ADAPTAÇÃO DAS REGRAS DO IRC ÀS NIC

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Transcrição:

ADAPTAÇÃO DAS REGRAS DO IRC ÀS NIC V Conferência Internacional OTOC/IDEFF/Direcção - Geral dos Impostos 8 e 9 de Outubro de 2010 Apresentado por: José Vieira dos Reis 1

1. Normalização Contabilística 2. Evolução da legislação fiscal 3. Modelo do justo valor 4. Custo amortizado 5. Stock options 6. Contratos de construção 7. Rédito 8. Inventários 9. Depreciações e amortizações 10. Dedutibilidade fiscal das perdas por imparidade 11. Perdas por imparidade de activos depreciáveis ou amortizáveis não aceites como desvalorizações excepcionais 2

12. Perdas por imparidade em créditos 13. Provisões para garantias a clientes 14. Créditos incobráveis resultantes de PEC 15. Contribuições suplementares para fundos de pensões e equiparáveis 16. Gastos relativos à participação nos lucros por membros de órgãos sociais e trabalhadores da empresa 17. Mais-valias e menos-valias fiscais 18. Reinvestimento dos valores realizáveis 19. Regime fiscal dos instrumentos financeiros derivados e das operações de cobertura 20. Transmissão de direitos reais sobre imóveis 21. Fusões, cisões e entradas de activos 22. Regime transitório 3

1. Normalização Contabilística Normas Internacionais de Contabilidade Regulamento (CE) n.º 1606/2002, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 19 de Julho NCA Aviso n.º 1/2005, de 28 de Fevereiro, do Banco de Portugal SNC Decreto - Lei n.º 158/2009, de 13 de Julho PCES Norma Regulamentar n.º 4/2007 R, de 27 de Abril, do ISP 4

2. Evolução da legislação fiscal Regime transitório Regime geral Banca Lei n.º 53-A/2006, de 29 de Dezembro Artigo 57.º, n.ºs 2 e 3 (com efeitos desde 1 de Janeiro de 2006) Seguros Lei n.º 67-A/2007, de 31 de Dezembro Artigo 51.º Decreto-Lei n.º 237/2008, de 15 de Dezembro (com efeitos desde 1 de Janeiro de 2008) Lei n.º 64-A/2008, de 31 de Dezembro, Artigo 74.º Decreto Lei n.º 159/2009, de 13 de Julho (com efeitos desde 1 de Janeiro de 2010) Decreto Regulamentar n.º 25/2009, de 14 de Setembro (com efeitos desde 1 de Janeiro de 2010) 5

3. Modelo do justo valor Manteve-se o princípio da realização na formação do lucro tributável relativamente aos ajustamentos decorrentes da aplicação do justo valor, excepto quando: Respeitem a instrumentos financeiros reconhecidos pelo justo valor através de resultados, desde que, tratando-se de instrumentos de capital próprio, tenham um preço formado num mercado regulamentado e o sujeito passivo não detenha, directa ou indirectamente, uma participação no capital superior a 5% do respectivo capital social Tal se encontre expressamente previsto no Código do IRC 6

3. Modelo do justo valor Assim, aceita-se o modelo do justo valor em instrumentos financeiros, cuja contrapartida seja reconhecida através de resultados, mas apenas nos casos em que a fiabilidade da determinação do justo valor esteja em principio assegurada. Para além disso, manteve-se o principio da realização relativamente aos instrumentos financeiros valorizados ao justo valor cuja contrapartida seja reconhecida através de capitais próprios, bem como às partes de capital que correspondam a mais de 5% do capital social, ainda que reconhecidas pelo justo valor através de resultados. Aceita-se igualmente o modelo do justo valor na valorização dos activos biológicos consumíveis que não respeitem a explorações silvícolas plurianuais, bem como nos produtos agrícolas colhidos de activos biológicos no momento da colheita. 7

4. Custo amortizado Acolhe-se o modelo do custo amortizado para o apuramento dos rendimentos ou gastos decorrentes da aplicação do método do juro efectivo aos instrumentos financeiros (p.e., na valorização de activos financeiros respeitantes a investimentos detidos até à maturidade e a empréstimos concedidos e contas a receber). Exemplo de aplicação 1 Enunciado: Fez-se uma venda a um cliente no montante de 80.000 u.m. a receber no prazo de 4 anos. Considere uma taxa de juro de 5%. 8

