CONAE 2014 E A PARTICIPAÇÃO DEMOCRÁTICA DOS PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO



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Transcrição:

CONAE 2014 E A PARTICIPAÇÃO DEMOCRÁTICA DOS PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO Adriano Francisco da Paz, Cesar Felipe Quintino dos Santos, Edna do Espirito Santo de Assis, Natália do Amaral Rodrigues, Selma Regina Aparecida dos Santos, Simone de Oliveira Estevam Santos, Cleide Tavares de Oliveira Araripe Resumo Este trabalho apresenta os resultados de uma pesquisa realizada com profissionais da educação, nos municípios de Caraguatatuba e Ilha Bela, ambos no litoral norte do estado de São Paulo, na qual aponta a participação nos debates da CONAE 2014 (Conferência Nacional de Educação). O objetivo geral foi verificar se os profissionais de educação dos dois municípios possuem informação sobre o evento e se participaram das discussões democráticas nas etapas municipais, realizadas até o mês de agosto de 2013. Buscou também identificar a área de atuação dos profissionais pesquisados, como também a contribuição nas plenárias locais. A análise dos dados buscou refletir a importância deste espaço democrático de construção de acordos entre atores sociais, que apontarão ações e estratégias concretas para a organização da educação nacional, como também as mudanças promovidas pelas políticas públicas para a educação básica e suas consequências para a formação e a carreira docente. Palavras-chave: Conae 2014, Profissionais da Educação, Participação Democrática. Introdução Esta pesquisa surgiu quando, no segundo semestre de 2013, os alunos do curso de Pós-graduação em Educação e Gestão Escolar, de uma instituição de ensino superior na cidade de Caraguatatuba, São Paulo, apresentaram resultados de trabalhos realizados, atendendo a exigência parcial na avaliação da disciplina Fundamentos da Educação e Políticas Educacionais. Neste momento intensificavamse as discussões em todo o país quanto a II Conferência Nacional da Educação (Conae/2014), que seria realizada no mês de fevereiro de 2014, em Brasília-DF. O evento visa proporcionar um marco na história das políticas públicas do setor, constituindo-se em espaço de deliberação e participação coletiva, possibilitando o -1-

envolvimento de diferentes segmentos, setores e profissionais interessados na construção de políticas de Estado. A Conae é precedida por conferências preparatórias e livres, com ampla participação da sociedade, porém, sem caráter deliberativo, municipais e /ou intermunicipais, do Distrito Federal e estaduais de educação, visando a discussão e propostas para o Plano Nacional de Educação (PNE). O PNE é um documento com diretrizes para políticas públicas de educação para o período de 2011 a 2020. O projeto original saiu dos debates ocorridos na Conferência Nacional de Educação (Conae), em 2010, com o intuito de substituir o primeiro plano (2001-2010). O Plano Nacional de Educação visa estabelecer as vinte metas educacionais a serem alcançadas pelo país até 2020. Cada uma das metas vem acompanhada das respectivas estratégias que buscam atingir os objetivos propostos. Nas conferências, iniciadas pelas etapás municipais, a participação da sociedade na Conae 2014 proporcionou discussões e sugestões para o texto do Plano Nacional de Educação, de acordo com os seguintes eixos temáticos: Eixo I O Plano Nacional de Educação e o Sistema Nacional de Educação: organização e regulação Eixo II Educação e Diversidade: justiça social, inclusão e direitos humanos. Eixo III Educação, Trabalho e Desenvolvimento Sustentável: cultura, ciência, tecnologia, saúde, meio ambiente Eixo IV Qualidade da Educação: democratização do acesso, permanência, avaliação, condições de participação e aprendizagem. Eixo V Gestão Democrática, Participação Popular e Controle Social. Eixo VI Valorização dos Profissionais da Educação: formação, remuneração, carreira e condições de trabalho. Eixo VII Financiamento da Educação: gestão, transparência e controle social dos recursos. Julgamos importante destacar o adiamento da Conferência Nacional de Educação (CONAE 2014), conforme nota publicada no Ministério da Educação: O Fórum Nacional de Educação (FNE), organizador da II Conferência Nacional de Educação (Conae 2014), lança Nota Pública na qual informa que a etapa nacional da Conae, marcada para 17 a 21 de -2-

