UNIVERSIDADE TUITÍ DO PARANÁ Márcia Cristina Wandrovelzti HIPERATIVIDADE X RITALINA Curitiba 2009
HIPERATIVIDADE X RITALINA Curitiba 2009
Márcia Cristina Wandrovelzti HIPERATIDADE X RITALINA Artigo apresentado a conclusão do curso de Psicopedagogia, sob a orientação da professora Maria Letízia Marchese. Universidade Tuiuti do Paraná. Para o curso de Psicopedagogia. Curitiba 2009
2. JUSTIFICATIVA A observação de crianças com TDAH no convívio escolar, me levou a pesquisa sobre o uso de medicação (Ritalina). A Ritalina é um remédio conhecido a cerca de 40 anos; é usado principalmente em crianças que apresentam Hiperatividade ou Déficit de Atenção, caracterizado pela dificuldade de concentração. Essas crianças não conseguem centrar a atenção em uma única coisa. Esse distúrbio não afeta a inteligência, mas traz dificuldades de aprendizado e até de convívio social, porque são crianças que não conseguem ficar quietas e acabam incomodando os outros. Segundo alguns especialistas, a Ritalina é muito eficaz no controle do distúrbio, sendo interrompido depois de alguns anos de uso, portanto ela não causa dependência. Mas vale sempre lembrar que só um especialista é quem pode determinar o uso do medicamento. Uma pesquisa feita para avaliar a segurança do metilfenidato sobre o cérebro em desenvolvimento descobriu que animais com capacidade psicomotora prejudicada melhoram com o tratamento. Isso indicaria que em pacientes com hiperatividade, com transtorno de déficit de atenção, a Ritalina poderia ajudar positivamente no desenvolvimento cerebral. A Ritalina é muito útil, usada desde 1954, mas ela não estuda, não faz lição de casa, não acorda cedo. O tratamento não é só tomar o remédio e esperar os sintomas desaparecerem. Um pré-requisito para o tratamento dar certo: MOTIVAÇÃO. Sem motivação pode-se fazer tratamento que nada vai mudar.
3. PROBLEMATIZAÇÃO Até que ponto a Ritalina pode ser considerada uma alternativa de tratamento na fase inicial de desenvolvimento de crianças com TDAH? A prescrição do Cloridrato Metilfenidato para criança portadoras de TDAH pode ser considerada como alternativa viável? Os pacientes hiperativos (crianças ou adultos) sofrem com o problema da desatenção (ou melhor, instabilidade de atenção) uma vez que facilmente se distraem, o que fatalmente gera um comprometimento global de suas atividades. Além disso, a grande maioria é impulsiva, age sem muitas vezes avaliar as conseqüências de suas decisões (as quais são tomadas num espaço muito curto de tempo), e por isso além de sofrerem as conseqüências de suas escolhas erradas, acabam também freqüentemente sendo mal interpretados, dada a rapidez com que respondem a estímulos; podendo parecer explosivos, irritáveis, egoístas e até mesmo manipuladores. Estes são mais emoção do que razão. Comprovadamente existe nesses pacientes um funcionamento inadequado da região frontal do cérebro, bem como a instabilidade de algumas substâncias químicas presentes no cérebro, sendo a dopamina a principal delas, fazendo com que o portador de Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade seja tão impulsivo e hiper-reativo a pequenos estímulos. Hiper-reatividade a pequenos estímulos faz com que durante uma aula importante esses pacientes se distraiam por uma mosca ou cochicho de alguma pessoa próxima. No campo dos sentimentos, essa hiper-reatividade pode fazer com que uma crítica banal derrube o dia de um Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade, assim como uma novidade interessante o puxe de volta para cima. Ainda que alguns tratem o problema como "modismo"; pais, educadores e profissionais de saúde devem estar atentos ao problema que é hoje o distúrbio neurocomportamental mais comum na infância. O portador de TDAH costuma ter muita dificuldade em manter a atenção, não costuma notar detalhes, erra por descuido em atividades escolares e profissionais. Muitas vezes, parece não ouvir quando lhe dirigem a palavra, começa várias coisas e não termina, perde ou esquece coisas, não gosta de se envolver em atividades que exijam esforço mental constante. É comum agitar mãos, pés, sentir-se "a mil por hora", ou como se estivesse "a todo vapor". Em geral, os mais impulsivos falam em demasia, se metem em assuntos alheios, não conseguem ficar parados, se sentem extremamente desconfortáveis em filas ou salas de espera. Dão respostas precipitadas antes mesmo de o seu interlocutor haver terminado a pergunta; interrompem os outros frequentemente e, muitas vezes, têm baixa auto-estima por apresentarem (em sua maioria) prejuízo acadêmico, dificuldades de relacionamento, interferência no desenvolvimento educacional e social e maior predisposição a distúrbios
