Cinco especialistas dizem o que devem fazer os empreendedores que pretendam lançar. novos negócios em tempos adversos.



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Transcrição:

Cinco especialistas dizem o que devem fazer os empreendedores que pretendam lançar novos negócios em tempos adversos.

10 dicas para o sucesso Se quer lançar um negócio em 2012, não descole os olhos do papel. A palavra "crise" não é antónima de oportunidades. É possível empreender em anos de contracção económica, segundo os especialistas. Para saber o que fazer, conheça os conselhos de Daniel Bessa, Sara Medina, Francisco Maria Balsemão, Vasco Bordado e Jorge Farinha, anapimentel Os portugueses WÊÊ estão a ficar mais pobres. Apar das falências, ordenados em atraso, cortes salariais e do aumento do custo devida, prevê-se que a taxa de desemprego continue o seu caminho ascendente. Por outro lado, alguns especialistas acreditam que as crises são óptimas oportunidades para as "startups" inovarem, sobressaírem e crescerem. Se tem aquela ideia de negócio na gaveta, pode começar por abrila e montá-la. Precisa é de ter em atenção a área de actividade em que se vai lançar, o mercado a que se quer dirigir e como quer fazer chegar o seu produto ou serviço aos futuros clientes. Para o ajudar, o Negócios contactou cinco especialistas disponíveis para aconselhá-lo nesta "empreitada". Com carreiras dedicadas ao empreendedorismo, inovação e negócios, todos estão de acordo: a actual crise não é só "desgraças", também pode trazeroportunidades. "Ja manifestei publicamente, em diferentes ocasiões, a ideia de que a crise traz oportunidades de negócio. A retracção económica pode abrir portas não só a negócios adequados ao 'espírito do tempo' como a projectos empresariais inovadores, criativos e de valor acrescentado", afirma Francisco Maria Balsemão, presidente da ANJE - Associação Nacional de Jovens Empresários. Ou seja: os empreendedores podem, através da inovação, contornar as dificuldades impostas pela crise e serem bem sucedidos. E preciso que se adeguem às circunstâncias actuais. "Quando falo em negócios adequados ao 'espírito do tempo', refiro-me ao facto de, havendo menos dinheiro disponível, os consumidores tenderem a ser mais selectivos nas suas compras." O presidente da ANJE acredita que aquilo que os consumidores mais procuram são produtos ou serviços de utilidade imediata e com boa relação entre o preço e a qualidade. Outros factores a ter em conta são a durabilidade comprovada, os factores de diferenciação e a capacidade de gerarem emoções. Que estimulem "a auto-estima num momento difícil como o que estamos a viver". Para que tudo corra bem, os futuros empresários devem perceber o actual funcionamento do mercado, ou seja, antever o comportamento de quem compra, aspecto que pode ser mais importante do que elaborar sofisticadas estratégias de venda, segundo Francisco Balsemão. Para Daniel Bessa, director da Cotec - Associação Empresarial para a Inovação, o que distingue um empreendedor é a capacidade de identificar oportunidades de negócio e não sectores. "Não acredito que haja áreas inteiramente vedadas ao aparecimento de novas oportunidades. É assim em qualquer geografia e em qualquer tempo", diz. O ex-ministro da Economia confia que, em conjunturas como a actual, as oportunidades de negócio se multiplicam. "Pode ser difícil descobri-las, mas, que as há, há." Ultrapassar barreiras Os sectores que estiverem mais expostos ao mercado interno serão os mais críticos na actual conjuntura, aponta Francisco Balsemão. "O comércio a retalho e a restauração são os mais penalizados nesta fase, mercê de uma redução abrupta do procura interna motivada, sobretudo, pelo corte nas despesas do Estado, pela generalizada falta de confiança dos agentes económicos e pelo agravamento da carga fiscal, designadamente em sede de IVA", revela. Mas não se fica por aqui. O presidente da ANJE desaconselha o