fevereiro deste ano, a ser realizada em Brasília, será adiada para 19 a 23 de novembro de 2014. O FNE ainda se posiciona a respeito deste adiamento. (CONAE 2014) O tema central é o PNE (Plano Nacional de Educação) na Articulação do sistema Nacional de Educação: Participação Popular, Cooperação Federativa e Regime de Colaboração. SILVA (2002:50) é enfático ao ressaltar que a inquietação gera a dúvida; a dúvida pede resposta; a resposta gera a reflexão. Com esse pressuposto, propôs-se a aproximação dos pós-graduandos com a comunidade educacional das cidades de Caraguatatuba e Ilha Bela, que pudessem oferecer sua contribuição, tendo como base a participação dos profissionais de educação na Conae 2014. As etapas municipais da Conae foram consideradas um amplo espaço democrático de construção de diretrizes para a política nacional de educação e dos marcos regulatórios na perspectiva da inclusão, igualdade e diversidade. Teve como objetivo propor uma política nacional de educação, indicar responsabilidades, atribuições e colaborações entrem os órgãos federados e os sistemas de ensino nacional. Nos encontros municipais, além da mobilização da comunidade escolar, elegeram delegados para representar os municípios nas etapas regionais que, consequentemente, elegeram seus delegados para as etapas estaduais. Essa pesquisa teve como o objetivo geral: verificar se os profissionais de educação dos dois municípios sabem o que é a Conae e se participaram das etapas municipais, realizadas até o mês de agosto de 2013. Alguns objetivos específicos também foram estabelecidos: Identificar a área de atuação dos profissionais pesquisados, formação, bem como sua contribuição nas plenárias locais. Metodologia Na função exclusiva de investigar, levantar informações e analisar dados, esta pesquisa contou com o tipo de pesquisa descritiva bibliográfica, conforme Santos, Rossi e Jardilino (2000). A abordagem foi efetuada por meio de estudo de caso. A coleta de dados foi efetuada pelo instrumento de questionário semiestruturado e os dados foram analisados através do método de análise de conteúdo. -3-

Participaram deste estudo setenta e oito profissionais de educação, que voluntariamente responderam ao questionário e estão assim distribuídos nos tipos e segmentos de atuação educacional: 89% na educação básica; 0,8% na educação especial; 10% no ensino superior e 0,2% na educação de jovens e adultos. Quanto às instituições que atuam: escola pública estadual 40%; escola pública municipal 40%; instituição particular 14% e nas Secretarias municipais de educação 6%. Na caracterização da amostra contamos com 14% do sexo masculino e com 86% do sexo feminino. As idades dos profissionais distribuem-se nas escalas: de até 25 anos 9%; de 25 a 35 anos 24%; de 35 a 45 anos 40% e de 45 a 60 anos 27%. A formação destes profissionais está assim distribuída: com cursos de especialização 43%; graduação 47%; ensino médio 10%. O procedimento utilizado na pesquisa compôs-se de diferentes etapas. Na primeira etapa realizou-se a elaboração do questionário e solicitação de autorização aos diretores das instituições educacionais, para aplicação dos mesmos. Na segunda etapa, no mês de agosto de 2013, efetuou-se a aplicação dos questionários. A partir das respostas obtidas, na terceira etapa, efetuou-se a análise estatística da caracterização da amostra e na quarta e última etapa, realizou-se a interpretação do conteúdo das categorias, buscando-se uma compreensão das respostas manifestas pelos pesquisados. Resultados Com essa pesquisa realizada com 78 profissionais de educação, chegamos a alguns resultados relevantes para compreender as relações entre participação democrática e compromisso e interesse do profissional de educação. Percebemos que, A gestão democrática-participativa valoriza a participação da comunidade escolar no processo de tomada de decisão, concebe a docência como trabalho interativo, aposta na construção coletiva dos objetivos e funcionamento da escola, por meio da dinâmica intersubjetiva, do diálogo, do consenso. (LIBÁNEO, 2010) Após a caracterização da amostra, perguntamos aos entrevistados se sabiam o que é a Conae. Responderam que sim 57% dos profissionais e quanto a participação -4-