psiquiátricos (como ansiedade exagerada, fobias, depressão, dependência química, compulsões e outros). Imagine como sofreram e como sofrem as crianças que crescem sem o diagnóstico e o devido tratamento. Estas crianças costumam ser cobradas num nível de exigência bastante aumentado, mesmo não estando em condições de igualdade com as outras crianças. Não devido a uma suposta falta de inteligência, já que estas crianças são extremamente inteligentes e mais criativas que a média, mas pela instabilidade de atenção e por se sentirem desanimadas quando o assunto é a atividade acadêmica, pois injustamente não conseguem transformar seu enorme potencial em resultados. Procurar ajuda profissional certamente muda o futuro de uma criança com TDAH, uma vez que a infância é a fase mais importante na vida de um indivíduo no que tange a formação da sua personalidade, a construção de sua auto-imagem e habilidades sociais 4. HIPÓTESES
O tratamento com a medicação, Ritalina, deve ser aplicado até que ela obtenha controle e conduta independente e autônoma. E o portador de TDAH seja considerado apto a se desenvolver, aprender e relacionar-se com os país, professores e colegas. 5. OBJETIVO GERAL Identificar a eficiência do tratamento com Ritalina, na fase inicial do desenvolvimento da criança com TDAH. 6. OBJETIVO ESPECÍFICO Uma criança (seja com remédio, seja com Psicopedagogia) costuma mudar rapidamente com a medicação. As aulas ficam mais interessantes e melhora a convivência com colegas e professores. A Ritalina é como óculos para o cérebro. O que a pessoa vai fazer com a visão melhorada (mais foco, mais concentração menos impulsividade) depende também de disciplina própria e esforço conjunto do paciente, sua família, seu terapeuta. 7. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) era, anteriormente, conhecido como Distúrbio de Déficit de Atenção ou Disfunção Cerebral Mínima. A Ritalina é indicada como parte de um programa de tratamento amplo, que tipicamente inclui medidas psicológicas, educacionais e sociais; direcionada a crianças estáveis com uma síndrome comportamental, caracterizada por distractibilidade moderada a grave, déficit de atenção, hiperatividade, labilidade emocional e impulsividade. O diagnóstico deve ser feito de acordo com as normas na CID-10. Considerações especiais sobre o diagnóstico de TADH: A etiologia específica dessa síndrome é desconhecida e não há diagnóstico específico. O diagnóstico correto requer uma investigação médica, neuropsicológica, educacional e social. As características comumente relatadas incluem: história de déficit de atenção, distractibilidade, labilidade emocional, impulsividade, hiperatividade moderada a grave e sinais neurológicos menores. O aprendizado pode ou não ser prejudicado. O diagnóstico deve ser baseado na história e avaliação completas da criança, e não apenas na presença de uma ou mais características. O tratamento medicamentoso não é indicado para todas as crianças com a síndrome. Os estimulantes não são indicados as crianças que apresentam sintomas secundários a fatores ambientais (em particular, crianças submetidas a maus tratos) e/ou distúrbios psiquiátricos primários, incluindo-se psicoses. Uma orientação educacional apropriada é essencial e a intervenção psicossocial é geralmente necessária. Nos locais em que as medidas corretivas isoladas forem comprovadamente insuficientes, a decisão de se prescrever um estimulante (Ritalina), deverá ser baseada na determinação rigorosa da gravidade dos sintomas da criança. A Ritalina tem como substância ativa o Metilfenidato, que atua como um fraco estimulante do sistema nervoso central. Para o neurologista Steven Rose, a doença chamada de distúrbio de hiperatividade e déficit de atenção, que supostamente afeta 10% das crianças pequenas (principalmente meninos), é caracterizada por fraco desempenho na escola, incapacidade de se concentrar nas aulas ou de ser controlado pelos pais. Supostamente é a conseqüência de uma função cerebral defeituosa, associada a outro neurotransmissor, a Dopamina. O tratamento prescrito é um remédio análogo a anfetamina, chamado Ritalina.