investimento no sector da construção civil, que foi vítima do excesso de oferta imobiliária, das restrições ao crédito bancário e do agravamento da carga fiscal. "Há obstáculos externos e internos, mas os últimos são os mais relevantes", afirma Vasco Bordado, professor de Empreendedorismo na AESE - Escola de Direcção e Negócios. E enuncia dez: insegurança, medo do fracasso, alto nível de risco, não ter horários, burocracia, dificuldade de financiamento, pouco tempo dedicado à família, solidão, gerir pessoas e a frustração. Não há receitas para ultrapassá-los, mas o professor acredita que trabalhar de forma inteligente e tomar decisões planeadas e ponderadas, ajuda. "Importante é possuir estas três características: 'know-how' do negócio, entusiasmo e persistência", afirma. Jorge Farinha, vice-presidente da EGP-ÜBS - Escola de Negócios do Porto, acrescenta que é necessário eliminar a burocracia desnecessária e os entraves aos surgimento e à liquidação de empresas. "Portugal tem de ter consciência que, pela reduzida dimensão do mercado, não pode multiplicar iniciativas e organismos de apoio a um mesmo objectivo", explica. Como principais obstáculos, também aponta as dificuldades e morosidade na obtenção de alternativas de financiamento, seja de capital de risco ou bancário, e a própria cultura nacional, que, segundo o especialista, é pouco favorável ao espírito de empreendedorismo. Daniel Bessa e Sara Medina, administradora da SPI - Sociedade Portuguesa de Inovação, concordam com a dificuldade no acesso ao financiamento. "Refiro-me, sobretudo, aos países da área do curo, em particular àqueles que se debatem com o problema da sua dívida soberana", revela o director da Cotec. As taxas de juro elevadas não ajudam, segundo Sara Medina. "É crucial ter um modelo de negócio bem pensado e realizar uma boa preparação para apresentar o projecto a potenciais investidores ou realizar candidaturas a fundos públicos." Mais e melhores alternativas Menos capital, mais mercado externo, menos receios e mais inovação. Daniel Bessa só vê uma solução: adoptar modelos de negócio com menor necessidade de capital e recorrer menos ao financiamento bancário. Como? Aumentando o recurso a capitais próprios, incluindo soluções de capital de risco. "0 momento difícil que estamos a viver pode ser, apesar de tudo, uma oportunidade de mudança para o tecido empresarial português", diz Francisco Balsemão. A aposta em organizações mais empreendedoras, menos dependentes de capital externo, vocacionadas para a internacionalização e claramente alicerçadas nos factores competitivos da economia do conhecimento (inovação, investigação e desenvolvimento, qualidade e criatividade) pode ser o agente catalisador que a economia precisa. "Os negócios do futuro passam, em larga medida, pela conversão do conhecimento em valor empresarial, o que se convencionou designar por inovação. Actualmente, esta é um factor determinante para o sucesso empresarial", revela. Porquê? Porque permite criar novos produtos e serviços, adoptar estruturas organizacionais mais profícuas, introduzir processos produtivos mais sofisticados e elaborar modelos de relacionamento mais eficazes entre a organização e o consumidor. Todas as áreas podem ser mais propícias ao sucesso na actual conjuntura, segundo Vasco Bordado, desde que sejam válidas além-fronteiras, explica. "0 mercado nacional é muito pequeno, mas se os portugueses juntarem rigor à sua criatividade são imbatíveis em qualquer parte do mundo." Sara Medina é mais específica: "o empreendedorismo de base tecnológica apresenta um elevado dinamismo e um forte potencial de crescimento em Portugal", revela. As áreas europeias que destaca são a saúde, alimentação, agricultura, biotecnologia, tecnologias de informação e comunicação, nanociência, nanotecnologias, novas tecnologias de produção, energia, ambiente, transportes, aeronáutica, ciências socio-económicas, humanidades, espaço e segurança. Por isso, a especialista acredita que é um erro olhar apenas para o mercado nacional, visto "o mercado externo constituir inúmeras oportunidades". Os alvos são os Estados Unidos da América, China, Espanha, Bélgica, Angola e Brasil. 0 presidente da ANJE é claro: os empresários e gestores devem evitar que os receios que a actual conjuntura levanta inibam as empresas de realizar investimentos estratégicos e com elevado potencial de retorno. Não devem ser motivo para cortes de despesa ou de recursos humanos, que penalizem o negócio, nem devem conduzir à deterioração da qualidade de bens e serviços, impedir a rentabilização dos meios tecnológicos e a travagem de oportunidades de internacionalização. "As dificuldades económicas podem conduzir as empresas a reacções extemporâneas e potencialmente nefastas, como a alteração radical de planos estratégicos, adulteração da missão e da cultura institucionais, degradação das relações com o consumidor, desvalorização das questões ambientais, responsabilidade social ou de ética empresarial", acrescenta.

