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Transcrição:

À Mercê das Circunstâncias 1 Raphael MOROZ 2 Maria Zaclis Veiga FERREIRA 3 Universidade Positivo, Curitiba, PR RESUMO Este trabalho apresenta os conceitos teóricos que envolvem o tema da fotografia jornalística intitulada À Mercê das Circunstâncias. Esta, por sua vez, retratou - através de três personagens - a situação de alheamento em que grande parte dos idosos institucionalizados brasileiros se encontra. Essa situação é causada pelas transformações físicas, emocionais e sociais pelas quais a chamada terceira idade passa. PALAVRAS-CHAVE: Velhice; idosos; institucionalização; fotojornalismo 1 INTRODUÇÃO O envelhecimento do ser humano ocorre após a chamada maturação sexual, e é marcado por várias transformações do organismo. Ele ocorre em ritmo e velocidade diferentes de indivíduo para indivíduo, e implica em alterações físicas e psicológicas, além de mudanças nos papéis sociais (BIRREN; BENGSTON, 1988 apud NERI, 1995). Dessa maneira, o envelhecimento pode ser considerado um fenômeno, incapaz de mudar a personalidade do indivíduo, mas altamente apto a acentuar ou amenizar traços e tendências, tais como as paranóicas e depressivas (NOVAES, 1997). Alguns traços que surgem nesse período da vida são o comportamento de luto, a falta de interesse pelo mundo, a perda de auto-estima, a recusa de alimentos e inibição de atividade (NOVAES, 1997). Já que a velhice é marcada por diversas mudanças físicas e comportamentais, Maria Helena Novaes (1997) cita maneiras para o idoso superá-las: Envelhecer não é seguir um caminho já traçado, mas, pelo contrário, construí-lo permanentemente. O idoso confronta-se com novos desafios, outras exigências, devendo renunciar a uma certa forma de continuidade, sobretudo biológica, e desenvolver atitudes psicológicas que o levem a superar dificuldades e conflitos integrando limites e possibilidades (NOVAES, 1997, p. 24). 1 Trabalho submetido ao XVII Prêmio Expocom 2010, na Categoria Jornalismo, modalidade Fotografia jornalística. 2 Estudante do 7º Semestre do Curso de Jornalismo, e-mail: raphaelmoroz@gmail.com 3 Orientadora do trabalho. Professora do Curso de Jornalismo, e-mail: m.zaclis@gmail.com 1

Pelas particularidades e intensas alterações que a caracterizam, a velhice começou a ser discutida no Brasil há muito tempo, quando este ainda era uma colônia. O Conde de Resende 5º Vice-Rei da Colônia chegou a defender, em uma carta enviada a Portugal, uma velhice digna aos soldados. Em 1794 foi fundada, então, a Casa dos Inválidos, uma instituição que funcionava no Rio de Janeiro e atendia idosos que serviram à pátria brasileira (ALCÂNTARA, 2004). No século 20, diversas instituições filantrópicas passaram a ser criadas com o intuito de prestar cuidados a idosos. Além de velhos, elas abrigavam moribundos, inválidos, indigentes e até mesmo alcoólatras (Ibidem). A partir de 1960, a institucionalização da velhice deixou de ser ligada a práticas filantrópicas, e passou ser também uma fonte de renda, já que a população idosa aumentava consideravelmente na época (Ibidem). Nos dias de hoje, é possível visualizar, nessas instituições, idosos com os mais variados problemas de saúde, além de semblantes e atitudes surpreendentes. No entanto, a grande maioria deles apresenta uma característica marcante: está alheia a praticamente tudo que acontece à sua volta, estando à mercê das circunstâncias. De acordo com Bumpass (1991 apud BALTES; SILVERBERG, 1995), as perdas sociais tendem a ser mais intensas na velhice, o que acaba dificultando as relações sociais dos idosos. Sendo assim, por apresentar problemas de saúde, restrições tanto físicas quanto emocionais e relações sociais reduzidas que resultam em um afastamento social (BENNETT, 1980 apud BALTES; SILVERBERG, 1995), o idoso perde-se a si mesmo (NOVAES, 1997, p. 27). A foto apresentada neste trabalho retrata justamente esse processo de restrições físicas e emocionais, em que o idoso se vê alheio ao que acontece ao seu redor. 2 OBJETIVO O objetivo dessa fotografia jornalística é retratar a situação de alheamento dos idosos institucionalizados, incitando uma reflexão acerca das perdas físicas e emocionais dessas pessoas. 2