4. Custo amortizado Exemplo de aplicação 1 Resolução: 0 n+1 n+2 n+3 n+4 80.000 80.000 80.000 80.000 80.000 F.D. 1 0,9524 0,907 0,8638 0,8227 Q.D. 80.000 76.190 72.562 69.107 65.816 V.D. 3.810 3.628 3.455 3.291 Valor nominal ou bruto a receber: 80.000 u.m. Custo amortizado inicial (valor actual) 65.816 u.m. 80.000 x (1/(1+0,05)^4) = 65.816 u.m Contabilisticamente Fiscalmente Ano n Reconhece como rédito 65.816 Acresce 14.184 Ano n+1 Reconhece como rédito (juro) 3.810 Deduz 3.810 Ano n+2 Reconhece como rédito (juro) 3.628 Deduz 3.628 Ano n+3 Reconhece como rédito (juro) 3.455 Deduz 3.455 Ano n+4 Reconhece como rédito (juro) 3.291 Deduz 3.291 9

5. Stock options Nos pagamentos a trabalhadores e membros dos órgãos estatutários com base em acções, o respectivo gasto apenas concorre para a formação do lucro tributável no período de tributação em que os respectivos direitos ou opções sejam exercidos, pelas quantias liquidadas ou pela diferença entre o valor dos instrumentos de capital próprio atribuídos e o respectivo preço de exercício pago. 10

6. Contratos de construção Altera-se o regime de apuramento dos resultados de contratos de construção, de modo a que o mesmo se faça sempre pelo método da percentagem de acabamento Contratos de construção Obras efectuadas por conta própria e vendidas fraccionadamente Art.º 19.º Art.º 18.º, n.º 6 11

6. Contratos de construção Quando o desfecho de um contrato de construção puder ser fiavelmente estimado, o rédito do contrato e os custos associados ao contrato de construção devem ser reconhecidos como rédito e gastos com referência à fase de acabamento do contrato à data do balanço = Método da % de acabamento. A parcela de rédito a ser reconhecida em cada exercício pode ser calculada através da seguinte fórmula: Rédito a reconhecer no exercício Gastos suportados à data Gastos suportados à data + Gastos estimados para concluir Valor do contrato Rédito total reconhecido anteriormente 12

7. Rédito Nas vendas e prestações de serviços o valor a incluir no lucro tributável é sempre o valor nominal da contraprestação recebida e a receber, enquanto que para efeitos contabilísticos o rédito é reconhecido pelo valor actual (descontado) da contraprestação recebida e a receber. 13

8. Inventários O ajustamento (imparidade) dos inventários é dado pela diferença entre o custo de aquisição ou de produção dos mesmos e o respectivo valor realizável líquido referido à data do balanço, quando este for inferior àquele. Entende-se por valor realizável líquido o preço de venda estimado no decurso normal da actividade do sujeito passivo, nos termos definidos no próprio Código, deduzido dos custos necessários de acabamento e venda. Consideram-se para este efeito preços de venda: os constantes de elementos oficiais, os últimos praticados normalmente pelo sujeito passivo ou os correntes no mercado desde que idóneos e de controlo inequívoco. No caso dos inventários requererem um período superior a um ano para atingirem a sua condição de uso ou venda, incluem-se no custo de aquisição ou de produção os custos de empréstimos obtidos que lhes sejam directamente atribuíveis de acordo com a normalização contabilística especificamente aplicável. 14

9. Depreciações e amortizações A aplicação do regime fiscal das depreciações e amortizações pode dar lugar às seguintes diferenças contabilísticas essenciais quanto: - ao conceito de valor depreciável (p.e., terrenos - IMI); - ao valor residual; - à escolha do método de depreciação (quotas constantes, quotas decrescentes ou outros previamente reconhecidos pela DGI); - à estimativa da vida útil; - à depreciação por componentes (excepcionalmente); - à data de início das depreciações e amortizações. 15

