4t4nAgt Poder Judiciário Tribunal de Justiça da Paraíba Gabinete da Desa. Maria das Graças Morais Guedes ACÓRDÃO AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 200.2012.084760-9/001 Relatora : Desembargadora Maria das Graças Morais Guedes Agravante : Pousada do Caju Ltda Advogado : Márcio Maranhão.Brasilino da Silva Agravado : Hélio Domingues Malheiros Advogado : Annibal Peixoto Neto AGRAVO DE INTRUMENTO. AÇÃO DE DESPEJO. ARGUIÇÃO DE EXISTÊNCIA DE CONEXÃO ENTRE AÇÕES. AÇÃO DE PREFERÊNCIA QUE TRAMITA PERANTE OUTRO JUÍZO. MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA. INEXISTÊNCIA DE PRECLUSÃO. REUNIÃO DE PROCESSOS. PROVIMENTO. A conexão é causa de modificação de competência, por isso envolve matéria de ordem pública, não se sujeitando à preclusão e podendo ser examinada de ofício ou a requerimento das partes, nos moldes da autorização legal contida nos artigos 105 c/c 301, VII e 4 2, todos do CPC. Uma vez constatada a existência de conexão entre duas ou mais ações deve-se ordenar a reunião das mesmas, considerandose prevento aquele que primeiro despachou quando correrem em separado ações conexas perante juízes que têm a mesma competência territorial.(tjmg; AGIN 0619453-12.2011.8.13.0000; Monte Santo de Minas; Rel. Des. Arnaldo Maciel; Julg. 28/02/2012; DJEMG 02/03/2012) referenciados. VISTOS, relatados e discutidos estes autos acima ACORDAM os eminentes Desembargadores integrantes da Egrégia Quarta Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Paraíba, seguindo o voto da Relatora, à unanimidade, em conhecer do Recurso e dar-lhe provimento. AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 200.2012.084760-9/001 4
Relatório Trata-se de agravo de instrumento interposto pela Pousada do Caju LTDA contra a r. decisão de fls. 49/50, proferida nos autos da Ação de Despejo proposta pelo agravado Hélio Domingues Malheiros, que deferiu o pedido liminar de desocupação do imóvel, sob o fundamento de que estariam presentes os requisitos do artigo 59, 1 2 da Lei 8.245/91. Contra tal decisão insurge-se a agravante, alegando que o Juizo prolator da decisão ora agravada seria incompetente em virtude de conexão entre esta demanda e a Ação de Preferência proposta perante a 2-4 Vara Cível da Comarca da Capital, na qual foi proferido o primeiro despacho, tornando-o, portanto, prevento. Aduz, ainda, que foi preterido em seu direito de preferência e que tem direito à retenção das benfeitorias realizadas no imóvel. Por tais razões, requer seja conhecido e provido o presente recurso com o fito de reconhecer como prevento o Juízo da 2-4 Vara Cível da Comarca da Capital, em razão da conexão de ações. A liminar foi deferida pelo então Relator, suspendendo a decisão agravada (fls.79/82). Em suas contrarrazões, fls.87/99, o agravado alega a sua legitimidade ativa para ação de despejo e, no mérito, a inexistência de conexão, ausência dos requisitos para concessão de efeito suspensivo e a ocorrência do periculum in mora inverso, requerendo a urgente reconsideração da decisão que concedeu o efeito suspensivo e, por fim, que seja negado provimento ao agravo de instrumento, mantendo-se a decisão prolatada pelo juízo de primeiro grau. 4II Decisão que concedeu o efeito suspensivo mantida, por seus próprios fundamentos (fls.116/117). Informações prestadas pelo magistrado "a quo" (fl.123). O Ministério Público ofertou parecer, opinando pelo provimento do agravo (fls.125/128). É o relatório. VOTO Presentes os requisitos legais, admito o recurso, pois AGRAVO DE INSTRUMENTO N.' 200.2012.084760-9/001 2 7 4
tempestivo e devidamente preparado. Alega a agravante que a 2 Vara Cível se tornou preventa, porquanto fora o juízo que primeiro despachou e cujo mandado citatório foi juntado aos autos em 08 de maio de 2012, bem antes do ajuizamento da Ação de Despejo, que se deu em 17 de maio de 2012. Nas contrarrazões, o recorrido defendeu sua legitimidade para a ação de despejo, porquanto persiste relação contratual entre as partes na qual figura como locador, a par da permuta levada a efeito com a Dimensional Construtora, que prevê a entrega do bem após o fim da locação. No mérito, sustenta que a conexão alegada entre ações (Preferência x Despejo) inexiste, ante a diversidade de partes, objetos e causas de pedir. Pois bem. Inicialmente, faz-se necessário esclarecer que a conexão entre ações tem tratamento processual de matéria de ordem pública, de modo que, a despeito de tal questão não haver sido levada à apreciação do Juízo primevo, passo a analisá-la nesta Corte sem, contudo, implicar em supressão de instância. Ensina-nos Daniel Amorim Assumpção Neves': "(...) a conexão tem tratamento processual de matéria de ordem pública, o que significa legitimidade plena para sua arguição (qualquer dos sujeitos processuais poderá fazelo: autor, réu, terceiro interveniente, Ministério Público como fiscal da lei, juiz de oficio). Justamente pela natureza de ordem pública não está sujeita à preclusão, não havendo, portanto, um prazo e tampouco uma forma especifica para sua alegação no processo. Registre-se somente a impropriedade de alegação de tal matéria em sede de exceção de incompetência, instrumento processual que busca afastar o juizo incompetente, instrumento processual que busca afastar o juizo incompetente, o que não ocorre na conexão, que busca fixar um entre dois ou mais juizos competentes. Tratando-se de matéria de ordem pública, entretanto, a alegação deverá ser considerada, mas não como exceção, o que significa que não haverá suspensão do processo para a apreciação da conexão alegada." Preceitua o artigo 103 do Código de Processo Civil que serão conexas as ações que tiverem em comum o objeto ou a causa de pedir. In casu, persegue-se a declaração de competência do juizo da Vara Cível da Capital, em razão da prevenção por conexão à Ação de Preferência. 