Avaliação da Qualidade Ambiental dos Espaços Verdes Urbanos no Bem-estar e na Saúde



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Transcrição:

Paula Santana Helena Nogueira Rita Santos Cláudia Costa Avaliação da Qualidade Ambiental dos Espaços Verdes Urbanos no Bem-estar e na Saúde A evidência científica vem reforçar a importância dos espaços verdes urbanos na saúde, directamente, através da associação com bons estados de saúde auto-avaliada e longevidade ou indirectamente, através da melhoria da qualidade ambiental. Alguns autores argumentam que a relação entre os espaços verdes e a prática de actividade física não é clara. Este texto é apenas o primeiro de outros que, se espera, venham a clarificar a relação entre espaços verdes urbanos e a prática de actividade física e os impactes dessa associação na saúde da população. O que se pretende com este texto é motivar a realização de outros trabalhos, tarefa claramente de âmbito interdisciplinar. Algumas das conclusões deste estudo indicam que na Amadora, apesar da oferta de espaços verdes urbanos não ser adequada à dimensão populacional, se observam valores de utilização de espaços verdes elevados, principalmente por quem vive próximo, independentemente do género, idade ou factores socioeconómicos. Por outro lado, também se concluiu que a actividade física da população apresenta fortes inter-relações com o estado emocional e com o estado de saúde auto-avaliado. A disponibilidade de espaços verdes próximo da residência potencia a sua utilização, para a prática de exercício físico, para caminhar e relaxar, podendo revelar-se um factor fundamental na melhoria da qualidade de vida da população. A identificação dos aspectos mais relevantes para a utilização dos espaços verdes permitirá a melhoria destas infra-estruturas, tornando-as mais adequadas à população da cidade. Science has shown how important urban green spaces are for health. The effects are both direct (they are associated with good self-assessed health status and longevity, after control of individual, demographic or socioeconomic factors) and indirect, through improved environment quality. Some authors have argued that the relationship between green spaces and the practice of physical exercise is unclear. This paper therefore aims to contribute towards a clarification of that relationship and its impact upon the population s health. It is hoped that it might encourage further work on the subject, a task which clearly requires an interdisciplinary approach. The study suggests that, despite the fact that the green spaces available in Amadora are not really adequate for the size of the population, they are much used, particularly by those living nearby, irrespective of gender, age or socioeconomic factors. Moreover, there are also strong interrelationships between levels of physical activity, and emotional state and self-assessed health status. Therefore, the existence of green spaces in the vicinity of residential neighbourhoods encourages physical exercise, walking and recreational activities, thereby helping to raise the quality of life for residents. This study identifies aspects that contribute to the use of green spaces, thus enabling them to be improved in order to better respond to the needs of the citizens.

1. Introdução A evidência científica vem reforçar a importância dos espaços verdes urbanos na saúde auto-avaliada e na longevidade (Takano et al., 2002; Tanaka et al., 1996; de Vries et al., 2003; Santana et al., 2007; Nogueira et al., 2007), depois de controlados factores individuais, demográficos e socioeconómicos, de reconhecida influência na saúde. Por outro lado, a proximidade dos espaços verdes às áreas residenciais tem impactes indirectos na saúde, melhorando a qualidade do ar, atenuando o efeito da poluição e a ilha de calor urbano (Whitford et al., 2001; Alcoforado e Andrade, 2007; Vasconcelos e Vieira, 2007) e proporcionando aos residentes um ambiente físico que incentiva a prática de actividade física, incluindo caminhar. Pikora e outros (2003) e Humpel e outros (2004) evidenciam esta última associação, que permanece mesmo considerando factores demográficos (sexo e idade) e socioeconómicos (escolaridade/instrução) cujo papel na actividade física tem sido claramente demonstrado. Por fim, a existência de espaços verdes próximo da residência, e o seu uso, melhoram a capacidade de concentração e disciplina das crianças (principalmente do sexo feminino) nas actividades do dia-a-dia (Taylor et al., 2001), aliviam o stress urbano (Ulrich, 1984) e a fadiga, com consequências na diminuição da agressividade e da violência (Kuo e Sullivan, 2001), influenciando até a capacidade de relacionamento com os vizinhos e os sentimentos de pertença a um lugar (bairro, cidade) (Kim e Kaplan, 2004). Existe, pois, evidência suficiente para concluir, à semelhança de Tzoulas e outros (2007), que as infra-estruturas verdes são importantes factores na saúde pública. Nos últimos anos, vários autores (Dunn e Hayes, 2000; Ross, 2000; Diez-Roux et al., 1999, 1997; Macintyre et al., 1993; Nogueira, 2006) contribuíram para uma nova (re)focagem da investigação no ambiente. Não há dúvida que a saúde de cada indivíduo é influenciada, positiva ou negativamente, pela qualidade ambiental; ou seja, pela percepção estruturada dos elementos que constituem o meio que o rodeia