9. Depreciações e amortizações A depreciação de activos fixos tangíveis e das propriedades de investimento é, em geral, aceite para efeitos fiscais a partir da data de entrada em funcionamento ou utilização destes activos. E a amortização dos activos intangíveis a partir da sua aquisição, do início de actividade, se posterior, ou da sua utilização associada à obtenção de rendimentos. Para efeitos contabilísticos, essa depreciação ou amortização deve iniciar-se quando o activo esteja disponível para funcionamento ou utilização. A dedutibilidade fiscal das depreciações e amortizações deixa de estar dependente da respectiva contabilização como gasto no mesmo período de tributação, podendo ser também aceites quando tenham sido contabilizadas como gastos nos períodos de tributação anteriores, desde que não tenham sido dedutíveis por excederem as quotas máximas admitidas. 16

9. Depreciações e amortizações Prevê-se a inclusão no custo de aquisição ou de produção dos elementos depreciáveis ou amortizáveis, de acordo com a normalização contabilística especificamente aplicável, dos custos de empréstimos obtidos, incluindo diferenças de câmbio a eles associadas, quando respeitarem ao período anterior à sua entrada em funcionamento ou utilização, desde que superior a um ano. Elimina-se a exigência de diferimento, durante um período mínimo de três anos, das despesas com a emissão de obrigações, dos encargos com campanhas publicitárias e dos encargos financeiros e das diferenças de câmbio desfavoráveis relacionados com o imobilizado e correspondentes ao período anterior à sua entrada em funcionamento. 17

9. Depreciações e amortizações Elimina-se igualmente a exigência de evidenciar separadamente na contabilidade a parte do valor dos imóveis correspondentes ao terreno, transferindo-se essa exigência para o dossier fiscal. Com prévia autorização da Direcção Geral dos Impostos, passam a ser aceites para efeitos fiscais depreciações ou amortizações inferiores às quotas mínimas. A partir da sua classificação como activos não correntes detidos para venda, aos activos sujeitos a deperecimento deixam de ser aplicáveis as depreciações ou amortizações para efeitos fiscais. Desde que contabilizadas ao custo histórico, as propriedades de investimento podem ser objecto de depreciação para efeitos fiscais. 18

10. Dedutibilidade fiscal das perdas por imparidade As perdas por imparidade são dedutíveis para efeitos fiscais apenas no caso de créditos e de desvalorizações excepcionais verificadas em activos fixos tangíveis, activos intangíveis, activos biológicos não consumíveis e propriedades de investimento, provenientes de causas anormais devidamente comprovadas, designadamente, desastres, fenómenos naturais, inovações técnicas excepcionalmente rápidas ou alterações significativas, com efeito adverso, no contexto legal. 19

11. Perdas por imparidade de activos depreciáveis ou amortizáveis não aceites como desvalorizações excepcionais São consideradas como gastos, em partes iguais, durante o período de vida útil restante desse activo ou até ao período de tributação anterior àquele em que se verificar o abate físico, o desmantelamento, o abandono, a inutilização ou a transmissão do mesmo. Nos demais casos, a aceitação das perdas por imparidade somente ocorre no período de tributação da sua efectiva realização. 20

11. Perdas por imparidade de activos depreciáveis ou amortizáveis não aceites como desvalorizações excepcionais Exemplo de aplicação 2 Enunciado: No ano 1, a empresa X adquiriu, por 105 u.m., um autocarro para o transporte de crianças, que contabilizou pelo seu custo. A vida útil do activo é de 7 anos (coincidente com a prevista no Decreto Regulamentar n.º 25/2009). No ano 2 a empresa contabilizou uma perda por imparidade não aceite fiscalmente, no valor de 10 u.m.. Refira quais as consequências fiscais destes acontecimentos. 21

11. Perdas por imparidade de activos depreciáveis ou amortizáveis não aceites como desvalorizações excepcionais Exemplo de aplicação 2 Resolução: Depreciações contabilísticas Perda de imparidade Custo depreciável contabilístico Correcção Q.07 Ano 1 15-90 - Ano 2 15 10 65 10 Ano 3 13-52 -2 Ano 4 13-39 -2 Ano 5 13-26 -2 Ano 6 13-13 -2 Ano 7 13-0 -2 Total 95 10-0 22