3 JUSTIFICATIVA Intercom Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação De acordo com dados da Síntese de Indicadores Sociais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a esperança média de vida no Brasil cresceu 3,3 anos entre 1998 e 2008. Além disso, o número de idosos no país aumentou de 8,8 para 11,1% entre esses mesmo anos (IDOSOS, 2009). Apesar se serem cada vez mais numerosos no Brasil, os idosos fazem parte de um processo da vida caracterizado por dificuldades físicas e psicológicas. Dentro desse contexto, há perdas físicas e biológicas significantes (BRODY; BROCK; WILLIAMS, 1987 apud BALTES; SILVERBERG, 1995), assim como mudanças referentes ao relacionamento social (BUMPASS, 1991 apud BALTES; SILVERBERG, 1995). Por sua presença cada vez mais massiva no Brasil e pelos problemas de ordem psicológica, física e social que apresentam, os idosos merecem destaque dentro do âmbito do jornalismo. Sendo assim, a foto apresentada neste trabalho é de suma importância para o assunto, já que o fotojornalismo é uma construção elaborada por um profissional (PEREIRA JÚNIOR, 2006, p. 111), e chega a ter, muitas vezes, mais importância do que o próprio texto jornalístico (SANTAELLA; NORTH, 2002 apud PEREIRA JÚNIOR, 2006). Sobre o ato de fotografar, Luiz Costa Pereira Júnior (2006) faz a seguinte constatação: Entre o ponto de atenção e bordas, há o sentido. Combinar elementos da imagem é adequar o que vemos a critérios de geometria das formas, conjugar algo desordenado na paisagem ao ordenamento do registro, o equilíbrio entre o que percebemos e queremos, um conceito dado ao objeto e o efeito obtido pela forma (PEREIRA JÚNIOR, 2006, p. 112). Essas características comprovam que o fotojornalismo é um mecanismo bastante eficiente para retratar o assunto proposto no presente trabalho. 4 MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS Para a produção da fotografia jornalística apresentada neste trabalho, foram levadas em consideração técnicas do fotojornalismo. Ao retratar o alheamento dos idosos institucionalizados através da fotografia, o autor deste trabalho teve em mente o significado que a imagem transmitiria a quem a visse. Essa atitude é, segundo Luiz Costa Pereira Júnior (2006), comum entre fotojornalistas. 3

Ao escolher o momento que seria fotografado, o autor do presente trabalho optou por uma abertura de diafragma de 5.6 f, e por um tempo de exposição de 1/600 seg. Devido a essa abertura de diafragma, o foco está no idoso em primeiro plano, estando os idosos em segundo e terceiro planos desfocados. 5 DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO Para a produção dessa fotografia jornalística, foi realizada uma pesquisa empírica dentro de uma instituição 4 curitibana que abriga idosos. Esse processo envolveu, primeiramente, uma conversa com um dos responsáveis pelo local, e posteriormente, uma visita às dependências da instituição. Durante essa visita, o autor do presente trabalho conversou rapidamente com vários idosos que residiam no local, tendo fotografado-os em diversos momentos. Além disso, os idosos que estavam ocupados com atividades oferecidas pelo asilo também foram fotografados. Após esta etapa, foi realizada uma pesquisa teórica acerca das temáticas velhice e institucionalização de idosos, que culminou com a escolha da fotografia que representava de maneira mais qualificada o assunto. A fotografia jornalística intitulada À Mercê das Circunstâncias mostra três idosos alheios a tudo que acontece à sua volta. Eles apresentam semblantes marcantes, e estão em cadeiras de roda por apresentarem imobilidade 5. Cada um está situado em um plano fotográfico, estando o primeiro deles em foco, e os outros, não. 6 CONSIDERAÇÕES Com a produção desse trabalho, foi possível perceber que, mesmo gozando de assistência médica, grande parte dos idosos institucionalizados se encontra numa situação de alheamento. Ele acontece devido às transformações físicas, emocionais e sociais pelas quais os idosos passam, sendo, portanto, inevitável em alguns casos. No contexto específico da fotografia produzida, o autor constatou que, mesmo estando fisicamente no local onde foram retratados, os personagens da imagem não eram 4 Para preservar a identidade da instituição, o autor do trabalho optou por manter o nome do local em sigilo. 5 De acordo com Bodachne (2000, p. 104), a imobilidade é a perda da capacidade de movimentar-se, o que acarreta prolongada permanência no leito ou em cadeiras. 4

vistos pelas pessoas que passavam constantemente por ali. Sem poder se mover em decorrências de problemas de mobilidade, os três idosos estavam à mercê das circunstâncias, alheios a tudo e a todos. REFERÊNCIAS BIBLIGRÁFICAS ALCÂNTARA, Adriana de Oliveira. Velhos institucionalizados e família: entre abafos e desabafos. Campinas, SP: Alinea, 2004. 149 p. (Velhice e sociedade). BALTES, Margret; SILVERBERG, Susan. A dinâmica dependência-autonomia no curso de vida. In: NERI, Anita Liberalesso (org.). Psicologia do envelhecimento: temas selecionados na perspectiva de curso de vida. Campinas, SP: Papirus, 1995. 276 p. BODACHNE, Luiz. As principais síndromes geriátricas. In: BAKKER FILHO, João P. de (org.). É permitido colher flores? Reflexões sobre o envelhecer. Curitiba, PR: Champagnat, 2000. 240 p. IDOSOS vivem mais e chegam a 21 milhões no país. R7 Notícias, 09 out. 2009. Disponível em: <http://noticias.r7.com/brasil/noticias/idosos-vivem-mais-e-chegam-a-21-milhoes-nopais-20091009.html>. Acesso em: 10/04/2010. NERI, Anita Liberalesso. Psicologia do envelhecimento: uma área emergente. In: NERI, Anita Liberalesso (org.). Psicologia do envelhecimento: temas selecionados na perspectiva de curso de vida. Campinas, SP: Papirus, 1995. 276 p. NOVAES, Maria Helena. Psicologia da terceira idade: conquistas possíveis e rupturas necessárias. 2.ed. -. Paulo de Frontin: NAU, 1997. 167 p. PEREIRA JUNIOR, Luiz Costa. Guia para a edição jornalística. Petropolis: Vozes, c2006. 198 p. (Fazer jornalismo). 5