Avaliação da Qualidade Ambiental dos Espaços Verdes no Bem-estar e na Saúde 221 e o orienta das oportunidades às opções. Também é conhecida a relação entre as características ambientais, onde se incluem os espaços verdes, e a prática de actividade física. Todavia, em Portugal, assim como noutros países europeus, essa relação ainda não está claramente demonstrada, nem tão-pouco foi quantificada a influência ambiental nos resultados (positivos e negativos) em saúde, considerando as diferentes tipologias e formas que as infra-estruturas verdes urbanas podem assumir (Tzoulas et al., 2007). Esta temática pode ser considerada como uma área de investigação emergente, onde os contributos das ciências do desporto e exercício físico têm campo de trabalho, mas também os geógrafos, urbanistas e epidemiologistas, pelas associações com o bem-estar, a qualidade de vida e a saúde das populações. Até aos anos sessenta, destacam-se alguns contributos que permitem avaliar a associação entre a actividade física e os resultados em saúde; no final dos anos noventa, a investigação centra-se, sobretudo, na efectividade das intervenções nos espaços verdes e suas consequências no aumento da actividade física e melhoria da saúde (Foster et al., 2007). Não obstante os resultados positivos alcançados, este segundo momento não teve o impacto esperado: as intervenções foram de carácter individual e deixaram grande parte da população sem acesso aos benefícios dessas mesmas intervenções. É, pois, possível avaliar, a curto prazo, efeitos na prática de exercício físico da abertura de ginásios ou outras infra-estruturas, incluindo espaços verdes urbanos; todavia, a longo prazo, os efeitos desejados são menores, com consequências em reduzidos benefícios para a saúde pública. Ou seja, se a intervenção for dirigida apenas à infra-estrutura, sem considerar outros espaços envolventes ou quem os utiliza, poderão não ser atingidas as metas propostas para essa intervenção. Por outro lado, os efeitos dos espaços verdes sobre a saúde da cidade e a saúde na cidade não podem ser generalizados. Refira-se, por exemplo, que a percepção de espaço verde abandonado ou vandalizado poderá ter efeitos negativos no bem-estar das populações, aumentando a ansiedade causada pelo medo do crime (Kuo et al., 1998). Estas razões sublinharam a urgência em dirigir a atenção aos aspectos do espaço urbano construído que promovem ou inibem a actividade física. Esta temática, enquanto preocupação académica, tem menos de dez anos. Canadá, Estados Unidos, Austrália, Reino Unido ou Holanda são alguns dos países que têm encorajado a investigação científica nesta área, financiando projectos que avaliem as condições ambientais e que sustentem políticas orientadas para a prática de actividade física generalizada a toda a população e em toda a área urbana aquela que pode ser desenvolvida em espaços públicos, onde se incluem os espaços verdes (Foster et al., 2007). O propósito deste texto é avaliar a qualidade dos espaços verdes associando-a ao bem-estar e saúde da população residente na Amadora. Este é um tópico que necessita de ser investigado, se realmente se pretende compreender a extensão do problema, avaliando os impactes na saúde pública da qualidade dos espaços verdes

222 Santana, P.; Nogueira, H.; Santos, R. & Costa, C. urbanos. A investigação recorreu a três procedimentos principais: 1. avaliar a oferta local de espaços verdes urbanos através de uma grelha aplicada aos principais espaços verdes do concelho; 2. avaliar a qualidade dos espaços verdes através da percepção dos utilizadores, com aplicação de um questionário a uma amostra representativa de utilizadores; 3. analisar a relação entre a qualidade dos espaços verdes e a motivação para a utilização destes. Refira-se que, até ao momento, a investigação científica realizada nesta temática não clarifica que características dos espaços verdes estão relacionadas, com que tipo de actividades físicas e para que populações, ganhando então este texto maior interesse e pertinência. 2. Dados e Métodos 1 Unidade territorial que identifica a mais pequena área homogénea de construção ou não, existente dentro da secção estatística. Corresponde ao quarteirão nas áreas urbanas, ao lugar ou parte do lugar nas áreas rurais, ou a áreas residuais que podem conter ou não alojamentos (isolados) (INE, 2007). http://metaweb.ine.pt Utilizou-se informação primária e secundária proveniente de diversas fontes. A primária diz respeito a três tipos de recolha de informação: i. levantamento das características dos espaços verdes; ii. questionário dirigido à população da Amadora; iii. questionário dirigido apenas aos utilizadores dos espaços verdes urbanos. A informação secundária utilizada é proveniente do Instituto Nacional de Estatística (população residente à subsecção 1 estatística, Censos, 2001) e da Câmara Municipal da Amadora (cartografia dos espaços verdes). Durante Agosto de 2007 efectuou-se o levantamento das características dos principais espaços verdes urbanos da Amadora (Parque Central, Parque Aventura, Parque Delfim Guimarães, Parque Urbano da Buraca e Jardim Dr. Armando Romão) utilizando parâmetros pré-definidos, nos quais se incluem acessibilidade ao espaço verde, existência e qualidade de infra-estruturas de recreio, qualidade do espaço verde, existência e qualidade de sinalética adequada e percepção de segurança (vandalismo, grafittis e iluminação) (Foster et al., 2007). O primeiro questionário, dirigido à população da Amadora (N =1174), seguiu critérios de aleatoriedade e representatividade para as onze freguesias, tendo sido realizado em 2006 e 2007. Deste questionário retirou-se informação: i. demográfica; ii. relativa a estilos de vida; iii. percepção do lugar (sentimentos relativamente à área e relacionamento com vizinhos, entre outras); iv. resultados em saúde (Índice de massa corporal, auto-avaliação do estado de saúde e do estado emocional). O segundo questionário, dirigido apenas a utilizadores dos espaços verdes urbanos e representativo da população utilizadora, foi efectuado nos meses de Agosto e Setembro de 2007 nos três maiores parques verdes da Amadora (Central, Aventura e Delfim Guimarães). Este questionário é constituído por quatro conjuntos de questões: i. frequência e razão de utilização de espaços verdes em geral; ii) avaliação do espaço verde; iii. estado de saúde auto-avaliado, iv. aspectos demográficos e socioeconómicos.