11. Perdas por imparidade de activos depreciáveis ou amortizáveis não aceites como desvalorizações excepcionais Exemplo de aplicação 3 Enunciado: Tendo como base o exercício anterior, considere agora que o autocarro tinha sido alienado no ano 5 por 50 u.m. Calcule as mais ou menos valias contabilísticas e fiscais (sem ter em consideração o factor de correcção monetária, para simplificar). 23

11. Perdas por imparidade de activos depreciáveis ou amortizáveis não aceites como desvalorizações excepcionais Exemplo de aplicação 3 Resolução: Custo aquisição 105 105 Perda de imparidade contabilística 10 Perda de imparidade fiscalmente aceite 4 Depreciações acumuladas 56 56 Valor de venda 50 50 Mais valia contabilística 11 Mais valia fiscal 5 Depreciações contabilísticas Perda de imparidade Custo depreciável contabilístico Correcção Q.07 Ano 1 15-90 - Ano 2 15 10 65 10 Ano 3 13-52 -2 Ano 4 13-39 -2 Total 56 10-6 24

12. Perdas por imparidade em créditos As perdas por imparidade em créditos continuam a ser aceites para efeitos fiscais se cumprirem determinadas regras do Código do IRC, nomeadamente, encontrar-se o crédito vencido há mais de 6 meses. Para efeitos contabilísticos, as perdas por imparidade em créditos são reconhecidas quando se estima uma perda, podendo, no limite, ter de se reconhecer perdas de imparidade em créditos ainda não vencidos. 25

13. Provisões para garantias a clientes Aceitam-se para efeitos fiscais as provisões para garantias a clientes, embora sujeitas a determinado limite em função dos encargos efectivos com garantias em três períodos de tributação anteriores (art.º 39.º, n.º 1, alínea b) e n.º 5). O limite é assim determinado: Encargos efectivos de garantias dos últimos 3 anos Vendas e prestações de serviços com garantia dos últimos 3 anos 26

14. Créditos incobráveis resultantes do PEC Aceitam-se directamente como gastos os créditos incobráveis resultantes de procedimento extrajudicial de conciliação (PEC) para viabilização de empresas em situação de insolvência ou em situação económica difícil mediado pelo IAPMEI. 27

15. Contribuições suplementares para fundos de pensões e equiparáveis Aceita-se para efeitos fiscais a dedução das contribuições suplementares para fundos de pensões e equiparáveis destinadas à cobertura de responsabilidades com benefícios de reforma que resultem da aplicação das NIC adoptadas pela EU ou do SNC, repartidas, em geral, em partes iguais por cinco períodos de tributação. 28

16. Gastos relativos à participação nos lucros por membros de órgãos sociais e trabalhadores da empresa Regime anterior - Artigo 24.º Regime actual Artigo 45.º Variação patrimonial negativa A parte excedentária era assimilada, para efeitos de tributação, a lucros distribuídos Gastos com o pessoal Não são dedutíveis para efeitos da determinação do lucro tributável os gastos relativos à participação nos lucros por membros de órgãos sociais e trabalhadores da empresa, quando as respectivas importâncias não sejam pagas ou colocadas à disposição dos beneficiários até ao fim do período de tributação seguinte. Não aplicável 29

17. Mais-valias e menos-valias fiscais São abrangidos pelo regime das mais-valias e menos-valias fiscais os activos fixos tangíveis, os activos intangíveis, os activos biológicos não consumíveis, as propriedades de investimento, ainda que qualquer destes activos tenha sido reclassificado como activo não corrente detido para venda, e os instrumentos financeiros (com excepção daqueles em que os ajustamentos decorrentes da aplicação do justo valor através de resultados concorrem para a formação do lucro tributável no período de tributação). A correcção monetária não é aplicável aos instrumentos financeiros, salvo quanto às partes de capital. Valor de aquisição deduzido das perdas por imparidade e outras correcções de valor do A. 35.º, bem como das depreciações ou amortizações aceites fiscalmente, sem prejuízo das quotas mínimas. 30