1 Manual de direito processual civil, 4. ed. Rev., atual, e ampl. - Rio de Janeiro: Forense; Saõ Paulo, pág.170 6 AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 200.2012.084760-9/001 3
Compulsando-se os autos, têm-se que a Ação de Despejo, na qual proferiu-se a decisão ora agravada, fora ajuizada em 17 de maio de 2012 (fl.16), enquanto que a Ação de Preferência fora em 29 de fevereiro de 2012 (fl.63), com mandado citatório cumprido em 03 de maio de 2012 (fl.55). Atenta aos autos, observa-se que a causa de pedir remota, em ambas ações, gira em torno do mesmo contrato locatício, que tem por objeto, o mesmo bem jurídico, qual seja o imóvel localizado na Rua Helena Meira Lima, nq 365, Tambaú. ó "AGRAVO Assim, conclui-se que o juízo da 2- Vara Cível é o competente para o processamento das ações em razão da prevenção por conexão, em homenagem à regra do art. 106 do CPC, visando evitar, notadamente, a ocorrência de decisões conflitantes. Vejamos julgados que se assemelham ao caso: "AÇÃO DE DESPEJO. PRELIMINAR DE RECONHECIMENTO DE CONEXÃO. MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA. INEXISTÊNCIA DE PRECLUSÃO Reunião de processos. A conexão é causa de modificação de competência, por isso envolve matéria de ordem pública, não se sujeitando à preclusão e podendo ser examinada de oficio ou a requerimento das partes, nos moldes da autorização legal contida nos artigos 105 c/c 301, VII e 4Q, todos do CPC. Uma vez constatada a existência de conexão entre duas ou mais ações deve-se ordenar a reunião das mesmas, considerando-se prevento aquele que primeiro despachou quando correrem em separado ações conexas perante juízes que têm a mesma competência territorial." (TJMG; AGIN 0619453-12.2011.8.13.0000; Monte Santo de Minas; Rel. Des. Arnaldo Maciel; Julg. 28/02/2012; DJEMG 02/03/2012) DE INSTRUMENTO. CONEXÃO AÇÃO DE DESPEJO. AÇÃO ORDINÁRIA DE EXERCÍCIO DO DIREITO DE PREFERÊNCIA CONEXIDADE RECONHECIDA. OBJETO COMUM PREJUDICIALIDADE DECISÃO CONFIRMADA RECURSO DESPROVIDO. "Havendo prejudicialidade da ação de despejo frente à ação de ordinária de exercício do direito de preferência, devem as referidas ações serem julgadas simultaneamente"." (TJPR; Ag Instr 0472887-4; Curitiba; Décima Segunda Câmara Cível; Rel. Des. Clayton Camargo; DJPR 26/09/2008; Pág. 169) "APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE ADJUDICAÇÃO COMPULSÓRIA. DIREITO DE PREFERÊNCIA. AÇÃO DE DESPEJO. CONEXÃO. AUSÊNCIA DE JULGAMENTO SIMULTÂNEO. FALTA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. NULIDADE. A conexão, existente em virtude da prejudicialidade da matéria, por constituir matéria de ordem pública, impõe o julgamento simultâneo das ações, afim de evitar AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 200.2012.0847604/001 4
decisões conflitantes. A ausência de julgamento simultâneo da ação de adjudicação compulsória e da ação de despejo a ela conexa, em virtude da falta de pronunciamento judicial acerca das questões tratadas na ação de despejo, torna deficiente a prestação jurisdicional, acarretando a nulidade da sentença proferida na adjudicação compulsória."(tjmg; AC 1.0637.04.023685-2/001; São Lourenço; Décima Primeira Câmara Cível; Rela Des 2 Selma Marques; Julg. 29/11/2006; DJMG 10/02/2007) De outra banda, utilizando-se do Poder Geral de Cautela, mister se faz a revogação da liminar proferida na Ação de Despejo, de forma a oportunizar, ao juiz prevento, o conhecimento de todos os fatos e das circunstâncias que envolvem as partes e o objeto das lides. Ante o exposto, DOU PROVIMENTO AO AGRAVO DE INSTRUMENTO, reconhecendo a conexão entre as ações, e a prevenção do Juízo da 2.4 Vara Cível da Capital para o processo e julgamento das lides. Revogo a liminar proferida nos autos da Ação de Despejo e determino o seu envio ao juízo prevento. É como voto. Presidiu o julgamento, realizado na Sessão Ordinária desta Quarta Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Paraíba, no dia 08 de outubro de 2012, conforme certidão de julgamento de f. 134, o Exmo. Des. Frederico Martinho da NObrega Coutinho, dele participando, além desta Relatora, o eminente Desembargador Romero Marcelo da Fonseca Oliveira. Presente à sessão, o Exmo. Sr. Dr. José Raimundo de Lima, Procurador de Justiça. Gabinete no TJ/PB em João Pessoa, 09 de outubro de 2012. Desa Maria das Graças Morais Guedes (4, r t Relatora - AGRAVO DE INSTRUMENTO N 200.20/2.084760-9/00/ 5
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