Avaliação da Qualidade Ambiental dos Espaços Verdes no Bem-estar e na Saúde 223 Foi utilizado o Sistema de Informação Geográfica para avaliar a dimensão dos espaços verdes e a distância a que se encontra a população potencialmente utilizadora, utilizando como base de análise os padrões mínimos definidos pela DGOT 2 (Magalhães, 1992). Com base numa questão, efectuada aos residentes do concelho da Amadora, relativa à prática de actividade física (pelo menos uma vez por semana), discriminaram-se duas categorias: prática de actividade física e inactividade física. Com o objectivo de conhecer e prever a influência das características individuais (demográficas, comportamentais, percepcionais) e contextuais (características do lugar/freguesia de residência do indivíduo) na apetência para a prática de actividade física, elaborou-se um modelo logístico binomial (Long, 1997). A influência das características dos parques no modo de utilização foi estudada através do coeficiente de correlação de Spearman, calculado entre a classificação das características dos parques (efectuada através da observação e preenchimento de uma grelha) e a principal motivação do entrevistado para frequentar o parque verde. As relações descritas ao longo dos diversos pontos deste texto, quando se analisa o questionário aos residentes do concelho da Amadora e o questionário aos utilizadores dos espaços verdes urbanos, são as relações que revelaram significância estatística no teste qui-quadrado de Pearson. 2 Direcção-Geral do Ordenamento do Território. 3. A prática de actividade física pela população da Amadora Mais de metade da população da Amadora (57%) refere ter utilizado um espaço verde urbano, com frequência semanal. Destes, 74% utilizaram o mais próximo da sua residência. Os espaços verdes urbanos junto à residência têm impactes indirectos na saúde, proporcionando aos residentes um ambiente físico que incentiva a prática de actividade física, incluindo caminhar. Nesse sentido, através do questionário efectuado à população residente na Amadora, procurou identificar-se as características que influenciam significativamente a prática de actividade física: género, verificando-se maior actividade física para os homens; estado civil, tendo os solteiros mais actividade física e os casados menos; condição perante o trabalho, registando-se maior actividade física para estudantes. Refira-se que estas duas últimas condições reflectem indirectamente a idade do indivíduo, dado que a prática de actividade física é significativamente maior entre os indivíduos da classe etária mais baixa, com idade compreendida entre os 14 e os 24 anos. Verificou-se ainda que os indivíduos que utilizam no seu trajecto diário o transporte privado reportam mais actividade física, em oposição aos indivíduos que utilizam no seu trajecto diário o transporte público; por outro lado, aqueles que se relacionam com pessoas de outras etnias e com pessoas de fora do seu bairro/fre-

224 Santana, P.; Nogueira, H.; Santos, R. & Costa, C. guesia possuem mais actividade física. A actividade física parece ainda melhorar o estado de saúde auto-avaliado, contribuindo também para estados emocionais equilibrados. No entanto, não se registam diferenças significativas na prática de actividade física em função da percepção de insegurança no bairro ou do sentido de pertença à Amadora (gostar ou não de viver na Amadora), o que pode estar relacionado com a maior actividade física dos indivíduos residentes em áreas de maior vulnerabilidade. Acresce que não foi encontrada diferença significativa entre a frequência de espaços verdes e a prática de actividade física (não foi aqui incluído o caminhar). Pelo contrário, verificou-se menor actividade física entre indivíduos que mais utilizam os espaços verdes, resultado que, sendo contrário ao esperado, merece reflexão. Este facto poderá estar relacionado, por um lado com a percepção que as pessoas têm da actividade física (genericamente não inclui caminhar) e, por outro lado, com a estrutura dos espaços verdes urbanos da Amadora, como veremos no ponto seguinte. O modelo logístico binomial permite verificar que as mulheres praticam duas vezes menos actividade física do que os homens. Relativamente à idade, tendo por base a idade média (38 anos), verifica-se que um aumento de 10 anos implica uma diminuição de 26% na probabilidade do indivíduo praticar actividade física. A instrução influencia a actividade física, concluindo-se que indivíduos com menos de 4 anos de escolaridade praticam três vezes menos actividade física e os que possuem o ensino superior praticam duas vezes mais, relativamente àqueles quem têm entre 5 e 12 anos de escolaridade. No que respeita à ocupação, quem é estudante ou reformado apresenta, relativamente ao empregado, maior probabilidade de praticar actividade física (1,7 e 2,4 vezes, respectivamente). Como referido anteriormente, quem utiliza o transporte público no seu trajecto diário pratica menos actividade física (probabilidade 50% maior de não praticar actividade física) do que quem utiliza transporte privado. Verificou-se ainda que indivíduos com autoavaliação negativa do estado de saúde têm uma probabilidade 53% menor de praticar actividade física (figura 1). Figura 1. Resultados do modelo logístico de prática de actividade física.

Avaliação da Qualidade Ambiental dos Espaços Verdes no Bem-estar e na Saúde 225 4. Análise dos espaços verdes da Amadora Segundo informação disponibilizada pela Câmara da Amadora 3, o concelho possui 67 ha de espaço verde. A observação da Carta de Ocupação de Solo (COS) de 1990, actualizada a 2003 para este trabalho, permite contabilizar no concelho 21,9 ha de espaços verdes urbanos passíveis de uso público (recreio, passagem, prática de actividade física, etc.) e 1154,8 ha (48,5% do concelho) de espaço agrícola e florestal 4. A consideração de áreas verdes como todo o continuum naturale, conceito que vigora actualmente no planeamento ambiental (Magalhães, 1992), permite incluir nos espaços verdes os espaços agrícolas e florestais, o que se traduz num aumento da área verde de 21,9 ha para 1176,7 ha. Segundo Tzoulas e outros (2007), o valor global desejável para a estrutura verde urbana é de 40m 2 /habitante, ratio necessário ao equilíbrio do ecossistema urbano e à saúde da população (Bernatzky, 1966). Segundo informação da Câmara Municipal da Amadora, este índice é de 3,8 m 2 /habitante, o que coloca a Amadora em situação de grande défice neste tipo de infra-estrutura, segundo os critérios exigidos para a estrutura verde principal (quadros 1 e 2). Considerando o valor de 1176,7 ha, relativo ao continuum naturale (espaços verdes artificiais e naturais), o ratio aumenta para 66,9 m 2 /habitante, valor que ultrapassa já o mínimo recomendável. Claro que este resultado é fortemente influenciado pelo elevado valor de espaço agrícola e florestal (1176,7 ha), que pode mascarar a situação da precariedade dos espaços verdes urbanos. Para além do total de área verde, devem ser apreciados outros indicadores, como a dimensão dos espaços (mínima e máxima) e a distância máxima dos utilizadores relativamente a esses espaços. Por isso, considerou-se fundamental incluir factores como a acessibilidade (entendida como capacidade de vencer a distância) e as características do ambiente físico e social desses espaços. Por exemplo, o Parque Central tem uma dimensão adequada (4,4 ha), sendo um dos maiores parques deste concelho. Todavia, esta infra-estrutura encontra-se dividida em três áreas, através de ruas que funcionam como barreiras, inibindo a ligação fácil entre as partes que a constituem. Por outro lado, a estrutura verde principal está concentrada nas freguesias da Mina e Falagueira e não existe no concelho um parque de grandes dimensões (com área superior a 5 ha). Este facto terá de ser apreciado num quadro de reduzida área concelhia e de proximidade a Lisboa. De facto, grande parte dos residentes tem acesso a uma infra-estrutura verde principal, de grandes dimensões, a uma distância que raramente ultrapassa os 4000 m por exemplo, Alfragide localiza-se a 2800 m de Monsanto. Os espaços verdes na Amadora assumem diversas formas e funções: lazer e recreio (Parque Central) enquadramento de infra-estruturas e edifícios (Jardim do Plátano), protecção e integração de linhas ou cursos de água (Parque Aventura). Comparando as recomendações da DGOT (1992) com o espaço verde existente no concelho, verifica-se a existência de elevadas discrepâncias (figura 2). Refira-se 3 www.cm-amadora.pt/web/ m05.html. 4 Estes valores foram obtidos através da actualização da Carta de Ocupação do Solo do IGP, com base nos ortofotomapas de 2003.

