em campo de estágio, distribuídas na semana e no semestre, devendo ocorrer em três dias por semana, durante o semestre letivo de quatro meses. O estagiário(a) deverá ter 75% de freqüência no semestre. OBJETIVOS GERAL - Reconhecer a disciplina de Estágio Curricular em Serviço Social como processo e elemento constitutivo da formação profissional, cujas estratégias de intervenção constituam-se na promoção do acesso aos direitos pelos usuários. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Estágio Curricular em Serviço Social I - Compreender o significado das categorias cotidiano, historicidade, contradição, totalidade, trabalho e mediação para o conhecimento e intervenção na realidade da vida em sociedade. - Aproximar-se da realidade dos sujeitos usuários e das demandas no espaço institucional em que estão estagiando. - Reconhecer as expressões da questão social que perpassam a realidade socioinstitucional e a cotidianidade dos sujeitos sociais. - Identificar o objeto de trabalho no estágio que estará sinalizando o eixo para construção do projeto de intervenção, a partir do estudo e análise socioinstitucional. - Construir estratégias de intervenção junto aos campos de estágio na busca de acesso à garantia dos direitos sociais.
Estágio Curricular em Serviço Social II Com a finalidade de executar seu projeto de intervenção, as alunas e alunos deverão: - Refletir sobre a efetividade e o alcance social do processo de trabalho. - Problematizar o objeto de intervenção profissional. - Articular o conteúdo teórico-metodológico ministrado nas disciplinas em consonância às exigências cotidianas do exercício profissional. - Aprofundar e aprimorar a análise institucional - (Re)elaborar o projeto de intervenção de acordo com a dinâmica das contingências de seu contexto institucional no semestre (possibilidades e limites). - Reconhecer as expressões de resistência, participação e organização do segmento popular particularizado no estágio, buscando conhecer conselhos de direitos, associações comunitárias, grupos de convivência, de participação, organizações políticas e a diversidade das expressões singulares dos sujeitos sociais. Estágio Curricular em Serviço Social III - Avaliar a execução do projeto de intervenção quanto ao alcance dos objetivos propostos e impactos produzidos ao longo do desenvolvimento do mesmo. - Realizar análise crítica sobre o espaço socioinstitucional, estabelecendo relação com as políticas sociais, com a legislação e com a rede de apoio. - Identificar as mudanças que foram realizadas no projeto de intervenção como conseqüência da análise reflexiva da realidade socioinstitucional e social. - Descrever e construir análises teórico-reflexivas sobre o cotidiano de estágio e o desenvolvimento da instrumentalidade com qualidade e consistência teórico-metodológica e a orientação ético-política da contemporaneidade da profissão. - Aprofundar o reconhecimento das expressões de resistência, participação e organização do segmento popular particularizado no estágio, buscando conhecer conselhos de direitos, associações comunitárias, grupos de convivência, de participação, organizações políticas e a diversidade das expressões singulares dos sujeitos sociais. - Materializar o reconhecimento da diversidade da participação e organização popular na descrição e análise desse aspecto na análise reflexiva. METODOLOGIA O processo de ensino e de aprendizagem da disciplina de Estágio Curricular em Serviço Social se dá também através da supervisão, entendendo-se que: [...] A atividade de supervisão designa o ato de "ver" o geral, que se constitui pela articulação das atividades complexas cotidianas. Compreende-se, então, que para possibilitar uma visão geral e ampla, é preciso "ver sobre"; não no sentido de "super", superior, não em termos de hierarquia, mas como modo perspectivado, ou seja, com ângulo de visão abrangente, para que o supervisor possa olhar o conjunto de elementos e seus elos articuladores diante do contexto que envolve a relação ensino-aprendizagem (LEWGOY, 2007, p. 8-26). A relação entre ensino e aprendizagem proposta na supervisão pedagógica é desenvolvida através do movimento dialético entre supervisor(a) e supervisionado(a), entre teoria e prática. Aqui, a metodologia está em permanente construção, criando-se e recriando-se no próprio desvelamento da realidade. Sendo assim, o processo de supervisão procura apreender os fenômenos nas suas múltiplas relações e determinações. A metodologia da supervisão pedagógica desenvolver-se-á consoante com o projeto pedagógico e as diretrizes do Departamento de Supervisão e Prática. A proposta contida no processo de supervisão reconhece a dimensão coletiva como de suma significância para a profissão e como aspecto fundamental para o processo de profissionalização de alunas e alunos. O espaço de supervisão de grupo é uma estratégia de socialização da aprendizagem e de trabalho com a dimensão coletiva das individualidades. Os alunos e alunas recebem atenção singularizada de suas questões específicas de estágio, através das supervisões realizadas juntamente com a assistente social nos campos de estágio. Essa atenção singularizada também se materializará na leitura e avaliação semanal dos diários e relatórios produzidos pelas alunas e alunos. Os(As) supervisores(as) acadêmicos(as) disponibilizam sua devolução de forma permanentemente particularizada no próprio material produzido para supervisão pedagógica e demais documentos produzidos para a disciplina.