18. Reinvestimento dos valores realizáveis Para efeitos da aplicação do regime do reinvestimento dos valores de realização são fiscalmente aceites os activos fixos tangíveis, os activos biológicos não consumíveis e as propriedades de investimento, detidos por um periodo não inferior a um ano, afectos à exploração, com excepção dos bens adquiridos em estado de uso a sujeito passivo de IRS ou IRC com o qual existam relações especiais. 31

19. Regime fiscal dos instrumentos financeiros derivados e das operações de cobertura Os ajustamentos decorrentes da aplicação do justo valor a instrumentos financeiros derivados, ou a qualquer outro activo ou passivo financeiro utilizado como instrumento de cobertura restrito à cobertura do risco cambial, concorrem para a formação do lucro tributável. Nas operações de cobertura de justo valor, os ajustamentos do elemento coberto reconhecidos em resultados, ainda que não realizados, concorrem para a formação do lucro tributável, na exacta medida dos ajustamentos, de sinal contrário, gerados pelo instrumento de cobertura. Nas operações de cobertura de fluxos de caixa ou de cobertura do investimento líquido numa unidade operacional estrangeira, os ajustamentos gerados pelo instrumento de cobertura são diferidos, na parte considerada eficaz, até ao momento em que os ajustamentos do elemento coberto concorram para a formação do lucro tributável. 32

20. Transmissão de direitos reais sobre imóveis Se existirem correcções ao valor de transmissão de direitos reais sobre imóveis, deixa de ser exigido ao adquirente desses direitos a respectiva contabilização pelo valor patrimonial tributário (VPT) definitivo para que o mesmo seja considerado para efeitos de determinação de qualquer resultado tributável em IRC ( A. 64.º/anterior A. 58.º- A ). 33

21. Fusões, cisões e entradas de activos O regime especial de neutralidade fiscal aplicável às fusões, cisões e entradas de activos deixa de estar dependente das condições exigidas relativamente à contabilização dos elementos patrimoniais transferidos. 34

22. Regime transitório Os efeitos nos capitais próprios decorrentes da adopção pela 1.ª vez dos novos referenciais contabilísticos (NIC adoptadas pela UE, SNC, NCA e NPCES), que sejam considerados relevantes para efeitos fiscais, resultantes do reconhecimento ou do não reconhecimento de activos ou passivos, ou de alterações na respectiva valorização, concorrem, em partes iguais, para a formação do lucro tributável durante 5 períodos de tributação, sem prejuízo de, relativamente às entidades que já os vinham aplicando, este período se contar a partir daquele em que os mesmos referenciais se aplicaram pela 1.ª vez. No entanto, as despesas com emissão de obrigações, os encargos com campanhas publicitárias e os encargos financeiros e as diferenças de câmbio desfavoráveis relacionados com o imobilizado e correspondentes ao período anterior à sua entrada em funcionamento, reconhecidas como gastos e ainda não aceites fiscalmente, a partir da transição concorrem para a formação do lucro tributável de acordo com regime que vinha sendo adoptado. 35

22. Regime transitório E às mais-valias ou menos-valias fiscais de elementos do activo imobilizado que tenham beneficiado do anterior regime de reinvestimento e cujos valores de realização ainda não tenham sido reinvestidos é aplicável o disposto na nova redacção deste regime, mantendo-se, todavia, o prazo original para a concretização desse reinvestimento. 36

22. Regime transitório Exemplo de aplicação 4 Enunciado: À data da transição para as NCRF, a empresa XPTO reconheceu no capital próprio os seguintes ajustamentos: Desreconhecimento do activo referente a despesas de instalação: 20 u.m. (D) Valorização ao justo valor de um imóvel (prop. investimento): 50 u.m. (C) Refira as consequências fiscais dos referidos ajustamentos. 37

22. Regime transitório Exemplo de aplicação 4 Resolução: Desreconhecimento do activo (despesas de instalação): 20 u.m. (D) variação patrimonial negativa dedutível em 5 anos Valorização ao justo valor de um imóvel (prop. investimento): 50 u.m. (C) variação patrimonial positiva que não concorre para a formação do lucro tributável 38

Obrigado pela atenção dispensada 8 e 9 de Outubro de 2010 39