226 Santana, P.; Nogueira, H.; Santos, R. & Costa, C. 5 DGOT (1992) Quadro 1, pp. 65; Quadro 2, pp. 66. que menos de metade da população da Amadora (47,5%) reside a menos de 400 m de um espaço verde urbano. Para além destes baixos valores percentuais, verifica-se que nenhum dos requisitos da DGOT é cumprido; diferenças entre o recomendado e o observado são constantes, principalmente para os espaços adjacentes à habitação. Por exemplo, relativamente à estrutura verde secundária de proximidade à habitação (<= a 100 metros), verifica-se que existe duplo déficit: 91,2% da população não é coberta e a área disponível por habitante é bastante inferior ao estabelecido pela DGOT (quadro 1). Ainda utilizando a população residente ao nível da subsecção estatística, avaliou-se a população abrangida por espaço verde segundo os padrões mínimos estabelecidos pela DGOT 5, concluindo-se que, para satisfazer os requisitos mínimos de metros quadrados por habitante, seria necessário que 7,4% do espaço concelhio fosse espaço verde urbano quando, na verdade, apenas 0,5% do território se encontra destinado a este uso. Figura 2. Áreas de influência dos principais espaços urbanos do concelho.

Avaliação da Qualidade Ambiental dos Espaços Verdes no Bem-estar e na Saúde 227 Área de influência (metros) Recomendado (DGOT) População residente até 800 m de um espaço verde urbano (%) pop. m2/hab. Pop. Déficit m2/hab. População total residente no concelho da Amadora m2/hab. Deficit m2/hab. Estrutura Verde Secundária Estrutura Verde Principal até 100m 8,2 8,4 1,6 0,08 9,92 até 200m 10 m2/hab. 17,9 3,8 6,2 0,18 9,82 até 400m 47,5 1,7 8,3 0,48 9,52 até 800m 30 m2/hab. 34,3 1,5 18,5 0,34 19,66 Quadro 1. Padrões mínimos definidos pela DGOT 5 e situação existente segundo as tipologias de espaços verdes urbanos na Amadora. Por exemplo, os espaços verdes com recreio infantil são programados para responder, sobretudo, às necessidades de famílias com crianças entre os 0 e os 5 anos, devendo localizar-se a menos de 100 metros da sua população-alvo. Com base nos Censos 2001, verificou-se que apenas 4,9% dos núcleos familiares com crianças nesta faixa etária residem na área de influência de parques verdes com recreio infantil. Considerando apenas as subsecções que possuem mais de 100 núcleos familiares com crianças até aos 6 anos, verificou-se que as três subsecções existentes nestas condições se localizam a uma distância superior a 756 m do espaço verde com recreio infantil mais próximo. Considerando a totalidade do espaço verde referenciado na cartografia cedida pela Câmara Municipal da Amadora (um total de 133 772 m 2 ) e definindo uma área de influência de 400 m, referida pela DGOT como área verde na proximidade da habitação, verifica-se que a população residente nessa área de maior proximidade é de 89 459 habitantes. Considerando os critérios da DGOT 5, conclui-se que a população da Amadora tem à sua disposição apenas 15% do espaço verde que seria desejável. Verifica-se também que dos treze espaços verdes identificados na Amadora, apenas dois cumprem os requisitos da DGOT (1992) para serem considerados parques verdes da estrutura verde principal (área mínima de 3 ha): o Parque Aventura (4,7 ha) e o Parque Central (4,4 ha). Para estudar os espaços verdes da Amadora, escolheram-se cinco parques, dos treze inicialmente identificados, tendo em conta a sua dimensão. No estudo dos espaços verdes urbanos da Amadora foram considerados cinco grupos de variáveis: i. acessibilidade ao espaço verde, ii. existência e qualidade das infra-estruturas de recreio, iii. qualidade do espaço verde, iv. existência e qualidade da sinalética, v. percepção da segurança. Relativamente à dimensão, destacam-se o Parque Central e o Parque Aventura. O Parque Central, pela sua divisão, apresenta três espaços distintos: um quase sem árvores, mas com áreas relvadas livres; uma parte central, composta por um lago 5 DGOT (1992)- Quadro 1, pp. 65; Quadro 2, pp. 66.