O ponto de partida da metodologia da supervisão em grupo são as situações imediatas que se colocam no cotidiano do exercício profissional através da problematização, reflexão e discussão sobre o processo de trabalho, procurando, assim, os significados atribuídos às novas demandas postas na realidade, bem como compreender as novas culturas emergentes. Ao mesmo tempo, busca a articulação teórica com os conteúdos das disciplinas, já cursadas e em andamento, com o objetivo de compreender a complexidade que demanda da realidade social. Nessa perspectiva será preciso contar com: - A pedagogia da pergunta, estimulando a indagação e a problematização como elemento para estagiárias e estagiários desvelarem, analisarem, interpretarem a experiência institucional e extra-institucional cotidiana. - O processo permanente e sistemático de retroalimentação na efetivação da investigação, proposição e intervenção profissionalizante. - A pedagogia da participação na medida em que envolverá diferentes atores - supervisor(a) acadêmico(a) supervisor(a) de campo, professor(a) das disciplinas e alunos(as) no processo de formação profissional. - O planejamento sistemático que se caracterizará pelo estabelecimento de estratégias, ações, rotinas elaboradas pelo grupo de supervisoras e supervisores a partir da experiência da supervisão grupal e da relação entre os diferentes grupos de supervisão. Os instrumentos de avaliação do processo de estágio são: o inventário dos conteúdos das disciplinas realizadas; os diários e relatórios descritivos processuais e condensados; a análise institucional; o projeto de intervenção, sua (re)elaboração; a análise reflexiva construída no último estágio; e o dossiê. Os espaços de supervisão coletiva e grupal também são significativos para qualificação do processo de aprendizagem e avaliação, operacionalizando-se através da: Supervisão coletiva - Encontros nos quais participam todos(as) as alunos(as) do nível e supervisores(as) pedagógicos(as), tendo em vista a apresentação das diretrizes do processo de supervisão, realização do diagnóstico educacional com sua respectiva devolução e o contrato pedagógico. Supervisão grupal - A freqüência é semanal, com a duração de quatro horas-aula, sob a coordenação do(a) professor(a) supervisor(a) e o do seu grupo de alunos (as). Constituem-se de momentos de construção, de problematizações, de reflexões e de sínteses sobre o processo de trabalho executado pelos(as) estagiários(as). O grupo de supervisão é formado: [...] por um conjunto relativamente pequeno de pessoas que mantém contatos face a face, ligadas por algum(ns) objetivo(s) comum(ns) que leva(m) a interagir e a estabelecer relações de reciprocidade. [...] Além disso, os grupos são mediadores entre a particularidade, a singularidade dos sujeitos e a totalidade social (genericidade, nível humano-genérico-abstrato ou universal), pois realizam a mediação entre os indivíduos e a formação social de que participam. Neles, cada indivíduo é representante de si mesmo e da história da sociedade em que vive (ANDALÓ, 2006, p. 68-69). Supervisão no Campo de Estágio - Instância que pretende assegurar o conhecimento do espaço e da realidade institucional e do cotidiano no qual o aluno(a) está inserido(a), criando-se a interlocução entre os(as) supervisores(as) acadêmicos (as), assistentes sociais de campo e aluno(a). Nessa interlocução, deverá desenvolver-se o trabalho em tríade, que tem como objetivo verificar e analisar a conjunção entre a proposta de trabalho do Campo e da Faculdade frente às condições reais de execução no espaço institucional. A partir disso, construir conjuntamente um projeto de intervenção que estabeleça mediações viáveis com o processo de trabalho profissional. Reuniões com Assistentes Sociais - Realizam-se no ambiente acadêmico, tendo como objetivo a articulação entre Serviço (instituições) e Ensino; articulação essa potencializada pelo debate e pela construção coletiva de mediações para a intervenção profissional do estagiário. Neste espaço, ocorrem oficinas de atualização, destinadas aos (às) assistentes sociais de campo, respondendo a uma demanda trazida pelos(as) mesmos(as), passando a ser constitutiva no processo de supervisão. Reuniões sistemáticas entre os(as) supervisores(as) acadêmicos(as) - Este espaço pretende garantir a unidade desta disciplina e tem como objetivo a elaboração e a discussão do planejamento, bem como a discussão do ensino, dos com-teúdos e dos campos de estágio trabalhados no semestre. Indicações bibliográficas - A bibliografia complementar que servirá de fonte de pesquisa para os(as) alunos(as) será discutida com os(as) acadêmicos(as) na metade do primeiro mês de cada semestre, correspondentes ao nível de inserção do(a) aluno(a), através da atividade do Inventário, para que desta forma os(as) alunos(as) possam consolidar as competências previstas nos objetivos de cada estágio. As referências bibliográficas relativas à área de inserção do(a) aluno(a)-estagiário(a) e, que não constam no inventário, serão indicadas pelos(as) supervisores(as) acadêmicos(as) conjuntamente com os(as) assistentes sociais de campo e das alunas e alunos.
Obs.: Os diários e relatórios do Nível III devem apresentar uma permanente avaliação do desenvolvimento do projeto de intervenção, revelando análise dos seus impactos para a instituição e para os sujeitos. O conteúdo dos diários e relatórios deverá ser expresso a partir da identificação de temáticas e sua contextualização.