Dizem que as crianças não tratadas apresentam um risco maior de se tornarem criminosas, e há uma literatura em expansão sobre a genética do comportamento criminoso e anti-social. Será essa uma abordagem médicapsiquiátrica apropriada para um problema individual?... Não há dúvidas de que a Ritalina funciona, como o testemunho de crianças entrevistadas (...). Entretanto a Ritalina não cura o TDAH mais que a aspirina cura a dor de dente. Mascarar a dor psíquica indicada pelo comportamento destrutivo pode propiciar um espaço para os pais e professores respirarem e para a criança negociar um relacionamento novo e melhor; mas, se a oportunidade não for agarrada, mais uma vez vamos nos encontrar tentando ajustar a mente, em vez de ajustar a sociedade. - Palavras do livro O Cérebro do Século XXI de Steven Rose. Uma forma de auxiliar o efeito da medicação é proposto como alternativa: Mudanças na dieta muitas vezes eliminam a necessidade do uso de medicações. A retirada do açúcar refinado e de alimentos processados que contenham corantes, flavorizantes, adoçantes e conservantes, como benzoatos, nitratos, sulfitos, silicato de cálcio, BHT, BHA, peróxido de benzoíla, emulsificantes, espessantes, estabilizantes, gomas vegetais e amido da dieta são essenciais. Várias frutas e hortaliças contêm salicilatos que têm implicação na hiperatividade, como amêndoa, maçã, damasco, banana, cereja, uva, limão, melão, nectarina, laranja, pêssego, ameixa, ameixa-seca, passa, framboesa, pepino, ervilha, pimentão-verde, pimenta-malagueta, picles e tomate. Um estudo publicado no Pediatrics relata que mais de 50% das crianças hiperativas demonstraram redução nos sintomas de hiperatividade seguindo uma dieta restritiva que não continha aditivos artificiais e químicos, chocolate, glutamato monossódico, conservantes e cafeína. Não se pode falar em cura do TDAH, como não se fala, por exemplo, em cura do diabetes. É uma condição que pode, e deve, ser mantida sobre controle. O efeito da medicação é provisório, permanece pelo tempo que a substância estiver no organismo. No caso da Ritalina, o efeito de 10 mg dura em torno de 4 horas. Quando o efeito do remédio acaba, todos os sintomas retornam. É preciso ressaltar que o fato da Ritalina produzir efeitos limitados, não significa que ela não deve ser usada como parte de um plano de tratamento, quando corretamente indicada. Significa, antes, que qualquer modalidade de tratamento deve ser levada em conta, tanto o alívio dos sintomas quanto a necessidade de
desenvolver no cliente novos padrões de comportamento, que a habilitem a lidar de forma mais eficaz e sustentada com as restrições do TDAH. No estudo feito pela Academia Americana de Pediatria, mostra que a Ritalina não causa dependência de maneira nenhuma. A Ritalina é usada em larga escala e segundo as estimativas, entre quatro à seis milhões de crianças, em países como os Estados Unidos e mais restritamente em outros países, caso do Brasil. Por isso há um controle rigoroso sobre a compra, que só pode ser feita com um receituário fornecido pela secretaria de saúde. Isso porque a Ritalina é um estimulante do sistema nervoso central, e, como todo medicamento, produz efeitos colaterais, sendo o mais comum a falta de apetite. O médico tem que supervisionar o tratamento, mas a Ritalina é muito eficaz no controle do distúrbio, sendo interrompida depois de alguns anos de uso. Estudo indica que a Ritalina pode aumentar a taxa de lembrança. Parece até um paradoxo, mas o TDAH se trata com o estimulante Metilfenidato. Estimulante para hiperativo? Pois é, mas faz sentido quando se entende o funcionamento: a substância estimula o funcionamento do córtex préfrontal, o que ajuda o paciente a controlar seus impulsos e a focar a atenção. Quando o efeito do remédio passa, é visível a modificação do comportamento, a criança fica agitada, fala mais alto e não presta atenção no que é dito. O estimulante é um paliativo; resolve temporariamente o problema e oferece condições de se levar uma vida praticamente normal. O ideal é que, com o amadurecimento, o paciente aprenda a se controlar sozinho; e é nas férias escolares que os pais podem fazer o teste, suspendendo a medicação. A criança começa o ano letivo sem o remédio e se houver a adaptação, não é necessário voltar o uso. A medicação ajuda a manter o foco; a psicoterapia fortalece a auto estima e ensina o paciente a se controlar melhor; o psicopedagogo os mantém atentos em sala de aula, para um melhor rendimento escolar, e, por conseqüência, um êxito maior no final do ano letivo. Há quem use a dispersão e o pensamento caótico do TDAH a favor da criatividade. Por isso, a doença é conhecida como o distúrbio dos gênios.