Daniel Bessa I "Não acredito que haja áreas inteiramente vedadas ao aparecimento de novas oportunidades", afirma o director da Cotec.

"Em economia, há pecados que são mortais." DANIEL BESSA "E um erro olhar apenas para o mercado nacional" SARA MEDINA Daniel Bessa é o actual director da COTEC - Associação Empresarial para a Inovação. Entre 1995 e 1996, foi ministro da Economia, Indústria, Comércio e Turismo do Governo de António Guterres. Licenciado em Economia pela Faculdade de Economia do Porto, doutorou-se em Economia, pelo Instituto Superior de Economia, da Universidade Técnica de Lisboa, em 1986. Entre 1970 e 1999, foi professor na Faculdade de Economia do Porto e, entre 1988 e 2000, no Instituto Superior de Estudos Empresariais do Porto. Está, desde 2000, na escola de Gestão do Porto onde até foi presidente da Direcção. Desde Junho de 2009 que é o homem por trás do leme da COTEC. Sara Medina é administradora da Sociedade Portuguesa de Inovação e da SPI Ventures. Membro da direcção da Associação Portuguesa de Business Angels, licenciou-se em Engenharia Alimentar pela Escola Superior de Biotecnologia em 1995. Tirou um mestrado em Estudos Alimentares num programa organizado porcincc universidades europeias e doutorou-se em Economia Agro-Alimentar pela Universidade da Florida. Iniciou a sua carreira como consultora na Accenture, tendo integrado a SPI em 2003. Em 2007, passou a administrar e coordenar as actividades e serviços da SPI na China. Em 2009, chegou a SPI Ventures, cuja missão é criar e desenvolver negócios, através da selecção de oportunidades emergentes.

"Se os portugue rigor à sua criati imbatíveis em q do mundo." ses juntarem vidade são ualquer parte VASCO BORDADO Vasco Bordado é professor da cadeira de Empreendedorismo da AESE - Escola de Direcção e Negócios e presidente do Conselho de Administração da NAVES - Sociedade de Capital de Risco, lançada pela instituição. Licenciado em Engenharia Civil pelo Instituto Superior Técnico, frequentou o nono Programa de Alta Direcção de Empresas da AESE, onde é consultor sénior e responsável pela área de Novas Aventuras Empresariais dos Executive MBA AESE/lESE. Começou a sua actividade profissional no Laboratório Nacional de Engenharia Civil, em 1972, e, entre 1994 e 2003 pertenceu à Alta Direcção do Grupo Banco Comercial Português, foi presidente da CISF Risco e CISF Imobiliária, entre outras funções.

"A inovação é um factor determinante para o sucesso empresarial" FRANCISCO MARIA BALSEMÃO "Antes de avançar, é preciso perceber se existe mercado" JORGE FARINHA Francisco Maria Balsemão é presidente da ANJE - Associação Nacional de Jovens Empresários, comissário para o Empreendedorismo da APDC - Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações e Director da Revista Comunicações. É ainda administrador do canal de televisão SIC, da Impresa Publishing, da Compta e é gerente da impresa serviços. Mais: é vicepresidente do Conselho Geral da AIP - Associação Industrial Portuguesa e director de Negócios Internacionais e Roaming da TMN. É licenciado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores, ramos de Telecomunicações e Electrónica, pelo Instituto Superior Técnico, pós-graduado em Gestão de Empresas-de Telecomunicações. Jorge Farinha é licenciado em Economia, pela Faculdade de Economia do Porto (FEP), tendo obtido o prémio Fundação Engenheiro António de Almeida. Fez um MBA pelo INSEAD, em Fonntainebleau, França, e doutorou-se em Finanças pela Universidade de Lancaster, no Reino Unido. Desempenhou funções como analista financeiro na CISF - Companhia e Serviços, de Investimentos foi directoradjunto no Departamento de Fusões e Aquisições do BPI e consultor de empresas. É membro não executivo no Conselho de Administração da Martifer desde 2008 e foi professor na FEP até 2000. A partir daí integrou o corpo docente da EGP-ÜBS, onde é, actualmente, vice-presidente. Tome nota 1 Avaliar o mercado Evitar correr atrás daquilo que os outros dizem ser uma oportunidade de sucesso. Jorge farinha explica que, antes de avançar, é preciso perceber se existe mercado para o produto ou serviço que quer lançar, se existe alguma oferta semelhante e de que forma esta pode ser uma ameaça. Sara Medina avança que não é preciso ambicionar o mercado todo. Criar produtos e serviços direccionados para um nicho de mercado pode ser a solução. 2 Abrir o processo de inovação Esconder o projecto é contraproducente, por isso, a administradora da SPI desaconselha o empreendedor a manter a sua ideia em segredo. "Quanto mais aberto for o processo de inovação, mais fácil se torna conhecer bem o mercado, começar a ganhar aceitação, interagir, aprender com os principais stakeholders e encontrar soluções