228 Santana, P.; Nogueira, H.; Santos, R. & Costa, C. e grande cobertura arbórea; uma área com algumas árvores, mas reservada fundamentalmente para jogos. O Parque Aventura é um jardim de árvores jovens, ainda incapazes de produzir sombra, e apresenta várias zonas de jogos, sendo vocacionado para uso de crianças. O Parque Delfim Guimarães é um espaço verde localizado junto à estação de comboios, sendo o mais movimentado de todos os estudados, por ser local de passagem (pedestre) no centro da cidade. O Parque Urbano da Buraca é composto por dois campos de futebol (de cinco) e uma pequena área com árvores. Por fim, o Parque Dr. Armando Romão é um pequeno jardim interior que serve fundamentalmente a população que habita nos edifícios coalescentes a este; está equipado com um pequeno espaço infantil e poucas árvores, com predomínio de pequenos espaços relvados. Quadro 2. Áreas (ha) dos principais espaços verdes urbanos da Amadora. Fonte: cartografia vectorial da Câmara da Amadora. Espaço Verde Área (ha) Parque Central 4,7 Parque Dr. Armando Romão 4,4 Parque Urbano da Buraca 1,2 Parque Delfim Guimarães 0,8 Relativamente à acessibilidade ao espaço verde urbano concelhio, verifica-se que esta é maioritariamente boa. Com excepção do Parque Urbano da Buraca, os espaços verdes encontram-se junto a estradas muito movimentadas, possuindo todos eles locais de estacionamento. Neste grupo de variáveis apenas se distingue, pela negativa, o Parque Dr. Armando Romão, afastado da rede de transporte público e sem passadeiras de acesso, o que limita o seu uso apenas aos residentes mais próximos. No segundo grupo de variáveis (existência e qualidade das infra-estruturas de recreio), verifica-se que a maioria dos jardins estudados não está vocacionado para práticas desportivas. Ainda que não existam limitações a práticas desportivas, como ciclismo, corrida e pedestrianismo, não existem também condições para o desenvolvimento destas actividades, sendo apenas possível a prática de pedestrianismo em dois deles (Parques Aventura e Central). Relativamente à prática de desportos colectivos, apenas o Parque Central apresenta equipamento adequado (campos de jogos). Todavia, vários parques possuem recreios infantis, sendo estes os equipamentos mais frequentes nos parques estudados. Relativamente à qualidade dos espaços verdes (terceiro grupo de variáveis), evidencia-se falta de árvores em quase todos os parques, à excepção do Parque Central (área do lago) e Delfim Guimarães, onde a cobertura arbórea é razoável ou mesmo abundante. Um outro problema identificado foi a presença de ruídos nos parques, principalmente derivados do tráfego rodoviário. A limpeza dos parques, uma das

Avaliação da Qualidade Ambiental dos Espaços Verdes no Bem-estar e na Saúde 229 Delfim Guimarães Dr. Armando Romão Acessibilidade ao parque verde P. Aventura Urbano da Buraca P. Central - infantil P. Central - Lago P. Central - Lifetrail Pode-se estacionar no local ou em volta deste? x x x x x x x A existência e qualidade de infraestruturas de recreio Qualidade do espaço verde Existência de painéis de sinalização Tipo de estradas adjacentes, pouco movimentadas? Paragem de autocarro próxima? x x x x x x Passadeiras que permitam/auxiliem o acesso ao espaço verde? x x x x x x x Uso de bicicletas permitido? x x x x x x x Parque de bicicletas com local para cadeados? Alguns percursos pedestres? x x x x x x x Bom estado de conservação dos percursos? x x x Alguns espaços verdes para prática de jogos informais? x x Adequado para a prática de desporto colectivo? x x Adequado para a prática de desportos informais? x x Adequado para a prática de ciclismo? Adequado para a prática de pedestrianismo? x x x x x Adequado para a prática de corrida? Existência de espaços verdes naturais, abertos? x x x Presença de muitas árvores? x x x Existência de muitos ruídos elevados? x x x Existência de boa iluminação? x x x x Manutenção/Limpeza do Espaço Verde e Cinza? x x x x x x Existência de outras atracções não naturais? x x x x x x x Abertura permanente? x x x x x x x Sinalização de actividades? x x x Sinalização de restrições? x x x Sinalização de segurança? x x Boa qualidade de sinalização? x x x x x Existência de painéis de sinalização? x x x Percepção de seguraança O espaço verde transmite segurança? x x x Manutenção do mobiliário urbano? x x x x x x x Sinais de vandalismo? x x x x Existência de grafittis? x x x x x x Quadro 3. Variáveis analisadas no inquérito.

230 Santana, P.; Nogueira, H.; Santos, R. & Costa, C. características estudadas é, em geral, satisfatória, piorando no Parque Central (área do lago). O Parque Aventura destaca-se pela limpeza dos seus espaços. Por último, a iluminação dos parques é adequada, destacando-se pela positiva os parques Central e Aventura. Nas variáveis relativas à existência e qualidade da sinalética, verifica-se que a utilização dos parques está isenta de horário, o que decorre de se tratarem de espaços abertos. De um modo geral, todos os parques apresentam deficiências no campo da sinalização de actividades e restrições, com excepção dos parques Central e Aventura. Este último é o único a possuir sinalização de segurança, enquanto o primeiro (Central, lago) se destaca por possuir sinalização das espécies vegetais presentes. Pela negativa, destacam-se os parques Delfim Guimarães e Dr. Armando Romão. Relativamente ao quinto grupo (percepção da segurança), apenas dois espaços revelaram características que permitiram a sua classificação como seguros: o Parque Aventura, que possui vigilância formal e o Parque Central (life-trail). Todavia, em todos os parques foram encontrados graffitis; outros sinais de vandalismo apenas foram encontrados no Parque Central (lago, jogos e life-trail). A manutenção do mobiliário urbano é, em geral, boa. 5. Percepção da qualidade dos espaços verdes e frequência de utilização No âmbito do inquérito efectuado aos utilizadores do espaço verde, realizaram-se 176 questionários em três espaços verdes: Parque Aventura, Parque Central e Parque Delfim Guimarães. O inquérito foi desenhado para ser aplicado nos parques verdes urbanos, constituindo-se uma amostra de oportunidade. Do total de inquiridos, 90,4% afirmou frequentar espaços verdes. Os outros, não frequentadores habituais, que responderam ao inquérito apontaram, como motivos de presença no local, os itens: dar uma volta para relaxar ou fazer exercício ou local de passagem entre dois pontos, independentemente do espaço verde em que decorreu a entrevista. A análise dos questionários revela diferenças nos principais motivos de utilização dos parques verdes: no Parque Central e no Parque Delfim Guimarães os principais motivos apontados são: dar uma volta para relaxar ou fazer exercício e local de passagem entre dois pontos, enquanto no Parque Aventura são dar uma volta para relaxar ou fazer exercício, apanhar sol e outros, destacando-se a ida ao parque com crianças (filhos ou netos dos entrevistados), para passear e/ou brincar nas infra-estruturas do parque. Considerando a distância-tempo ao espaço verde, verifica-se maior utilização pela população que reside a menos de 10 minutos. Refira-se que a frequência diária é superior no Parque Central (55%) e Delfim Guimarães (42%), diminuindo no Parque Aventura (26%).