nas etapas municipais do evento, 60% não participaram, destacando que, dentre os não participantes, 90% desconheciam a realização do evento. Reiteramos alguns termos do documento referência: A II Conae será um espaço democrático de construção de acordos entre atores sociais, que, expressando valores e posições diferenciados sobre os aspectos culturais, políticos, econômicos, apontará renovadas perspectivas para a organização da educação nacional e a consolidação do novo PNE, fruto do movimento desencadeado pela I Conae, ao indicar ações e estratégias concretas para as políticas de Estado de educação básica e superior, assentadas na defesa da construção do Sistema Nacional de Educação e na regulamentação do regime de colaboração entre os entes federados. É com o espírito de avançar na construção de processos democráticos, participativos, que o Fórum Nacional de Educação (FNE) submete à avaliação este Documento- Referência e conclama os profissionais da educação, mães/pais, estudantes, dirigentes, demais atores sociais e todas e todos que se preocupam com a educação, para discutir e refletir coletivamente e propor caminhos para a educação brasileira. (CONAE 2014). Entre os pesquisados, no que se refere aos 40% participantes da etapa municipal da Conae, destacamos que 100% destes consideram válida a participação popular e concordam com as contribuições do município nas próximas etapas. Ao serem questionados se gostariam de indicar ações e estratégias concretas para as políticas nacionais de educação básica e superior, apenas quatro profissionais optaram por registrar suas sugestões: Na etapa estadual, onde serão validadas as discussões anteriores, ainda teremos a oportunidade de refletir sobre a importância das estratégias. Portanto, nossa participação já colabora com nossas ações e ideias, sem mais a acrescentar neste momento. (participante do Eixo VII, que trata do Financiamento da Educação: gestão, transparência e controle social dos recursos). Tem sido válidos os encontros, em suas etapas municipais e regionais. Acredito que a estadual complemente todas as discussões feitas até o momento. (participante do Eixo III, que trata da Educação, Trabalho e Desenvolvimento Sustentável: cultura, ciência, tecnologia, saúde, meio ambiente). -5-

Criar estratégias mixadas com capacitação profissional de escoamento empreendedor governamental garantindo ao jovem um ciclo profissional. (participante do Eixo VI, que trata da Valorização dos Profissionais da Educação: formação, remuneração, carreira e condições de trabalho). Fazer cumprir a lei, que mesmo com tantas discussões e elaboração de estratégias, não vemos o cumprimento do acordo. (participante do Eixo VI, que trata da Valorização dos Profissionais da Educação: formação, remuneração, carreira e condições de trabalho). Tais respostas levaram-nos a reflexão Aprender é a maior prova da maleabilidade do ser humano, porque, mais que se adaptar à realidade, passa a nela intervir. (DEMO, 2002:47). Discussão Freire (1979) analisa o compromisso do profissional da educação com a sociedade que, segundo ele, deve envolver ação de quem o assume, reconhecendo que ele, antes de ser profissional, é um ser um homem que não deve estar, jamais, fora do contexto histórico-social nas relações que constrói ao longo de sua existência e destaca: [...] quanto mais me capacito como profissional, quanto mais sistematizo minhas experiências, quanto mais me utilizo do patrimônio cultural, que é patrimônio de todos e ao qual todos devem servir, mais aumenta minha responsabilidade com os homens. (FREIRE, 1979, p. 20) Outro desafio que Freire (1979) apresenta é o papel do trabalhador social no processo de mudança. É fundamental que o homem considere-se sujeito e não objeto de transformação, pois a estrutura social é, antes de qualquer coisa, estrutura humana. A consciência do indivíduo é o ponto chave para as transformações que eliminará o homem da realidade desumana. Neste contexto, percebem-se as oportunidades de discussão sobre o papel da educação na sociedade e instigam o educador a sair de seu comodismo e conformismo referentes ao quadro social que se vive, para uma transformação possível através da educação. -6-