que, de outra forma, não seria possível." 3 Formar equipas multidisciplinares Sara Medina recomenda que a equipa seja composta por pessoas com competências diversificadas, que consigam cobrir diferentes vertentes de um negócio. Desta forma, tornam-se mais criativas e dinâmicas, permitindo reunir conhecimento que consiga responder às diversas necessidades da 4empresa. instabilidade estratégica e desorientação conduzem habitual mente à parai isia das empresas, uma reacção que é de todo indesejável, num contexto que obriga, acima de tudo, a agir com determinação." importante é contornar as dificuldades e aproveitar as oportunidades que a crise encerra. 6 Quais são as ferramentas essenciais Daniel Bessa não hesita. Para ter sucesso, é preciso elaborar um plano de negócios consistente, não menosprezar as competências de gestão, consumir o mínimo de capital e dotar-se dos capitais 8 Gerir com sabedoria Num contexto recessivo, impõe-se uma avaliação mais cuidada e rigorosa do risco na tomada de decisões de gestão. As empresas devem ponderar a realização dos investimentos e os montantes envolvidos, encontrar fontes de financiamento alternativas ao crédito bancário, reposicionar produtos e serviços tendo em conta a redução da procura, estabelecer parcerias estratégicas com outros agentes económicos, trabalhar mais em rede e cultivar um relacionamento mais próximo com o consumidor ou cliente. vergonha do fracasso Não aos custos e à afinidade "Em economia, há pecados que são mortais", afirma Daniel Bessa. O empreendedor deve evitar ao máximo os custos fixos e o excesso de endividamento. Vasco Bordado desaconselha os recémempresários a remunerarem-se bem demais nos dois primeiros anos de atividade, bem como contratar família e amigos, pela afinidade e disponibilidade em detrimento da competência. Mais: devem evitar subavaliar custos e sobreavaliar receitas e ignorar a concorrência. 5 Um Xanax para a crise Os empresários e gestores devem evitar entrar em pânico perante a conjuntura económica adversa, segundo Francisco Balsemão. "O medo, falta de confiança, próprios indispensáveis (sem alavancar demasiado ou entrar em níveis de risco demasiado elevados. O empreendedor deve prestar a maior atenção à produtividade e à contenção 7 de custos. Definir uma estratégia de venda As boas ideias são precisas, mas não bastam. É preciso garantir uma carteira de clientes de base e avançar depois. "Vender primeiro, produzir depois", diz Jorge Farinha. Por isso, quem quiser lançar um negócio deve estar sempre olhos abertos para identificar as oportunidades e agir proactivamente. Existem várias iniciativas e organismos de apoio ao empreendedorismo. "O empreendedor não está sozinho: pode e deve procurar ajuda de especialistas", diz Sara Medina. 9 Procurar mercados internacionais As empresas exportadora com capacidade e de internacionalização devem procurar mercados internacionais menos expostos à crise económica, como os BRIC (Brasil, Rússia, índia e China) e a África lusófona. "Estes não só registam aumentos da procura interna, ao contrário da Europa e dos EUA, como têm ainda muitas carências por suprir, ao nível das infra-estruturas básicas, comunicações e tecnologias. Ou seja, há maiores oportunidades de negócio nestes mercados, sobretudo para sectores de média e alta tecnologia", diz o presidente da ANJE. 10 Não ter

Jorge Farinha diz que a motivação e a resistência à frustração são essenciais para lançar um negócio. "Os empreendedores de sucesso raramente acertam à primeira, mas têm de ter perseverança", diz. Vasco Bordado junta três características: competência, entusiasmo e não ter vergonha do fracasso. Recomenda suas citações: "Um objetivo sem um plano é só um desejo", de Saint- Exupéry, e "Se nos últimos anos não alterou uma opinião importante nem adquiriu uma nova, verifique o seu pulso. Pode estar morto," de Gelett Burgess.