Avaliação da Qualidade Ambiental dos Espaços Verdes no Bem-estar e na Saúde 231 Procurando conhecer factores que influenciam a utilização dos espaços verdes, relacionou-se a sua caracterização física com a motivação dos seus frequentadores. Conclui-se que a procura dos espaços verdes para dar uma volta para relaxar ou praticar exercício e apanhar sol, aumenta com a maior disponibilidade e qualidade das infra-estruturas de recreio, bem como com a maior qualidade do espaço verde. Verifica-se também que a presença destas características parece inibir a utilização do espaço verde como local de passagem entre dois pontos. A existência e qualidade sinalética e a percepção de segurança aumentam a utilização do espaço verde com o objectivo de dar uma volta para relaxar ou praticar exercício e apanhar sol ; em oposição, a falta destas é determinante de uma maior utilização do espaço verde como local de passagem entre dois pontos. As características físicas do espaço verde revelam influência nos modos de utilização. A utilização do parque para dar uma volta para relaxar ou praticar exercício encontra-se positiva e significativamente correlacionada com o bom estado de conservação dos percursos (0,194), a disponibilidade de espaços adequados à prática de jogos informais (0,257), de desportos colectivos (0,257) e de pedestrianismo (0,194), a existência de espaço verde natural (0,194), a existência de painéis de sinalização (0,257) e a ausência de sinais de vandalismo (0,257). Estas mesmas características encontram-se negativa, e significativamente, correlacionadas com a sua utilização como local de passagem entre dois pontos, ou seja, parques mal conservados e mal sinalizados, sem espaços adequados a práticas de desportos em geral potenciam o seu uso como local de passagem entre dois pontos, em detrimento dos outros modos de utilização, como dar uma volta para relaxar ou praticar exercício e praticar desportos. Um caso de particular importância é a existência de sinais de vandalismo, que revela correlação positiva com o uso do espaço verde como local de passagem entre dois pontos (0,229) e correlação negativa como dar uma volta para relaxar e fazer exercício (-0,257). Espaços vandalizados revelam-se, pois, inapropriados a uma utilização saudável ( dar uma volta para relaxar e fazer exercício ), verificando-se o predomínio de uma utilização pobre e parcial, apenas como local de passagem entre dois pontos. A falta de qualidade do espaço verde, em geral, de infra-estruturas de recreio, de painéis de sinalização e de segurança, impedem uma usufruição dos espaços verdes do concelho, inibindo a sua utilização para a prática de desporto, como caminhar. Recorde-se que, segundo a OMS, caminhar faz parte de uma rotina diária saudável (OMS, 2002). Na inter-relação entre características físicas e utilização, releva ainda outro factor: o conforto ou desconforto sentido no espaço verde. Indivíduos que afirmam sentir-se confortáveis no espaço apresentam como motivação principal de utilização dar uma volta para relaxar e fazer exercício. Em contrapartida, quem não se sente confortável no espaço verde, usa-o sobretudo como local de passagem entre dois pontos, atribuindo pouca importância a estas infra-estruturas comunitárias.

232 Santana, P.; Nogueira, H.; Santos, R. & Costa, C. Os factores que influenciam a utilização do espaço verde com o objectivo de apanhar sol não diferem substancialmente dos apontados para dar uma volta para relaxar ou praticar exercício. Destaca-se, assim a correlação positiva entre a motivação de apanhar sol e o bom estado de conservação dos percursos (0,334), a existência de espaços verdes naturais abertos (0,334), o baixo nível de ruídos (0,383), a sinalização adequada (ao nível das actividades, restrições e segurança) e ainda a existência de espaços adequado à prática de pedestrianismo (0.334) e corrida (0.383). A utilização do espaço verde para apanhar sol é significativamente maior entre os utilizadores do Parque Aventura, o que se compreende atendendo a algumas características já referidas (ausência de árvores). A segurança no espaço verde foi avaliada pelo inquérito (percepção da segurança) e pelo levantamento efectuado (observação das infra-estruturas e preenchimento de uma grelha de avaliação), devendo sublinhar-se que a percepção de segurança do espaço verde por parte dos seus utilizadores é concordante com o levantamento efectuado pelos autores deste trabalho. O Parque Aventura é percepcionado como mais seguro, em oposição ao Parque Delfim Guimarães, avaliado como mais inseguro. Importa ainda referir que a utilização do espaço verde como local de passagem entre dois pontos é referida por indivíduos que percepcionam insegurança no parque, podendo questionar-se se a insegurança sentida pode ser o motivo da sua utilização apenas como local de passagem. A manutenção e boa limpeza do espaço verde são referidas pela maioria dos entrevistados no Parque Aventura, em oposição aos entrevistados no Parque Central, apontado como mal cuidado. Relativamente ao Parque Delfim Guimarães, as opiniões dividem-se. Procurou-se ainda relacionar a utilização do espaço verde com o estado de saúde auto-avaliado. No Parque Central, mais procurado com o objectivo de dar uma volta para relaxar ou para praticar exercício, o estado de saúde auto-avaliado é mais negativo. Esta aparente contradição reflecte a idade dos entrevistados, uma vez que 84% dos utilizadores do Parque Central que reportam um estado de saúde negativo têm mais de 55 anos. O Parque Delfim Guimarães, junto à estação de comboios, serve como importante ponto de passagem pedestre no centro da cidade, o que é confirmado pelos inquéritos aí realizados (42,3% dos utilizadores referiu a sua utilização como local de passagem entre dois pontos ). Esta utilização relaciona-se com um estado de saúde auto-avaliado positivo (muito bom e bom), associação que parece também reflectir o efeito da idade, já que 98% dos entrevistados neste parque que avaliam positivamente o seu estado de saúde têm menos de 55 anos. Todavia, indivíduos que procuram os espaços verdes para praticar actividade física revelaram ter estado de saúde auto-avaliado mais positivo, tal como quem afirmou que os espaços verdes promovem a sensação de bem-estar.