Como exemplo disso, temos: Leonardo Da Vinci inventor e pintor brilhante, escrevia de trás para frente e deixou várias obras inacabadas. Mozart compositor inigualável, foi expulso da faculdade por faltas injustificáveis e desatenção Thomas Edson inventor da lâmpada era considerado atrasado na escola. A mãe o educou sozinha. Albert Einstein físico visionário quando adulto, demorou a aprender a falar, só foi alfabetizado aos 9 anos. As crianças com TDAH necessitam da intervenção psicopedagógica. Cerca de 25 a 30% das crianças e adolescentes com TDAH apresentam problemas de aprendizagem secundários ou associados ao transtorno. Nesses casos, a intervenção psicopedagógica é fundamental. É importante ressaltar que a maioria doa adolescentes com o transtorno são diagnosticado tardiamente. Logo, já existem lacunas de aprendizagem que necessitam ser abordadas por meio de um trabalho de reconstrução das habilidades e conteúdos. Tal reconstrução deve ser feita por um profissional especializado (psicopedagogo ou fonoaudiólogo), pois o tratamento sintomatológico ou de reforço de conteúdo não resolve as seqüelas de aprendizagem que ficaram para traz. Em conjunto ou após o atendimento psicopedagógico, as vezes, é necessário um acompanhamento pedagógico, feito pelo professor, que ajude a prevenir novas lacunas na aprendizagem.
8. PROCEDIMENTO METODOLÓGICO Avaliar o comportamento de crianças com TDAH em escolar, e, comparar, o uso do medicamento e o não uso do mesmo. Pesquisa de Campo Levantamento Geral: Serão avaliados alguns alunos, da escola, diagnosticados com TDAH, que tomam ou não o Clorato Metilfenidato. Esses alunos serão entrevistados por uma psicopedagoga que realizará testes específicos de atenção. 9. CRONOGRAMA
10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS - BENCZIK, Edyleine B. P. Psicóloga e Psicoterapêuta - FARIAS, Dr. Antônio Carlos. Neuropediatra - ROHDE, Luiz Augusto P. Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. Editora Artes Médicas Sul 1999. - Internet: www.universotdah.com.br acessado dia 27 de maio de 2009. www.tdah.org.br acessado dia 25 de maio de 2009
ANEXO
Abaixo, um questionário que ajudará os educadores a complementar o diagnóstico do TDAH. Para cada item, escolha a coluna que melhor descreve o(a) aluno(a) (MARQUE UM X):
Como avaliar: 1) se existem pelo menos 6 itens marcados como BASTANTE ou DEMAIS de 1 a 9 = existem mais sintomas de desatenção que o esperado numa criança ou adolescente. 2) se existem pelo menos 6 itens marcados como BASTANTE ou DEMAIS de 10 a 18 = existem mais sintomas de hiperatividade e impulsividade que o esperado numa criança ou adolescente. O questionário SNAP-IV é útil para avaliar apenas o primeiro dos critérios (critério A) para se fazer o diagnóstico. Existem outros critérios que também são necessários. IMPORTANTE: Não se pode fazer o diagnóstico de TDAH apenas com o critério A! Veja abaixo os demais critérios. CRITÉRIO A: Sintomas (vistos acima) CRITÉRIO B: Alguns desses sintomas devem estar presentes antes dos 7 anos de idade. CRITÉRIO C: Existem problemas causados pelos sintomas acima em pelo menos 2 contextos diferentes (por ex., na escola, no trabalho, na vida social e em casa). CRITÉRIO D: Há problemas evidentes na vida escolar, social ou familiar por conta dos sintomas. CRITÉRIO E: Se existe um outro problema (tal como depressão, deficiência mental, psicose, etc.), os sintomas não podem ser atribuídos exclusivamente a ele.
Aqui tem-se um parecer sobre os questionários realizados com pais de alunos que possuem hiperatividade. Mostrando a diferença de quem toma ou não o remédio (Ritalina), identificando a necessidade da inclusão deste medicamento na vida desta criança. - De acordo com os resultados obtidos nos questionários feitos aos pais de alunos com TDAH, é bem claro a diferença de crianças que fazem uso da Ritalina, e os que não fazem. - Os que fazem uso do medicamento, já conseguem se controlar mais em vários aspectos, tanto na escola, como em casa ou socialmente. - Já as crianças que não fazem uso do medicamento, continuam com muitas dificuldades, como a falta de atenção, concentração, impulsividade, teimosia entre outros sintomas. Portanto, entende-se que o medicamento, Ritalina, só vem ajudar e auxiliar crianças na escola, em casa ou mesmo na vida social. Contudo, é sempre bom afirmar e lembrar que, juntamente com o uso da medicação, é preciso o auxílio efetivo dos pais, psicólogo ou psicopedagogo e avaliações periódicas de um neurologista. Pois com este conjunto de ajudas fará da vida desta criança, mais tranqüila, centrada e feliz.