Oportunidade de manifestações e representatividade da sociedade, pois originou-se de etapas preparatórias envolvendo escolas, gestores, trabalhadores, estudantes, professores, pais e entidades empresariais, científicas e sindicais e os segmentos público e privado. A Conae oportuniza momentos de grande reflexão dos educadores e comunidade em geral. Na condição de debater a criação de um sistema nacional de educação, possibilita o real fortalecimento da articulação de todos os níveis educacionais. Podemos considerar também um espaço inédito de diálogo da sociedade civil com o governo e momento de sinalizar mudanças significativas para os próximos anos, atribuindo e a educação um fator de sustentação do desenvolvimento econômico e social. Conclusão Os resultados obtidos levam-nos a constatação de que, a amostra pesquisada, não é constituída de profissionais engajados na mobilização para argumentações e defesa das metas propostas pelo Plano Nacional de Educação. Entendemos ser a função do educador, uma parte integrante dos sistemas educacionais e das lutas em favor da educação emancipadora. Concordamos com a afirmação: Reconhecemos que o A concepção democrática-participativa baseia-se na relação orgânica entre a direção e a participação do pessoal da escola. Acentua a importância da busca de objetivos comuns assumidos por todos. Defende uma forma coletiva de gestão em que as decisões são tomadas coletivamente e discutidas publicamente. Entretanto, uma vez tomadas as decisões coletivamente, advoga que cada membro da equipe assuma a sua parte no trabalho, admitindo-se a coordenação e avaliação sistemática da operacionalização das decisões tomada dentro de uma tal diferenciação de funções e saberes. (LIBÁNEO, 2001) Documento-Referência da Conae, ao ser objeto de ampla discussão, pode contribuir com diferentes formas de mobilização e debate e oportunizou a participação coletiva e democrática, visando garantir as diretrizes da formulação e materialização de políticas de Estado, sobretudo na construção de um plano nacional de educação, bem como de suas políticas, programas e ações, fornecendo as bases para a criação e consolidação do Sistema Nacional de Educação. -7-

Oportunidades de discussões e apresentações de proposta, como as vivenciadas nas etapas que antecedem a Conae, podem ser consideradas organismos vivos, pois resultam da participação popular. Consideramos a necessidade e a importância de empenhar esforços para efetivar o Plano Nacional de Educação por meio da participação popular e da gestão democrática na educação. Mas isso não se traduziu em sustentação prática por parte do nosso público pesquisado, revelando que alguns trabalhadores em educação, desperdiçaram a possibilidade de participação concreta nos encaminhamentos de propostas para a educação nacional, caracterizando uma transferência de responsabilidade, principalmente no desempenho da escola e na qualidade da educação. -8-

Referências CONAE 2014, Documento Referência. Disponível em: http://conae2014.mec.gov.br/, acesso em 31 de agosto de 2013. http://conae2014.mec.gov.br/, acesso em 24 de janeiro de 2014. DEMO, Pedro. Saber pensar. São Paulo: Cortez: Instituto Paulo Freire, 2002. FREIRE, Paulo., Educação e Mudança, tradução de Moacir Gadotti e Lilian Lopes Martin, Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979. LIBÂNEO, José Carlos. O sistema de organização e gestão da escola In: LIBÂNEO, José Carlos. Organização e Gestão da Escola - teoria e prática. 4ª ed. Goiânia: Alternativa, 2001. SANTOS, G.T. dos, ROSSI, G., JARDILINO, J.R.L. Orientações Metodológicas para elaboração de trabalhos acadêmicos. São Paulo: Gion Editora e Publicidade, 2000. SILVA, Ezequiel T. da. O ato de ler: fundamentos psicológicos para uma nova pedagogia da leitura. São Paulo: Cortez, 2002. -9-