Avaliação da Qualidade Ambiental dos Espaços Verdes no Bem-estar e na Saúde 233 Principal motivação para frequentar os espaços verdes Características dos Espaços Verdes Passear o cão Dar uma volta para relaxar ou praticar exercício Serve como local de passagem entre 2 pontos Praticar desportos Observar a fauna Para relaxar e fazer piqueniques Apanhar sol Bom estado de conservação dos percursos Alguns espaços verdes para prática de jogos informais Espaço verde natural aberto Presença significativa de árvores 0,082 0,194* -0,343 0,063 0,167* 0,032 0,334 0,138 0,257* -0,229* 0,023 0,160-0,024 0,052 0,082 0,194* -0,343* 0,063 0,167 0,032 0,334* -0,014-0,084 0,317 0,073-0,118-0,063-0,437* Sinalização de actividades 0,014 0,084-0,317 0,073 0,118 0,063 0,437* Sinalização de restrições -0,085-0,103-0,143 0,054-0,001 0,077 0,383* Sinalização de Segurança -0,085-0,103-0,142 0,054-0,001 0,077 0,383* Qualidade de sinalização 0,082 0,194-0,343* 0,063 0,167* 0,032 0,334* Existência de painéis de sinalização 0,138 0,257* -0,229 0,023 0,160 0,024 0,052 Existência de Iluminação 0,082 0,194-0,343* 0,063 0,167* 0,032 0,334* Adequado para a prática de desporto colectivo Adequado para a prática de desportos informais Adequado para a prática de pedestrianismo 0,138 0,257* -0,229* 0,023 0,160-0,084* 0,052 0,138 0,257* -0,229* 0,023 0,160-0,024 0,052 0,082 0,194* 0,343* 0,063* 0,167* 0,032 0,334* Adequado para a prática de corrida -0,085-0,103-0,142 0,054-0,001 0,077 0,383* Transmite segurança 0,014 0,084-0,317* 0,073 0,118 0,063 0,437 Manutenção / limpeza do espaço verde e cinza -0,085-0,103-0,142 0,054-0,001 0,077 0,383 Quadro 4. Correlações entre as características dos Espaços Verdes e a principal motivação para os frequentar. Sinais de vandalismo -0,138-0,257* 0,229* -0,023-0,160 0,024-0,052 Existência de outras atracções (não naturais) -0,118 0,242* -0,305 0,045 0,175* -0,003 0,203* * Correlação significativa (p-value <0,05).

234 Santana, P.; Nogueira, H.; Santos, R. & Costa, C. 6. Discussão e conclusão Até agora, os trabalhos que relacionam o ambiente físico e social com a prática de actividade física, argumentam que a segurança das infra-estruturas do bairro (presença de passeios, passadeiras, tráfego seguro, manutenção e limpeza do espaço público, etc.) e a acessibilidade a espaços verdes urbanos, estão positivamente associados com diferentes níveis de actividade física, particularmente caminhar, sendo esse um dos desígnios da Organização Mundial de Saúde (2002), que recomenda 30 minutos diários de actividade física moderada, tal como a proporcionada por andar a pé ou de bicicleta, como parte de uma rotina diária saudável. Todavia, alguns autores avaliam essa associação baseada na percepção do ambiente, mais do que em medidas objectivas do próprio ambiente, o que poderá fragilizar os resultados; outros incluem medidas que avaliam características ambientais agrupadas em dimensões ou conjuntos de variáveis, nem todas relativas aos espaços verdes urbanos (exemplo: ginásios, piscinas, pistas de atletismo, lagos naturais, etc.) e analisam a relação com a actividade física (Giles-Corti e Donovan, 2002). Claro que a falta de discriminação das variáveis (tipologia: jardins urbanos, por exemplo) e de avaliação da qualidade ambiental (acessibilidade, limpeza, segurança, etc.) não permitem clarificar quais as influências, e seu peso, na prática de exercício, incluindo caminhar. Este estudo procurou clarificar que factores influenciam diferentes modos de utilização dos parques urbanos, evidenciando possíveis relações com a saúde da popula ção. Concluiu-se que a acessibilidade aos espaços verdes, os seus equipamentos de desporto e recreio, a estética e manutenção, a existência de sinalética e iluminação, são factores determinantes da utilização destas infra-estruturas. Para além destes aspectos, a utilização dos espaços verdes é influenciada pela percepção da segurança. A identificação dos aspectos mais relevantes para a utilização dos espaços verdes permite dirigir as intervenções no sentido de potenciar a sua utilização. O que se espera, no futuro, é que a atenção se dirija, fundamentalmente, para a medição de impactes das alterações do ambiente urbano na actividade física. Mais do que saber a área de espaço verde existente por habitante é importante conhecer as características ambientais, dimensões e acessibilidades. Mas também identificar quem os utiliza, e o que aí procura, as interacções que aí se estabelecem entre os grupos (pais e filhos, avós e netos, entre vizinhos, etc.) e as consequências para a saúde e bem-estar das populações. A Amadora tem uma estrutura verde de pequena dimensão e, genericamente, de fraca cobertura arbórea, o que se reflecte em índices baixos de espaço verde urbano por habitante, sugerindo que os espaços verdes na Amadora podem ter impactes reduzidos na qualidade de vida e saúde da população. Cerca de 47,5% da população está a menos de 400 metros de um parque verde da estrutura verde

Avaliação da Qualidade Ambiental dos Espaços Verdes no Bem-estar e na Saúde 235 urbana do concelho. Apesar da distância, a utilização é elevada (57%) e principalmente por quem reside próximo (74% dos que utilizaram). Este facto permite concluir que os espaços verdes urbanos na Amadora, porque localizados genericamente próximo de áreas de grande vulnerabilidade (áreas residenciais de fraca qualidade habitacional, com predomínio de população idosa, imigrante), aumentam o acesso geográfico e potenciam a utilização, principalmente à população de maior vulnerabilidade. Apesar de não ter sido encontrada diferença significativa entre a frequência de espaços verdes e a prática de actividade física, à semelhança de outros autores (Tzoulas et al., 2007) o facto da população mais vulnerável ter bom e muito bom acesso ao espaço verde permite a esta população a prática de actividade física, embora não formal e, por isso, não consciente, como caminhar. Assim sendo, as áreas de residência de maior privação socioeconómica (alguns bairros das freguesias da Mina, Buraca e Damaia) são as que oferecem à população espaço verde urbano com melhor acessibilidade geográfica, com consequências potenciais não só no bem-estar e na saúde (no alívio do stress urbano, da fadiga e na prática de actividade física) mas também na diminuição da agressividade e da violência, e na capacidade de relacionamento com os vizinhos, aumento dos sentimentos de pertença a um bairro e a uma cidade. Na Amadora é possível vir a melhorar os indicadores de espaço verde por habitante pela conquista de espaço às áreas agrícolas abandonadas e de floresta; ou seja, será não só a criação de novos espaços (alguns estão em Projecto ou em obra, pela Câmara Municipal da Amadora) mas também, em alguns casos, a possibilidade da sua ligação através de corredores verdes, integrando caminhos de peões e vias cicláveis. Afinal, a dimensão da Amadora pode ser um benefício, se não se demorar mais tempo a ajustá-la às necessidades da vida humana: mobilidade pedestre ou de bicicleta; relações interpessoais e intergeracionais; contacto com o espaço verde para libertar tensões e recuperar energia; enfim, recuperar a dimensão humana da cidade é possível na Amadora! Agradecimento À Fundação para a Ciência e Tecnologia pelo apoio financeiro ao projecto Planeamento Urbano Saudável. Desenvolvimento e aplicação de um modelo ao caso da Amadora (POCTI/GEO/45730/2002). Especial agradecimento para Luísa Couceiro, Ana Albuquerque, Ana Rita Pires, Carolina Gaspar, Susana Freitas, Nuno Roque, Adnilo Chande e à Raquel Costa pelo levantamento de campo e apoio prestado no âmbito deste artigo; para Ana Rita Pires, Ângela Freitas, Ernesto Morgado, Henrique Alves, Margarida Pereira e Regina Babo, que realizaram os questionários no âmbito do Seminário Construir Cidade no Século XXI (2006-2007); para Isabel Alves, pela colaboração na revisão do texto. Ao Artuz Vaz, em particular, pela sugestão de alterações e correcção do texto.

236 Santana, P.; Nogueira, H.; Santos, R. & Costa, C. Bibliografia ALCOFORADO, M. J. & ANDRADE, H. 2007 Clima e saúde na cidade. Implicações para o Ordenamento, in SANTANA, P. (ed.), A Cidade e a Saúde, Editora Almedina, Coimbra. DE VRIES, S.; VERHEIJ, R.A.; GROENEWEGEN, P.P.; SPREEUWENBERG, P. 2003 Natural environments healthy environments?, Environ. Plann. 35, pp. 1717 1731. DIEZ-ROUX, A. V.; NIETO, F. J.; MUNTANER, C.; TYROLER, H. A.; COMSTOCK, G. W.; SHAHAR, E.; COOPER, L. S.; WATSON, R.L.; SZKLO, M. 1997 Neighbourhood environments and coronary heart disease: a multilevel analysis, Am. J. Epidemiol., 146, pp. 48-63. DIEZ-ROUX, A.V., NIETO, F.J., CAULFIELD, L., TYROLER, H.A., WATSON, R.L., SZKLO, M., 1999 Neighbourhood differences in diet: the Atherosclerosis Risk in Communities (ARIC) study, J. Epidemiol. Commun. Health, 53, pp. 55 63. DUNN, J. & HAYES, M. 2000 Social inequality, population health, and housing: a study of two Vancouver neighbourhoods, Soc. Sci. Med., 51, pp. 563 587. FOSTER, C.; HIELSDON, M.; JONES, A. & PANTER, J. 2007 Assessing the relationship between the quality of urban green space and physical activity, main report prepared for CABE Space, cedido pelos autores, policopiado. GILES-CORTI, B. & DONOVAN, R. J. 2002 The relative influence of individual, social and physical environment determinants of physical activity, Soc. Sci. & Med., 54(12), pp. 1793-1812. HUMPEL, N.; OWEN, N.; LESLIE, E.; MARSHALL, A. L.; BAUMAN, A. E. & SALLIS, J. F. 2004 Associations of location and perceived environmental attributes with walking in neighbourhoods, Am. J. Health Promot., 18, pp. 239 242. KIM, J. & KAPLAN, R. 2004 Physical and psychological factors in sense of community. New Urbanist Kentlands and Nearby Orchard Village, Environ. Behav., 36, pp. 313 340. KUO, F. E., BACAICOA, M., SULLIVAN, W. C. 1998 Transforming inner city landscapes: trees, sense of place and preference, Environ. Behav., 42, pp. 462 483. KUO, F. E. 2001 Coping with poverty: Impacts of environment and attention in the inner city, Environ. Behav., 33, pp. 5 34. KUO, F. E., SULLIVAN,W.C. 2001 Aggression and violence in the inner city.effects of environment via mental fatigue, Environ. Behav., 33, pp. 543 571. LONG, J. S. 1997 Regression Models for Categorical and Limited Dependent Variables, SAGE Publications, Thousand Oaks. MACINTYRE, S.; MACIVER, S. & SOOMAN, A. 1993 Area, class and health: should we be focussing on places or people?, J. Soc. Policy, 99, pp. 353 395. MAGALHÃES, M. R. 1992 Espaços verdes urbanos, Direcção-Geral do Ordenamento do Território, Direcção de Serviço de Normas do Ordenamento do Território. NOGUEIRA, H.; SANTANA, P. & SANTOS, R. 2007 Saúde: vulnerabilidade e oportunidade na Área Metropolitana de Lisboa, in SANTANA, P. (ed.), A Cidade e a Saúde, Edições Almedina, Coimbra. NOGUEIRA, H. 2006 Os Lugares e a Saúde. Uma abordagem da Geografia às variações em saúde na Área Metropolitana de Lisboa, Tese de Doutoramento, Universidade de Coimbra.

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